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Capítulo 5 𝄞

Ah, se tu pudesses ver o que vejo e sentir lá dentro do peito uma roda de samba...

- Mariana Froes.

24 de novembro de 2018 - 17h30

Pego meu violão e passo os dedos pela sua extensão, sentindo sua firmeza. Acomodo-o em meu colo e começo a assobiar calmamente, no ritmo da música, depois acompanho com os acordes. Umedeço meus lábios e começo a cantar, sentindo toda a dor se esvair, todo o fardo ir embora, deixando a paz desconhecida me rodear.

Versos da música "Patience" dos Guns N' Roses preenchem o silêncio da casa. Aproveito que estou sozinha e canto o mais alto que me é permitido, sentindo toda a agonia se dissipar. Meus dedos ardem pela força que estou aplicando, mas qualquer dor é melhor do que a que estou sentindo agora.

Minha saúde emocional tem se demonstrado instável ultimamente, principalmente porque a primeira fase do vestibular é amanhã. A decisão do meu futuro está extremamente próxima e não estou conseguindo lidar com isso, tendo crises frequentes de ansiedade. Às vezes acho meio maluca essa minha decisão de cursar música, sabendo que poucos profissionais que seguem essa área se dão bem.

Para piorar, minha mãe sempre diz ser uma perda de tempo, e que mesmo eu sendo problemática, tenho capacidade suficiente para cursar medicina, o que realmente me daria dinheiro. Ela até se ofereceu para pagar todos os anos da minha faculdade, o que deixou Gus de queixo caído quando conversamos.

Não quero cursar medicina. Do que adianta ser rica, ter vários dígitos na conta bancária, como ela, mas ainda assim ser vazia? Minha mãe não tem propósitos e toda a sua fama lhe subiu à cabeça muito antes de eu me entender por gente.

Sendo uma ex-modelo sucedida lá fora, Kelly Annenberg é a pessoa mais mesquinha que conheço. Uma péssima mãe, esposa terrível, pessoa horrível.

Porém, nem sempre foi assim. Gus sempre conta histórias de como ela era antes de eu nascer. Não é segredo para ninguém que ela nunca quis ter uma menina.

Suspiro, deixando o violão em seu suporte outra vez.

Pego o celular e rolo o feed do Instagram, vendo que Daniel postou uma nova foto, o que é uma raridade. Percebo que é uma sequência com duas imagens. Uma está ele sozinho e a outra... Meu coração se retorce no peito e sinto uma pressão estranha, fechando os olhos e respirando fundo por alguns minutos.

A mulher ao seu lado é linda, a mais linda que já vi, sem exageros. Seus longos cabelos cacheados combinam perfeitamente com o rosto esculpido, acompanhado por bochechas rosadas e olhos cor de mel, meio dourados.

Curto a foto e desligo o celular, respirando fundo, tentando calar as vozes em minha cabeça que estão a todo vapor. Caminho em direção ao banheiro, lavando o rosto e ouvindo a campainha tocar.

Desço as escadas, tratando de colocar um sorriso no rosto e vou até à cozinha, onde fica o interfone e as imagens da câmera de segurança, que meu pai instalou assim que virou um advogado de respeito por aqui. Observo as tranças loiras de Alexia, que estão presas por uma bandana, contrastando bem com a pele escura brilhando à luz do sol. Foco em suas longas unhas segurando algumas sacolas e sorrio.

Ando até a área externa, abrindo a porta e ela sorri, empolgada, entrando e desmanchando o sorriso ao ver meu olhar tristonho. Merda! Preciso melhorar as máscaras que uso no dia a dia.

— O que aconteceu com você?

— Nada demais, só a Fuvest corroendo meus neurônios — debocho e ela ri.

— Nem me fale. Dá pra acreditar que uma prova vai definir nosso futuro amanhã?

— Sim e já estou me preparando pra reprovar, virar revendedora da Avon e morar debaixo da ponte. Depender dos meus pais pra sempre é que não vou.

Lexia gargalha alto, jogando-se no sofá negro e tirando os sapatos. Folgada.

— Trouxe doces, coisas gordurosas e refrigerantes. Vamos nos entupir de tranqueira hoje — ela avisa.

— Puts! É hoje a noite dos filmes pra desestressar?

— Sim! Não acredito que você esqueceu, Beatriz — ela resmunga, indignada, levantando-se.

— Não sei nem como lembro meu nome, Lexia. Tudo culpa de Isaac Newton e sua neura com aquela porcaria de maçã — brinco e ela ri. — Vem, vamos jogar essas tranqueiras em um pote.

Empolgada, ela se levanta com a sacola e coloca em cima da bancada da cozinha, sentando em uma das banquetas negras e rodopiando igual criança enquanto pego os potes coloridos.

Coloco todos em cima da bancada e Lexia vai abrindo um pacotinho por um, com a minha ajuda, despejando tudo nas vasilhas. Doritos, batatinhas, cheetos e vários doces.

Subimos para o meu quarto e deixamos tudo em cima da minha escrivaninha. Como metade das roupas dela estão aqui, minha melhor amiga vai tomar um banho e se trocar. Subo na cama, ligando a televisão e colocando na Netflix.

