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Capítulo 17 𝄞

Segurei minhas lágrimas, pois não queria demosntrar emoção já que estava lá só para observar. 

- Charlie Brown Jr.

26 de dezembro de 2018 - 18h00

O jantar de natal foi surpreendentemente normal. Nada de mãe maluca, ou de perguntas comprometedoras sobre onde eu estava, mas em compensação precisei aguentar o olhar intenso de Daniel, mesmo que tentasse ao máximo não encará-lo de volta.

Desde que quase nos beijamos e ele deixou no ar a hipótese de sempre ter sido apaixonado por mim, as coisas estão estranhas demais. Não que eu não tenha gostado de ouvi-lo sugerindo isso, mas isso não impediu que o medo se despertasse dentro do meu ser.

Só em pensar que talvez quando ele tente me beijar, tudo o que eu penso sentir por ele suma e só sobre o vazio que sempre vem à tona quando beijo alguém, faz com que eu queira fugir.

Continuo batendo a perna no chão freneticamente, à espera de Mariana e Daniel, que estão terminando de se arrumar para a nossa noite no karaokê. Lexia e Caio decidiram que nos encontrariam lá porque precisavam passar em um lugar primeiro. Só de pensar em estar no mesmo carro que Dan pela milésima vez, sentindo seu perfume, respirando o mesmo ar que ele, meu estômago embrulha e ainda não consigo decifrar se de um jeito bom ou não.

Ouço passos descendo a escada e perco o fôlego ao vê-lo. A blusa verde musgo faz um contraste interessante com os olhos azuis, que estão escuros graças a iluminação. Seus cabelos estão penteados para o mesmo lado de sempre e as calças escuras parecem ter sido feitas sob medida.

Os acessórios como o relógio e as pulseiras prateadas lhe dão um ar mais descontraído. E não consigo deixar de reparar nas veias saltadas em seus braços quando ele arruma a manga da jaqueta preta.

Ele me encara com seu olhar intenso, que diz algo não verbalizado e levanto-me do sofá, sorrindo levemente para ele, que retribui. Pigarreio e olho para outro lugar.

— Mari disse que não vai conseguir ir porque sua enxaqueca voltou. Um lugar com música não vai ser uma boa pra ela — ele revela.

Sinto meu estômago se retorcer milhões de vezes mais, em uma velocidade ainda mais assustadora. Isso significa que seremos eu e ele enfrentando o trânsito de SP sozinhos? Tem como piorar?

— Hmm, eu posso ligar para Alexia e Caio e remarcar, acho que é até melhor...

Antes que eu possa assimilar, Daniel já está na minha frente, perto demais para os olhos de qualquer um que passar. Ele pousa o indicador nos meus lábios, pedindo para eu ficar quieta. O mesmo formigamento de sempre se apossa do meu corpo, assim como o coração batendo fortemente. Não entendo porque travo na hora de avançar o sinal verde.

— Você não vai fugir de mim outra vez, Bê. Não somos mais crianças.

Continuo hipnotizada pelos seus olhos límpidos e agora escuros como o céu em dias de verão, luto para recobrar a sanidade. Solto uma risada sarcástica, finalmente tendo controle sobre meu corpo e forças o suficiente para dar um passo para trás.

— Não estou tentando fugir de você, só estou tentando remarcar porque minha amiga de infância queria muito ir nesse karaokê e acho mancada ir sem ela.

Dou de ombros e seu olhar fica indecifrável, como às vezes acontece. Daniel solta um suspiro longo e concorda com a cabeça.

— Desculpa. Você tem razão. Talvez eu seja egoísta e esteja desesperado o suficiente para passar um tempo com você, já que vou embora em três dias.

Arregalo os olhos. Três dias? Ele quer passar um tempo comigo? Acho que as coisas estão confusas demais agora.

— O quê? Achei que ficariam até o dia dois.

— Eram os planos, mas Paulo resolveu ir no dia 30. Não me pergunte o motivo.

Não me passa despercebido ele ter chamado Paulo pelo nome ao invés de pai, assim como faço com Kelly às vezes. Respiro fundo, decidida, e começo a andar em direção a porta. Paro quando percebo que ele continua no mesmo lugar.

— Você não vem?

Sem dizer uma única palavra, Daniel me segue até o carro em que eles alugaram, destravando o alarme. Entro no banco do passageiro enquanto ele coloca o cinto de segurança, depois faço o mesmo e ele liga o carro.

Mando uma mensagem para Mariana, dizendo sentir muito por ela não ter vindo e perguntando se tudo bem irmos mesmo assim. Ela manda uma figurinha revirando os olhos e diz para eu parar de ser boba, liberando a diversão, dizendo que vai maratonar Gilmore Girls pela milésima vez. Sorrio.

