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Capítulo 13

Você me disse que eu era como o mar morto
Você nunca vai afundar quando estiver comigo
[...] Eu nasci para ser, ser o seu mar morto
Dead Sea – The Lumineers

– Você vai para a confraternização no fim de semana? – Hope pergunta em um determinado momento. Mas ela ao menos parece interessada em minha resposta, pois está acompanhando os minutos finais do jogo do seu time de hóquei.

– Não sei... – Dou de ombros. A verdade é que eu ao menos me lembrava da confraternização que teremos daqui a alguns dias. Os meus planos para o fim de semana envolvem ler o restante do meu livro e assistir alguns episódios de dorama.

Observo Hope, que, discretamente, já está comemorando a vitória do seu time. Aperto os meus olhos ao me dar conta de algo.

– Como você sabe sobre a confraternização dos funcionários? – Pergunto, inclinando levemente a minha cabeça para o lado. Até onde eu saiba, foi enviado um e-mail aos funcionários, então não há possibilidade alguma de ela saber sobre o assunto.

– O residente Scott comentou... – Ela murmura. Logo em seguida, ela me mostra o tablet com o placar final estampado em sua tela. É obvio que o seu time ganhou. – É pedir muito que o meu time da escola seja tão boa quanto o time que eu torço?

– Mas... – Balanço a cabeça, minimamente. Ignoro qualquer menção ao hóquei, porque sequer entendo as suas regras. – Ele falou se vai?

Ela finalmente desliga o seu tablet e, então, direciona os seus olhos para mim. Um sorriso malicioso preenche o canto dos seus lábios e, no mesmo segundo, eu me arrependo profundamente de ter perguntado.

– Por quê? – Ela quer saber e, em resposta, eu apenas respiro profundamente. – Você vai se ele for, Sun?

– Eu só fiquei curiosa, Hope. – Viro o meu rosto para conferir o acesso em seu braço, onde a sua quimioterapia caí pela última vez, fingindo pateticamente não ligar para o assunto.

– Bom, matando a sua curiosidade... – Ela fala pausadamente, e eu sei que o discreto sorriso continua em seu rosto. – Saiba que o residente Scott vai sim. – Hope alcança um caderno e uma caneta. – Acho bom você ir bem gata.

– Hope! – Exclamo com os olhos levemente arregalados, e ela apenas ri.

Percebo que ela está escrevendo algo em seu caderno, mas não parece estar muito concentrada. A qualquer mínima vibração do seu celular, Hope o confere, ansiosamente. Sorrio ao lembrar que eu fiquei exatamente da mesma maneira na festa de aniversário de Stella.

– E aquele garoto que você gosta? – Sento-me ao seu lado, encostando em seu ombro. – Tem falado com ele?

– Sim. – Ela diz animadamente, ou melhor: fingindo não estar tão animada com o fato. – Amanhã nós vamos sair juntos. – Hope aperta os lábios para conter o sorriso em seus lábios.

– E para onde vocês irão? – Apoio o rosto em minhas mãos, completamente interessada em tudo o que ela tem a dizer sobre o seu primeiro encontro. Porque eu estou tão animada quanto Hope.

– Ele disse que é surpresa. – Ela revira os olhos lentamente. Ah, então é por isso que ela está o tempo inteiro conferindo o celular, para saber que ele irá lhe dar alguma dica. – Espero que ele me leve ao fliperama. Sabe, eu passei semanas falando sobre como eu adoraria ir em um.

– Bem sútil da sua parte. – Eu rio.

– Só dei algumas dicas. – Hope inclina os ombros, inocentemente. – Certo, não ria... Mas o meu sonho é que ele ganhe um ursinho de pelúcia para mim naquelas máquinas. – Ela imita uma garra com as mãos, e é hilário. – E, depois, eu vou amassar ele no Mortal Kombat.

Percebo, pelo canto dos olhos, que ela está escrevendo "Urso de pelúcia para Hope" e "Ganhar Mortal Kombat" em seu caderno. E o título da página é: Encontro. Ergo os meus olhos em completa surpresa, porque jamais imaginaria que Hope fosse do tipo romântica.

– E você? – Ela pergunta.

– Eu o quê? – Pisco algumas vezes, confusa.

– O que você quer que façam por você? – Hope irritantemente bate a ponta da caneta sobre o restante da página em branco, aguardando ansiosamente a minha resposta.

Mordo o canto dos meus lábios enquanto penso sobre o assunto. O que eu gostaria que um homem fizesse por mim? E, enquanto os meus pensamentos voam, o som da caneta sobre o papel martela a minha mente.

