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Capítulo 8 𝄞

Livre, era o que ela mais queria ser.

- Tiago Iorc.

30 de novembro de 2018 - 18h00

Quase uma semana que tudo aconteceu e seu sorriso ainda invade meus pensamentos, assim como sua voz, seu cheiro, sua risada.

Os sonhos estão mais frequentes ainda, se é que é possível e meu caderno de composições está lotado com coisas como "sou maluca e tudo não passou de coisas da minha cabeça.". O que pode realmente ser verdade.

Respiro fundo, deixando o violão sobre a cama e indo ver o clima através da janela do meu quarto.

Abro o vidro e sou rodeada pela brisa morna, uma amostra grátis do clima nesse verão. A voz melodiosa do Tiago Iorc cantando "Liberdade ou solidão", acompanhada dos acordes suaves do violão e notas do violino me levam para outro lugar.

Está cada vez mais complicado lidar com Kelly e suas máscaras diárias, tenho certeza de que não sou a única que pensa assim, já que meu pai anda discutindo horrores com ela.

A ansiedade está me corroendo por dentro. Não são só problemas em casa, frustrações com a universidade, mas agora é um garoto também.

Não entendo como isso aconteceu. Há algumas semanas eu estava lamentando que não conseguia sentir o que as pessoas normais sentem e agora tive uma pequena amostra de como é se apaixonar, de como é desejar outra pessoa, como é assustador quando o corpo reage ao seu toque.

Sacudo a cabeça, ouvindo meu celular vibrar e interromper a música. O coração acelera e o estômago se retorce em agitação ao cogitar a possibilidade de ser uma mensagem dele.

Pego-o em minha mão e ao ligar, o desânimo me cerca. O nome de Alexia está na notificação com três novas mensagens. Desanimada, abro as mensagens e dou risada.

"Lamento cortar o seu barato, mas não é o seu galã.

Formatura daqui há algumas horas.

E nem vem me dizer que não vai!"

Reviro os olhos. Tinha me esquecido dessa porcaria de formatura, mas não estou nem um pouco a fim de ir e também não comprei nada. Minha mãe fez questão de pagar os gastos da festa e só por isso a minha vontade de ir — que já era nula — está a níveis surpreendentes abaixo de zero.

"Pode esquecer.

Eu não vou, sinto muito".

Mais notificações chegam, mas decido ignorar todas. Não vou à formatura nenhuma e já me decidi. Por que eu iria para uma festa com inúmeras outras pessoas que mesmo tendo estudado três anos juntos não sabem os nomes uns dos outros? Com vários funks pesadões, pessoas se embebedando e se beijando. Tudo que eu não gosto em um único lugar, que ótimo.

Sei que nunca mais terei a chance de me formar outra vez no ensino médio, mas o que importa? Fico feliz só de saber que estou livre daquele hospício.

Subo na minha cama outra vez, completando a letra da minha composição mais recente. Testo um dedilhado novo no violão e gosto do que ouvi, depois salto da cama, animada, tirando o teclado empoeirado da capa. Sei tocar alguns outros instrumentos, mas o violão sempre foi o meu preferido, um refúgio em meio ao caos.

Lembro-me que meu pai sugeriu abrir um estúdio para mim em um dos quartos daqui de casa e eu amei a ideia, mas minha mãe foi contra e ela acabou vencendo a discussão, como sempre. Contradissemos, dizendo que as paredes teriam uma acústica boa e que ela não ouviria nada, mas não funcionou. Kelly sempre foi irredutível.

Testo algumas notas complementando o violão e batidas na porta me interrompem.

— Entra.

Como um furacão, minha mãe entra no quarto. Ótimo! Alguém chegou mais cedo da agência hoje. Pelo menos fez o favor de bater ao invés de já ir entrando, o que é uma raridade.

— Como assim você não vai à festa de formatura? Sabe a fortuna que aquele colégio cobrou?

Respiro fundo, chateada por Alexia ter contado para ela que eu não iria. Minha melhor amiga sempre soube da nossa relação conturbada e não deveria ter dito nada, pelo contrário, deveria ter respeitado os meus desejos e enrolado Kelly.

— Nunca pedi pra gastar nada comigo — respondo, arrependendo-me instantaneamente ao ver seu olhar furioso.

Minha mãe cruza os braços, prestes a explodir e praticamente grita:

— Levanta da droga dessa cama e vai se vestir! E agradeça Marcelo por fazer a gentileza de deixar sua bata de formatura aqui, já que você não confirmou sua presença e não foi buscar.

Sem dizer mais nada, ela sai do quarto, batendo a porta e deixando bem claro que não aceitaria não como resposta.

