Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 6


Mehron

Antes de morrer, o Deus da Paz me ensinou a diferença entre os que impunham respeito pela violência e aqueles que não precisavam disso.

Os primeiros, fracos e cruéis, utilizavam de ferramentas hediondas como tortura e ameaças para impor autoridade. Desprezavam a dignidade e a liberdade alheia, sobrevivendo às custas de demonstrações de violência para então governarem sobre quem se curvava ao medo. Caso contrário, teriam sua autoridade questionada.

Os segundos, porém, sempre eram temidos por sua própria essência. Bastava um olhar, um gesto, uma simples presença opressiva, e então todos perceberiam o perigo que representavam. Eles nunca utilizavam os artifícios do medo como arma, mas sim como consequência. E ninguém os desafiaria, mesmo que a chance surgisse.

Assim era o desconhecido que acompanhava o Deus dos Minérios. Quem quer que fosse, parecia feito para ser temido por qualquer homem sensato.

Felizmente, eu não era um homem, e nem sensato.

Nasci e vivi como um deus, e mesmo que tivessem me drenado, não foram capazes de tirar todo o meu poder.

A força que eu tinha, em conjunto com o tempo que o elevador antiquado da prisão levava durante a descida, seria o suficiente para que minha influência divina penetrasse as barreiras mentais de um dos guardas.

— Lel, veja só essa putinha — Ziuceg ainda falava, saboreando as próprias palavras como um cão de rua roendo um osso. — Caladinho de repente. Será que sentiu o seu poder, Semideus da Tortura?

Bom, aquilo explicava alguma coisa.

Semideuses. Quase, mas nunca inteiros.

Eram como deuses pela metade: enquanto todas as divindades possuíam duas aptidões que poderiam ser fortalecidas por meio da adoração de fiéis, os semideuses tinham apenas uma.

Não passavam de aberrações, fabricados por meio de dor e derramamento de sangue. Nem mesmo nasciam com suas habilidades. Muitos deles foram humanos que sacrificaram entes queridos pelo poder.

Nós, da terra do canto, os repudiávamos. Mas eu não podia negar que eles eram um grande problema. Máquinas habilidosas que não tinham nada a perder, pois já sacrificaram tudo.

— Eu não sabia que seria tão bem recebido — comentei. — Suponho que esse seja o cão de guarda da prisão.

Tentei parecer alerta, mas minha atenção se concentrava em outra pessoa: o soldado mais próximo da porta da gaiola em que eu estava contido.

Era fácil saber, através do odor, exatamente onde ele estava. Após tantos dias de viagem, nenhum humano se tornava particularmente cheiroso.

Ninguém era capaz de notar, mas eu estava, há algum tempo, concentrando o máximo de minha atenção naquele homem.

Desde o dia em que me confinaram, não fui capaz de marcar apenas um deles durante o percurso de Fiei até a Prisão do Aquém, pois os soldados estavam cientes do que eu seria capaz de fazer se tivesse tempo suficiente para conquistar a mente de um deles.

Eles só não imaginavam que aquela breve conversa seria tempo o bastante para mim.

O elevador ainda estava imóvel. Havia parado para que o tal semideus entrasse, e ainda não voltara a funcionar. Obviamente, aquilo significava que alguém deveria descer naquele mesmo andar.

Aquele seria Ziuceg, eu suspeitava, já que ele era o único que poderia ir embora antes que eu fosse instalado em uma das celas.

Felizmente, ele estava tão ocupado tripudiando sobre meu sofrimento iminente que se demorou no elevador. Isso me deu o tempo que eu precisava para, finalmente, ser capaz de exercer minha influência.

— Cão de guarda? O que eu faço aqui é muito mais do que apenas guardar o lugar — o semideus estava rindo, um tipo de risada cortante que parecia simultâneamente grave e aguda. — Eu serei o responsável pelo seu sofrimento, junto com o de todos os outros prisioneiros. Você verá assim que chegarmos às celas.

— É uma pena, mas eu não tenho qualquer intenção de continuar a descida — respondi em meu tom mais cortês.

— Fodido desse jeito, e ainda não abaixa essa bola, hã, seu merda? Você acha que alguém aqui te deu alguma opção? — Ziuceg soava como se estivesse a um passo de abrir a jaula e se livrar de mim por si mesmo.

— Deixe-o, Ziuceghulirghiloãnto — o Semideus da Tortura interveio. Quase me senti impelido a tentar aprender a pronuncia daquele nome grotesco com ele. — É melhor assim, quando a arrogância dura até os últimos minutos e depois se apaga, lentamente, dos olhos de nossos prisioneiros.

Arrogância. Aqueles dois achavam que já tinham vencido, e ainda ousavam alegar que eu era o arrogante.

Eles estavam errados. Não sabiam nada sobre mim, sobre o meu potencial ou o meu poder, e eu me certificaria de fazê-los enxergar o erro que cometeram.

— Abra a gaiola — ordenei, mais ríspido do que costumava me permitir.

Meu eu antes de Igh poderia, por muitas vezes, ter sido chamado de louco ou excêntrico, mas era a primeira vez que realmente me sentia assim. Insano e irracional, quase alucinado. Tudo o que passei nas mãos de Igh já era o bastante para que minha fúria transpusesse meus próprios limites.

Eu escondia isso bem, até de mim mesmo, de certa forma, pois até aquele momento — até aquela ordem — não compreendia o quão ilimitada era a minha cólera.

Mas eu tinha raiva, tão profunda e enraizada que mal era capaz de me reconhecer. Não planejava permitir que o responsável por isso permanecesse impune. Precisava pegar meus poderes de volta. Não havia chance alguma de continuar vivendo em um mundo onde Igh não pagaria pelo que me fez.

O homem abriu a jaula.

Ele agiu rápido, ninguém foi capaz de impedir. Eu sabia que seria fácil.

Sem saber que um dia lidariam com um deus capaz de exercer influência mental, imitaram uma gaiola de pássaros na fabricação das jaulas. Estas, normalmente feitas sem fechaduras, poderiam ser facilmente abertas pelo lado de fora.

Satisfeito, flutuei para fora em um impulso ligeiro. E com a visão livre daquela barreira, seria muito mais fácil controlar todos os outros homens.

Não que fosse ético da minha parte, como um diplomata que sempre prezou pela paz e a justiça, forçar os humanos a serem razoáveis por minha causa. Mas eu seria acometido pelo pior dos cenários possíveis caso descesse até uma das celas, e estava absolutamente enraivecido, então não poderia me importar menos.

Pude constatar que havia mais homens do que eu estivera supondo durante o percurso. Talvez 15 deles, além de mim e do deus e semideus. Todos acomodados dentro da estrutura de metal do que parecia ser algum tipo de elevador de carga, com portas manuais feitas de grades metálicas e espaço o bastante para subir e descer com muitos soldados, mantimentos ou prisioneiros.

Ziuceg, com aquela sua aparência hedionda e seus chifres enormes desaparecendo nas sombras do elevador escurecido, teve a decência de reagir imediatamente.

Já Lel, o Semideus da Tortura, parecia mais interessado em me assistir com uma tranquilidade aterradora.

Finalmente livre das paredes de cristais que bloqueavam minha visão, pude entender como Lel não parecia nervoso na presença do aterrorizante Deus dos Minérios.

Como semideuses eram fabricados a partir de humanos, todos eles poderiam passar despercebidos em uma multidão de pessoas. Tirando os poderes e, segundo diziam, a falta de caráter, tudo neles gritava humanidade.

Não que humanos tivessem boa índole, claro, mas ao menos alguns demonstravam resquícios de bondade uma vez ou outra.

O Semideus da Tortura, no entanto, não parecia exatamente humano, com aquela pele adoentada coberta de cicatrizes e marcas de queimaduras. Não era muito diferente de Ziuceg.

Seus olhos cinzentos causavam a mesma sensação opressiva de se perder no fundo de uma caverna escura, e sua boca, cuja extremidade direita era um amontoado de pele distorcida, exibia um sorriso cruel que revelava dentes amarelados.

O cabelo dele estava preso em um rabo de cavalo rente ao pescoço, em um tom de sangue seco que contrastava com o prateado da tiara de metal cheia de espinhos no topo de sua cabeça.

Lel usava uma túnica preta, com um cinto de couro que parecia feito para portar várias lâminas dentro, por mais que parecesse vazio, e ele não usava nenhum adorno ou joia além daquela estranha tiara de espinhos.

Em outra ocasião, eu certamente teria ficado curioso a respeito dele.

— Permitam minha passagem — ordenei, segundos antes da mão de Ziuceg alcançar o meu pescoço. — A todo custo.

E eles o impediram.

Senti seus dedos grandes rasparem contra a minha pele, mas o mar de soldados empurrou o deus e o semideus para o corredor, me livrando por segundos do que poderia ser um aperto fatal pelas mãos dele.

O Deus Minerador tentou avançar sobre eles, investindo com todo o seu tamanho e sua força sobre os humanos. Ele era capaz de matar um homem em um único movimento, ora esmagando crânios e ora jogando uns contra os outros.

Por sorte, meus aliados temporários eram muitos, por mais que isso dificultasse meu controle e limitasse o tempo que tinha para influenciá-los, além de minar meu poder restante, já que não era de minha natureza exercer controle sobre mentes humanas. Minhas ações certamente me custariam um preço alto mais tarde.

O tal Lel, por sua vez, parecia mais interessado em permanecer como um espectador, se deixando engolir pela maré de soldados com um olhar indecifrável no rosto distorcido.

Eu me perguntava do que o semideus da tortura seria capaz. E o que faria com aqueles homens que arrastavam a dupla corredor adentro enquanto me virava e seguia pela direção contrária.

Atrás de mim, ouvi uma série de praguejares de Ziuceg enquanto eu desaparecia por um túnel pouco iluminado.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro