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06 - Noah


Apesar do dia quente, uma brisa torna o calor suportável. Suor escorre pela minha testa e minha garganta pede desesperadamente por um copo de água bem gelada. Como Kristen quer fazer parecer que somos a família perfeita, agora tenho que voltar a ajudar nas coisas de casa. Como aparar a grama, por o lixo para fora, levar e buscar algumas peças na lavanderia, limpar as folhas das calhas e outras coisas.

Por isso, ao invés de estar aproveitando este sábado maravilhosamente ensolarado para ficar fazendo vários nadas, jogado no tapete do meu quarto, estou aparando a grama depois de ter limpado as calhas.

Meus fones de ouvidos, fiéis companheiros, estão fixados nos meus ouvidos para que o som auto dos Beatles impeça que o mundo ao redor invada o meu espaço.

Desligo o cortador e vejo a pilha que se formou, tenho que retirar tudo e colocar dentro de um saco. Passo uma mão testa e limpo o suor que escorre. Olho em volta em busca dos sacos e me deparo com dois pares de olhos curiosos. Retiro os fones de ouvido e os deixo pendurados em meu pescoço.

Perto de mim, no jardim da minha casa, estão dois garotos de mais ou menos oito anos de idade. Um ao lado do outro, os dois me encaram curiosos. A cor de pele escura de um e clara do outro dá um perfeito contraste entre os dois.

— O que querem aqui? — pergunto.

— Qual o seu nome? — o garoto negro, um pouco maior que o outro, indaga.

Como se estivessem programados para uma coreografia ensaiada, os dois dão alguns passos para se aproximar de mim.

— Eu sou Noah. E, vocês, quem são?

— Eu sou John — responde o loirinho.

— Eu sou Heath — diz o outro garoto.

— O que estão fazendo aqui no meu quintal?

Eles se entreolham e um bate no ombro do outro enquanto sussurram: "diz você" "não, o combinado foi você falar."

— Então? — insisto.

— É... a... gente... — John gagueja.

— Vocês?

— A gente... — Heath tenta. — Sabe o que é? — Bate uma mão na testa e fecha a boca em uma linha fina. — Pede você, John?

Os dois se entreolham mais uma vez, em uma conversa silenciosa. John me encara e depois de uma puxada de ar começa a falar:

— O Heath e eu estávamos jogando bola no quintal dele, eu disse para ele chutar devagar, mas ele não escutou, aí a bola voou e agora está em cima daquela árvore e a gente não consegue pegar. — Aponta para uma árvore no quintal da casa ao lado. — Aí a gente viu você aqui e eu pensei que como você é bem grande, pode ajudar a pegar a bola.

— Por favor — acrescenta Heath.

Olho para os dois garotos e lembro da época em que eu era exatamente como eles e os meus problemas eram do tipo uma bola em cima de uma árvore ou ter que esperar até o sábado para brincar com James, um antigo amigo.

Alguém disse por aí que só damos valor para as coisas quando as perdemos, acho que isso nunca fez tanto sentido na minha vida. Há apenas alguns anos eu era um garoto feliz, com pais que me amavam, uma irmã que me enchia o saco e um avô que era o meu super-herói. Há apenas alguns anos eu não conhecia a maldade do mundo, não sabia que as coisas podiam mudar de um dia para o outro e eu nunca mais voltaria a ser quem era antes.

— Eu disse que ele não ia querer — Heath resmunga, desanimado.

Percebo então que me perdi em pensamentos enquanto encarava os dois garotinhos.

— Me mostrem onde está a bola — digo e John olha para o amigo com ar de "eu te disse".

Os dois se viram e começam a caminhar, os sigo mantendo um pouco de distância.

Entramos no quintal vizinho ao meu e os dois param em frente a árvore que John apontou. Olho para cima e vejo que a bola ficou presa entre dois galhos. Para mim não está alto, mas para duas crianças pequenas, sim.

— Você consegue subir lá e pegar? — Heath questiona, desconfiado.

— Claro que ele consegue, olha o tamanho dele — John responde exasperado.

Os dois voltam a me olhar e começo a ficar incomodado com as encaradas que me dão. Se continuarem com isso, quando crescerem vão dar medo em alguns garotos no colégio.

