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Capítulo 4 𝄞

Você é assim, um sonho pra mim e quando eu não te vejo eu penso em você, desde o amanhecer, até quando eu me deito.

- Tribalistas.

16 de novembro de 2018 - 09h04

Talvez eu tenha pensado demais sobre ele vir passar as festas de fim de ano aqui, ou tenha pensado demais na minha conversa com a Mariana sobre o irmão dela ter finalmente arrumado alguém, já que tem 20 anos. Possivelmente pensei tanto em todas essas coisas e todas as probabilidades de parar de sonhar, que acabei sonhando outra vez.

Lexia e Caio estão sentados comigo no refeitório, comendo e trocando beijos nojentos, enquanto estou extremamente pensativa. Alexia percebeu e já deve saber que tem algo relacionado aos sonhos, ou a visita futura deles, porque está me lançando olhares caridosos a todo momento.

Estávamos em algum lugar, que parecia público. Ele estava sentado ao meu lado e estávamos prestando atenção em alguém, que dizia algo importante. No final, ficamos só eu, ele e a Mariana. Então ele me beijou. De repente. E foi tão bom, que eu não queria mais acordar. Foi tão real que desejei que durasse para sempre.

Seus lábios macios contra os meus, suas mão firmes em minha nuca, seu hálito quente, sua maestria. Caramba! Tudo isso está acabando comigo. Esses sonhos estão sugando a minha energia e a minha sanidade. E por mais maluco que seja, estou morta de saudades dele, principalmente da relação que tínhamos antes de tudo acontecer.

— Terra chamando Bia! — Caio grita e todos olham para ele, inclusive eu.

— Ficou louco, merda?

— Beatriz, Beatriz. Acho que deveria controlar mais a sua boca. Ela é tão linda, mas fala tanta porcaria — Hugo, que está sentado ao meu lado, aconselha.

— Quem te convidou?

— Até onde sei, esse lugar aqui é público, não preciso de convite.

Reviro os olhos, voltando a olhar para os sucrilhos.

— Falei que ela estava estranha — Caio avisa e Hugo ri amargamente.

— Ela sempre foi estranha.

Levanto-me da cadeira em que eu estava e pego o meu sucrilho, revirando os olhos para o Hugo e levando a bandeja até o lugar delas. Dou uma última olhada no refeitório e saio, com as mãos nos bolsos do moletom roxo.

Hugo é o melhor amigo do Caio desde a terceira série, que foi quando eles se conheceram e passaram a estudar juntos. O problema é que o garoto é insuportável e vive me provocando, mas não posso mentir, confesso que ele é um tremendo gato com seus longos cabelos castanhos e olhos da mesma cor. Diria até uma versão mais jovem do Tiago Iorc.

Ficamos algumas vezes e depois demos um tempo. Ele se achava no direito de dizer o que eu tinha que fazer e eu odeio pessoas assim, sem contar que Hugo também não consegue despertar sentimentos em mim, apenas um pouco de desejo. Um desejo que não é o suficiente para que eu o ature diariamente.

Preciso respirar e ficar sozinha, mas também preciso desesperadamente parar de pensar. Parar de pensar nos sonhos e nele, mas parece impossível e isso me frustra de uma forma...

Volto para a sala de aula, que só tem um pequeno grupo em um lugar afastado, e me sento no meu lugar, tirando o meu celular do bolso junto dos fones de ouvido. Preciso sair desse mundo, nem que seja por alguns minutos.

Abro a minha playlist e coloco a primeira música que aparece, uma grande coincidência ser justamente "Velha infância". Não queria pensar nele, mas essa música me chamou de idiota de várias formas possíveis. Para melhorar — ou piorar — a parte "meu melhor amigo" poderia ser substituída por "desconhecido".

É estranho me sentir atraída por alguém que mal conheço agora, mas que já cheguei a ter tanta intimidade. Não sei se algumas coisas mudaram em seus gostos, ou se continuam os mesmos. É como se eu estivesse me apaixonando por uma pessoa que não existe mais, alguém que criei, um fruto da minha imaginação.

De qualquer forma, preciso esquecer isso. Não faço ideia de como posso não pensar mais nele, mas sei que preciso. Afinal, ele está namorando e nem deve se lembrar de mim, enquanto fico aqui, recordando momentos que nem sequer existiram e estão bem longe de virar realidade.

Fecho os olhos e me concentro na letra da música, tentando parar de pensar em tudo por pelo menos 1 segundo. Estava conseguindo, se não fosse pela Alexia, que arrancou os fones dos meus ouvidos e cruzou os braços, encarando-me atentamente.

