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07 - Mel


A sala de aula está lotada, física é, por incrível que pareça, uma das matérias que sempre têm muitos alunos. As duas primeiras semanas de aula passaram como um borrão e os professores estão empolgados em nos ensinar o máximo possível. Acho que tem algo a ver com ser o nosso último ano.

Os alunos também estão mais focados e tudo parece realmente diferente. Me pergunto se quando entrarmos para a Universidade as mudanças serão ainda mais drásticas? Basicamente é a mesma coisa, mas seremos mais adultos, mais responsáveis e realmente aprender o conteúdo tem um nível significativo no seu futuro.

Eu amo a minha família, mas estou ansiosa para experimentar a vida em uma república; e saber que Kate vai estar comigo torna tudo ainda melhor. Por falar nela, está atrasada de novo.

Pego o celular da bolsa e envio uma mensagem.

Eu: Cadê você?

Sua resposta vem quase que imediatamente.

Kate: Eu já ia te mandar mensagem. Marta está aqui e as coisas não vão bem. Não vou à aula hoje.

Para Marta se descolar do seu valioso apartamento e dar uma pausa na sua vida "corrida demais" para vir até aqui é porque algo de grave aconteceu. Ou talvez, ela tenha chegado atrasada para o aniversário da filha, que foi sábado, mas hoje ainda é terça e para Marta isso não é problema.

Eu: Posso ajudar em algo?

Kate: Se puder passar aqui depois da aula, eu acho que vou precisar de um pouco de colo.

Eu: Vou correndo para a sua casa assim que o sinal bater.

Kate: Te amo!

Eu: Te amo!

Faço uma oração silenciosa para que as coisas fiquem bem com a minha amiga e com Ronald, ele é um homem muito bom e os dois merecem paz. Marta só atrapalha a vida deles, não sei como Deus pode permitir que alguém como ela seja mãe, ainda mais de uma pessoa tão especial quanto a Kate.

Dou um pequeno pulo quando uma mochila é jogada de forma preguiçosa na cadeira ao lado da minha. Levo a mão ao coração e respiro profundamente.

— Você me assustou — exclamo.

— Me desculpa, essa não foi a minha intenção, mas esse é o único lugar vago na sala.

Quando a voz melódica invade os meus ouvidos, rapidamente me viro para ver o dono. Noah Hughes me encara e novamente sinto como se os seus olhos gritassem por socorro. O meu peito comprime e o ar se torna rarefeito. De alguma forma, é como se estivéssemos conectados. E sinto que eu posso ajudá-lo a sair desse mar de dor e solidão que se encontra, só não sei como.

Noah corta o nosso contato visual e parece constrangido. Sinto uma quentura no rosto e tenho certeza que um rubor se espalha pelas minhas bochechas.

No sábado eu tentei puxar assunto com ele, na saída do Wayne's, mas acabei sendo deixada sem nenhuma explicação. Agora, três dias depois tenho a sorte de fazer par com ele em uma aula dupla de física. Quero enfiar a minha cabeça em um buraco.

— Tu... tudo bem — gaguejo.

Ele se senta e vira para frente. O corpo retesado como em todas as vezes que participa das mesmas aulas que eu. Nós nunca ficamos tão próximos, mas ainda assim parecemos distantes.

O seu cheiro é uma mistura de cigarros de canela e menta e colônia. É diferente, mas não ruim. A sua respiração é pesada e ele parece estar se contendo de alguma forma.

— Fica à vontade para me encarar o quanto quiser — comenta de forma um pouco ríspida e percebo que o estava encarando, embasbacada.

Ele deve achar que sou uma louca, só pode. Primeiro falar com ele do nada no Wayne's e agora ficar encarando-o.

— Me desculpa.

Viro-me para frente e tento controlar os meus batimentos que estão alterados.

