5 - Conhecendo algumas pessoas
Eu estava sentado no meu sofá. Era uma manhã clara. Mas não havia essa sensação no meu peito. Como eu havia chegado em casa, eu não sei. Mas eu me lembrava como eu havia chorado, como eu havia corrido, como sentira que queria morrer, como eu estava despedaçado e quebrado por dentro, como eu estava aterrorizado. Não sentia fome ou sede, ou nenhuma vontade de me levantar. Ficava pensando no que Frerddy havia falado. Perdi-me em meus pensamentos quando meu telefone tocou.
Tomei um susto, mas atendi. Era William Afton de novo:
- Paul, meu caro, como vão as coisas?
Minha raiva toda se concentrou, e naquele momento aquilo saiu como um turbilhão:
- CALA A BOCA SEU MERDA, VOCÊ NÃO PRESTA, VOCÊ É UM VAGABUNDO, EU NUNCA MAIS QUERO SABER DE VOCÊ E DE SUA COMPANHIA LOUCA DE DEMÔNIOS!
- Eu entendo a sua raiva, porém o que acontecerá se você não voltar lá? Acho que você sabe.
- VOCÊ PODE PEGAR AQUELA PIZZARIA E TODAS SUAS POSSES NOJENTAS E IR SE FODER. VOCÊ MATOU MINHA NAMORADA, A PESSOA QUE EU AMAVA, VOCÊ TIROU DE MIM. EU NUNCA MAIS QUERO VOLTAR NAQUELE LUGAR!
- Eu sei que você vai voltar. Pense, você irá voltar, e passar algumas noites e estará livre, e logo mudaremos para outra cidade. Sairemos de sua vida e será apenas uma lembrança ruim. E como eu sou bonzinho, eu irei deixar para você alguns assistentes, o John e o George, além da Lucy, que irão trabalhar com você à noite. Eles estarão à sua espera na pizzaria hoje à noite.
Depois disso ele desligou.
Eu queria simplesmente esquecer tudo o que havia acontecido, mas mesmo sendo o crápula que era, Afton estava certo. Se eu quisesse me ver livre de tudo, teria que passar cinco noites na pizzaria. E eu talvez estivesse seguro lá, já que os animatronics não iriam me fazer mal.
Depois de muito tempo, o crepúsculo começou e eu saí de casa. Andei por um bom tempo, mas eu estava meio ansioso, e pareceu até rápido até chegar lá. Dani estava na recepção, e parecia como os velhos tempos, onde eu não fazia ideia que a pizzaria se tornaria um lugar de puro terror e bizarro. Dani me recebeu com um sorriso no rosto, como se nada houvesse ocorrido:
- Olá querido, que bom que você voltou. Esperei ansiosa.
Me forcei a dar um sorriso tristonho e murmurei um olá meio soturno, e acho que ela percebeu que algo não estava bem, mas não se manifestou em relação a isso. Quando entrei no hall principal, havia três pessoas esperando na mesa. Dois garotos e uma garota. Todos de aproximadamente dezoito anos, assim como eu. O garoto que se apresentou como John era baixo, mas muito agitado, e era moreno. Já George era da minha altura e muito magro, com um cabelo castanho, e rosto comprido. Ambos eram simpáticos, mas tristonhos, com algumas tristeza, talvez desesperança nos olhos sem brilho. Mas Lucy não era assim, ela era como vou dizer... diferente. Ela era simplesmente deslumbrante, com cabelos cacheados longos e muito pretos, seus olhos contrastavam com sua blusa preta de mangas compridas. Seu corpo era perfeito, e sua pele clara parecia brilhar à luz dos holofotes que vinham do palco, iluminando as monstruosas máquinas. Olhar pra elas me davam horror, mas olhar para Lucy me dava um estranho calor no peito. Ela me cumprimentou com um sorriso e eu fiquei encantado:
- Olá Paul. Paul, certo? Me foi falado de você. Estou ansiosa por trabalhar com você.
-Eu também, senhorita Lucy.
-Me chame de Lu.
-Muito bem, Lu.
Fomos até a sala, e por incrível que pareça, clientes chegaram, e começaram a fazer pedidos. George ressaltou:
- Essas pessoas nem sabem o que aconteceu. São estúpidas. Não imaginam como estão perto de algo que poderia os destruir.