Combinamos de fazer uma noite dos filmes esse fim de semana, já que a formatura está próxima e ano que vem estaremos ocupadas demais em cidades diferentes — se passarmos para o curso que queremos.

— Mariana te disse mais alguma coisa?

— Que droga, Alexia. Susto do caramba! — Grito, controlando meus batimentos e ela desata a rir.

— Desculpa — ela pede, ainda rindo. — Você não respondeu à pergunta.

Reviro os olhos e resmungo um palavrão, pegando meu celular e mostrando a foto para ela, que fica indignada.

— Ele trocou você por essa mulherzinha aqui?

— Alexia, primeiro, ele mal deve se lembrar de mim — aviso, fazendo aspas com os dedos. — Segundo, ela é um mulherão e mesmo que não fosse, não precisa rebaixar a garota para me exaltar.

— Credo, senso crítico — ela debocha.

Dou risada, voltando a mexer no controle.

— Falando sério agora. Não entendo porque você fica tão triste se diz que nunca teve uma quedinha por ele, Bia.

— É, eu também não. Talvez faça parte de ser defeituosa — ironizo, mas ela não ri.

— Você não é defeituosa. Só é diferente, mas ninguém gosta de pessoas normais.

Ela pisca para mim e sorri.

Alexia continua segurando meu celular enquanto eu procuro um filme, até que dá um grito e eu me assusto de novo, xingando-a alto. Jogo o travesseiro em sua cara, querendo estrangulá-la.

— Ele postou um story, Bia! Um story e você está nos melhores amigos — ela avisa e eu paro.

— Cadê?

Estendo a mão para pegar meu celular, mas quando vejo aparece "essa mensagem foi enviada".

Arregalo os olhos e o corpo gela, fazendo meu coração disparar tão rápido, que o peito dói.

— Merda! Merda! Enviou um emoji pra ele, meu Deus! Alexia, e agora? — Pergunto desesperada, entrando no direct e vendo que foi um emoji de fogo. Um emoji de fogo em um post onde ele está com a namorada. Quero morrer.

Alexia começa a rir e pega meu celular para consertar, mas eu não deixo, mesmo assim ela o arranca da minha mão e desce da cama, indo para longe.

— Sua filha de uma mãe, devolve aqui! — Berro, indo atrás dela.

— Pronto. Cancelei o envio.

Respiro aliviada, com o coração ainda batendo forte no peito.

— Se eu tiver um infarto a culpa é sua — acuso, pegando o celular.

— Minha? Beatriz? — Uma voz masculina invade o cômodo e eu gelo. Alexia arregala os olhos e vejo que ligamos para ele.

Alexia põe a mão na boca, com os olhos arregalados, segurando o riso e o horror. Solto o celular, que cai no chão e puxo os cabelos, pegando-o de volta, nervosa.

— Merda! — Exclamo. — Oi! Desculpa, moço, foi engano.

Desligo rapidamente, não deixando ele dizer nada e Alexia berra, rindo tão alto que tenho certeza que a cidade toda ouviu.

— Você — ela tenta falar, mas está rindo tanto que não consegue.

Com o terror em meu corpo começo a rir com ela, sentindo-me um pouco mais calma.

— Você literalmente... — ela arfa, rindo mais um pouco. — Agiu como se tivesse ligado normalmente e não pelo Instagram.

— Vai se ferrar, Alexia. Quero suas mãos bem longe do meu celular — aviso e ela ri ainda mais alto, ficando vermelha e sem ar.

— Cara, eu te amo, Bia.

Balanço negativamente a cabeça e subo na cama, vendo que ele me enviou duas novas mensagens. Caramba!

Você está bem?

Não entendi muito bem o que você falou...

Deus, se quiser me levar, agora é a hora. Mordo o lábio inferior com força, deitando de bruços enquanto Lexia está distraída no seu próprio celular dessa vez. Finalmente parou de rir.

Mil desculpas, acabei enviando uma mensagem errada e quando consertei o celular ligou pra você :/

KKKKK tranquilo. Acontece.

Curto sua mensagem e percebo que estou sorrindo tanto que as bochechas ficam doloridas. Noto que meu coração ainda está acelerado e que a respiração continua ofegante. Franzo a testa, confusa, e encaro as paredes lilás.

Que merda está acontecendo comigo? Eu não deveria ter esse tipo de reação. Não tenho motivos. Deveria odiá-lo pelo que me fez passar com seu distanciamento, não o contrário.

O problema é que meu cérebro insiste em ficar feliz e mandar impulsos malucos para o meu corpo, porque julga que Daniel teve um bom motivo para fazer o que fez.

— Esse sorrisinho aí não mente. O que ele disse, safada?

— Nem vem — disparo antes dela se aproximar. — Mando um print. É mais seguro.

Alexia gargalha e concorda, olhando a foto que mandei para seu celular.

— Que fofinho, Bia.

Escondo o sorriso e reviro os olhos.

— Poderia ter sido pior, né? Você poderia ter apertado na opção chamada de vídeo ao invés do telefone.

Grunhi só de imaginar isso. Acho que teria um infarto se essa fosse a situação e os culpados seriam meus cabelos rebeldes bagunçados, junto do meu pijama de cachorrinho.

Desde quando passei a me importar com essas merdas? Esse garoto está mexendo comigo mais do que o normal...

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