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Capítulo 3 𝄞

Nem tudo é como você quer. Nem tudo pode ser perfeito.

- Capital Inicial.

13 de novembro de 2018 - 17h40

Estou literalmente com a mão na massa, sentindo que essa minha ideia não dará certo. Hoje, no curso, eu estava com uma baita vontade de comer um bolo de chocolate e Nando até se ofereceu para pagar um pedaço para mim — meu amigo com bloqueio emocional —, mas o destino é cruel e ele precisou sair mais cedo, deixando o nosso lanche para outro dia.

Agora estou colocando a forma no forno e torcendo para não virar uma pedra, como da última vez em que tentei assar um bolo de morango. Meus pais trabalham o dia inteiro e o meu irmão foi embora com a esposa e a filha há alguns dias. Resultado? A casa toda só para mim e Lila, minha lhasa apso.

Sento-me no sofá negro e chamo Lila para se sentar comigo, que obedece sem nem contrariar. Enquanto acaricio seus pelos claros e macios com uma mão, mexo no celular com a outra, vendo inúmeras mensagens da Lexia, perguntando se tive outro sonho.

Depois do dia em que contei para ela sobre os sonhos, minha melhor amiga não para de me fazer perguntas, o que é irritante. De qualquer forma, eles deram uma trégua, o que é um grande alívio.

Olho a data e me levanto em um pulo, subindo as escadas correndo, lembrando-me de que ainda não revisei o conteúdo para o vestibular da Fuvest, que é dia 25 deste mês. Jogo a mochila nas costas e torno a descer as escadas, correndo, deixando a mochila roxa no chão.

Sento-me na banqueta negra e abro a apostila de exatas, sentindo o cérebro ganhar temperatura. Física, a matéria que tenho mais dificuldade... Maldita física.

Meu maior sonho é passar na USP, mudar para um apartamento pequeno em Ribeirão Preto e seguir a minha vida o mais longe possível daqui. Meus pais ficarão bem sozinhos — isso se não se divorciarem antes — e talvez eu até consiga fazer terapia, curando-me desse vazio e dessa tristeza que me cercam constantemente.

Não sei o que tenho, até porque sou toda defeituosa e deve ser por isso que minha mãe vive cobrando demais de mim. Deve ser por isso que ela deixa bem claro que Gustavo é o filho prodígio, só porque conseguiu formar sua vida antes dos 25 anos e está no último ano da faculdade de administração, enquanto eu só quero saber de música, sendo meio que a ovelha negra da família.

Lembro-me das palavras de Nando, dizendo que eu não era defeituosa e que se ouvisse eu dizer isso de novo iria me dar uns tapas. Sorrio. Gosto da amizade dele.

Ouço barulho de chaves e vejo minha mãe entrando na cozinha. Fico tensa e ajeito a postura, para ela não reclamar.

— Chegou cedo — comento, desviando os olhos do livro e a encarando.

— É, estou precisando descansar.

— Estou fazendo bolo de chocolate, vai querer?

— Claro — ela confirma, sorrindo.

É incrível a velocidade que ela esquece as coisas.

— Vou tomar um banho.

— Ok.

Volto a responder um exercício, mas ela parece se lembrar de algo.

— Você se lembra da Mariana e do Daniel?

Quase engasgo com a minha própria saliva, disfarçando o máximo que consigo.

— Lembro, por quê?

— Eles vêm para cá no mês que vem — ela conta e eu abro a boca, incrédula. — Seu pai e o Paulo fizeram as pazes, acredita?

— Tá zoando — murmuro, com uma pontada de medo.

— Não estou não e já mandei você maneirar nessas gírias! Está parecendo uma maloqueira — ela relembra e me encara com o seu olhar repreendedor.

Engulo em seco e ela sobe as escadas em direção ao banheiro de seu quarto.

Só me faltava essa. Eles não poderiam ter escolhido um momento melhor para vir? Tinha que ser justamente quando começo a ter esses sonhos idiotas? Que ódio!

O que eu vou fazer? Nunca senti esse tipo de coisa por alguém, então eu não sei como reagiria se ele estivesse aqui, bem nessa sala. Não sei se vou ficar com cara de idiota apaixonada ou se ficarei normal. Se gaguejarei ou conversarei como sempre.

