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04 - Noah



O despertador toca e sinto vontade de jogá-lo na parede. Eu odeio ir à escola. Não exatamente pela escola em si, mas as pessoas que a frequentam. Odeio o olhar de julgamento que elas te lançam, como se pudessem entender o que se passa na sua cabeça ou se soubessem toda a história por de trás do que espalham por aí.

Kristen está confiante de que as coisas serão diferentes, que mudar para Charlotte é uma espécie de recomeço bizarro onde podemos deixar tudo para trás e fingir que somos a família feliz de um dia. Sua ficha ainda não caiu para a realidade, ela não percebeu que o seu filho é um assassino e as pessoas vão olhar torto para todos nós, sempre, onde quer que formos.

Tomo um banho rápido e visto uma roupa qualquer, pego um gorro preto para cobrir a cabeça e evitar que me encarem diretamente. O meu telefone toca quando estou saindo do quarto, mas ignoro. Não estou a fim de lidar com a animação da minha irmã logo pela manhã. Hilary é apenas três anos mais velha que eu, mas acha que pode bancar o papel da Kristen e ser a mamãe.

Quando desço as escadas, Kristen e Allan, vulgo meus pais, já estão tomando café. Eles me olham apreensivos, como se eu fosse uma bomba prestes a explodir. Isso me enfurece. Dói saber pelo olhar dos seus pais que eles têm medo de você, que acham que você tem coragem de enfiar uma faca em qualquer um porque fez isso com...

— Bom dia, Noah — Kristen cumprimenta com um sorriso amarelo. Ela aponta uma cadeira ao seu lado. — Toma café com a gente?

Por breves segundos vejo apenas o olhar de uma mãe que quer desfrutar a companhia do filho, mas ele logo passa.

— Valeu, estou sem fome — recuso e me viro para ir em direção a porta da rua.

— Noah, espere. — A voz do Allan me detém e com um suspiro profundo giro nos calcanhares e encaro meu pai. Ele se levanta e para à minha frente. — As coisas vão ficar bem agora. Por favor, tente não se meter em confusão — diz sobriamente.

Os seus olhos suplicantes encaram os meus. Sinto vontade de rir, depois de tudo o que passei ainda sou obrigado a ouvir isso.

Mordo minha língua para evitar soltar um palavrão e assinto com uma balançar de cabeça. Allan levanta a mão para tocar o meu ombro, mas ela fica parada no ar e logo volta para o lado do seu corpo.

Balanço a cabeça em negativo e viro rapidamente em direção a porta. Ainda posso ouvir a voz chorosa da minha mãe.

— Isso nunca vai mudar, Allan. Noah nunca vai voltar a ser como antes.

Engulo o bolo que se forma na minha garganta e caminho até o ponto de ônibus. Algumas pessoas me olham e imagino o que estão pensando. "Olha lá o criminoso, como deixam ele andar na rua assim."

Foda-se.

Um grande foda-se para a sociedade. Para o mundo. Foi justamente por isso que escolhi me isolar de todos.

O ônibus passa uns dez minutos depois, já que sai bem adiantado de casa. Procuro um lugar ao fundo, conecto os meus fones de ouvido e The Beatles começa a soar bem alto, acobertando os sons externos ao meu redor, deixando-me imerso no meu mundo solitário.

A voz do meu avô vem na minha memória, ele costumava cantar essa música para mim, trocando o Jude pelo meu nome. Eu adorava, é a nossa música.

Hey, Jude, don't make it bad

Ei, Jude, não fique mal

Take a sad song and make it better

Pegue uma canção triste e torne-a melhor

Remember to let her into your heart

Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração

Then you can start to make it better

Então você pode começar a melhorar as coisas.


"Por que me deixou, vovô? Por que teve que partir?", pergunto-me em pensamento. As coisas seriam tão diferentes se o meu avô ainda estivesse aqui. Mas ele teve que partir quando eu tinha apenas doze anos e deixar um buraco vazio no meu peito.

O ônibus para em frente à escola e os alunos descem apressados, sou o último a sair e sinto uma enorme vontade de voltar para dentro quando vários pares de olhos me analisam com um pré-julgamento estampado.

Não sei como Kristen achou que as coisas seriam diferentes aqui. Tenho certeza que ela comentou com alguma vizinha, que comentou com outra, que comentou com a filha ou filho e agora a escola toda parece saber sobre o que aconteceu há um ano.

