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Quis me convencer de que só tive um pesadelo, mas a memória era fresca em minha mente. Eu cheguei a conclusões surreais e não estava sabendo lidar com elas, uma coisa é ver sobre isso num filme engraçado outra é saber que é verdade, que tem um oceano profundo por trás da descoberta. O que mais poderia ser real? Talvez eu esteja ficando paranoica.
Segunda acordei decidida a procurar por mais pistas, queria investigar, fora o fato que queria me aproximar de Jasper, não romanticamente falando até porque ele namora, mas o suficiente para conhecer ele melhor e saber acima de tudo se ele seria perigoso ou não, por que sendo, eu faria de tudo para tirar Bella de perto do garoto que claramente ocupava sua mente boa parte do tempo.
Chegando a escola, um alivio percorreu por nós duas ao vermos seus carros na vaga de sempre, poderia então, ao que pareceu, tirar umas duvidas.
Mas não.
Jasper passou o dia todo atrás de Alice, não ficava sozinho, nem ao menos ia ao banheiro. Ele estava se escondendo porque sabia que eu não insistiria em conversar com ele tendo sua linda namorada do seu lado, que covarde espertinho.
Ele não poderia escapar na aula de história, eu tinha pensado, mas ainda assim ele entrou e sentou do outro lado da sala. Minhas esperanças evaporaram, mas ser decidida tem seu lado bom. Me levantei do meu lugar e sentei do seu lado — na carteira da frente da segunda fileira — e o olhei. Ele manteve os olhos na porta, mas depois suspirou e me encarou derrotado.
— Você sumiu.— falei ainda o encarando, estava fixada nos teus olhos dourados.
— A escola está.. ficando difícil de aguentar— ele me olha como se quisesse dar a entender mais do que isso. Respirei fundo mantendo a paciência.
— Sabe, eu tenho plena noção que você não vai se abrir comigo, mas e se...— dei uma pausa dramática chamando sua atenção. Ele se sentou totalmente virado para mim.— eu fizer umas suposições e você me disser se estou certa ou não?
Ele se pôs a pensar. Aguardei pacientemente.
— Não vou me revelar pra você de maneira nenhuma, mas...— ele gastou sua pausa dramática, sorrindo com os olhos de ironia— seria interessante ouvir o que a senhorita têm a dizer. Creio que tem muita capacidade de descobrir por si só.
Me senti lisonjeada com tal elogio, mesmo que semana passada ele tenha dito o contrário. Suas mudanças de humor me deixam estressada e acordada a noite mais tempo que o necessário.
— Agora o senhor tem interesse em me ouvir? Sempre deixa as coisas mais interessantes.— brinquei.
— Deveríamos nos afastar, seria o certo, mas eu nunca disse que queria.— ele falou numa voz aveludada que quase me deixou louca. Sorri e o professor chegou na mesma hora, tive que morder o lábio para não tentar continuar a conversa.
Jasper se levantara, rápido como sempre, só que dessa vez eu saio colada às suas costas e, meu Deus, como ele é cheiroso.
— Hale.— chamei, saímos da frente do fluxo que trocava de sala e nos encaravam curiosos, botei uma mecha de cabelo atrás da orelha, levemente envergonhada— Estamos em paz então?— perguntei, nos encostamos perto dos armários e ele olhou para trás de mim, alguém que se aproximava.
— Estamos, mas como você já deve saber...
— Não deveríamos— completei e revirei os olhos.— Eu acho que quero correr o risco.
— Tem certeza que vai brincar com o fogo?— ele sorriu curioso. Agora me encarava me analisando.
— Não acho que vá me queimar.
— Deveria ter noção que está se iludindo.— adverteu, revirei os olhos de novo.
— Eu só preciso que seja sincero.— falei, zangada.
— Controle suas emoções, sim?— estranhei seu pedido, mas logo tentei me conter porque ele não deve estar morrendo de amores por ser pressionado por uma humana.
— Desculpa.— murmurei e ele ficou calado ainda olhando para trás de mim— O que...— segui seu olhar e vi Alice Cullen ao fim do corredor, apenas nos observando, parada— Ah.— foi o que consegui dizer— vou deixar você com sua namorada.— avisei, indo me retirar. Jasper segurou meu braço me puxando de volta a sua frente, nos encaramos, confusos.
— Que namorada?— perguntou curioso, minha confusão aumentou mais.