Mas o principal e o que mais me assusta: será que vou conseguir sentir, como nos sonhos?

Talvez eu não goste dele, talvez eu só me sinta atraída por ele. Ou melhor, pela imagem patética que inventei dele. Paixão e atração são coisas completamente diferentes, não são? Principalmente quando só existem na nossa cabeça.

Minha mente está a milhões por hora e um medo intenso me atinge em cheio, fazendo-me ficar enjoada e sentir vontade de vomitar.

Decido ligar para o Nando, já que ele sempre sabe o que dizer nessas situações. O celular chama e ele atende no segundo toque.

— Até que enfim, já estava desistindo de ligar — resmungo e escuto a sua risada.

— Não seja tão ranzinza, Bia.

— Não estou sendo ranzinza, estou sendo sincera, há uma grande diferença entre esses dois — defendo-me, em tom de brincadeira.

Saio da banqueta, indo até o lado de fora e me arrependendo, graças ao frio.

— Tanto faz. Por que me ligou? Você não disse que ligação era coisa de velho? — Ele debocha e eu bufo.

— Queria saber de uma coisa sobre a sua confusão de sentimentos.

Mordo o lábio inferior com força, sentando-me em um balanço que meu pai construiu para mim quando eu tinha seis anos.

— Você quer dizer, os bloqueios?

— É. Sabe, ninguém mais entende todo esse emaranhado, por isso te liguei — sussurro e ele ri.

— Ah! Bia. Antes de tudo, você deve lembrar que eu não tenho formação em psicologia, então não posso ajudar muito. Mas, se você quer saber sobre o que eu sentia, posso ajudar sim.

— Não, eu sei. É justamente sobre o que você sentia. A incapacidade de amar alguém, mesmo querendo muito. É assustador, não é?

Meu amigo suspira do outro lado da linha e posso jurar ver sua imagem concordando, com um olhar distante. As sessões de psicoterapia vem o ajudando a vencer seus traumas, meio que desativando os bloqueios, vencendo seus medos.

— Era uma sensação muito louca. Só consegui me apaixonar uma vez na vida, com treze anos, mas o trauma foi tão forte que nunca mais encontrei ninguém que me fizesse sentir o que a Clara fez. Só que em uma consulta com a doutora Tavares ela me ajudou a perceber muitas coisas, uma delas foi que nós nunca vivemos a mesma coisa, sempre são experiências diferentes.

Suspiro.

— E quem nunca viveu?

— Ah! Bia — ele murmura, tristemente. — Talvez você já tenha sentido sim em algum momento da sua vida, mas não lembra por ter sido há muito tempo. Você precisa fazer terapia também.

— É complicado demais, Nando. Pretendo fazer terapia sim, quem sabe assim posso descobrir o que está errado comigo, mas é...

— Complicado. Eu sei, mas se precisar de companhia ou um dinheiro emprestado, fique à vontade para me ligar, mesmo sendo coisa de velho — ele provoca e nós dois rimos.

— Obrigada, Nando.

— De nada, Purple.

Desligo o celular com um sorriso bobo e volto para a cozinha no minuto em que o forno apita, informando que o bolo já está pronto. Faço uma calda e tento montar uma coisa bonitinha, mas falho miseravelmente. Coloco o bolo na geladeira para esfriar e me jogo no sofá, na sala de estar, perto da cozinha, pensativa na recém conversa.

Conversar com Nando sempre me deixa mais calma por saber que ele passou pelo mesmo que eu, mesmo que nossas histórias não sejam muito parecidas. Ele me chama de purple por causa das minhas roupas, que sempre precisam ter algum detalhe roxo. Até gosto do apelido.

Busco no fundo da minha mente, e em memórias distantes, saber se um dia meu coração já ficou acelerado quando Dan estava perto, mas não consigo lembrar. Talvez Nando e Alexia estejam certos, talvez eu tenha desencadeado sim algum sentimento por ele, e de tanto pensar trouxe isso para os dias atuais.

Fico contente por sentir desejo por ele e assustada ao mesmo tempo. Daniel é literalmente a única pessoa que eu já conheci que conseguiu despertar esse tipo de sentimento em mim, e nem foi ele de verdade, foi mais irreal e fictício.

Tudo estava começando a ficar sob controle, porque precisavam estragar isso? Eles vêm para cá e provavelmente passarão uma semana ou um fim de semana, se eu der azar, talvez o mês inteiro, graças aos feriados de fim de ano. Isso é demais — e no sentido negativo da palavra.

Abro o contato da Mariana e penso em enviar um "Oi!". Quem sabe assim possamos reconstruir um vínculo e eu possa saber mais sobre algumas coisas, principalmente sobre essa aparição maluca após anos.

Começo a digitar, mas quando estou prestes a apertar no botão verde, recebo uma nova notificação. Caramba! Ela disse "oi". Que coincidência bizarra.

Mari: Oii.

Oiee, nossa! Acredita que eu ia enviar um oi pra vc agorinha?

Mari: Sério? Que bizarro kkkkkk

Real suhsuhshu

Mari: Mas e aí, como estão as coisas?

Mantemos uma conversa normal e até agradável, relembrando dos velhos tempos, incluindo da derrota do Brasil nessa copa, o que não foi nenhuma surpresa. É bem bizarro conversar com alguém que antes você tinha tanta intimidade. Você não sabe o que pode falar, se pode tirar brincadeiras. Ficar pensando em cada palavra é um saco.

Troco algumas mensagens com ela, levanto-me do sofá com a cabeça girando por levantar rápido demais e vou até à geladeira, pegando o bolo e o deixando sobre a bancada. Lila se senta de frente para mim e eu dou risada da sua careta pidona. Coloco um pedaço em um prato e guardo o restante na geladeira.

Sento-me na banqueta de novo, dando uma garfada na camada exagerada de recheio e suspiro aliviada por não ter gastado ingredientes à toa outra vez. Google, você me salvou.

Vejo quando a minha mãe desce com o seu roupão creme, amarrando os fios escuros em um coque. Ela caminha em minha direção, com sua postura ereta de sempre e rouba um pedaço do meu bolo, forçando-me a fazer uma cara feia.

— Está igual à Lila quando tiramos a sua comida — ela debocha e eu dou risada.

Pela primeira vez em muito tempo, ela me fez rir de verdade e a sensação foi incrível.

— Obrigada. Pelo menos a Lila é bonita.

— Bia, eu estava pensando — ela começa e eu já sei que não vem coisa boa por aí. Fico tensa e engulo em seco, com as mãos trêmulas. — Por que ficou tão nervosa quando eu disse que a família do Daniel viria para cá no mês que vem?

Quase engasgo com o pedaço de bolo, levantando-me e pegando um copo d'água. Ela acha mesmo que eu contaria algo para ela? Para depois jogar na minha cara e colocar a culpa nisso?

— Vai fazer três anos que não nos vemos. Perdemos o contato com eles e não temos mais aquela amizade que tínhamos. Isso, querendo ou não, deixa qualquer um nervoso — explico e ela confirma com a cabeça, pegando um pedaço de bolo para ela. — Tenho certeza de que você também ficou receosa quando o meu pai te contou.

— Ainda converso com a Cecília às vezes, mas realmente não é como era antes. Mesmo assim, só achei estranha a sua reação, principalmente quando falei o nome dele.

Ela me encara com o canto do olho, desconfiada e balanço a cabeça, tentando ser convincente.

— Eu nem lembro como ele é — minto.

Ah! Eu me lembro sim... e como lembro. Lembro até do gosto da sua boca na minha sem nem ter experimentado. Sempre muito doce e sutil quando esfregava a língua na minha, bem lentamente. Estou arrepiada só de pensar.

— É bem normal essa reação — acautelo, pigarreando.

Minha mãe continua com o seu olhar desconfiado e eu resolvo mudar de assunto, dizendo que preciso estudar.

Lavo os nossos pratos e ela sai da cozinha, dizendo que vai deitar. Quando ouço o barulho da porta fechando, solto o ar com força. Sobrevivemos a uma conversa normal depois de semanas. Talvez seja um avanço, só não sei por quanto tempo.

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