Capítulo 1 (May)
15 anos depois...
Maia acordou com um humor incrível nessa manhã, mesmo sendo segunda-feira. Levantou, organizou sua cama e foi tomar banho, conforme sua rotina diária, e como de costume, ela preparou seu café da manhã rotineiro (Pão com queijo e um copo com achocolatado).
Ela sempre aproveita a manhã para dar uma espiada em seus e-mails e mensagens, pegou e abriu seu notebook.
Surpreendentemente Amanda não havia enviado o seu "Bom dia" matinal, mas já era de se esperar que ela esqueceria, toda a agitação do primeiro dia na faculdade devia ter tomado a mente de sua amiga, pensou Maia com sigo mesma, sabendo como ela tinha se comportado nas outras duas faculdades que ela trancou, com um ano e meio de estudo cada uma, e também se lembrando de como tinha sido seu primeiro dia na faculdade, cinco anos a trás.
Após terminar seu café, a jovem guardou tudo que havia utilizado, colocando seu prato e copo para lavar, deixando tudo arrumado assim como gostava, para ter paz de espírito na hora de meditar, indo atrás de seu colchonete, May não lembrava onde tinha guardado na última vez que usou. Depois de revirar o quarto inteiro, lembrou que ele estava na sala, do lado do seu sofá novo azul marinho que tinha ganhado de seus pais quando se mudou para Nova York. Normalmente, durante as sessões de meditação ela esvaziava a mente para poder relaxar, e mesmo depois de colocar sua playlist mais calma no ultimo volume em seu fone de ouvido (o que não era tão alto a ponto de machucar seu ouvido), ela não conseguia esvaziar sua mente como queria, e isso a incomodava.
Ao invés disso, ela se lembrava do seu primeiro dia na faculdade que coincidentemente nesse mesmo dia, ela tinha conhecido um certo alguém, mas ninguém que seja importante agora pra ela. Tudo o que Maia queria era esquecer o passado e focar no presente, no agora, na sua meditação e em mais nada naquele momento.
May precisava ajudar sua melhor amiga a não surtar, Amanda era uma bomba, ela se estressava facilmente, e poderia explodir a qualquer momento, ao contrário de Maia, que era a pessoa mais calma e controlada que a melhor amiga conhecia, ela desistiu da meditação e fez uma nota mental para praticar de noite, pegou o telefone e mandou uma mensagem para a Dada (apelido para sua amiga Amanda).
- Cadê o meu bom dia hein?? Como vc está? Ansiosa para seu primeiro dia na facul? Ou melhor, nessa facul? Se quiser ajuda com alguma coisa pode me mandar mensagem, não fique surtando por coisa pouca. E cá entre nós, você já sabe o que esperar. Eu sou sua melhor amiga e você sabe que faço qualquer coisa por você (menos matar, isso eu não faço), então não exite em me mandar mensagem.- May verificou o horário, e estava 20 minutos adiantada para a hora que ela começa a se arrumar.
Ela é conhecida por ter uma rotina bem planejada, e uma agenda cheia, como faltavam 50 minutos para começar seu trabalho, Maia resolveu ligar para seus pais. Havia um bom tempo que ela não ligava para vê-los, desde o acontecido. No segundo toque ela foi atendida, e uma voz doce atendeu o celular.
-Alô? Bom dia meu amor!- Anne, mãe de May atendeu o celular.
-Bom dia mãe, como a senhora está? E o papai?
-Estou bem, e o seu pai como sempre, ocupadíssimo. Ainda não sei porque ele não se aposentou, quase não tem tempo pra mim desde que abriu a nova advocacia aí. Seu pai quer ir te ver querida, vamos aproveitar que teremos que ir verificar a administração da advocacia. Podemos ir te ver? Ou ainda...
-Calma mãe, claro que podem vir, vou adorar a visita de vocês, estou com muita saudade. E você sabe que o papai não vai se aposentar tão cedo, não sabe? Deixa ele. Como a Dada disse: "O sr. Josefh nunca irá se aposentar", ele ama o trabalho dele. Mas concordo que a senhora precisa de atenção. Vou falar com ele sobre isso, minha mãe tem que ser tratada como uma rainha. - Ela riu de uma maneira doce, e do outro lado da linha May ouviu a voz de outra pessoa, mais especificamente de um adolescente chato e sem noção.
-MÃE, VOCÊ VIU MINHAS CUECAS? NÃO TÔ ACHANDO.
Maia caiu na gargalhada.