Noah está na minha sala de Física e Mecânica. Tirando a minha tentativa de interação no sábado, não trocamos nenhuma palavra até hoje, ele sempre está com a cabeça baixa e coberta por um gorro ou pela touca da blusa. Eu faria o mesmo se todos ao meu redor começassem a cochichar quando eu passo.

A especulação sobre Noah é grande, mas ninguém se aproxima dele para conversar ou saber o que é verdade e o que é mentira. A minha curiosidade está em níveis estratosféricos desde que encarei os seus olhos pela primeira vez. Assim como quando aconteceu com Louise, quero poder fazer algo. Agora as coisas são diferentes e sei que o que senti não é coisa da minha cabeça. Noah Hughes precisa de ajuda. E, além disso, algo nele chama a minha atenção desde a primeira vez que o vi. Algo que me faz querer conhecer o garoto por trás da máscara de indiferença que ele mostra para todos. Quero saber quem realmente é Noah Hughes.

— Bom dia — o senhor Jensen cumprimenta ao entrar na sala de aula. As conversas cessam e todos se voltam para ele. — Abram as apostilas na página dez. Vamos trabalhar com magnetismo. — Ele rabisca a palavra na lousa e vira novamente para os alunos. — Alguém sabe me dizer o que é?

— Magnetismo é a capacidade que algo tem para atrair outra coisa para si. Por exemplo, o meu sorriso é um magnetismo para as garotas — Calum zomba e a sala cai na risada.

E eu pensando que ele não conseguiria ser ainda mais desagradável.

— Ou como a sua capacidade de falar besteira é magnetismo para as suas notas baixas — o senhor Jensen rebate.

Os alunos se calam e Calum resmunga, aparentemente arrependido pela brincadeira.

— Alguém mais?

Levanto a mão para responder e todos os olhos se viram para mim, inclusive do Noah, o que me deixa sem palavras.

— Sim, Melissa.

Mordo as partes internas da minha bochecha esquerda, nervosa com a atenção toda sobre mim. Não a atenção da classe, mas a de uma pessoa em especial, que me encara tão próximo que parece enxergar através de mim. Noah tem os olhos diretamente sobre mim e isso me causa sentimentos estranhos.

Miro o senhor Jensen e forço que as palavras saiam dos meus lábios em um tom minimamente normal.

— O... o magnetismo é o que descreve as forças de atração e repulsão entre diferentes materiais.

— Isso, Melissa. Já ouviram aquela expressão de que os opostos se atraem? — Várias cabeças balançam afirmativamente. — Pois então, no magnetismo acontece exatamente isso. Temos dois polos opostos, Norte e Sul, que se atraem ou se repelem dependendo da forma que são unidos. Polos contrários são atraídos e magnetizados, polos iguais se repelem um para longe do outro.

O senhor Jensen começa a desenhar na lousa e continua sua explicação minuciosa sobre os pormenores do magnetismo. Enquanto as palavras saltam da sua boca, penso que Noah é como Sul e eu o Norte, sendo de alguma forma inexplicável atraída para ele, para saber mais sobre ele. Por vezes, o olho disfarçadamente, mas Noah parece aqueles guardas reais que nunca se mexem, só respiram para se manter vivos. Não entendo se ele faz isso porque realmente quer prestar atenção na aula ou se é para que ninguém puxe assunto.

— Embaixo das mesas de vocês há um imã e quatro palitos de fósforo, dois queimados e dois para queimar.

Noah pega a pequena caixa de plástico que contém o imã e os palitos de fósforo e deposita em cima da mesa. O senhor Jensen levanta o material que está em suas mãos e aponta para nós.

— Todos estão com os materiais. Agora tentem magnetizar os palitos. Um de vocês pega os queimados e o outro os não queimados.

Sem dizer nada, Noah pega os palitos que não foram queimados, sem opção, pego os outros.

— Agora encostem eles ao ímã.

