Na minha época
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Jasper voltou como havia prometido, mas não no mesmo dia, foi um aviso claro de que talvez ele estivesse com mais fome do que tinha reparado ou do que queria me deixar sabendo.
Resumindo tivemos um fim de semana bem desanimado e o enterro seria só na quinta feira, meu pai estava melhor na segunda feira, é um homem forte e irá superar em breve, aceitar o fato que seu amigo se fora. Jasper foi me buscar mais tarde do que de costume, seus olhos dourados de novo me trazem uma felicidade que eu não posso descrever e eu rapidinho me aninhei o mais perto que pude dele.
— Está tudo bem?— perguntei apoiando a cabeça em seu ombro, era ali que eu precisava estar, sentia isso em toda minha alma. Eu sou dele e ele é meu. Não conseguia encontrar nada racional pra descrever a falta que senti dele nesses dois dias mórbidos.
— Agora está.— ele beijou o topo da minha cabeça e acariciou meu braço.— Sinto muito não ter voltado antes.— ele murmurou desconfortável.
— Você está aqui agora, é o que importa.— mesmo que não pudesse ver seu rosto já que fitava a estrada, eu sabia que ele sorria. Jasper beijou minha cabeça diversas vezes e eu pude sentir o que ele sentia. Era a excitação do começo de um relacionamento, aquela parte que tudo é belo, a vida é uma maravilha, você está apaixonada e ele é o tal. Seríamos assim inseparáveis até sabe se lá quando. É uma coisa que eu realmente não espero que acabe tão cedo.
Ao longo da minha vida só vi relacionamentos florecerem e depois de dois a quatro meses eles iam ao fim, para ser mais direta, nada disso parece real. Quando se conhecia alguém mais de perto, minha mãe tendia a se irritar ou achar defeitos, mas eu não era capaz de encontrar um único motivo em Jasper pra ter certeza que irá me decepcionar num futuro qualquer. É assim que se fica quando está perdidamente apaixonada? Jasper é como um oceano escuro, camuflando coisas lindas que deveriam, mais que tudo, serem apreciadas. Eu quero mergulhar nele, me afogar, entrar na alma dele, conhecer ele melhor do que qualquer um.
— Que é isso?— Jasper perguntou se referindo a minha emoção enquanto estacionava na vaga de sempre e me afastou um pouco segurando meu queixo para olhar nos meus olhos.
— Do que está falando?— sorri franzindo a testa— Você mais do que todo mundo deveria saber.
Ele sorriu de canto, me encarava fascinado.
— Eu...— ele parou de falar, estava confuso e seu sorriso crescia cada vez mais, se inclinou para mim tão próximo que me deixou intimidada com seu tamanho, senti meu rosto ferver e depois levei um choque térmico quando suas mãos agarraram meu rosto para me beijar, meus lábios se moldaram aos seus mais uma vez.
Feito pra mim, eu pensei, feliz demais pra ligar se estava sendo egoísta ou sonhadora demais. Esqueci-me rapidamente como respirar e me segurei muito para não me empolgar com o beijo, sabia que ele se afastaria subitamente e, como esperado, aconteceu, quase não consegui conter a onda de desânimo que quase me domou por completo. Eu queria deixar meu corpo ferver sobre o seu, mas prometi me comportar então respirei fundo e comecei a tirar meu suéter.
— Está quente, não?— comentei e prendi o cabelo num rabo de cavalo mais alto. Jazz me olhou, estava se controlando, eu podia ver, definitivamente ouvindo minha pulsação acelerada. Ele olhou meu pescoço depois voltou a encarar meus olhos, um sorriso malicioso brotando em seu rosto impecável fez-me querer tirar a outra blusa de frio.
— E eu que pensei que não podia mais sentir isso.— ele riu e balançou a cabeça, sua reação me pegou desprevenida.— Eu tenho tanto controle sobre mim quando estou perto de você...— seu rosto se contorceu como se tivesse ouvido uma piada ruim, mas ainda podia rir dela.— É... insuportavelmente satisfatório.— ele se aproximou de mim novamente e me encheu de selinhos, seu banco rangeu enquanto sua boca formava uma trilha até meu pescoço e ele apertava o assento. Estremeci. Me vieram diversos arrepios, dos pés a cabeça e eu perdi o controle agarrando os cachos dourados do meu garoto e o obrigando a voltar para minha boca, um beijo mais intenso ia se formando, cada partícula do meu ser desejava o garoto tão intensamente que eu me perguntei se não estava começando a viver agora.
Jasper se desviou de mim rapidamente e se jogou no banco de trás gemendo de irritação, eu me encolhi no banco, lutando para segurar os ânimos.
— Bom, não controle o suficiente ainda.— ele bufou e me olhou como quem se desculpa. Eu estava com a mente em outro lugar e não consegui me concentrar o suficiente para pensar em algo que pudesse o consolar.
— Eu... Está tudo bem, Jazz.— senti borboletas no estômago ainda o sentindo beijar meu pescoço, estava com a respiração irregular e tentei me controlar antes de sair do carro. Um sorriso dominava meu rosto quando o vi sair do carro também, o cabelo bagunçado e a mandíbula rígida. Demos a volta para nos encontrarmos novamente e demos as mãos, estava preparada desta vez com minha luvas pretas. Jasper levantou minha mão para olhar o tecido que impedia que nossas mãos de fato se tocassem, mas não falou nada.— Ei!— puxei nossas mãos o fazendo me olhar— Seu mau humor não vai estragar o meu, agora sorria.
— Por que acha que estou mau humorado?— perguntou como se me desafiasse.
— Não é só você que consegue sentir o ambiente, cachinhos.— debochei e ele revirou os olhos rindo. Me puxou para um abraço que eu retribuí ficando na ponta dos pés para sentir seu cheiro— E, com certeza, você tem o melhor cheiro do mundo.
Ele me fez cócegas de leve me fazendo desmanchar o abraço para me proteger.
— Você não tem noção do quanto está errada sobre essa última. O seu cheiro é indescritível de tão gostoso.— ele beijou minhas bochechas segurando meu rosto com firmeza e então pegou minha mão de novo.
— Ainda bem que não é só por isso que você está viciado em mim.— dei de ombros e ele riu. Olhei ao redor como fazia quase todos os dias desde que começara a sair com Jasper e vi o de sempre, pessoas desviando o rosto curioso. Cada dia que se passa, eu me preocupo menos com o que estão pensando. Acho que isso é muito bom.
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No intervalo, Edward e eu fomos os primeiros a chegar a mesa já marcada como nossa. Sentando-nos um do lado do outro.
— Não vai comer?— ele me perguntou e eu dei de ombros me analisando, eu sequer estava com fome?
— Não.— respondi— E você?— perguntei irônica e ele fez uma careta engraçada revirando os olhos.
— Estou suficientemente satisfeito.— ele apontou para os seus olhos dourados e rapidamente desviou o olhar de mim, o acompanhei e sorrimos para minha irmã que se aproximava— Perfeita, não?— ele perguntou retórico.
— Tem que ser, tem a minha cara.— brinquei e Edward revirou os olhos de novo, sorrindo.
— Só não te xingo porque se não Jasper arrancaria meus braços.— ele rebateu e eu imediatamente senti a presença do meu namor... de Jasper do meu lado, se sentando.
— É bom que saiba, mas ainda é uma pena que possa prever o que se passa na minha mente, assim pode correr antes que eu te alcance.
— Pode ser o melhor lutador, mas eu ainda sou o mais rápido.— Edward deu uma piscadela para o irmão que riu. Jasper me puxou para perto, quase que indignado por eu não ter feito isso logo que ele se sentou.— Ah, por favor, pare com isso. Está me torturando com essas dúvidas desde a caçada.— o garoto de cabelos acobreados bufou para Jazz enquanto minha gêmea se sentava do seu lado com uma bandeja cheia.
— Parar com o que?— Bella perguntou antes de mim e eu peguei sua mão esticando o braço sobre a mesa para cumprimentá-la, ela apertou minha mão e se afastou pra comer.
— Nada.— Jasper se adiantou rapidamente, aguçando toda a minha curiosidade e me fazendo o encarar. Ele olhava o irmão, sério, sua cara transmitia uma ameaça óbvia e entendi que ele não me contaria nada sobre isso. Odiei ter noção que estava perdendo algo importante. O fato de ele se fechar não significa impedimento algum pra mim.
— Qual é o segredo?— perguntei num sussurro e Jazz me repreendeu com o olhar, apreensivo.
— Não é... segredo, só ainda não é... certeza.— ele suspirou fazendo bico pensativo. Lhe roubei um selinho brevemente e ele deixou escapar um sorriso.— Você só está complicando tudo.— falou baixo.
— Então eu sou sua fonte de dúvida?— questionei ainda mais curiosa.
— Não necessariamente.— Edward falou, eu e Jasper o fuzilamos com o olhar pela intromissão.
— Privacidade? Conhece?— perguntei retórica e Edward levantou as sobrancelhas pro irmão, num diálogo disfarçado o incentivava a me falar o que pensava, na verdade, eu deveria estar grata por Edward estar do meu lado.— Cachinhos, por favor.— pedi voltando para meu garoto com um olhar de cachorro abandonado, Jasper bufou jogando a cabeça para trás, pensativo. Quando voltou a si evitou olhar nos meus olhos, sabia que iria se concentrar no que quer que eu sentisse com a sua sugestão então imediatamente fiquei alerta.
