Aí eu fico louca
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Não havia muito o que ser dito ou feito, eu surrei Bella e ela mesma não tentou resistir sabendo que eu tenho razão.
— Como soube que eu estaria aqui?— perguntou ela quando a levei comigo no carro de Dave para a casa de Jacob que ia na frente com a picape.
— Você saiu sem mim, eu pensei: Bella teve um pesadelo, Bella quis ficar sozinha, pra quê ela ficaria sozinha? Bella queria ver Edward, Bella vai fazer uma merda colossal para ter um vislumbre de Edward, onde iria? Não tem muitos riscos para correr em Forks em plena manhã. Pensei: Bella quer se matar? Não, não faz sentido, ela sabia que eu a traria de volta só para matá-la de novo. Por que Bella sairia sozinha enquanto estamos sendo caçadas? Talvez ela queira morrer, mas assim nunca veria Edward nem mesmo onde quer que fosse quando morresse— tomei fôlego, eu falo muito rápido— pensei em Jacob, mas sabíamos que ele estaria ocupado, mas aí lembrei da motos, como as duas estavam sã e salvas no galpão eu pude ver que o tempo estava correndo contra mim— senti meus dentes baterem e aumentei o ar quente, só que ele não está ajudando, olhei o banco molhado, Dave me perdoaria por isso?— comecei a dirigir sem saber onde estava me metendo até ficar pensado no mar, estava agitado, um frio do caralho, mas aí avistei os penhascos....
— Lembrou que eu queria dar um mergulho...— Bella disse pensativa, estava encolhida abraçando suas pernas e molhava o banco, eu evitava olhar muito ela, porque duvidava que fosse resistir muito ao impulso de a enforcar—- Foi bem inteligente, Becca.— ela elogiou notando meu olhar severo de soslaio. Queria tirar o foco de si massageando meu ego autosuficiente.
— Isso foi apenas ofensivo, mas vou fingir que não te escutei, agora, ainda bem que paramos— estacionei o carro atrás da picape e vi Jake sair da mesma— porque eu vou te matar!— tirei o cinto e avancei na minha irmã que recuou, escapando por um triz ao descer do carro antes que eu agarrasse seus cabelos. A segui e ela se escondeu atrás de Jake que obviamente também não estava ao seu favor. O garoto veio para meu lado, e sem resistir por causa do frio acabei o abraçando grata por ele ser tão quente.
— Eu não estava tentando me matar!— Bella se defendeu, mas como ambas estávamos congelando, não lhe neguei quando ela se agarrou ao outro lado de Jacob. O garoto abraçou nossas cabeças com os braços largos e nós deixamos a discussão de lado por um momento breve só para podermos nos aquecer.
Estávamos molhados e Jacob, ainda abalado por causa de tudo,— a caçada frustrada, a tentativa louca de Bella de se aventurar na pior hora possível, a morte de Harry — ficou quieto por um bom tempo. Queria poder o consolar, então apertei o abraço, aproveitando a proximidade e puxando uma grande porção de cabelos da minha gêmea que retribuiu o gesto.
Jacob andou conosco emaranhadas na sua cintura, batendo uma na outra com cada vez mais força e nos levou para dentro da sua casinha. Deixei Bella tomar banho na minha frente já que foi ela que quase morreu, enquanto eu enchia diversos copos de água e os esvaziava em busca de me livrar do sal do mar preso na minha garganta. Vestimos roupas velhas das irmãs de Jacob, nos serviram bem, apesar de um pouco largas.
Voltamos para a sala, nos encolhemos no sofá e ficamos com Jake sentado entre nós duas, eu tinha muito o que xingar e bater na minha irmã, mas estava tão cansada que aceitei em deixar isso para depois.
Acabamos dormindo.
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Senti cutucadas na minha barriga e abri os olhos, meu corpo todo protestava. Minhas costas, meus olhos, minha cabeça. Meu corpo latejava e eu só queria cair morta num canto, em paz. Olhei para Billy, quase revoltada pela intromissão, o corpo de Jacob nos aquecera até demais e eu sequei o suor na blusa.
Billy estava muito abalado, não fez perguntas e, sinceramente, mal pareceu olhar na nossa direção quando nos mandou de volta para a casa, no fim de tarde, para vermos Charlie.
Fui sozinha no carro de Dave, precisava devolvê-lo e esperava com todas as forças que o garoto não se irritasse com a sujeira no seu carro nem questionasse demais o que acontecera, estou exausta e só quero me jogar na minha cama e dormir até o final de semana.