Quando Daniel chega na avenida principal, solto um gemido frustrado ao notar a fileira infinita de carros. Ficaremos umas boas horas parados antes de chegar ao karaokê e já são quase 18h.

— Tudo bem?

Encaro seu rosto, sentindo-me na defensiva dessa vez, com os sentimentos não tão aflorados. É como se gradativamente eu estivesse cogitando hipóteses que nem chegaram a acontecer, bloqueando o sentimento por Dan, e depois libertando com força total.

— Uhm. Vamos demorar uma eternidade aqui, você sabe, não é?

Ele suspira, mudando a música para Vamos Fugir do Skank, o que me acalma e me surpreende ao mesmo tempo. Jamais imaginaria que ele gostava de Skank também, o que me prova que não o conheço bem.

Analisando sua mandíbula tensa e os dedos batucando o volante, posso afirmar que ele deve estar pensando que foi uma péssima ideia sair, ou que está cogitando me chamar para fugir com ele. Sinto vontade de rir do último pensamento.

— Não me importaria se você não estivesse tão desesperada pra sair do meu lado.

Ai! Essa doeu, então fico com a primeira opção.

Paro de encará-lo, voltando a olhar para frente, para os carros à nossa volta. Ainda em silêncio fito a minha janela, vendo a bandeira do estado balançar de um lado para o outro. Alguns vendedores ambulantes estão oferecendo água e balinhas, outros para limpar o vidro do carro e outros com plaquinhas pedindo ajuda.

Daniel aceita a limpeza e depois entrega uma nota de dois reais para o rapaz. Pareceu um gesto tão natural e que me agradou tanto, que fiquei com vontade de apertar suas bochechas e enchê-lo de beijos, assim como ainda quero distância. Não consigo tomar decisões quando se trata dele.

O trânsito finalmente volta a fluir e respiro aliviada, ainda incomodada por ele ir embora daqui a três dias e as coisas estarem tão inacabadas e confusas entre nós.

— Vire à esquerda e siga reto — aviso e ele liga a seta.

Mordo a bochecha, balançando a perna freneticamente no chão, desesperada para dizer logo o que sinto e porque estou assim.

— Não estou desesperada para sair do seu lado por sua causa, é mais por minha causa.

— Beatriz, não precisa se explicar se não quiser. Vamos aproveitar a noite no karaokê com os seus amigos, esquecer os problemas com os nossos pais e agir como os bons amigos que deveríamos ser se tudo não tivesse dado tão errado.

Engulo em seco, porque consigo notar a dor em sua voz, apesar de muito bem disfarçada em um tom descontraído. Afirmo com a cabeça e "Só os loucos sabem" começa a tocar. Arregalo os olhos, encarando-o, e percebo que um sorrisinho ladino surge em seu rosto, mudando completamente o clima do carro.

— Você também gosta de Charlie Brown? Não me lembro se disse naquela noite.

— Não, mas uma garota bonita disse que era a banda preferida dela e não tive como não descobrir o porquê.

Abro um sorriso verdadeiro, dos que doem as bochechas, esquecendo por um segundo de todos os problemas que nos rodeiam. Sem me segurar, começo a cantarolar o refrão, intensificando mais o sorriso de Daniel, que continua a batucar no ritmo da música.

Ele aumenta o volume da rádio e começa a cantarolar comigo, o que me deixa ainda mais bobinha e empolgada.

Ficamos nesse clima gostoso e descontraído até entramos na rua certa.

Quando ele estaciona em uma vaga livre, percebo que chegamos ao karaokê e que a música terminou. Solto um suspiro aliviado, grata pela descontração e por ele ainda ser a melhor pessoa do mundo.

Tiramos o cinto de segurança e antes de sair do carro, mando uma mensagem para Alexia avisando que chegamos.

Saímos do carro e entramos no lugar. Noto que Daniel está observando cada mínimo detalhe, aparentemente gostando do que vê. Um garoto com a voz aveludada está cantando Sentimental do Los Hermanos e a nostalgia me atinge com tudo. Gravo um vídeo da apresentação e envio para Mari, que responde:

"NÃO ACREDITO! ERA A MÚSICA QUE IRÍAMOS CANTAR JUNTAS."

Envio uma risada para ela e vejo Alexia acenando da nossa mesa de sempre. Por impulso, seguro na mão de Daniel, que ainda está distraído observando ao redor. Uma onda de corrente elétrica passa por todo o meu corpo apenas por esse contato, fazendo-me estremecer e percebo que ele também sentiu isso.