Juntos, levamos os palitos a pequena barra de imã que está sobre a mesa. Os meus são imediatamente magnetizados, enquanto os do Noah não sofrem nenhuma reação.

Um burburinho se espalha quando os alunos tentam entender a diferença.

— Silêncio! — o senhor Jensen resmunga. — Agora quero que vocês, em dupla, descubram por que os palitos queimados são magnetizados e os não queimados não. Vocês têm até o fim da aula para me entregar a explicação em um parágrafo de no máximo cinco linhas. Boa sorte.

O barulho da sala aumenta quando as duplas começam a tentar fazer a atividade.

— Alguma ideia de por onde começamos? — indago, sem saber muito bem como puxar assunto.

Pela segunda vez hoje, Noah joga o seu olhar sobre mim e, pela segunda vez, sinto uma sensação estranha, algo que nunca senti antes quando um garoto olhou para mim. Os seus olhos são cor de mel e noto que ele tem uma pequena pinta perto da covinha acima da boca, no lado esquerdo. Por breves segundos, apenas nos encaramos, até que ele balança a cabeça e vira de volta para frente.

Noah abre um caderno e começa a falar baixo.

— A cabeça do palito de fósforo tem óxido de carbono na composição, tipo ferrugem, que é um material que não gera quase nada de magnetismo, por isso antes de queimarmos ele não reage ao imã. — Encaro o meu parceiro feito uma criança que está ouvindo uma história mágica. — Mas quando se queima esse palito, o carbono é liberado e isolado e reage com o oxigênio do óxido de ferro que migra para o carbono, os dois se juntam e são liberados pela fumaça em forma de gás carbônico. O que sobra na cabeça do palito são apenas os átomos de ferro. Ferro é altamente magnético.

— Uau, Noah. — Dizer o seu nome parece tão surreal e sinto uma vontade louca de repetir, as letras parecem ser cantadas quando saem dos meus lábios. — Noah — repito e ele franze a testa. — Isso é incrível, Noah.

Acho que estou agindo como uma tonta.

— Não é nada demais — ele diz sem graça, dá de ombros e volta para sua posição de soldado de guarda real.

— É... eu posso escrever o que me disse?

Ele balança a cabeça de forma afirmativa, mas não diz mais nada ou me olha.

Pego uma folha no fichário e começo a escrever, mas suas palavras não vêm exatas a minha mente. Talvez porque eu estava mais prestando atenção no quanto o seu rosto se iluminou durante a sua breve explicação, como se fosse algo prazeroso falar sobre física.

"Será que ele vai achar ruim se eu pedir para repetir?"

Escrevo e apago algumas vezes, realmente não consigo. Quando Noah disse pareceu tão fácil, mas agora confundo o que se misturou a que, só sei que no fim virou ferro puro.

— Você quer que eu repita? — ele sussurra, chamando a minha atenção.

— Sim — respondo com um sorriso tímido.

Um esboço de sorriso molda o seu rosto e por algum motivo desconhecido eu gostaria de capturar esse momento. É como passar por dias chuvosos e então finalmente ver um feixe do sol.

Noah volta a sua explicação, dessa vez devagar para que eu possa reproduzir no papel. A cada vez que ele se cala, viro-me para ver se consigo ver de novo o feixe de sol em meio à tempestade.

Quando acabamos, leio o texto em uma voz que nós dois possamos ouvir, fazemos algumas correções e está pronto. Como eu previa, ainda faltam alguns minutos para a aula acabar.

Noah volta para a sua posição estática e penso em tentar engatar uma conversa, mas o medo de que ele me deixe falando sozinha impede que eu diga algo. Parecemos dois estranhos sentados um ao lado do outro em um ônibus lotado, onde o único motivo de estarmos próximos é compartilhar o transporte público.

As minhas mãos soam e meus olhos o observam furtivamente, vez ou outra. Os ponteiros do relógio a nossa frente parecem contar um segundo e parar um minuto. A falação ao redor é constante e mesmo assim Noah parece não se abalar com nada.