— Por que não chamaram o pai de vocês? — pergunto com uma sobrancelha arqueada.

— Meu pai não está em casa e se a gente chamar a minha mãe ela vai ficar falando um monte. — Heath dá de ombros.

— E como você é grande — John faz questão de frisar o grande e lança um olhar irritado para o amigo —, eu disse que pode pegar. Você pode, não é?

— Sim.

Sem querer estender o assunto, com uma destreza de quem subiu em várias árvores quando pequeno, subo nos galhos e resgato a bola dos garotos.

— Eu falei para você, bobão — John provoca.

— Eu não sou bobão — Heath se vira para o amigo e os dois parecem que vão trocar alguns tapas. Aquelas brigas saudáveis que todas as crianças têm.

Rapidamente pulo na frente dos dois e eles dão um passo para trás.

— Se brigarem eu coloco a bola na árvore de novo e vocês ficam sem, entendido? — ameaço e os dois balançam as cabeças rapidamente.

— Heath! John! — Uma voz grita não muito longe e os garotos arregalam os olhos. — O lanche está pronto.

Heath pega a mão do amigo e começa a arrastá-lo.

— Vem, eu tô morrendo de fome.

Os dois começam a se afastar sem ao menos de despedir.

— De nada — sussurro e começo a andar de volta para o meu quintal.

Já estou perto da pilha de grama que preciso recolher, quando sinto minha mão ser puxada para trás. Viro-me e John me olha.

— Eu esqueci de dizer obrigado — diz um pouco ofegante, ele veio correndo.

— De nada — respondo.

— Você é um cara bem legal para a sua idade, Noah.

Suas palavras me pegam de surpresa. Faz tanto tempo que não recebo nenhum tipo de elogio, de ninguém, que fico sem saber como reagir. As pessoas deveriam aprender a elogiar mais e criticar menos.

John ainda me encara, como se esperasse uma resposta. Pigarreio para desfazer o nó na minha garganta e cuspo um obrigado gaguejado. O garoto assente, solta a minha mão e começa a caminhar de volta para o quintal vizinho.

— John — chamo e ele se vira, — você também é um cara legal para a sua idade.

Ele sorri orgulhoso e mais uma vez sou pego de surpresa.

Um elogio.

Um sorriso.

Acho que esse dia não pode ficar mais estranho.

Ainda fico parado por alguns segundos, digerindo as emoções que me consomem por dentro. Acho que quando você está no total escuro, até um vaga-lume serve de lanterna.

Quando termino os meus "afazeres" já é quase noite. Subo para o meu quarto e tomo um banho rápido. Allan e Kristen foram passar o dia com Hillary na Universidade que ela estuda em Greensboro, ela tentou me convencer a ir junto, mas não estou em clima para passar quase quatro horas dentro de um carro em total silêncio com os meus pais e fingir que somos a família perfeita por um dia todo. Acho que a minha recusa ajudou na lista de tarefas que Allan deixou.

Desço para a cozinha e não acho nada decente para matar a fome que estou sentindo. Penso em pedir uma pizza, mas me bate uma vontade de comer uma das bombas calóricas do Wayne's. Não fica muito longe da minha casa e até que está agradável para uma caminhada.

Menos de vinte minutos depois e estou na porta de um lugar lotado de adolescentes. É sábado a noite, claro que o lugar estaria cheio. Por breves segundos acho que a ideia de voltar para casa e pedir uma pizza é bem melhor, mas meu estômago ronca e como já estou por aqui mesmo, posso só entrar, pedir, pegar e sair.

"Apenas entre, pegue o que quer e saia.", repito mentalmente.

Atravesso a porta de vidro e ninguém parece notar a minha presença, a música está alta e há várias pessoas falando ao mesmo tempo. Uma verdadeira bagunça.

Com um pouco de dificuldade, consigo chegar até o balcão. Briana, a dona do lugar, vem me atender com um sorriso no rosto. O segundo que recebo em apenas um dia.

"Ela sorri para todos os clientes" meu subconsciente grita.

— Boa noite, Noah — ela diz o meu nome e estende um cardápio. — Escolhe o que vai querer enquanto vou levar o pedido da mesa 10, eu já anoto o seu — avisa e sai.