-Ele não sabe procurar uma cueca ainda mãe? Caramba, com 16 anos nas costas? Meu senhor... Com a idade dele eu já lavava minhas próprias roupas e fazia a comida de todo mundo.
Maia e Anne (sua mãe) estavam em meio gargalhadas altas, coisa que May não fazia a uns bons meses. Ela teve que parar para respirar, estava totalmente sem ar.
-Manda esse menino tomar jeito, Peter tem que, no mínimo, conseguir achar as próprias roupas. Pense, como ele vai se virar morando sozinho? A senhora não vai estar com ele para sempre.- May disse com um pequeno tom de ciúmes, que fez com que a mãe risse.
-Você sabe que era igualzinha ao seu irmão quando tinha a idade dele não sabe?- Outro grito de Peter invadiu a ligação.
-A senhora lavou elas hoje?
-Lavei sim filho, elas ainda estão estão na secadora, espera elas secarem pra você pegar.
-Meu senhor, eu não tenho cueca e vou sair com meus amigos mãe. Eu vou usar o que?- Ele perguntou num tom desesperado.
-Nada ué.
-NADA? Vou usar shorts sem cueca? -Maya não conseguiu segurar sua risada, ela estava se divertindo muito com a conversa. -Quem é o psicopata que faz isso?
-Você. Ou você pode pegar uma do seu pai.
-Não, não, eu prefiro não usar NADA a usar as cuecas freadas do papai. Aliás, com quem a senhora está falando?
-Com a sua irmã, venha dar um oi pra ela.
-Por favor, me diz que é brincadeira e que ela não escutou isso.
-Oi pra você também maninho. E sim, eu ouvi tudinho, -ela deu um suspiro -Você sabia que eu adoro todas as confusões e encrencas em que você se mete? Isso me deixa ainda mais feliz, sabia?
-Claro que eu sei.- Disse com uma voz "irritada", seguida por uma risada.- Estava com saudades de você May.
-Eu também estava pirralho. A mamãe disse que logo vocês vem me visitar, e aí sim a gente matar a saudade do jeito certo.
-Fazendo o bolo de chocolate da vovó? -perguntou com uma voz ansiosa.
-Sim, fazendo o bolo de chocolate da vovó. -Se pode escutar a comemoração do irmão enquanto ele se afastava, certamente para pegar uma roupa para vestir.
-E como você está filha? Acabei nem perguntando, tudo certo? E seu trabalho?
-Tudo em ordem por aqui. Estou ainda me adaptando à empresa, mas estou adorando meu trabalho, fazer o design das casas é muito relaxante, combinar cores, formas, estampas, e saber que eu fiz tudo aquilo para uma pessoa morar, é bem reconfortante.
-Que bom! Eu tinha certeza que você ia fazer um ótimo trabalho como arquiteta, desde pequena você falava coisas como, "essa cor não combina com essa", ou até "ondas e triângulos? Quem comprou isso?". Você nasceu pra fazer arquitetura.-Anne ficou um tempo quieta e depois disse:-Tem certeza que está pronta para receber visitas meu amor?
-Tenho mãe, minha psicóloga disse que preciso ver pessoas, além dela e do meu chefe, claro, ela deixou isso bem explícito depois que eu perguntei o que eles eram. -Ela deu uma risada melancólica e prosseguiu.- Já me isolei demais, quero voltar com a minha vida normal. E eu quero que vocês venham. Eu amo vocês.
Logo, ela se despediu de sua família e olhou no relógio, estava marcando 6:51, ela ainda tinha 9 minutos para fazer... qualquer coisa. Arrumar o quarto era uma boa ideia, ele estava parcialmente bagunçado. Sua cama estava arrumada, junto com seu armário de sapatos, mas a escrivaninha estava um caos, maquiagem, papel, materiais do trabalho, estavam todos espalhados. Uma bagunça perfeita e organizada. Do lado esquerdo os papéis avulsos com as anotações do trabalho, no meio a maquiagem e na direita o computador e mais folhas. Maia estava orgulhosa de sua "bagunça organizada". Esse hábito de sempre manter as coisas no seu lugar, mesmo que desorganizado, nunca a abandonaria, ao contrario de certas pessoas que a deixaram no passado. Seu guarda-roupa estava no mesmo estado, desarrumado, mas estava fácil de arrumar, ela só teria de dobrar as roupas e guardá-las novamente.
Ela nem tinha começado quando recebeu a ligação de um número desconhecido, pensou que fosse da ArqDesing, a empresa onde trabalha, mas quando atendeu, toda sua energia e seu bom humor tinham ido embora.
(...)
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