Estacionei na frente da casa dos Marks e fui até a porta, me sentindo péssima. Bati a porta e pedi ao irmão dele que o chamasse. O garoto — muito parecido com Dave — me olhou torto um momento, desconfiado, mas foi atrás do irmão. Dave apareceu não muito depois, olhou para o carro e depois para mim, minha cara de cansaço o fez tomar um ar preocupado.
— O que houve? Entre...— ele abriu mais a porta e eu apenas balancei a cabeça, fazendo um gesto para que ele parasse.— Você está bem? Parece que chorou muito.
Aposto como meus olhos estão vermelhos.
— Foi um dia.... Muito longo mesmo, podemos conversar depois?— pedi o encarando com súplica. Ele me encarou cauteloso, como se fosse insistir mais um pouco, mas pensou duas vezes e assentiu.
— Ah, escutei sobre Harry Clearwater... Sei que seu pai era amigo dele, sinto muito.— ele disse sem jeito enquanto eu lhe entregava a chave e num impulso eu me joguei nos seus braços querendo um consolo. A agonia que senti quando pensei que Bella estava morta diante dos meus olhos ainda me transtornava, ainda agora, Jacob me conta o quanto a vadia ruiva esteve perto de nós, quase a pegaram hoje, Bella quase morreu hoje, eu quase morri hoje, eu o vi hoje. Abracei a cintura de Dave e ele abraçou meus ombros, hesitando, claramente confuso e sem saber o que falar. Mas bastou eu ouvir seu coração bater enquanto eu relaxava meu ouvido em seu peito.
— Eu... molhei seu carro, eu posso pagar se quiser.— me afastei notando que chorava, Dave segurou meu rosto e secou minhas lágrimas com os polegares. Me olhava cheio de compaixão, quase o beijei alí mesmo, mas seria muito egoísmo, só uma forma de eu buscar consolo imediato, não posso fazer isso, não com ele.
— Quer que eu te leve para casa?— perguntou, balancei a cabeça fungando.
— Eu vou sozinha.— disse, precisava mesmo andar. Um uivo ecoou pela floresta que cercava toda a Forks e eu senti a necessidade de sair correndo. Me despedi de Dave, sentindo seu olhar preocupado me seguindo enquanto eu caminhava apressada para fora do seu campo de visão. Chorei um pouco por todo o caminho, o cansaço montando nos meus ombros como uma assombração. Eu vi o rosto semi morto de Bella na areia, o rosto quase transparente de Jasper no fundo da água agitada do mar...
Eu queria tanto que ele estivesse comigo. Talvez eu me sentisse melhor, talvez ele fosse saber o que dizer, talvez eu o deixasse usar seu dom em mim para me acalmar.
Procurei não pensar demais nele, procurei bloquear a excitação por ter visto seu rosto depois de tantos meses. Não queria sentir sua falta, não queria o querer tanto do meu lado. Mas era inevitável, ainda que eu fingisse que não, ele estaria sempre comigo. Foi bom brincar que estava tudo certo por uns dias, na verdade... Foi ótimo! Eu... estava voltando á mim. Não quero deixar esse progresso de lado.
Tentei parar de pensar e me foquei no caminho que estava seguindo, parei de repente no meio da rua, tinha passado minha casa e nem tinha percebido, a picape estava lá, mas nem sinal do carro patrulha de papai.
Ah, eu não queria nem pensar na dor dele, perder outro amigo de longa data em menos de dois anos. Eu de repente tinha muito o que fazer; com quê me preocupar.
Suspirei e entrei em casa, a luz da sala acesa quando eu vi o que eu pensei ser a definição da minha completa perca de sanidade.
Congelei ao encarar os olhos escuros da vampira, aquela de um tempo atrás, a Alice Cullen. Parada no meio da minha sala com Bella a encarando com os olhos cheios de lágrimas. Caminhei até as duas, os olhos fixos em Alice, eu não sabia o que pensar nem como reagir.
Alívio? Raiva? Pânico? Eu deveria estar em prantos por tê-la ali? O que eu devia esperar? Os rapazes estavam de volta? Jasper está de volta? Sem poder me conter, olhei para a porta esperando que ela se abrisse com tudo e o garoto de ouro aparecesse. Mas nada aconteceu.
— Rebecca.— a voz de Alice chamou-me de volta a terra e eu a encarei, ela é exatamente a mesma, claro, o tempo nunca os afetaria. Ela está com sede, pude notar, por isso Bella não está colada á ela.
— O... O que está fazendo aqui?— perguntei-lhe, rouca, de repente muito disposta.
— Eu vi Bella se jogando de um penhasco e você indo atrás.— ela nos encarou como se nos censurasse. Isso me irritou profundamente.
