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Capítulo 11 𝄞

Mas ora, você partiu antes de mim. Nem me deixou barco frágil pra eu me salvar do naufrágio, que foi te dar meu coração.

- Vinicius Benicio.

12 de dezembro de 2018 - 11h47

A sensação de estar em casa é reconfortante, chega a beirar o surreal. Seu cheiro é tão bom, seu calor, sua voz. Tudo em Daniel é incrivelmente perfeito, despertando sentimentos em mim que eu nem sabia existirem antes. Rodeio seu corpo com os meus braços, apreciando mais alguns segundos de seu toque, antes de me afastar.

Seus olhos azuis estão brilhando e seu sorriso aquece meu coração, fazendo com que eu sorria também. Lentamente suas íris começam a escurecer, ficando com o aspecto de um azul nublado, repleto de desejo. Os pelos dos meus braços se arrepiam e meu coração dança feito louco.

O homem, que tem ocupado meus pensamentos nos últimos dias, leva uma mão até a minha nuca, não me dando tempo para raciocinar. Seus lábios tocam os meus, fazendo com que eu abra mais a boca, para lhe receber. Quando sua língua acaricia a minha, não consigo reprimir o gemido.

Ouço risadas de fundo, encarando onde Daniel supostamente estava. Ele desapareceu.

— Beatriz! — Alguém me chama.

Sinto um ardor em meu braço e abro os olhos, vendo que dormi em cima dele no meio da aula de inglês. Encaro ao redor, constatando os jovens de todas as idades rindo de mim. Merda! Olho para a carteira ao lado, notando Fernando com uma careta engraçada.

— Ms. Beatriz, entediei você?

Ergo o olhar, encontrando a careca do professor nativo norte-americano. A situação está pior do que eu imaginava.

— Claro que não, Mr.

— Estava tendo um sonho erótico, Bia? — Jonas questiona, rindo com os amigos.

— Vai à merda, Jonas.

O sinal toca e me levanto da cadeira o mais rápido que posso. Já passei vergonha demais por hoje. Jogo a mochila nas costas, olhando as horas no relógio, vendo que já são quase 12h. Fernando me cutuca com seu ombro. Encarando-o assim nem parece que tem vinte e todos.

Sorrio para ele, que retribui. Com a pele parda e as feições que provam que o garoto é claramente descendente de indígenas, Nando usa os cabelos escorridos curtíssimos, e seu estilo é bem despojado.

Saímos juntos do prédio, aproveitando a companhia um do outro, já que são as últimas semanas antes de pegarmos o diploma. É tão estranho como o tempo passou rápido, parece que foi ontem que nos esbarramos na sala de aula e começamos a conversar consequentemente.

Daqui a alguns meses ele estará na parte norte da América e eu, se tudo der certo, em outra cidade, bem longe da capital.

— Você estava literalmente beijando a mesa — ele explica, outra vez.

Sinto vontade de me jogar na frente de um dos ônibus velozes, agradecendo aos céus por só ter mais uma semana de curso.

— Não é pra tanto.

— Ah! É, sim, e você sabe disso.

— Você pode parar de falar sobre isso?

Nando gargalha, passando um braço ao redor dos meus ombros e eu dou risada também.

— Tudo bem, mas que foi engraçado, foi.

Mostro-lhe a língua, cruzando os braços e continuando a andar. Ele me segue.

— Falando sério agora, uma coisa não sai da minha cabeça... Há algumas semanas você me perguntou mais coisas sobre os meus problemas, respondi, estranhando, só que faz sentido agora — ele junta as peças, parando de andar. — Caramba! Bia, você conseguiu se apaixonar?

Com os olhos arregalados e o sol iluminando seu rosto, não há como não rir de sua expressão em choque. Acredito que preciso atualizá-lo dos últimos acontecimentos.

— O que acha de irmos almoçar e eu te conto tudo?

— Sua mãe não vai achar ruim?

— Estou passando uns dias com o meu irmão...

Meu amigo concorda sem questionamentos e seguimos até nosso restaurante de sempre, pedindo o típico arroz, feijão, bife e batata. Um dos pratos típicos brasileiros.

Enquanto comemos, atualizo-o sobre os últimos acontecimentos e ele ouve com atenção.

— Então você pode ter bloqueio emocional, como eu sugeri naquele dia. O mais louco que já vi — ele brinca e eu dou risada.

— Talvez eu não tenha nada, só seja defeituosa. Já pensou nisso?