O seu cheiro parece impregnado no meu nariz e quero dizer a ele que fumar não é uma coisa legal, mas também quero perguntar por que ele fuma? Se ele realmente matou uma pessoa e, se sim, por quê?

— Melissa — ele sussurra o meu nome, o tom usado é tão baixo que penso estar alucinando. Entretanto, apesar da dúvida, me viro para constatar.

Noah me encara pelo canto do olho e fico hipnotizada pela enxurrada de emoções que transmite.

— Noah — sussurro de volta e me sinto como um criança que está tentando não ser pega fazendo algo errado.

— Eu... eu só queria pedir desculpa por ter meio que te deixado falando sozinha no sábado. É que...

— Tudo bem — digo apressadamente, porém quero gritar que isso foi muito idiota da parte dele. — Eu só estava tentando ser legal.

— Eu sei e eu fui um idiota.

— Foi — deixo escapar e ele dá uma pequena risada de canto. Novamente, quero gravar esse momento em uma foto e emoldurar, acho que estou ficando maluca.

— Não estou acostumado com as pessoas sendo legais comigo, acho que dei uma surtada. — Dá de ombros e volta a olhar para frente.

— Como...

O sinal bate, avisando que a aula acabou e a minha pergunta fica no ar. Noah levanta rapidamente e eu faço o mesmo.

— Quer que eu entregue para o senhor Jensen? — indaga, referindo-se a nossa resposta.

— Pode deixar comigo — respondo e me levanto também.

Pego os cadernos para arrumar nos braços e, não sei como, acabo derrubando tudo no chão.

— Merda — exclamo e, antes que eu possa me abaixar para pegar tudo, Noah está recolhendo as folhas caídas e arrumando tudo para me entregar.

Ele se levanta, mas antes de me passar tudo parece observar algo. Quando os seus olhos me encontram, eles parecem... decepcionados.

— Queria ser legal? — Solta um riso de escárnio. — Obrigado, Melissa, mas não preciso que fique com pena de mim.

Noah joga o meu material em cima da mesa e sai apressado. Sem entender nada, olho para os papéis na bancada e encontro o bilhete que Kate e eu trocamos no primeiro dia de aula.

"Assassinato? Não acho que ele estaria aqui se esse fosse o caso!!!!

Eu não gosto de julgar e sinceramente não gostaria de estar na pele do Noah, as pessoas podem ser cruéis quando se sentem de alguma forma ameaçadas. Sinto pena dele.

Paro de ler quando entendo o que fez Noah pensar que estou com pena dele.

Droga, nós sempre nos livramos dos bilhetes, não sei como não fiz o mesmo com esse. Agora Noah acha que eu estou tentando ser legal por pena. Eu tenho pena de toda essa situação e não diretamente dele. Não tentei me aproximar do Noah por isso, eu só... Só não sei ainda, mas não foi por pena.

— Melissa, vai me entregar? — o senhor Jensen pergunta e reparo que estamos apenas nós dois na sala de aula.

— Claro, me desculpe.

Sigo até a sua mesa e entrego a folha.

— Está tudo bem? — Ele me olha de lado e parece genuinamente preocupado. — O Noah saiu da sala tempestivamente e você parece meio perdida. Aconteceu alguma coisa entre vocês?

O senhor Jensen presta atenção em tudo, tudo mesmo, que acontece na sua sala de aula.

— Não aconteceu nada — minto. — Noah queria ir ao banheiro antes da próxima aula e eu estava apenas conferindo se não ficou nenhum erro.

Ele não parece acreditar muito, mas apenas acena com a cabeça e me dispensa.

Preciso esclarecer as coisas com Noah, mas ele já deve ter ido para a sua próxima aula e eu preciso ir para a minha. Isso vai ter que esperar um pouco.

Belo dia para Kate me deixar sozinha. 

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