Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 2

Ela não mostrava que estava com medo
Mas se sentir sozinha era demais para suportar
Mesmo que todos dissessem que ela forte
A Little Too Much - Shawn Mendes

Avisto um homem alto caminhando pelos corredores movimentados do hospital. Os seus cabelos escuros perfeitamente penteados e, ao mesmo tempo, contraditoriamente rebeldes, revelam a sua identidade. O playboyzinho do ônibus.

Apresso os meus curtos passos em sua direção, sentindo o meu jaleco se agitar ao redor do meu corpo. Alguns fios ruivos cobrem o meu rosto, e eu sou obrigada a arrumá-lo atrás da orelha.

- Você mentiu para mim. - Estou levemente ofegante e irritada, de alguma forma.

- É, eu sei. - Ele dá de ombros. Os seus olhos permanecem fixos nas fichas com as informações dos seus pacientes de hoje. - Não é exatamente um grande prazer conhecê-la. - Ele enfatiza o "grande prazer" que ele usou para falar comigo há dois dias atrás, quando, infelizmente, fomos formalmente apresentados.

- Não estou falando disso. - Guardo as minhas mãos dentro do bolso do jaleco.

- Bom, eu não menti quando falei que você parece um chihuahua quando está nervosa. - Ele finalmente ergue os seus olhos para mim. Aperto os meus lábios em resposta, o que faz o idiota sorrir largamente. - Viu? Igualzinha.

Respiro profundamente, desviando a minha atenção para um ponto qualquer daquele corredor claro e recém esterilizado.

- Jean e Louise terminam juntos no fim do livro. - Murmuro enquanto cruzo os meus braços e respiro profundamente, acalmando-me.

- Ah, é isso? - Ele inclina a cabeça para o lado, levemente. O sorriso em seus lábios apenas se intensifica, e eu noto um leve tremor em seu pomo de adão. Percebo que ele está silenciosamente rindo de mim.

Alguns enfermeiros que atravessam o corredor nos olham, curiosos.

- Olhe para mim, lindinha. - Scott se aproxima de mim, para que ele possa sussurrar as suas próximas palavras. - Veja se eu tenho cara de quem sabe o fim de algum livro idiota de romance.

O quê? O playboyzinho nunca soube o verdadeiro final de Jean e Louise? Então por que ele se deu ao trabalho de mentir sobre o destino dos meus personagens preferidos? Ora, eu não acredito que passei quase duas madrugadas em claro só para ler o livro o mais rápido possível por conta de uma brincadeirinha.

- Livro de romance é coisa de gente solitária e carente. - A sua voz é baixa, quase inaudível. Scott se afasta de mim, e eu posso finalmente soltar o ar preso em meus pulmões.

- Não sou carente. - Defendo-me, sentindo-me na defensiva por conta das suas palavras. Então, sem esperar a sua resposta, volto a caminhar pelo corredor, procurando pelo meu último paciente do dia.

- Mas é solitária. - Escuto o seu baixo sussurro próximo ao pé do meu ouvido. Seu hálito é quente e se choca contra o meu pescoço.

Ao olhar para o lado, encontro-o caminhando ao meu lado, acompanhando cada mínimo passo que dou. Dessa vez não há sorriso em seu rosto enquanto os seus olhos são direcionados unicamente a mim.

- Mas, me conta, enfermeira Sun... - A sua atenção é desviada momentaneamente à identificação do meu crachá, em frente ao meu peito. - Você fica arrasada quando deixa os seus três gatos sozinhos em casa todos os dias? - Ele imita a minha fala do ônibus.

Há há há. Os gatos são, de alguma forma, ligados à solidão feminina. E essa é sua maneira completamente hilária de me descrever como uma garota sozinha, sem qualquer perspectiva positiva em sua vida amorosa: uma viciada em livros de romance com três gatos para cuidar. Uau.

Que idiota.

- Ah, parte o meu coração. - Apoio a minha mão em frente ao meu coração, exatamente da mesma maneira que ele fez no ônibus quando eu citei o seu Porsche.

Continuo o meu caminho até o próximo e último paciente. E eu reviro os meus olhos lentamente ao notar que Scott permanece ao meu lado em todo o momento, em completo e absoluto silêncio.

Por fim, adentro um dos quartos e finalmente avisto Lizzie, uma paciente de cinquenta anos que recentemente passou por uma cirurgia delicada.

- Oi, Lizzie! - Cumprimento-a animadamente. - Como você está se sentindo hoje? - Pergunto ao me aproximar da sua cama.

- Estou ótima, Sun. - Ela responde com um sorriso doce em seu rosto. Pelo jeito que os seus olhos não acompanham a sua falsa felicidade, sei que ela está sentindo dor. Por isso, faço uma pequena observação mental para me lembrar de chamar um médico. - Você é novo por aqui... - Ela olha para algo além de mim.