— O que tem de errado com você?

— Nada — minto.

Alexia se senta na cadeira ao meu lado, cruzando as mãos e me encarando com o seu olhar de sabe tudo.

— Tive outro sonho essa noite — conto e ela reprime um gritinho, mordendo a unha do polegar.

— Pode contar tudo!

— Estávamos em algum lugar estranho e nos beijamos, fim.

— Você é muito detalhista, hein! Estou até impressionada — ela ironiza e revira os olhos. Dou de ombro e coloco um fone só. — Eu sei que você não está assim por causa do sonho, Bia. Te conheço desde o fundamental e estamos a um passo da faculdade.

Respiro fundo e tento controlar o meu humor, que vem mostrando sinais de instabilidade.

— Como eu e Mariana voltamos a conversar, automaticamente fico sabendo de quase tudo que acontece com ele.

Umedeço os lábios e passo a mão entre os meus cabelos curtos.

— E...

— E ele está namorando — conto de uma vez por todas e ela fica imóvel, com o seu olhar transbordando compaixão. Ótimo.

Por incrível que pareça, dizer isso em voz alta parte o meu coração em milhares de pedacinhos. Sinto meus olhos lacrimejarem, querendo libertar as lágrimas e uma dor constante cresce em meu peito, mas não entendo o porquê.

— Você tem certeza?

— Bom, foi a irmã dele quem me contou, então...

— Droga! — Ela exclama, emburrada. — É fogo, né? Quando você finalmente encontra alguém que faz o seu coração acelerar, ele arruma uma namorada.

— Lexia, não viaja — murmuro. — Se ele não namorasse, não faria diferença nenhuma...

— Não viaja você, Bia. Teria toda diferença. Vocês vão se reencontrar daqui a algumas semanas e com certeza rolaria algo — ela teima, revirando os olhos.

— Se você diz — ironizo e volto a colocar os fones, concentrando-me na letra da música e não escutando mais o que ela diz.

— Tribalistas, Beatriz? É sério? — Hugo provoca, tirando os meus fones e se sentando ao meu lado.

Franzo a testa e olho para Lexia, que dá de ombros.

— Qual é a droga do seu problema? — Questiono, irritada com todo esse lengalenga.

— Nenhum, só fiquei com saudades — ele provoca outra vez.

— Nem dessa sala você é, dá o fora.

— Aqui é cobra comendo cobra, cruzes — Lexia observa, depois se levanta e sai da sala.

É engraçado como o intervalo passa tão rápido quando estamos nos divertindo, mas passa tão devagar quando queremos que ele acabe. Hugo tirou o dia errado para me provocar. Como se não bastasse suportá-lo durante o último ano inteiro.

— Você anda tão mal-humorada — ele volta a falar, só a sua voz me irrita.

— Bom pra mim.

— Isso é falta daquilo que posso te dar — Hugo sussurra bem perto da minha orelha, como se o babaca não soubesse que sou virgem e continuarei assim.

Sinto meu estômago embrulhar e me lembro daquela noite atordoante. A noite que a minha mãe fez questão de relembrar há algumas semanas.

— Vai se ferrar, Hugo!

— Você está muito estranha.

Dou de ombros, aumentando o volume no máximo, que mudou para uma música do Nirvana. Ótimo, assim abafa completamente os barulhos ao meu redor e principalmente os da minha mente.

Lembro como se fosse ontem daquela época. Mauro e eu havíamos acabado de terminar, porque eu não conseguia sequer beijá-lo direito, já que não sentia nada. Fazia 9° ano e conheci um garoto do 3° médio, com quem eu vivia conversando. Ele era gentil, engraçado e parecia se importar comigo. Uma pena que tenha sido tudo fachada para me levar ao seu apartamento, tentando me manipular.

As aulas passaram voando e para ser sincera, não consegui absorver nada. Minha mente estava em outro lugar, um aterrorizante.

Alexia me convidou para uma balada com uma turminha, mas recusei, não querendo pedir permissão para os meus pais e não me sentindo à vontade para sair de verdade.

Como Lexia tinha horário marcado na manicure e meu pai se enrolou no escritório, estou indo embora a pé. Até que não é muito longe, mas mesmo assim é uma boa caminhada.

Ouço passos atrás de mim e gelo, preparada para o pior. Tento me lembrar se trouxe o celular lanterninha comigo, caso seja um assalto e eu precise entregá-lo ao bandido. Enquanto ando mais rápido, os passos me acompanham, fazendo meu estômago revirar.