Ajusto o gorro para cobrir ainda mais o meu rosto e sigo em direção a entrada. Quando acho o meu armário, coloco algumas coisas e pego uma folha com os horários das aulas. A Charlotte Country Day School é uma escola grande, mas nada difícil de se achar. As salas são sinalizadas e de fácil acesso.

Olho para o relógio e vejo que ainda estou adiantado. Sigo para os fundos do prédio e procuro um lugar vazio, que eu não vá ser incomodado ou pego por algum professor ou funcionário.

"Por favor, tente não se meter em confusão." As palavras do Allan povoam os meus pensamentos.

— Claro, papai — sussurro para mim mesmo enquanto caminho.

Tirei o modo de repetição do celular e agora Help! soa nos meus ouvidos. Vovô amava os Beatles e acabei pegando isso dele. Ou talvez seja a forma que tenho de me manter conectado de alguma forma a ele.

Alguns minutos de caminhada e encontro uma sala cheia de tranqueiras no fundo do prédio. O lugar parece abandonado e pelo tanto de teia de aranha, acho que ninguém entra aqui há um bom tempo.

Puxo uma carteira velha e limpo o excesso de poeira com a mão mesmo. Se esse vai ser o meu esconderijo, preciso lembrar de trazer algumas coisas para deixar o lugar de um modo que eu não fique sem ar com tanta poeira.

Meus dedos tremem e ansiedade me toma quando puxo o maço de cigarros do bolso da calça. Retiro uma unidade e levo a boca, acendo com o isqueiro e dou um profundo trago com os olhos fechados. A fumaça se esvai quando solto lentamente e me sinto relaxado.

"Você ainda vai acabar morrendo por causa dessa porcaria." Posso ouvir a voz do vovô me repreendendo. Ele nunca chegou a me ver fumar, esse vício adquiri anos depois que ele me deixou, mas sei que é algo que ele não aprovaria de jeito nenhum.

Os minutos se passam e ficar aqui, apenas com os meus cigarros e as boas e velhas músicas dos Beatles, parece tentador, mas preciso encarar o mundo e seguir em frente.

Termino o meu cigarro bem quando o primeiro sinal bate. Enfio uma bala na boca e borrifo um pouco de uma colônia que ganhei da Hillary no Natal passado, para disfarçar o cheiro de canela e menta dos cigarros.

Ouço vozes quando me aproximo da porta e espero alguns minutos até que o silêncio reine e seja seguro sair. Acabo perdendo a hora e entrando atrasado no meu primeiro dia de aula.

Os cochichos começam assim que piso meus pés na sala de aula, mas faço questão de ignorar cada pessoa dentro do ambiente. São todos um bando de hipócritas que não sabem nada sobre mim e mesmo assim estão me julgando. Pelo menos isso os mantém afastados e me evita a dor de cabeça de ter que bancar o idiota para manter todos longe.

"Desculpe, Kristen, aqui também não vai dar para brincar de família perfeita." penso ironicamente.

As horas se arrastam no relógio à minha frente, que é o meu ponto de concentração. Mantenho-me em silêncio e sem olhar para os lados, presto atenção apenas no que interessa para passar na matéria.

São apenas alguns meses...

São apenas alguns meses...

São apenas alguns meses....

Não interessa o que eles pensam sobre você...

Não interessa o que eles pensam sobre você...

Repito as frases como um mantra e assim consigo aguentar duas aulas inteiras.

O sinal bate e os alunos começam a sair apressados, continuo sentado, juntando forças para encarar o corredor cheio de olhares e sussurros.

Faltam apenas alguns alunos, levanto os olhos para ver quantos e me deparo com um par de olhos claros sobre mim, eles lembram o oceano e me causam uma sensação de afogamento. Engulo o nó que se forma na minha garganta e sinto como se estivesse em meio a um furação de sensações. O muro que protege os meus sentimentos parece ruir de uma vez só e uma enxurrada inunda tudo ao redor.

Os nossos olhares estão conectados e, mesmo sem dizer uma palavra, é como se essa garota soubesse tudo o que penso e sinto. É como se ela pudesse simplesmente me virar do avesso e me deixar exposto para sua apreciação. É assustador, mas também reconfortante que alguém consiga enxergar além do forte que me escondo. 


***


Boa madrugada, galera. 

Então, o que acharam de conhecer um pouco mais sobre o nosso nem tão mocinho assim? Deixe aqui nos comentários. 

Ah, vou começar a postar três vezes na semana agora, então teremos capítulo aos domingos, quartas e sextas. Não esqueça de votar, compartilhar com todo mundo e comentar. 

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Carol Cappia

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