Fico em dúvida entre perguntar como sabe o meu nome quando voltar ou deixar pra lá. Desde que comecei na escola já vim aqui várias vezes e além do mais eu sou "o cara que matou alguém e está solto mesmo assim.", não é muita novidade que alguém saiba o meu nome ou que ache que sabe tudo sobre mim.

Briana reaparece na minha frente minutos depois, com um caderno nas mãos e o sorriso ainda animado.

— Já escolheu? — indaga.

— Vou querer dois Bacon, Egg and Cheese e uma Coca para viagem.

— Já trago. — Ela dá uma piscadinha e se vira em direção a cozinha.

— Obrigado.

Permaneço com os cotovelos apoiados no balcão e a cabeça baixa, tentando não chamar atenção. Uma música animada toca ao fundo e memorizo uma estrofe para pesquisar mais tarde, a letra é bem interessante.

Um tempinho depois, Briana traz o meu pedido, pago e sigo para a saída. Estou perto da porta quando alguém tropeça em mim e acabo derramando metade do meu refrigerante.

— Não olha por onde anda, cara? — um idiota da minha turma de física grita e acaba me empurrando para cima de alguém.

Como sou pego despercebido, não consigo desviar antes de me chocar contra outro corpo. Dessa vez de uma garota que eu não faço a mínima ideia quem seja.

— Idiota, presta atenção — ela resmunga e se afasta.

Idiotas!

Ignoro a sua estupidez, arrumo a tampa do copo e volto a andar sem me importar com nada. Saio pelas portas de vidro e sou brindado pela brisa refrescante da noite.

— Da próxima vez peça uma pizza, idiota — resmungo para mim mesmo.

— Eu amo pizza, mas nada se compara ao Bacon, Egg and Cheese do Wayne's — uma voz diz ao meu lado e quase pulo de susto.

Olho para o lado e vejo a garota dos olhos de oceano me encarando. Assim como na primeira vez, ela parece saber como derrubar o meu muro e enxergar através dele.

— Não liga para o Calum, ele é um idiota — ela diz, quando vê que não vou responder ao seu comentário.

A garota desvia o seu olhar e parece envergonhada por ter puxado assunto com um estranho, ela sabe que não sou mudo pois estava no primeiro dia de aula, quando fui obrigado a me apresentar. Mas pela primeira vez em muito tempo, nesse momento eu gostaria que ela pensasse que não posso falar, assim não teria como ter certeza de que sou um verdadeiro idiota que não consegue responder a um simples comentário.

— Você tem razão — cuspo as palavras com dificuldade.

Ela tenta sorrir, mas sai mais como uma careta. A garota enrola os fios de cabelo amarrados em um rabo de cavalo e percebo que está totalmente constrangida com a situação.

— Por... por que você não fica mais um pouco? — indaga hesitante. — Nem todos são idiotas por aqui — completa.

Fico confuso com a sua atitude. Será que hoje é algum tipo de dia "seja legal com um esquisito" ou coisa do tipo. E o mais engraçado é que olhando bem para a garota, os seus olhos lembram os do John. Acho que a fome deve estar fazendo alguma merda com o meu cérebro.

— Eu preciso ir — digo de repente e, antes que ela fale algo, me viro e saio andando depressa.

Algo me diz para olhar para trás, mas não o faço. Não quero ver os seus olhos me analisando como um livro aberto. Me acostumei tanto a ser diretamente ignorado pelas pessoas e fazer o mesmo com elas, que não sei como agir quando alguma decide falar comigo.



***  

Boa noite, galera. 

Como estão? 

Como havia prometido postar capítulo também as sextas, porém, essa não rolou por um probleminha na internet, liberei dois para não sair do cronograma. 

Não esqueçam de comentar, votar e indicar para todo mundo. 

Galerinha de Curitiba e região, dia 09/02 estarei no evento Romanceando no espaço Casa da Leitura Wilson Bueno, quem quiser participar e me dar uma grande abraço será muito bem-vindo. 

Beijos, 

Carol Cappia


Indicações de leituras no Wattpad: 

Jogada de Marketing - JuliaFernandesSF

Minha cura - Danda_de_alencar

Set Point - RMCordeiro

Diamante Negro - @AlessandraCastro2011


  

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