— E daí? Quis conferir os corpos? Como se vocês se importassem!— disparei, irritada.
— Rebecca!— Isabella me chamou em censura. Alice não pareceu se ofender, talvez tenha visto que eu agiria assim.
Eu estou puta, em questão de segundos me perguntava se meu dia poderia piorar, só me falta cair um meteoro na nossa casa. Não tirei os olhos de Alice.
— Vocês nos deixaram! Pensei que não fossem se incomodar em voltar aqui depois disso.— eu sei, estou descontando na pessoa errada, mas ainda vale para mim. Ela também me deixou— O que é que você está fazendo aqui!?— repeti. Bella me olhou furiosa, como se eu estivesse sendo uma ingrata com a visita inesperada.
— Eu precisava ver com meus próprios olhos se vocês estavam vivas.— Alice tornou a falar, calma demais, coisa que só me deu mais raiva, eu estou louca para brigar com alguém.— Não sei o que deu na cabeça de vocês para se jogarem de um penhasco!
— Pois pergunte á Isabella!— rebati, ríspida e encarei minha irmã— Ela mergulhou para poder ver Edward.
— Ver Edward?— repetiu Alice, confusa.
— Uma alucinação trazida pela adrenalina.— expliquei-lhe sem a encarar, estava á beira de um ataque de nervos.
É complicado, há dois minutos eu mataria para ver Jasper, mas a simples insinuação de que ele estava de volta me fez apenas querer terminar uma discussão com ele. Eu quero que ele saiba o quanto eu sofri com sua falta, por suas palavras falsas. Não sabia que teria qualquer tipo de rancor no último segundo. Mas tinha.
— Você contou a ele?— Bella perguntou me tirando do meu ataque de fúria. Fuzilei as duas com o olhar, sem nenhum motivo específico, só precisava de meios de diluir minha raiva.
— Não.— respondeu Alice com firmeza, soltei um riso nasalada sem graça alguma e pensei em sair dali antes que explodisse.— Nenhum dos dois.
— Eles não estão com você?— perguntei sem poder me conter, ela negou balançando a cabeça. Também não soube como me sentir em relação á essa informação.
— Os dois só entram em contato quando insistimos muito... Não os vimos desde que partimos de Forks.— contou ela, desconfiei que sua fala era só um meio de amolecer nossos corações. Com Bella funcionou.
— Por que eles se isolaram?— perguntei com certa frieza— Foi decisão deles partir, não é? Só falta dizer que eles sofreram...
— Sofreram, sim!— Alice me interrompeu e nós nos encaramos durante um momento, pela primeira vez, senti raiva dela.— Não têm noção como foi difícil para eles verem o que seria melhor para vocês e decidirem lhes deixar, eles...— ela repensou o que ia falar e deixou a voz morrer, mergulhando nós três no silêncio.
— Se só queria ter certeza que estávamos vivas... A porta é a serventia da casa, foi um prazer te ver, Alice.— fiz uma reverência irônica com um sorriso amargurado e subi para o meu quarto, entrando no mesmo e batendo a porta com força, comecei a andar de um lado para o outro, minhas mãos tremendo de nervoso, ansiedade, raiva. Eu queria ter a capacidade de esmagar algo enorme.
Sofreram, sim????
Que direito eles tem de sofrer? Depois de tudo?! Depois que eu o dei todo meu amor, todo o meu empenho, paciência, carinho! Ele acabou comigo! Nunca sofri tanto, nunca palavras me pareceram tão letais! Ele disse que sequer me amava!
Ele não me ama, ele foi embora porque quis, eu não o expulsei! Eu implorei, chorei, iria entregar minha alma pela eternidade por ele... Ele não tem o direito de se sentir mal, de... sofrer!
Que maldita hipocrisia! Só passei por isso, por essa provação, por esse vazio no peito, porque ele quis que eu vivesse normalmente!
Dias antes ele assumira sem um pingo de hesitação o quanto gostaria de me ter do seu lado para sempre, que eu fosse dele até o fim do mundo. POR QUE ELE MUDOU DE IDEIA!?
E se foi Edward que o convenceu a ter piedade de minha alma? Foi pelo irmão que ele partiu meu coração e decidiu deixar a cidade!? Que nobre!
Pela segunda vez, por um momento um tanto mais duradouro que um segundo eu o odiei. De novo, com força e desejei que ele sofresse um vestígio do que sofri. Logo agora! Que puta sacanagem! Parece até sabotagem. Logo agora que eu estava me reerguendo!
AQUELE FILHO DA PUTA!
É melhor mesmo que essa visita de Alice seja importante!
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