Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 3

Mehron

Tudo o que eu podia ver era a cor do céu, desde o negrume azulado da noite ao nascer do sol no mais límpido e cristalino azul.

Não me permitiam enxergar mais nada na jaula suspensa em que eu havia sido confinado.

As paredes maciças, feitas das pedras preciosas que o povo de Fiei — maldito seja — tanto adorava, impediam que eu tivesse qualquer acesso a alguém de fora. Apenas a parte superior tinha grades de cristais esculpidos, que permitiam a entrada da luz do sol e consequentemente daquele azul opressivo.

Eles me limitaram, minaram meu poder e, ainda assim, tomaram tantas precauções.

Se eu não estivesse tão enraivecido, teria ficado lisonjeado.

O pior de tudo era ver o azul. O sufocante tom das íris de Arwin, minha fiel assistente que fora reduzida a mais um corpo na pilhagem de Igh.

Eu suspeitava, sendo sincero, que o céu bem visível acima de mim se tratava de mais uma maneira de me torturar.

Depois que Igh roubou parte dos meus poderes e me sufocou até que eu perdesse a consciência, passei um bom tempo fora de mim. Quando finalmente despertei de meu estupor, já estava longe de Fiei.

Os soldados, responsáveis pelo meu transporte durante vários dias de viagem, recusavam qualquer tipo de contato, ignorando minhas perguntas como se não me ouvissem. Mas eles me ouviam.

Talvez estivessem com medo de que eu descobrisse uma brecha em sua segurança. Talvez houvesse uma saída.

— Chegamos — ouvi um dos soldados dizer entre os sussurros que vinham do lado de fora, em um dialeto típico da capital de Trakrar, a terra natal do deus que eu mais detestava. Depois de Igh, é claro.

Apesar de ignorarem tudo o que eu dizia, era fácil escutar trechos de conversas entre os soldados através das paredes de cristais multicoloridos, e era de se imaginar que minhas palavras, também ouvidas por eles, fossem deliberadamente ignoradas.

Uma forma de precaução, eu imaginava. Igh não retirara toda a minha força no nosso encontro em Fiei, e portanto eu ainda tinha a capacidade de exercer alguma influência sobre os homens.

A maior parte da força de um deus vinha da adoração de terceiros, e como o último deus vivo de Gallas, eu não tinha muita concorrência.

Especialmente após a morte de meu pai, o último deus que viveu antes de mim.

É claro, isso não significava que todo o povo me adorava. Os elfos de Gallas estavam mais interessados em desenvolver suas bugigangas engenhosas do que em adorar divindades. Não era sem motivo que presenciávamos a extinção dos deuses da terra do canto.

— Onde estamos? — perguntei em voz alta e autoritária, tentando novamente conseguir alguma resposta.

— Cala essa boca, passarinho do caralho — latiu, com divertimento, uma voz que eu conhecia muito bem.

Era a primeira vez que Ziuceghulirghiloãnto — nome esse, impossível de pronunciar normalmente — falava algo desde que eu fui confinado naquela gaiola, há dias atrás, o que me fazia crer que ele estava me esperando na entrada de seja qual for o local para onde estavam me levando.

Pensando nisso e levando em consideração o número considerável de soldados de Trakrar que acompanhavam os homens de Igh, era de se esperar que eu estivesse no território das terras da batida.

E foi quando minha gaiola, como eles chamavam, atravessou uma imponente entrada feita de pedras ásperas e antigas, que finalmente entendi o motivo de me levarem até Trakrar.

Acima de mim, a Prisão do Aquém se erguia como um dedo acusador apontando para o céu.

A antiga construção despontava em meio ao deserto árido, próximo a Tratktath, a capital da terra das batidas. Feita de pedras cinzentas e janelas estreitas, ela não lembrava em nada o deslumbrante santuário de paz que havia sido no passado.

Antes, a construção regida pelo deus da paz costumava abrigar vida, mesmo naquelas terras áridas e estéreis, com cidadãos de todos os cinco reinos da música se reunindo em uma harmonia pacífica.

Mas então o Deus da Vingança veio, com seus olhos odiosos e seus dedos imundos, e profanou toda a paz que Eremonth, meu pai, cultivava entre as fronteiras.

Meu pai, o Deus da Paz, morreu tentando reaver tudo o que perdera, me deixando o título de último deus de Gallas. Seria uma pena fracassar como ele, definhando em meus últimos dias de vida na prisão que um dia foi a casa da harmonia.

Por dentro, aquela era muito mais do que uma simples torre.

Eu só podia ver o teto pontiagudo e a suntuosa escada espiralada que dava acesso aos andares de cima, mas conhecia o lugar dos meus tempos de menino.

Me lembrava das paredes afuniladas que, de tão grande a torre, não se podia notar sua inclinação nos primeiros andares.

O piso, outrora todo feito de mármore polido, eu sabia que fora substituído por pedras resistentes, mais úteis aos guardas que vigiavam o lugar. Esses que eram muitos, devo dizer.

Além disso, também tinha conhecimento a respeito dos andares subterrâneos, uma nova adição do Deus dos Minérios.

Os andares superiores não formavam a prisão em si. Eram majoritariamente compostos por dormitórios dos soldados, depósitos de mantimentos, salas de interrogatório e escritórios de seus líderes.

Era abaixo do solo que a prisão funcionava.

Não muito diferente de Fiei, tratava-se de um imenso poço profundo, meticulosamente organizado em uma complexa rede de celas e corredores úmidos.

A parca luz vinha de lamparinas bruxuleantes que iluminavam as paredes de pedra. O ar, pesado e fétido, era carregado pelos sons de gritos, gemidos e sussurros.

Vigiada por guardas brutais e, segundo diziam, até mesmo algumas criaturas monstruosas que patrulhavam os corredores, a saída se mostrava impossível de encontrar.

E aqueles que tentavam, tolos demais para conhecer seus próprios limites, enfrentavam armadilhas mortais e a fúria dos deuses que exerciam sua influência naquele lugar.

Aquela era uma prisão de horror e desespero, onde quem entrava jamais poderia sair.

— Essa é uma tentativa de me alfinetar? — lutei contra o tremor em minha voz, referindo-me à ironia de ser aprisionado naquele lugar em específico. — Por favor, sejamos mais maduros. Ninguém aqui é criança.

— Pra um passarinho de merda, tu late pra caralho, hein? — o Deus dos Minérios riu da própria afirmação. — Levem esse puto pra baixo.

Ele parecia ávido pela minha descida.

Os andares inferiores foram sua criação, afinal. Ele deveria estar ansioso para me trancafiar em suas celas esculpidas em pedra.

Como um fofoqueiro nato, era de se esperar que Ziuceg — já é o começo da tortura repetir tal nome tempo todo — seria o primeiro da fila para assistir à minha desgraça. Não era nada pessoal, tratava-se apenas de um deus mesquinho agindo como tal.

Não que para mim não fosse pessoal. Eu o detestava desde o momento em que transformara o santuário fundado pelo meu pai naquela prisão abominável.

Infelizmente, nunca pude fazer nada a respeito disso: o santuário fora construído no território estéril do reino das batidas durante a Era da Paz. Aquela era a terra natal de Ziuceg, não a minha.

— Ouvi dizer que fez de sua prisão um buraco escuro abaixo da terra — comentei enquanto sentia minha gaiola descer em algum tipo de elevador rudimentar —, porque é tão feio que precisa se esconder no breu para não assustar os próprios soldados. É verdade?

Ziuceg grunhiu, irritado. Seu povo sempre foi muito simplista, e aquele deus em particular parecia muito estúpido para pensar em uma resposta inteligente.

É claro que a aparência de um deus podia variar bastante. Eu mesmo não passava de uma cabeça com mãos flutuantes, enquanto os elfos de minha terra costumavam ser conhecidos pelos seus corpos altos e esguios.

Ziuceg, o Deus dos Minérios e Informações, era, sem sombra de dúvidas, um daqueles casos que assustavam até mesmo os outros deuses. Mesmo quem não o conhecia sabia dos rumores sobre seus imensos chifres e olhos peculiares.

— Eu vou me sentir mais brincalhão que tu agora quando gritar de dor e chiar o piado de uma andorinha — ele respondeu, a voz gutural cheia de malícia. — Você sempre foi igual tuas rosinhas de merda, seu filho da puta, e vai desabrochar mais rápido que elas quanto mais tu gritar e espernear como a puta mal amada e orelhuda de suas terras! Minha cabeça rodará de tesão quando as torturas começarem. Espero que esteja mais ansioso que eu, deus das florezinhas.

— Aproveite enquanto pode. Tenho certeza de que os elfos de Gallas não permitirão que me mantenha aprisionado por muito tempo — eu disse, distraindo Ziuceg enquanto tentava exercer minha influência divina restante em seus soldados próximos. Se um deles abrisse a gaiola antes que me colocassem em uma cela, talvez fosse possível escapar.

O sorriso de Ziuceg, no entanto, foi tão afiado que cheguei a senti-lo através da estrutura de cristais que me prendia.

— Nessa mesma merda de momento — ele gargalhou, enfim —, seus "bravos" e "corajosos" guerreiros devem estar rebolando e chorando por piedade, grasnando como as melhores putas e os melhores porcos de Kater, ajoelhados em mãos ocupadas, pedindo ajuda para o deus puto da diplomacia. Que gracinha, não é?

Estremeci com aquela ideia, quase permitindo que o desespero falasse mais alto.

Ele estava blefando. A terra do canto desfrutava de um conhecimento bélico superior ao dos outros reinos.Eles não cairiam facilmente, mesmo que a milícia de Igh tivesse o apoio de Trakrar. Longe disso.

— Não pense que suas mentiras me afetarão. Conheço bem a força de minha terra.

— Mentir? — ele tossiu em um chiado sacana. — Mehronzinho, a florzinha do campo. Não desperdice suas preocupações nos mortais que você tanto ama e chupa à pampa em deliciosidade. Por que aí você não terá preocupações consigo mesmo.

— É mesmo? — perguntei, sarcástico. — Preciso me preocupar se comerei ratazanas vivas ou as fezes de meus companheiros de cela para não morrer de fome de agora em diante? Temo que eu não possua um sistema digestivo, lamento.

— Não se preocupe — uma voz perniciosa que eu não conhecia respondeu antes que Ziuceg abrisse a boca. — Eu serei o responsável por você, e te farei sentir como o melhor canhoteiro do pior dos anexos de Fiei. E lhe garanto que sou ainda pior que Ziuceghulirghiloãnto. Vamos nos divertir muito. Sim, sim. Muito.

Era difícil dizer quem poderia estar falando, já que eu ainda estava preso na maldita gaiola. Mas, para interromper uma conversa do Deus dos Minérios na prisão que o próprio construiu, eu podia imaginar que não se tratava de um qualquer.

Seja quem fosse aquele, não era alguém que estivesse brincando. O gelar da minha nuca me alertou sobre o tom cruel na voz do sujeito.

Nota: Como sempre, capítulo escrito em conjunto com o maravilhoso Niko-Harkuss!!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro