— Mikey, agora que Sanzu abriu mão da sua liberdade para apaziguar a Bonten e a Akuma, qual é o plano para trazê-lo de volta? — pergunto enquanto giro uma caneta nos dedos.

— Rindou, essa situação é complicada. Primeiro, precisamos garantir que Sanzu esteja seguro onde quer que ele esteja. Vou conversar com nossos contatos e descobrir onde ele está e como está sendo tratado. — ele fala enquanto coça o queixo.

— Entendo. E depois?

— Depois, precisamos agir com cautela. Vamos mostrar a Sanzu que estamos ao seu lado, que ele ainda é parte da família Bonten. Vou pensar em uma maneira de abordá-lo sem colocá-lo em perigo.

— Parece um plano sensato. Conte comigo para o que precisar.

— Obrigado, Rindou. Juntos, vamos trazer Sanzu de volta para casa, onde ele pertence. Mas por enquanto não faremos nada, para não levantar suspeitas. Temos que colher informações até termos tudo o que precisamos.

Assinto positivamente e deixo a sala, um pouco cabisbaixo, afinal a Bonten e a nossa Santíssima Trindade não é a mesma sem o Sanzu. Precisamos trazer ele de volta, antes que algo aconteça com ele ou que ele simplesmente resolva mudar de lado por achar que os abandonamos.

Ando pelo jardim da fortaleza da Akuma na presença de um dos membros da máfia, meu conhecido, Shion Madarame.

— Como que vai as coisas na Bonten?

— Não posso te dar informações sigilosas da minha máfia. Mesmo que você seja um conhecido meu e que eu esteja aqui.

— Não precisa entrar em detalhes, só quero saber algumas coisas. É uma máfia aos pés da Akuma. — ele comenta e sorri. — Você poderia fazer parte dela, já que agora a Bonten te deixou aqui.

Paro de andar e me viro para Shion. Encaro ele e falo:

— A Bonten não me deixou, Madarame. Foi eu que quis ficar para proteger e salvar eles. Eu sinto que uma hora eles vão querer vir atrás de vocês para que eu volte ao meu cargo.

— Por que você não se junta a Akuma? Pensa, você vai ter o Muto, vai continuar falando com os seus amigos e o melhor de tudo, todo mundo sai ganhando.

— A Akuma saíra ganhando. Afinal sem mim na Bonten, não há pessoa capacitada pada assumir o que eu faço lá. Portanto, ela cairá em declínio. E não é isso que eu quero. — falo e me sento em um banco de madeira.

— Você sempre foi difícil. Mas parece que agora está mais ainda.

— Eu não sou uma pessoa difícil, Shion. Eu apenas gosto de manter o êxito em minhas funções, mas para isso que preciso manter o foco e pensar muito bem nas minhas para que nada de ruim aconteça. Como por exemplo agora, se eu me juntar a Akuma, eu... — não consigo terminar a minha fala pois olho no jardim e vejo um pé de Pitaya, começo a rir pois me lembro de um ocorrido do passado.

Era no começo de 2009, eu tinha ido passar a noite na casa do Yasu, e no meio da madrugada eu fiquei com uma vontade imensa de comer Pitaya, do nada.

— Yasu, eu quero Pitaya!

— Sanzu em nome de Deus, esqueça a Pitaya e vai dormir. — ele responde e se virou para o outro lado da cama. — Vá, vá dormir!

— Yasu!

— Haru pelo amor de Deus esqueça a Pitaya e vai dormir! — ele fala e eu começo a rir. — Pitaya, Pitanga eu sei lá.

— Yasu!

— Pitomba, Pitaya, Pitanga.... vai dormir Haru, vai! Esqueça isso!

— Eu quero Pitaya!

— Haru já é meia-noite, amanhã o povo vai me esperar, eu tenho reunião com eles, tenho que apresentar uma coisa para eles lá, você tá doido é?

— EU QUERO PITAYA!

— PITAYA NÃO! Não! Vai dormir! — ele disse e cobriu a cabeça com o edredom. — Boa noite, eu não vou te responder mais não.

— O Muto. — disse e balancei ele.

— Eu morri. Acabou. Cadê o meu travesseiro? — ele disse e em seguida bateu a mão na cabeceira da cama. — Aí minha mão, o que foi isso? — ele disse e eu comecei a rir.

— Yasu!

— Não quero saber de Pitomba não, Haru.

— Pitaya Muto! Eu quero Pitaya!

— Não vai comer não!

Me lembro que naquela noite eu o infernizei até ele sair de casa e comprar uma Pitaya para mim, e vejo que ele não se esqueceu dessa história da Pitaya.

Shion me olha com um olhar julgador sem entender nada, e em seguida para de andar e conversa com alguém que aparece ali do lado dele, que não é ninguém menos do que Muto.

Ele se aproxima de mim e eu o olho nos olhos e falo:

— Pitaya!

— Não acredito que você ainda se lembra dessa presepada, Haru. — ele fala com um sorriso no rosto e em seguida segura a minha mão. — Eu até hoje queria entender porque Diabos você cismou com Pitaya.

— Eu fiquei com vontade, Yasu. — falo sorrindo enquanto caminhamos de mãos dadas.

— Sanzu sendo Sanzu.

Caminhamos pelo jardim até chegar em uma linda roseira de flores vermelhas, era um vermelho tão vibrante que nem parecia ser real.

Yasuhiro tira uma rosa da roseira e entrega para mim e diz:

— Sei que você gosta de rosas vermelhas.

Abro um sorriso e inalo o cheiro da rosa, seu perfume é tão gostoso que eu fico encantado com ela.

Continuamos ali no jardim até que ele parou no meio do caminho e diz:

— Olha. — ele fala e retira algo que cai na minha testa. — Está nevando.

Olho para cima e vejo flocos de gelo caindo do céu suavemente e bailando no ar. Eles caem em meu rosto, roupa e cabeça, fazendo eu sentir seu toque levemente gelado.

Muto se aproxima de mim e me beija com carinho. Retribuo o seu ato com muito carinho e em seguida ele me dá um selinho e diz:

— Seja meu, Haru. Para sempre.

— Não sei se eu posso aceitar... é muita coisa para pensar...

— Esquece os problemas atuais, eu vou dar um jeito nisso, mas apenas aceite o que eu quero te propor. — ele diz e levanta o meu queixo. — Se você aceitar ser meu, darei um jeito de resolver tudo, de deixar tudo em ordem e fazer com que a Akuma e a Bonten faça acordos, deixando ambas poderosas.

— Como vou saber que o que você está propondo é verdade? E se você estiver fazendo tudo isso para apenas me conquistar e depois vai voltar a atacar a Bonten?

— Eu sou capaz de fazer tudo para te fazer feliz e não te perder de novo, Haru. — ele fala e deposita um selinho em minha boca. — Se para ter você ao meu lado para sempre eu preciso deixar os meus problemas pessoais de lado, eu deixo.

— Não são problemas pessoais, Muto...

— Que seja! — ele diz e me puxa pela cintura. — Seja meu, Haru.