Deito no colchão macio outra vez, cobrindo os olhos com o antebraço e sentindo vontade de gritar. Não suporto como essa mulher controla a minha vida.

Por que não posso simplesmente ficar em casa e acompanhar tudo pelos stories do Instagram e posts no Facebook?

Tento contar até três e mentalizar que em breve sairei dessa casa, de perto dela, e furarei essa bolha cheia de toxinas que só me deixam pior a cada dia. Um dia irei me libertar.

Contra a minha vontade, saio do quarto, indo até o banheiro para tomar um banho quente e traçar um plano que me livre dessa baboseira toda. Ela queria que eu conseguisse um diploma, ok, eu poderia pegar depois, mas não discutirei. Não outra vez.

Enrolo-me na toalha, dando play na próxima música e quando "dias de luta, dias de glória" preenchem o silêncio, quase solto um gritinho. A rouquidão na voz do Chorão, as pausas entre as palavras, os acordes, tudo perfeitamente calculado e harmônico.

A parte em que ele diz: "Hoje estou feliz porque sonhei com você e amanhã posso chorar por não poder te ver" mexe comigo. Quem sou eu? Vendo ele em letras de música. Que idiota! Talvez eu tenha me apegado tanto a ideia de sentir algo por ele que isso virou realidade e agora estou lidando com as consequências ruins também.

Entro no meu quarto, agoniada por não conseguir parar de pensar e quase tenho um infarto quando vejo alguém na minha cama.

— Pelo amor de Deus, você quer me matar!

— Também amo você — Alexia avisa, descendo da cama e exibindo seu vestido cor de rosa.

A loirinha também colocou tranças rosas entre as loiras, o que combinou ainda mais com o visual. O vestido não poderia ser mais a sua cara, ousado e elegante. A fenda na coxa esquerda, exibindo o salto alto prateado, combinou também com as pedrinhas que parecem juntar a parte de cima — que se parece com um top — e a calda de baixo.

— Você está um arraso!

— Estou né? Eu também amei.

Minha amiga dá uma voltinha, com um sorriso de canto a canto e sussurra:

— Caio também amou. Ele está lá embaixo conversando com o seu pai.

Dou risada, balançando a cabeça em negativa e indo até o guarda-roupa, quando sou detida por um pigarro.

— O quê?

— Trouxe um presentinho pra você — ela avisa, meio incerta.

Semicerro os olhos, caminhando em sua direção e percebendo o vestido roxo em minha cama, combinando com o cobertor.

— Ai, Lexia, você sabe que odeio usar vestido — lamento.

Ela ri e pega a peça pelo cabide, fazendo-me perceber que é um dos únicos modelos de vestido que eu usaria.

O roxo berinjela, com duas alças extremamente finas não deixando decote nenhum e ficando amostra nas costas, é um tecido tão leve que nem vou perceber que estou usando um vestido. Teoricamente vai até à metade da coxa, mas o tecido mais claro e fino deixa a parte de trás um pouco abaixo do joelho e a da frente um pouco acima.

— Eu sei, me superei.

— Sim! É incrível — elogio, sorrindo.

— Vamos logo, veste isso aí e depois vamos tirar muitas fotos e mostrar para o gatinho confuso de Brasília o que ele perdeu.

Repreendo-a com o olhar e ela respira fundo.

— Tudo bem. Vamos só nos divertir.

Concordo com a cabeça, mas antes de me trocar, decido perguntar:

— Contou para Kelly que eu não iria?

Ela faz uma careta, parecendo estar com dor.

— Na verdade, minha mãe contou sem querer, achando que ela já sabia. Foi mal, Bia.

Concordo com a cabeça. Pelo menos não foi Lexia.

A formatura está sendo tão desastrosa como pensei que seria.

Já recebemos nossos diplomas, os pais já aplaudiram, jogamos os chapéus e tiramos inúmeras fotos. Em uma delas, Alexia arrumou uma juliete e está fazendo pose de "vida loka", o que ficou engraçado com a bata. Já eu, tenho certeza absoluta que estou com cara de quem vai vomitar em todas elas, ou com um sorriso tão forçado que ganharia facilmente de Kelly.

Enquanto Alexia está se requebrando toda na pista de dança com Caio — danças evoluídas e obscenas o suficiente para não serem descritas — estou tirando o esmalte lilás das unhas curtas, batendo a perna freneticamente.

Meus pais já foram para casa há horas, mas não quero ir, porque a energia daquela casa me sufoca às vezes.