— A Cullen.— disse como se fosse óbvio. Ele soltou uma risada fraca, unindo as sobrancelhas.
— Alice é minha melhor amiga, não minha namorada.
— Ah!— bati em minha testa e xinguei Jessica mentalmente por me dar tal ideia. Senti minhas bochechas queimarem de vergonha, mas é óbvio que faz sentido, onde um garoto que tenha senso daria tanta liberdade e atenção para uma garota como eu tendo uma garota como Alice Cullen do lado? Ele riu de novo cruzando os braços, estava mais perto que de costume. Ao invés de quatro passos de distância estava a apenas um. Não consegui falar mais nada.
— Não vai me dizer suas teorias? Estou aguardando.— ele desviou o assunto e quase lhe dei um beijo na bochecha em agradecimento.
— Estive pensando seriamente em uma em específico, mas tenho medo de parecer louca demais.
— Duvido muito. Já vi muita gente louca, você não tem nada delas. Ou, bem, não tanto.— ele provoca e eu levanto a sobrancelha, o censurando.
— Minhas pistas são fortes, mas eu não tenho certeza de que categoria o colocar— comecei, ignorando o seu comentário.
— Pode continuar.— sorriu sem mostrar os dentes.
— Bom, primeiro, você é deste planeta?
— Infelizmente, sim— riu— Nascido e criado no Texas.— achei graça.
— Por essa eu não esperava. Foi usado para fins científicos?— ele fez uma careta pensativo.
— Eu não— cerrei os olhos para sua resposta.
— Você é muito rápido e forte— ele concordava com a cabeça com uma cara fofa, sorri sem querer— O que mais você pode fazer?
— Eu posso sentir o que você sente.
— Como?
Ele me olhou de cima a baixo e sorriu torto. Acho que senti minhas pernas ficarem bambas.
— Está na hora de ir pra aula, Rebecca.— ele se ajeitou e começou a caminhar, não sem antes fazer um gesto com a cabeça para que eu o seguisse— Eu tenho uma ideia melhor...— ele falou em voz baixa, o escutei com toda atenção.— por que não continua com sua investigação? Ainda há coisas para que a senhorita desvende, creio que pode fazer isso sozinha.— sua voz apesar de parecer um canto de sereia conseguiu me irritar e eu finquei os pés no chão.
— Não seja injusto, Hale.— sibilei. Ele me olhou por cima do ombro, parou de andar a quase três metros de mim.
— Não estou sendo injusto, estou me protegendo, protegendo um segredo— ele falou e foi como um clique na minha cabeça.
— Segredo de família.— sussurrei e não me surpreendi que ele tenha escutado de tão longe. A família dele toda é assim, por um momento tinha me esquecido da existência deles. Quando eu pensava em Jasper, nada mais ocupava minha mente.— Eles são que nem você.— acusei. Ele não fez nem falou nada, apenas baixou o olhar e voltou a andar me deixando para trás. O deixei ir, perdida em mim mesma. Olhei ao redor e o corredor estava vazio, voltei a realidade e corri para minha sala, qual era mesmo?
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Na saída fui direto para o banco do motorista enquanto Bella fora barrada por Mike. Já imaginava o porquê, o baile de primavera estava se aproximando, se não me engano dali a duas semanas. Bella é nova na escola, mal sabe dizer "não" e é linda — sem querer me gabar. Os garotos cairiam matando. Me apoiei na janela e assisti tudo com divertimento. Eu não sabia se eu mesma iria ao baile, eu amo bailes, festas, tudo do tipo, mas não tinha par e não me sentia no clima. Ir com as amigas é uma boa opção, mas só de imaginar os olhares de pena que me lançariam já tinha vontade de gorfar.
Bells e Mike pareciam dançar valsa em direção a minha picape, ela desviando e ele tentando desenrolar a frase e transformá-la num convite menos tosco possível. Bella arregalou os olhos em minha direção pedindo socorro, eu apenas sorri a acenei para ela.
