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30 De Junho De 2017 - Parte 3

— Você quer tomar um banho quente? — Rebecca ainda está sob meu peitoral, enquanto afago seus cabelos.

— Só se você vier comigo — digo sorrindo.

Ela me encara, apoiando o queixo sobre meu tórax. Seus olhos verdes são minha perdição.

— Sinceramente, ficar com meu bumbum exposto está me fazendo sentir frio. Um banho quente cairá muito bem... — quando ela faz menção de se levantar, eu a puxo novamente para meu peito e a abraço forte.

— Não quero que você vá. Vai que sua bipolaridade ataca novamente. Não, não. Não quero — digo aspirando o cheiro de creme do cabelo dela.

— Deixa de ser bobo. Vamos — ela se desvencilha dos meus braços. — Além do mais, temos que desinfetar o machucado de sua perna.

— Nem estava me lembrando dele — me sento na cama e observo o machucado. Não é um corte muito grande, mas parece ter sido profundo. Provavelmente, me deixará uma cicatriz.

— Venha — Rebecca me puxa da cama. — Não quero ver o senhor gripado.

Entramos juntos no box do banheiro. Quando a água morna cai sobre nossas cabeças, um arrepio de frio percorre minha espinha.

— Você nem imagina o que passei para chegar aqui hoje — digo enquanto seguro seu queixo e fito seus olhos. — Por favor, não me deixe mais preocupado.

— Eu não imaginei que você fosse ficar sabendo. Só o Mau... — ela fez uma pequena pausa. — Ah! O Maurício.

— Ainda bem que ele me falou. Acho até que devo dar um presente de agradecimento — dou um riso debochado.

— Também estou pensando nisso... — Rebecca me abraça, então retribuo. Ela é bem menor do que eu, então aconchega sua cabeça em meu peitoral com muita facilidade. — Acho que seu amigo está querendo uma segunda rodada — ela sorri.

— Pode deixar, não vou forçá-la a ter uma segunda rodada. Você deve estar exausta — fecho o chuveiro e pego a toalha para cobrir o pequeno corpo de Rebecca.

— Você está me surpreendendo — ela fica nas pontas dos pés e deposita um beijo casto em meus lábios. Em seguida, ela sai do banheiro.

Eu fico ali, olhando para o vazio que ela deixou logo que saiu.

Como pode uma mulher tão pequena fazer um estrago tão grande em meu coração?

Enrolo uma toalha em minha cintura e vou para o quarto. Rebecca está vestindo-se.

— Gostei do modelo nude — digo ao abraçá-la por trás. — Cai muito bem em você.

— Não fica mal em você também. Mas não quero pegar um resfriado e nem quero que você fique doente — diz após fechar o zíper da blusa de frio.

— Você está certa. Vou me vestir também — deposito um beijo no topo de sua cabeça e solto-a.

— Caio... — a encaro — você se lembrou de trazer alguma roupa extra? — ela diz sorrindo, provavelmente, já sabendo da resposta. — O Gustavo deixa umas roupas aqui. Ele é um pouco mais gordo, mas dá para você usá-las.

Ela me entrega uma calça moletom, uma camiseta preta e uma blusa de frio também preta.

— Ele gosta de preto. Difícil achar camisetas e camisas de outras cores. Pronto, vou deixar você se vestindo. Enquanto isso vou preparar algo para a gente comer.

Rebecca sai do quarto e eu começo a me vestir. Mesmo após o banho sinto o cheiro dela em mim. É inebriante.

Posso dizer, categoricamente, que foi o melhor sexo da minha vida! Talvez seja por eu estar apaixonado. Talvez seja por saciar minhas fantasias após tanto tempo. Não sei ao certo. Apenas quero muito repetir a dose.

Quando vou para a sala sinto um delicioso cheiro de chocolate.

— O que você está fazendo? — pergunto após entrar na pequena cozinha.

— Chocolate quente. Gosta? — ela está mexendo lentamente o conteúdo da panela.

— Amo! Realmente, faz muito tempo que não tomo.

— Já estou terminando. Enquanto isso, vá até o guarda-roupa e pegue uma coberta.

Assim como ela me orientou, peguei uma das cobertas e voltei para a sala. Abri o sofá-cama e fiquei sentado aguardando-a.

Ela então veio com duas grandes canecas.

— Cuidado, está muito quente — disse após me entregar o recipiente.

— Venha... — levanto a coberta e faço sinal com o olho para que se sente no meio de minhas pernas.

Ela se aconchega e nos cobre com a coberta.

Por alguns segundos apreciamos o chocolate quente em silêncio. Aliás, com o tamborizar dos nossos corações.

— Podemos nos refugiar aqui nesse final de semana? — Becca diz me surpreendendo. — Só por esse final de semana esquecer tudo. Imaginar que esse lugar é nosso pequeno mundo encantado. Esquecendo dos problemas e de outras pessoas.

— Gosto muito dessa ideia! Mas precisamos avisar ao Maurício e ao Caiã que estamos vivos ainda.

— Ai meu Deus! — Becca se assusta e acaba me assustando também. — Tenho que ligar meu celular. Meu pai deve estar morrendo de preocupação!

A doida se levanta apressada e busca seu celular.

— Não é um local muito bom de sinal... Por isso não me incomodei em ligá-lo imediatamente.

Assim que o aparelho liga, uma série de mensagens surge na tela.

— O Maurício realmente se preocupa com você — digo após constatar que haviam trinta e cinco mensagens só dele. — Acho melhor você retornar a ligação.

— Vou fazer isso mesmo...

Não demora muito e Rebecca começa a ligação.

— Oi, Mau... Estou ligando para dizer que estou bem.

“Sua mulher louca! Como você pode desligar o celular num momento como esse. Eu pensei que um raio havia caído em você!”

A voz de Maurício está tão alta que Rebecca até afasta um pouco o celular do ouvido.

— Me desculpe, prometo não fazer mais isso. Ah, antes de desligar... Obrigada por ter pedido ao Caio para vir até aqui...

“Não acredito que ele realmente te encontrou! O Caiã me ligou desesperado perguntando qual a probabilidade do Caio te encontrar com aquela tempestade... Mas pelo visto o faro desse homem é muito bom.”

Consigo ouvir a gargalhada dele, do outro lado da linha.

— Só para você saber, estamos muito agradecidos — falo após me aproximar do aparelho.

“Não há de quê! Espero que tenham uma lua de mel maravilhosa durante o final de semana...”

— Maurício! — Rebecca o repreende.

“Relaxa, Becca. Aproveite o momento. Vou deixar os pombinhos em paz. Beijos...”

Antes de Rebecca contestar, Maurício desligou.

— Pior é que eu acho que ele está certíssimo... — puxo-a para mais perto, abraço-a e coloco meu pescoço em seu ombro. — O que acha de uma segunda rodada agora?

Rebecca se desvencilha de meu braços, se vira para mim e me empurra sobre o sofá-cama.

— Acho uma excelente ideia!

E assim começou o melhor final de semana da minha vida. Provavelmente, o nosso primeiro momento eternizado...

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