Como todos os dias, depois de um tempo os clientes foram embora, e Dani fechou a pizzaria e ficamos sozinhos. As luzes se apagaram, e o silêncio reinou. Uma tensão estranha preencheu o ar. George estava muito quieto, concentrado, enquanto John estava mais inquieto que nunca. Lucy atingira um ar soturno, e eu mantinha minha expressão austera, embora o nervosismo me preenchesse por dentro. O reloginho apitou meia noite. O tempo parecia acelerar, e a última hora pareceu durar minutos. Foi então que tive uma ideia. Andei até o painel e mudei a câmera para a do palco. Com a visão das câmeras, eu tinha uma perspectiva melhor da pizzaria. Percebi, com um tremor na espinha e uma gota de suor frio na testa, que Bonnie havia se movido. Ele andara até a área das mesas.
Eu decidira procurar de onde vinha aquela voz grossa cantarolando aquela música. Mal esse pensamento me atingiu, ouvi uma canção sendo murmurada por uma voz grave. Vinha da esquerda. Dei uma última olhada nas câmeras para me certificar onde Bonnie estava. Agora se situava perto do banheiro. Em um momento de loucura um instinto de adrenalina me atingiu, e eu saí da sala. Tentei ser o mais silencioso possível. John falou:
-Paul, volta aqui. Eu preciso da ajuda de alguém aqui.
Os outros estavam pasmos demais para falar qualquer coisa. Andei por pouco tempo, até descobrir de onde vinha aquele som. A enseada de Foxy estava escura, com uma placa escrita "Fora de Funcionamento", mas consegui distinguir olhos brilnahtes me olhando lá de dentro. Foi aí que, com um tranco, ele deu um avanço para frente, muito rapidamente, que teria me pego ali mesmo. Porém as cortinas o atrapalharam por alguns segundos, o que foi suficiente para me acordar e me fazer correr. Ele se libertou de lá, e começou a correr atrás de mim. O meu pânico foi maior que a minha racionalidade, e em vez de correr até a sala de segurança, corri na direção oposta, para o hall, e passei perto do palco, disparando em direção do banheiro. O animatronic seguia no meu encalço. Passei por Bonnie, que nem pareceu perceber que eu estava correndo ali. Foi Foxy que o despertou. Entrei correndo no banheiro feminino, e me escondi em uma cabine.
Felizmente, Foxy não era tão inteligente e não conseguiu me achar, e Bonnie se perdeu no caminho. Ainda tremendo, abri a porta da cabine e saí para o banheiro. O ar estava sombrio e saí no corredor escuro dos sanitários. Andando o mais silenciosamente possível, fui até a cozinha, e percebi que Foxy estava voltando à enseada. Foi aí que meu descuido me condenou. Ao abrir a porta da cozinha, um rangido saiu de suas dobradiças e o animatronic olhou diretamente para mim.
Foxy disparou atrás de mim, e entrei na cozinha. Para meu horror, lá dentro achei Chica mexendo nas panelas. Tinha poucos segundos pra pensar antes que a galinha ou a raposa mecânicas me alcançassem. Para meu alívio eu vi uma tubulação entre dois balcões. Arranquei a grade e me espremi lá dentro. Chica não me seguiu, mas a porta se escancarou e Foxy entrou. Ele me viu, e começou a cruzar a cozinha. Comecei a engatinhar rapidamente, e fiz a curva no exato momento que Foxy entrou no tubo. Ele era muito mais rápido que eu, mas minha vantagem de distância me favorecia. Saí da tubulação direto no corredor, enquanto a máquina fazia a curva. Saí correndo e em poucos segundos alcancei a sala, no instante exato que Foxy saiu da tubulação. Entrei correndo na sala, e os meus parceiros estavam aterrorizados demais com o fato de eu sair de um buraco na parede para se preocuparem com o que estava atrás de mim. Então eu gritei:
-FECHEM A PORTA.
Lucy foi rápida o suficiente, e fechou a porta no exato momento que Foxy trombou com o metal. Depois de pouco tempo, ele voltou à enseada. Eu estava ofegante.
-Valeu... uff. Valeu Lu.
Ela me olhava com um ar de reprovação, mas parecia aliviada ao me ver, pois respirou profundamente. George e John também estavam atônitos. Passei o resto da noite na cabine, enquanto as horas avançavam no tempo de poucos minutos, ficando maiores a medida que o amanhecer se aproximava. Mais nenhum acidente ocorreu.
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Menções honrosas:
@Henrique_PP --> George
@Iagoborg --> John
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