Alexia começa a gritar algo sobre um envolvimento diferente e os outros formandos a acompanham, rebolando tanto que parecem que estão tendo uma convulsão. Começo a rir feito louca, com outras pessoas na mesa ao lado da minha.

Balanço a cabeça de um lado para o outro, cruzando as pernas e amando ter vindo com o all star roxo ao invés do salto alto da minha mãe. Fala sério, eu até usaria salto, mas não o dela.

— Você deveria estar se divertindo um pouco — Hugo comenta.

Sinto o sangue ferver pela proximidade que ele colocou entre nós. Espero que essa seja a última vez que esse garoto aparece na minha vida. Também não entendo porque sinto tanta raiva por ele, mas aconteceu.

— E eu estou — afirmo, mostrando meu copo com fanta uva.

Ele começa a rir e eu franzo a testa, sem entender o motivo.

— Até sua bebida precisa ser roxa? Você não enjoa?

— Bom, eu enjoo da sua cara, mas preciso aturar — brinco e ele sorri.

— No fundo, Bia, você me curte um pouquinho.

Encaro seus olhos castanhos, quase dizendo que o que eu curto mesmo é o fato dele parecer uma cópia do meu cantor favorito, mas seguro a língua.

Não sinto nada por ele e nem por mais ninguém, bom, ninguém que não seja Daniel aparentemente.

— Ficou pensativa, isso é bom... — ele sussurra perto do meu ouvido e não sinto absolutamente nada.

Isso só me faz ficar mais mal ainda, porque eu queria sentir. Hugo é um babaca, um babaca que dá pra ficar ocasionalmente, mas não consigo.

— Prefiro não iludir pobres garotos — debocho e ele ri.

— Ah! Com certeza. Assim como você não fez com o pobre Heitor.

O garoto aponta para o rapaz dançando coladíssimo com uma garota da minha sala. Franzo o nariz em uma careta de nojo e ele ri.

— Olha, eu não sou apaixonado por você e nem nada assim, pode ficar tranques. Só te acho atraente. Atraente pra um caramba.

Concordo com a cabeça, ignorando-o e implorando para Daniel sair da minha cabeça e me deixar em paz por alguns segundos.

— E sei que você também me acha. Nossa última ficada foi a prova viva disso. — Ele pisca o olho direito pra mim.

— Hugo, é melhor você procurar alguém pra suprir sua carência essa noite.

— Pode negar o quanto quiser, mas um dia você ainda vai precisar de mim, linda.

Reviro os olhos com força e o encaro de uma vez por todas.

— Talvez no dia do meu funeral — debocho.

— Já falei que adoro esse seu lado marrento?

— Hugo, vamos lá. Ficamos duas vezes e foi até agradável, mas agora você já pode avançar o sinal verde, entende? Não quero mais nada com você.

Ele me encara com um sorriso divertido nos lábios e concorda com a cabeça.

— Até agradável? Isso foi um elogio seu? Uau! O mundo não é mais o mesmo.

Desisto. Sem falar mais nada, levanto da mesa, pegando meu celular e apertando mais a bata preta ao redor do meu corpo.

Alexia me para no meio do caminho e aviso para ela que vou embora, mas que ela pode ficar, porque está se divertindo horrores.

Ela insiste em ficar comigo do lado de fora até o Uber chegar e eu agradeço por isso, não quero ficar sozinha.

— Dá pra acreditar que depois de hoje não vamos pisar nessa escola nunca mais?

— Não. Ainda acho que vou acordar cedo amanhã e vir na força do ódio — brinco e ela ri.

— Sim! Exatamente isso. Que loucura. Crescemos tão rápido.

Confirmo com a cabeça, deitando minha cabeça no ombro dela, o que facilita sermos do mesmo tamanho.

Lembro-me de quando a conheci nesse mesmo lugar, com os cabelos volumosos e facilidade em fazer amigos. Ela me ajudou a me enturmar e eu a ajudei a se defender dos menininhos idiotas. A dupla perfeita.

— Vai doer quando formos nos despedir de verdade — ela sussurra.

— Eu sei, mas sempre vamos nos ver nas férias — prometo e ela concorda com a cabeça.

— É, e estaremos no mesmo estado ainda, só em cidades diferentes se tudo der certo.

— Vai dar — asseguro.

Vejo o Corolla branco se aproximando e confirmamos tudo direitinho.

Entro no veículo, colocando o cinto de segurança e acenando um tchauzinho para a minha melhor amiga, que acena de volta.

Olho a hora no celular e respiro fundo.

Nossas preocupações só serão válidas quando soubermos o resultado da primeira fase daqui há alguns dias.

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