Caminhamos de mãos dadas até a mesa dos meus amigos e sorrio para eles. Alexia, que está um arraso com o vestidinho branco justo e as botas estilo militar, abraça-me também sorrindo.

— Vieram só os dois? — Ela questiona, com a voz cheia de esperança e malícia.

Reviro os olhos e Daniel solta uma risadinha sarcástica, cumprimentando minha amiga e depois Caio.

— Mariana estava com enxaqueca.

— Que pena — Caio lamenta, trocando olhares que dizem o contrário com a namorada.

— É. E o trânsito daqui é terrível — Daniel completa.

Nos sentamos de frente para eles, um do lado do outro, e pela mesa ser um pouco estreita nossas pernas às vezes se roçam, estremecendo a nós dois.

Alexia começa a conduzir toda a conversa, como sempre, o que é ótimo, enquanto eu apenas viajo pensando nas inúmeras possibilidades para esta noite.

Gosto de estar com Daniel, mas também me sinto insegura e esquisita, como se meu cérebro me forçasse a ignorá-lo e a esquecer o sentimento por ele porque pode me pôr em risco. Talvez tudo que aconteceu tenha mexido mais comigo do que eu pensei.

— Não é, Bia?

Olho para Caio, que disse meu nome, mas estou tão sufocada pelo turbilhão de sentimentos, que só preciso de um ar.

— É, verdade.

— Você nem ouviu o que ele falou, não foi? — Daniel questiona, próximo demais.

— Não.

Ele nota meu incômodo porque se afasta o máximo que consegue, deixando-me respirar outra vez, fingindo não ter ficado desconfortável também. Sei que é uma situação de merda para ele também, mas não sei o que fazer. Odeio me sentir dessa forma.

Alexia está me encarando fixamente com os olhos semicerrados, como ela sempre faz quando tenta decifrar algo.

— Daniel, você canta? — Caio pergunta de repente, e percebo na hora que faz parte de um dos planos da minha amiga.

— Não, nem um pouco — ele avisa, rindo.

Dou risada, concordando e me lembrando da sua desafinação no carro.

— Não seja modesto — brinco.

Apoio o queixo em uma das mãos, admirando suas feições e apreciando o som da sua risada. Ele me encara ao perceber e noto sua pupila dilatando, arrepiando-me e me deixando desnorteada.

Caio pigarreia e pergunta:

— Toca alguma coisa?

— Sei tocar algumas músicas de The Neighbourhood na guitarra.

Ergo uma sobrancelha, impressionada com essa revelação. Ele nunca disse que tinha aprendido um instrumento, mas eu também nunca perguntei.

— Poxa! Logo dessa banda?

— Eles são os amigos que não gostam de The Neighbourhood, não são? — Dan pergunta, encarando-me incrédulo.

Não consigo segurar a gargalhada, afirmando com a cabeça.

— Mas você não tem cara de modinha indie não, mano — Caio diz.

— Modinha indie? — Daniel questiona, mais indignado ainda.

— É! Isso é coisa de adolescente e tenho certeza que você já passa dos vinte facinho.

Daniel ri, ainda indignado e surpreso. Suas sobrancelhas estão franzidas, mas os olhos transbordam diversão.

— Vou deixar essa passar porque você é maneiro, como dizem os paulistas — ele debocha.

— E você é da onde?

— Brasília.

— Nunca imaginaria — ele diz, rindo.

— Sei tocar "À sua maneira" — Daniel revela.

— Caramba! Surpresas atrás de surpresas — exclamo, pegando a bebida de Caio e fazendo uma careta ao perceber ser Vodca com limão.

— Isso sim é música! Do tempo da minha coroa, mas é. Vamos lá então.

Daniel ri, enviando borboletas por todo o meu estômago. Espero ele dizer algo do meu comentário, ou qualquer outra coisa, mas ele nem olha para trás ao seguir Caio até Jonas.

— Você é, tipo, super apaixonada por ele. Parece até que quer devorar o coitado com os olhos, mas, ao mesmo tempo, quer distância e deixa o homem frustrado e confuso.

Viro o olhar para ela, que está com os braços cruzados e uma sobrancelha erguida. Ela realmente tem o dom de analisar a situação.

— Já pensou em investir em psicanálise ao invés de direito? — debocho.

— O que tem de errado, Bia? Por que está tão estranha quando tem o que você mais queria? — Ela questiona, ignorando minha tentativa de mudar de assunto.

— Não sei. Medo? Receio? Pânico? Acho que esses adjetivos já me ajudam a decifrar o que tem de errado comigo.