Olhei para trás deles e vi Jasper me encarar, com as mãos no bolso e sentado no capô do seu carro chique. Como sempre ele tinha um ar misterioso na sua aurora mas isso nunca me intimidou. Sorri para ele e ele abaixou a cabeça sorrindo também, os cachos saltaram leves. Eu não conseguia evitar a simpatia que tinha para com ele. Queria ter raiva dele como ele merecia depois de ter sido tão rude comigo noutro dia, do seu jeito que me deixa curiosa e em como ele deixa as frases incompletas. Eu tinha todas as ferramentas que precisava para não gostar dele, mas era apenas olhar sua cara angelical, o garoto de ouro, que tudo passava, eu esquecia todas minhas razões e todo meu senso. Eu fico vulnerável e isso que me apavora. Não o desconhecido que ele é ou o quão arriscado pode ser. Ele mesmo me alerta de que andarmos juntos é imprudente, mas eu não estou disposta a dispensar ele, queria poder dizer "fique o quanto tempo você quiser". Ri com minha linha de pensamento e desviei o olhar, depois de longos segundos mergulhada no garoto que estava do outro lado do estacionamento.
— ... Você quer ir ao baile?— Mike tomou coragem já perto de mim, olhei para a minha irmã que se fazia de desentendida.
— Olha, eu tenho planos, sabe, baile, dançar não é comigo.— a observei com a curiosidade desperta, que planos tinha?
— Ah, é? Vai fazer o que?— ele perguntou desanimado, por um segundo tive pena.
— Vou para Seattle.— ela pensou rápido. Me perguntei quem a estava ensinando a mentir. Olhei de novo na direção de Hale, só que com outro alvo em mente. Vi o Cullen se inclinar em nossa direção, como quando se aproxima do rádio para ouvir melhor. Estranhei, mas logo voltei a atenção para o que rolava a minha frente.
— Não dá pra ir em outro final de semana?— Mike falou e olhou pro Edward brevemente. Eu o imaginei como um cachorrinho ciumento para deixar a situação mais cômica.
— Não.— minha gêmea respondeu, podia sentir sua agonia crescer enquanto me olhava.
— Jessica não tinha te convidado, Mike?— perguntei me lembrando do fato que a própria me contou no almoço, falou que ele falou que pensaria no caso, se Jessica soubesse disso ficaria furiosa. Doeu até em mim.
— Sim, mas...
— Você deveria aceitar— interrompi-o. Olhei minha irmã parada ali na frente do loiro— Entre, Bells, não temos o dia todo. Estou faminta.— avisei, não era ao todo mentira.
— Sim, maninha.— debochou num tom que apenas eu escutei. Ri e me despedi de Mike ligando a picape. A voz dele ficou inaudível com o ronco do motor. O garoto se foi e eu fiz caminho para sair da vaga, mas o carro dos Cullen entrou no caminho do carro novo de Tyler e este ultimo nos barrou por consequência. Suspirei sem paciência e vi Tyler descer do carro e vir até minha janela.
— Crowley!— o repreendi, irritada— Olha o trânsito!
— Você gostaria de ir ao baile comigo?— ele perguntou, olhei pra Bella como se dissesse, pelo menos o meu foi direto. Me voltei para o garoto a minha janela e depois olhei pra frente pra verificar se o Cullen já tinha saído, Jasper e Edward olhavam em minha direção, Edward falava direto enquanto Jasper olhava com um sorriso divertido. Apertei o volante com mais força, eles tramaram isso?
— Tenho planos, Tyler, eu e Bella vamos pra Seattle, não vai dar.
— Ah.— ele olhou o chão desanimado, odiava ter que dar foras assim, ainda mais para um conhecido.
— Sinto muito— falei sem lamentar nada.
— Eu sabia que Bella estaria ocupada, mas pensei que só estava tentando dar um fora mais rápido nos outros.— ele disse, dando de ombros, me surpreendi com tal revelação sem senso.
Olhei pra frente de novo, bufando.
— Seu carro já pode sair.— o dispensei e levantei o vidro.
A saída foi sem mais complicações e o resto do dia passou sem mais irritações. Pensei que seria mentira o que minha irmã falou mais cedo, mas ela tocou no assunto durante a janta com Charlie. Não pediu permissão, apenas informou que sairia.
— Vou com ela.— avisei me metendo. Bella estranhou, mas não recusou. Também estava precisando de umas roupas novas e uns livros. Aqui em Forks eu tenho muito tempo livre.
— Minhas duas filhas e nenhuma vai ao baile!— nosso pai reclamou, nos encarando desconfiado, eu ri.
— Podemos nos divertir em outro lugar, papai.
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NOTA DA AUTORA:
Não tá se esquecendo de comentar, né vadia?
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