Ele me fuzila com os olhos por sempre odiar quando falo desse jeito.

— Não vou nem responder.

— É sério, Nando. Isso tudo é tão confuso. Não consigo me apaixonar desde que me entendo por gente e de repente me apaixono por alguém que era fruto da minha cabeça no começo. Acredito que posso ir direto para o hospício.

— Olha, vocês se conhecem desde crianças, não é? — Ele questiona, bebendo um pouco da coca-cola.

— Praticamente. Mesmo assim, de melhores amigos viramos meros estranhos e depois de anos acontece tudo isso. Teve uma época em que mal nos cumprimentávamos.

— É claro que vocês não iam conversar, bobinha. Ele já era um adolescente enquanto você ainda era uma criança, entende? Enquanto você queria brincar de casinha no sentido figurado, ele queria no sentido literal da coisa.

Gargalho de sua frase, quase cuspindo o suco em sua cara. Limpo os lábios com o papel guardanapo e balanço a cabeça negativamente.

— Na última vez que nos vimos eu tinha catorze anos e ele dezessete, pra variar. Foi estranho e eu nem lembro dos acontecimentos da época. Só que, dessa vez...

— É, isso tudo é bem mais complicado do que imaginei — ele concorda, empurrando o prato para o meio da mesa.

— Eu falei! Isso está comendo o pingo de cérebro que eu tenho. Pra completar briguei com a minha mãe e estou na casa do meu irmão. Ah! E o Daniel nunca responde às mensagens que envio, ou enviava.

— Vou te dizer o que parece, sendo bem sincero.

Nando se arruma na cadeira, tentando ficar mais confortável e pigarreia, como se fosse dar um comunicado super importante.

— Você está apaixonada por ele, mas não é de hoje, e pelo que me contou, ele se sente atraído por você também. Vocês dois tiveram um dia bacana e depois ele sumiu, o que foi estranho porque parecia interessado.

— É, mas você me disse exatamente o que eu já sei.

— Shh! Não terminei, deixe de ser ranzinza.

Reviro os olhos e sorrio, cruzando os braços e encostando-me na cadeira de madeira.

— Talvez tenham o descoberto.

— E o que isso tem a ver comigo?

— Ai! Não sei. Isso tudo é muito complicado. Alguém pode ter visto a mensagem que você enviou, por isso só curtiu. — Ele dá ombros.

— Mas a mensagem continuaria ali, não é?

— Talvez quem viu apagou.

Então uma luz acende em minha mente. Faz todo sentido! Daniel jamais me ignoraria desse jeito, mesmo que não estivesse interessado. É o mínimo de educação e senso que fizeram sempre parte dele.

Pego o celular e abro o Instagram, pronta para checar algo que eu não tenha visto. Um story dele com o círculo verde me chama a atenção e eu abro, ficando imóvel e me recordando de suas palavras mentirosas:

"Ah! Não. — Ele ri, balançando a cabeça. — Disse suposta justamente por ela não existir.

— Então você só finge que namora?

— Tecnicamente sim. Camila, minha suposta namorada, estava me ajudando com a minha fuga para cá. E então todos pensam que ela é minha namorada. Faz parte do plano."

Pelo visto ela não é tão suposta assim, já que os dois estão rindo e se beijando. Um típico vídeo de casal feliz. Meu coração está em pedaços e odeio sentir isso. Pela primeira vez na vida, sinto falta de não sentir.

— Está tudo bem? Você está pálida e parece que viu uma assombração.

Resolvo não falar nada, só entrego o celular para ele ver a cena e me levanto, sentindo que posso colocar o meu almoço para fora a qualquer momento.

— Puts! Não acredito. Esse é ele?

— É. O motivo de não ter me respondido está bem do lado dele.

Sorrio, fingindo que está tudo bem e jogando a mochila roxa nas costas. Amarro o moletom branco na cintura, já que a temperatura aumentou, e arrumo a alça da regata lilás. Acho que se eu precisasse me definir em uma cor seria o roxo.

— Ai, Purple. Sinto muito.

— Não precisa, estou bem — garanto e ele me encara, não acreditando nessas palavras.

— Vou fingir que acredito. Quer que eu te acompanhe até em casa?

— Não, não. Acho que preciso de um tempo, sozinha, mas nos vemos na sexta?

Nando confirma com a cabeça, devolvendo meu celular e pedindo para eu tomar cuidado. Concordo e saio rumo ao escritório do meu pai.