Encaro o cardápio, irritada por não conseguir decifrar esse turbilhão de sensações esquisitas. Ergo o olhar até Daniel, que está conversando com Caio e Jonas, suspirando em seguida.

— Eu sei que você nunca conseguiu se apaixonar antes e não vou dizer que entendo, porque nunca passei por isso, mas — ela começa, chamando a minha atenção outra vez — o que tenho para te dizer é: você nunca vai descobrir se não tentar. Talvez você realmente não sinta o que quer ou acha que vai sentir, ou talvez seja melhor do que você fantasiou. É melhor se arrepender por tentar do que por não tentar.

Suas palavras foram como um soco em meu estômago e uma luz para a escuridão de meus pensamentos. Lexia tem razão. É melhor me arrepender por tentar algo, do que passar as próximas semanas me perguntando o que teria acontecido se eu tivesse feito tudo diferente.

— Eu sei que eu sou demais.

— Não mais do que eu — brinco de volta e ela ri.

— Agora espera seu homem se apresentar e vai conversar com ele. Ou melhor ainda, se expressa por meio daquelas músicas que se encaixam na situação.

Bingo! Ótima ideia. Quando começo a pensar na música que cantarei, um pigarro no microfone chama nossa atenção e vejo Caio sorrindo. Daniel está apoiando a guitarra da forma certa e percebo como ele fica ainda mais bonito assim.

— Cuidado pra não babar! — Lexia provoca e eu reviro os olhos.

— Essa música é uma das únicas de verdade que meu amigão aqui sabe tocar além das de indie modinha — Caio brinca, arrancando risadas de todos do lugar. — Vamos lá então.

Os acordes de À sua maneira começam a ressoar e todos assobiam, aplaudindo e aprovando a escolha da música. Caio canta as primeiras letras olhando para Alexia e eu dou risada, procurando Daniel com o olhar, que coincidentemente está olhando para mim com cautela. Meu coração dispara feito louco e não quero que ele tenha mais medo disso.

Quero me permitir sentir o que, no fundo, sei que sinto. Quero abraçá-lo e me sentir em casa, sem pensar que pode ser uma farsa. Quero beijá-lo e sentir a maciez da sua boca na minha, com o coração batendo loucamente, sem vontade de parar e sem medo de não sentir nada. Desejo passar horas e horas conversando com ele, sem medo de julgamentos. Preciso amá-lo sem medo de que Kelly esteja certa.

Caio continua cantando e eu continuo encarando Daniel, que também não desvia o olhar do meu. Há tantas coisas acontecendo nesse momento, tantas palavras flutuando no ar, tantas promessas não ditas.

Não quero cantar hoje, pois apenas uma composição única poderia descrever a determinação do que quero que aconteça daqui a pouco.

— Vou esperar ele lá fora. Se a minha mãe te ligar fala que estou com você, ou só não atende.

— Sim, chefe! — Ela brinca e pisca o olho direito para mim.

Pego a minha bolsa e a coloco sobre o ombro esquerdo. A música mal termina e já sinto Daniel atrás de mim, ignorando todos os aplausos recebidos. Os dois foram realmente muito bem.

Quando finalmente saio do karaokê, a brisa fria da noite me rodeia, arrepiando-me. O clima está idêntico ao dia em que fomos ao McDonald 's depois da prova da FUVEST.

Coloco as mãos na cabeça, respirando fundo e ouço passos.

— Não consigo acompanhar, Beatriz. É demais pra mim — Daniel começa, com a voz repleta de frustração.

Encosto-me em seu carro, de frente para ele, que se aproxima, passando a mão entre os fios dourados.

— Eu sei. Sinto muito — peço, mordendo a bochecha. — Te disse que o problema não é você, mas sim eu. Aquela tarde no Ibirapuera eu disse que criei uma obsessão que me levou à ruína.

Engulo em seco e ele se aproxima mais um pouco, como se quisesse me proteger das minhas próprias lembranças, com o carinho brilhando nos olhos azuis.

— Sim. Se apaixonar. Só não entendi ainda como.

— É melhor irmos conversar em outro lugar...

— Sim. Caio me disse de um lugar.

— Caio e seus refúgios — tento sorrir, mas estou tão tensa que não consigo.

— Se não quiser me contar, não precisa — ele garante, acariciando minhas bochechas.

Fecho os olhos apreciando seu toque, a sensação reconfortante que sempre me proporcionou e volto a abri-los.

— Eu preciso.

Daniel confirma com a cabeça e entramos no carro, seguindo para o tal lugar.

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