— Caramba! Se fosse um assalto você estaria perdida — Caio ironiza e eu respiro aliviada, parando.

— Que susto, mano!

— Desculpa — ele pede, rindo.

Dou um sorrisinho e continuamos andando em silêncio, sentindo o sol fraquinho bater contra nossa face, assim como a brisa suave dessa manhã de primavera.

— Alexia me contou sobre o seu crush.

Reviro os olhos.

— Alexia é uma fofoqueira que não consegue ficar de boca fechada — resmungo.

— Bia! — Ele me chama e eu paro, encarando-o.

— Quando foi que viramos isso?

— Como assim?

— Quando foi que passamos de melhores amigos, super, hiper, mega brothers, que compartilhavam até a cor da bosta, para conhecidos que guardam segredos?

Sinto quando uma fagulha de dor atinge meu coração, deixando a minha boca seca com as memórias me cercando. Eram tempos muito felizes, mas um dia tudo acaba e ciclos se encerram. Às vezes a culpa é sua e outras não.

— No momento em que você pediu a nossa melhor amiga em namoro.

Dou de ombros e continuo andando, sem ter mais o que falar.

Não quis ser grossa, muito menos egoísta, mas todos sabíamos que seria assim. Antes de Alexia e Caio começarem a namorar, eu e ele éramos inseparáveis. Ele vivia lá em casa, eu vivia na casa dele. Saíamos para rolês juntos, dividíamos lanches, fazíamos passinhos, flertávamos por brincadeira, mas aí ele começou a se apaixonar pela minha melhor amiga e soubemos na mesma hora que tudo acabaria.

Eles estão felizes juntos e eu estou muito feliz por eles também, mas mentiria se dissesse que não sinto falta do meu melhor amigo, das coisas que costumávamos fazer antes. Sinto falta da antiga Beatriz e das antigas companhias que a rodeavam. Odeio essa nova versão.

Continuo andando, sem ter certeza se ele está me acompanhando, até sua voz se misturar aos ruídos dos carros.

— Não precisava ser desse jeito...

— Claro que não. — Sorrio. — Mas nem sempre as coisas são como precisam.

— Você se afastou de nós também. Se afastou de mim — ele revela e eu paro, encarando-o. — Eu sei sobre o que aconteceu, sei sobre o que acontecia e provavelmente ainda acontece, mas você não deveria ter afastado seus amigos de você, Bia.

— Não queria vocês metidos na minha bola de neve e não me afastei tanto, foi só um pouco. Precisava de espaço, Caio. Necessitava esfriar a cabeça, entender sobre quem sou e o que eu sou.

Meu melhor amigo passa a mão entre os fios crespos de maneira nervosa, com os olhos castanhos brilhando em reprovação. Já sei o que ele falará, o que ele sempre fala, mas não quero ouvir e ele parece perceber porque apenas suspira, balançando a cabeça.

— Quer comer algo?

— Se você for pagar, claro!

Ele sorri e o clima fica normal outra vez, deixando-me aliviada.

Descemos a avenida turbulenta e entramos em um restaurante bem movimentado, com detalhes italianos e um cheiro ótimo. Caio e eu procuramos uma mesa, sentando um pouco afastados do pessoal. Uma mulher com um sorriso gentil traz o cardápio e nós agradecemos, analisando as opções.

— Uma lasanha cairia bem hoje — comento e ele concorda, distraído, mexendo no celular.

— Sim, também acho. Vamos dividir uma pequena?

— Com a fome que eu tô, como uma sozinha.

Rimos e fizemos os pedidos, acompanhado por uma porção de arroz e uma jarra de suco de maracujá, meu preferido.

— As coisas estão cada vez mais caras, mano. Vou gastar quase 40 conto nesse almoço — ele reclama, lendo a notinha que a moça já lhe entregou.

— Pra você não ficar reclamando e enchendo o saco depois, eu pago a sobremesa.

Caio larga a notinha na mesa, que está forrada com uma toalha alternando entre os quadrados verdes e brancos, fazendo uma careta de indignação.

— Você vai comer uma lasanha sozinha e depois vai querer sobremesa?!

— Acho que alguém se esqueceu de como é almoçar comigo — debocho e ele ri. — Vem cá.

Pego o meu celular, com sua capinha roxa metálica e o chamo para tirar uma foto comigo. Mostro a língua e ele faz uma careta, fazendo o símbolo da paz. Por um momento me esqueci de todos os problemas que estão nos cercando, sentindo meu corpo incrivelmente leve.

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