— Não é coisa que deva se preocupar.— me tranquilizou colocando a mão gelada no meu rosto e eu imediatamente relaxei.— Eu só estava pensando em algo que Edward também queria.— fritou o outro com o olhar, falava alto o suficiente pra Bells nos olhar curiosa.
— E seria?
— Você..— ele mudou o trajeto da sua fala como alguém que faz uma curva estreita a toda velocidade. Olhei para Edward tentando ler sua expressão, estava vazia, até ele sorrir olhando fixamente para o irmão— Queremos nos apresentar para o pai de vocês.
Arregalei os olhos surpresa e olhei para Edward novamente, o garoto se camufla bem demais para mim. Ele murmurou algo baixo que acho que nem minha irmã o ouviu, Jasper fez careta a sua fala e eu fiquei mais desconfiada.
— Bom, eu acho que sim, mas agora não é uma boa hora.— justifiquei, a imagem de meu pai apertando a mão de Jasper me pareceu paralela e estranha, não sei o que exatamente sentia sobre isso já que também não tinha certeza do que éramos.
— Ah sim, o falecido.— Jasper resmungou— Me desculpe, eu..
— Ele pensou em você apenas a viagem toda, tivemos que nos separar diversas vezes.— Edward disse intrometendo-se novamente e Jasper revirou os olhos, Edward riu com o que quer que Jazz tenha pensado.— Desculpe.
— Parte de mim imaginava isso.— dei de ombros sorrindo como se não me importasse— Dizem que se você não consegue dormir é porque alguém está pensando em você, eu tive insônia como nunca antes.— Jasper riu da minha explicação e bagunçou meus cabelos.
— Não vou te deixar mais nem tão cedo.— afirmou e me deu um beijo breve, mas que eu me prenderia para sempre.
— Bom...— Edward começou de novo, Bella se estressava pela atenção que não lhe era dirigida.
— Cala a boca!— Jasper e eu dissemos em sincronia e Edward levantou as mãos rindo.— Por Deus, ele é assim o tempo todo?— perguntei para Jasper e o loiro bufou.
— Ele para depois de umas décadas.— seu comentário me fez rir— Relaxa, querida, ele só está implicando, não faria isso se tivesse certeza de que eu o atacaria agora.
— Você nunca me alcançaria.— o garoto do outro lado da mesa se gabou e eu revirei os olhos junto com meu na... com.... ah, dane-se! Meu namorado! Ele não pode ler meus pensamentos mesmo.
— Não é o segundo mais rápido, querido?— perguntei e Edward fez barulho como se fosse vomitar com nossa melosidade, ri e beijei todo o rosto de Jazz que ria e me abraçava— Deixe de ser invejoso, Edward.— mostrei a língua para o garoto e ele revirou os olhos enfim beijando minha irmã— Copião.— murmurei sabendo que apenas ele me ouviria, ele me ergueu o dedo do meio da mão que não segurava o rosto da minha irmã e Jasper bateu na sua mão um segundo depois. Os observei se beijando por um segundo com um pouco de nojo— Sinistro.— murmurei torcendo o nariz e Jasper me olhou curioso.
— O que?
— Esse pervertido beijando minha irmãzinha, eu sinto como se devesse matar ele.— brinquei desviando o olhar, o nariz de Jasper do lado do meu.
— Ela sente o mesmo.— ele riu e me encheu de beijos leves e ágeis, rápido demais para que eu não fosse capaz de tentar me prender a ele.
— Ah, qual é— reclamei em um sussurro com um sorriso malicioso nos lábios.
— Você são nojentos.— Edward conclui do outro lado da mesa. Grunhi, revoltada, ele não se cala nunca?!
— Você que é, idiotão.
— Você que é!— ele retruca.
— Não chame minha namorada de idiota.— Jasper censura e eu o lanço um olhar surpreso. Maldito, eu acabei de afirmar que ele não pode ler meus pensamentos! Jasper franziu a testa para mim— O que há, querida?
— Você... v-você disse que eu sou sua namorada?
— Sim...?— sua afirmação saiu mais como uma pergunta, ele em duvida se eu gostei ou não.— Algum problema?
— Estamos namorando e você nem me fala?
— Como assim, Rebecca?— Jasper sorri para mim, claramente se divertindo.
— Eu sou sua namorada?
— É claro que é! Você não sabia disto, namorada?
— É claro que não, nenhum momento você me pediu em namoro!
— Nós estamos saindo há mais de um mês e você não sabia que é minha namorada?— o loiro ri e eu começo a resmungar.
— A gente nunca chegou a usar essas palavras, nenhum momento oficializamos.
— Ah, sim— Jasper balança a cabeça e toma ar como se fosse começar a explicar alguma coisa que eu já desconfiava o que seria— é que de onde eu venho...
— Nem termina essa frase, Jasper!
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