Ando pelas calçadas movimentadas, cantarolando a letra de "Eu errei" do Tiago Iorc. É incrível como todas as músicas dele viram um vício para mim. O homem é perfeito e foi meu primeiro crush famoso, com toda a sua beleza e voz harmônica. Lembro-me que no início da adolescência tinham vários 'posters' dele colados na minha parede.

Respiro fundo, sentindo o sol cada vez mais quente, à medida que as nuvens deixam ele brilhar. O verão está quase batendo na porta e não vejo a hora de trocar os moletons grossos pelas regatas e shorts soltinhos.

O sorriso de Daniel me volta à mente, fazendo meu peito se retorcer. Ele não precisava ter mentido sobre a namorada, na verdade, não deveria nem ter dado a entender que também sentiu a conexão que pairava entre nós. Não posso estar maluca, sei que ele sentiu.

Respiro fundo, parando em frente ao prédio onde meu pai trabalha. David Lins é um ótimo advogado dos direitos trabalhistas muito recorrido por aqui, um orgulho para todos nós.

Após dar algumas informações para os seguranças e usar o elevador, chego finalmente ao andar em que ele está. Uma mulher a qual nunca vi me avisa que meu pai está em sua sala e que o avisará sobre a minha presença, pedindo para que eu me sente em uma das cadeiras negras.

Retiro o celular da bolsa enquanto espero, distraindo-me com um joguinho idiota de caça-palavras. Idiota porque todas as palavras que devo completar remetem ao amor, paixão ou algo assim. Quem cria um caça-palavras romântico? Por Deus!

— Beatriz? Pode entrar — a mulher avisa.

Suspiro, colocando o celular no bolso após desligá-lo. Entro na sala do meu pai e fecho a porta em seguida, virando-me para encará-lo. Ele se levanta com um sorriso no rosto e beija o topo da minha testa, abraçando-me.

Meu pai parece estar com a expressão mais cansada do que de costume e sei na hora que ele e minha mãe brigaram outra vez. Sua barba está feita, os cabelos alinhados, o terno bem passado e a barriga de chopp intacta, mas seus olhos escuros parecem tristes demais.

— Que bom que veio me ver.

Jogo-me em uma das poltronas em frente a sua mesa, respirando fundo.

— Queria saber se a minha mãe já te envenenou com suas mentiras.

— Bia! — Ele me repreende e eu reviro os olhos.

— Você sabe que estou certa. É isso o que ela faz, não é?

— Sua mãe só está preocupada com você, mas não sabe agir como uma pessoa normal. É o jeito dela.

— Não, pai. Ela quer um fantoche que possa controlar. Isso não é amor. Não deu certo com o Gus, então tentou comigo, mas como não vai dar certo também é capaz que ela queira engravidar outra vez para tentar com a pobre futura criança.

— Sua mãe é uma pessoa muito difícil de lidar mesmo, mas não quero que você se sinta obrigada a sair de casa.

— Eu também não, mas não sei o que fazer. Às vezes ela me trata bem e é carinhosa, raramente, mas é. Outras vezes ela age grosseiramente, me xinga sem motivos e relembra aquela noite terrível.

Engulo em seco, encarando a enorme janela atrás do meu pai. Dá para ver a cidade inteira daqui.

— Finja que não está ouvindo, filha. Não é fácil, mas é melhor que revidar. — Ele solta um suspiro cansado como se completasse: sei bem disso. — Volte pra casa.

Fico calada, não tendo mais o que falar. Sei que o meu pai só me deixará sair dessa sala quando eu disser que voltarei para casa, então poupo seus esforços e minha paciência.

— Ok! Eu volto.

— Essa é a minha garota. Olha, o Paulo e a família chegam na semana que vem e até o Gustavo vai passar uma semana lá com a Mirella, vai ser ótimo e...

Meu pai continua falando como vai ser maravilhoso esse tempo com as duas famílias reunidas outra vez, mas minha mente só consegue pensar que verei Daniel outra vez na semana que vem. Não sei se aguentarei fingir que nada aconteceu, que não estou magoada e com raiva. Precisarei me esforçar para caramba.

— Você ouviu o que eu disse?

Encaro meu pai, espantando os pensamentos e preocupações, abrindo um sorriso forçado e confirmando com a cabeça.

— Sim. Tenho certeza de que será incrível mesmo.

Na verdade, vai ser um verdadeiro tormento.

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