– Eu adoraria ganhar flores. – Encosto-me sobre a confortável poltrona cinza. – Margaridas, mais especificamente.

– Mas você já não ganhou margaridas antes? – Ela questiona enquanto pacientemente anota "Flores para Sol" em seu caderno. Sorrio levemente, porque é Stella quem me chama de Sol.

– Ganhei quando eu era criança, no hospital. – E é impossível não me lembrar do carinho transbordante de Ocean e em tudo o que ele fez por mim enquanto estive internada. – Não conta.

O relógio em meu pulso apita em alto e bom som, acordando-me para a realidade. Hope mantém os seus olhos fixos em mim enquanto eu me levanto. Já se passou duas horas desde que o líquido lentamente adentrou o seu acesso. E isso significa que o seu tratamento acabou. Definitivamente.

– Você está pronta, Hope? – É a primeira coisa que eu pergunto quando finalmente retiro o seu acesso e, no lugar, coloco um pequeno e discreto band-aid.

– Você não sabe quanto tempo eu esperei por isso. – Vejo-a respirar profundamente. Há um largo e alegre sorriso em seu rosto. A felicidade transparece visivelmente em seus olhos, e ela parece radiante.

Eu a ajudo a se levantar e, no mesmo minuto, os seus pais aparecem na porta da pequena sala de quimioterapia. E eles estão igualmente radiantes. Nós quatro nos dirigimos ao pálido e frio corredor do hospital.

Alguns médicos e enfermeiros se aglomeram no corredor. Amigos de Hope a esperam com coloridos balões e flores, e um deles segura um buque de rosas. Aposto todas as minhas fichas que esse é o garoto que ela tanto me falou.

Avisto Jackson distante de toda aquela tímida e alegre multidão. Os seus olhos castanhos carregam uma melancolia profunda, e ele sequer consegue sorrir. Por isso, aproximo-me dele, timidamente.

Não trocamos uma palavra sequer desde o dia do nosso quase-beijo.

Observo Hope caminhar demoradamente em direção ao sino pendurado no fim do corredor. Todos a acompanham, felizes por esta ser a sua última quimioterapia. Há lágrimas discretas penduradas nos olhos de todos os presentes.

E, então, eu sinto os dedos macios de Jackson procurarem pelos meus, de maneira discreta. O meu coração salta de maneira completamente irregular abaixo do meu peito quando sinto o calor da sua mão sobre a minha. Jackson Scott Hill acaba de entrelaçar os nossos dedos.

Ergo os meus olhos para o seu rosto, mas a sua atenção está absolutamente voltada à Hope. Então, eu finalmente percebo que ele ainda pensa na morte de Max.

– Você a salvou. Entende isso? – Sussurro enquanto ergo a sobrancelha. – Foi você quem retirou aqueles dois tumores do pulmão dela.

– Eu deveria ter salvado o Max também. – Vejo-o balançar a cabeça em negação. Há dor em sua fala.

– Estava além do seu alcance, Jack. – Suspiro. Aperto delicadamente a sua mão, que ainda está entrelaçada à minha.

Hope finalmente toca o sino e todas as pessoas que estão no corredor comemoram alegremente. Os seus pais erguem os braços para cima, e aplausos ecoam em nossos ouvidos. Hope conseguiu. Ela finalmente está curada da doença que, durante tanto tempo, tirou o seu ar. Ela finalmente está livre do câncer.

Agora Hope e sua família se aproximam de Jackson. Sorrisos largos e genuinamente felizes preenchem cada centímetro dos seus lábios.

– Obrigada, residente Scott. – Ela agradece. Em seguida, vejo-a colocar um pequeno e amaçado pedaço de papel sobre a mão livre de Jackson. E é nesse exato momento que os seus olhos são direcionados para as nossas mãos que ainda estão juntas.

Agora há um maldito sorriso malicioso pendurado no rosto de Hope.

– Muito obrigada por cuidarem da minha filha. – Os seus pais dão um curto passo para frente e, infelizmente, soltamos as nossas mãos para receber o abraço agradecido de seus familiares.

Jackson, após ler o que quer que esteja escrito no papel, guarda-o em seu jaleco. Percebo que Hope pisca para ele, disfarçadamente.

– Seremos eternamente gratos a você, Scott. – A sua mãe diz. E, pela primeira vez desde a morte de Max, vejo-o sorrir genuinamente. Jackson finalmente parece entender o que eu havia lhe dito, minutos atrás.

Então, Hope, seus pais e seus amigos saem pela porta do hospital Lemoine pela última vez.

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