Ao me virar para trás, encontro Scott se aproximando lentamente de nós. O garoto está me seguindo? Ele está com um sorriso mínimo em seu rosto e, pela primeira vez, ele parece... genuinamente gentil?

- Oi, Lizzie, sou o Scott, o novo residente. - Ele aponta para o seu próprio crachá de identificação. - Vou acompanhar o seu pós-cirúrgico, tudo bem? - O playboyzinho espera pacientemente Lizzie balançar a cabeça em concordância. - Vou dar uma olhada em seus pontos para avaliar a cicatrização. - Ele aponta timidamente para a barriga da paciente e, antes de fazer qualquer mínimo movimento, ele diz: - Com licença.

Enquanto ele ergue a roupa de Lizzie, delicadamente, dou a volta na cama para observar com atenção a sua bolsa de urostomia. Atualizo as anotações sobre a quantidade de urina que foi expelida agora pela manhã e analiso, por um momento, a data da última troca.

- Dói quando eu toco aqui? - Escuto a sua voz grave. Em seguida, a paciente murmura que não. - Não há sinais de inflamação. E isso é muito bom, Lizzie.

Enquanto isso, deposito a minha atenção completa à sua bolsa de urostomia, que precisa ser trocada hoje. Então, procuro pelas luvas em meu bolso, preparando-me para trocá-la.

- É porque a enfermeira Sun faz um ótimo trabalho. - Lizzie diz, simplesmente.

Movo as minhas sobrancelhas ao ouvir o meu nome. Ergo discretamente os meus olhos a tempo de ver Scott forçar um sorriso amarelo em direção à paciente enquanto faz alguma anotação na ficha em suas mãos.

- É claro que faz. - Ele murmura, e eu sou obrigada a segurar o riso em minha garganta. - Vou renovar a sua medicação. - Scott volta a sua atenção à Lizzie que permanece deitada em sua cama. - Qual é a escala de zero a dez para a dor?

- Disseram que eu não era bom eu continuar tomando morfina... - Ela parece estar confusa ao apertar os seus olhos em direção ao novo residente.

- Não vou deixá-la sentindo dor, Lizzie. - Ele diz, sério.

Por um breve momento eu me lembro de todas as vezes que eu fui obrigada a sentir dor em absoluto silêncio sobre a cama do hospital quando eu estava internada por conta da leucemia, há quinze anos atrás. Lembro que, em algumas situações, médicos e enfermeiros desumanos não me davam morfina, por medo de me viciarem com uma medicação tão forte.

Lembro de todas as vezes que a minha amiga Saturn me acalmou quando a dor se tornava insuportável, e eu me lembro da maneira como ela me ensinou a lidar com a dor - com a pintura e o desenho.

Passo o colo da minha mão sobre os meus olhos quando sinto as lágrimas os alcançarem. Quando não consigo evitar que um leve suspiro ultrapasse os meus lábios, percebo que Scott está me analisando pelo canto dos olhos enquanto abastece a morfina de Lizzie.

- Merda. - Murmuro baixinho ao notar que eu contaminei a luva por passá-la em meu rosto. Uma lágrima solitária escorre pela minha bochecha, entre as minhas sardas. - Pedirei para o enfermeiro Luke trocar a sua bolsa. - Forço um sorriso em direção à paciente enquanto saio o mais rápido possível daquele quarto, sem esperar qualquer resposta ou protesto.

Sinto os meus olhos arderem com as lágrimas que insistem em se fazerem presentes enquanto eu bato o meu ponto, pronta para sair do hospital Lemoine. E elas finalmente escapam dos meus olhos quando eu finalmente me sento no ônibus, a caminho de casa.

Lembranças dolorosas atravessam os meus pensamentos, e é torturante lidar com o passado.

E, ao abrir a porta da minha casa vazia e me jogar sobre o sofá, entre as minhas almofadas coloridas, Maggie se aconchega em meu colo. É incrível como os felinos são capazes de sentir quando os seus donos não estão bem.

Afago-a por um momento, deixando as lágrimas saltarem pelo meu rosto. O seu pelo branco é extremamente macio e eu me sinto mais calma ao tê-la junto a mim, ronronando em meu colo.

Observo a minha casa por um momento, vazia e extremamente silenciosa. Há apenas eu e Maggie aqui, neste lugar. É uma sexta-feira à noite e eu estou chorando com a minha gata. Por alguma razão, eu me lembro das palavras de Scott.

E eu o odeio ainda mais por saber que ele está certo.
Eu realmente sou solitária.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro