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Tudo que ela não era capaz de entender


- Preciso que saia. – Hee-Ah disse abraçando seu corpo ainda segurando o caule daquela flor. Seu irmão a observou meticuloso, como se pudesse ler seus pensamentos e isso era constrangedor. – Tenho que me vestir, por favor. – Deu um passo para o lado, deixando a passagem para a porta livre e ele então ajeitou sua postura e deu o primeiro passo.

- Estarei do outro lado da porta, se algo acontecer, me chame. – Ela apenas concordou com um aceno de cabeça e esperou para que estivesse sozinha novamente.

Correu pelo quarto de banho buscando por mais flores como aquela, mas não achou nada. Ela era a única que estava ali, como se fosse exclusivamente dela. Que significado teria? Justo depois de vê-las nos aposentos de sua mãe?

Por um instante o ar pareceu exaurir do ambiente e ela levou a mão à garganta, mas logo se assustou com a quantidade de tinta que tinha e em como deveria estar suja novamente. Correu até a banheira, jogando a flor no chão e passando a lavar as mãos e o pescoço, secando as áreas com o robe e vendo resquícios daquela tinta no tecido.

Buscou pelas vestes novas e se trocou com velocidade. Que estranho, costumava ter as servas da dama a esperando para poderem fazer esse trabalho, mas tudo estava incrivelmente silencioso. O que estava acontecendo naquele palácio?

Não viu o tempo passar, sua mente estava longe e perdida em uma quantidade absurda de perguntas que a deixavam ainda mais confusa. Questionava-se sobre o que poderia ter sido diferente se ela tivesse vivido esse tempo todo no palácio e se isso realmente poderia ter mudado as coisas de alguma forma, mas no fundo a resposta que mais se encaixava a esse pensamento era não... As coisas estavam além do poder dela e isso a frustrava de uma maneira arrebatadora.

- Hee-Ah? – A voz de seu irmão a trouxe de volta para a realidade e então olhou para a flor no chão, a deixando ali e caminhando para a porta.

- Estou pronta.

- Vou acionar os guardas reais para te proteger e investigar, vamos aos seus...

- Não! – Disse com velocidade. Não queria que tudo estourasse, os boatos só ficariam pior, ela seria considerada sucessora da loucura da mãe como já estavam comentando. – Não precisa.

- Como não precisa? Você está alheia a tudo que já te aconteceu em 3 dias?

- Não, eu não estou. Muito pelo contrário, eu estive por muito tempo e do nada tudo está caindo no meu colo e eu preciso resolver essas questões com zelo.

- Do que está falando? – Seus olhos buscavam nos dela a verdade, havia nele a brandura misturada com proteção que ela cresceu recebendo dele. Aquele cuidado extremo de sempre estar no lugar certo e na hora certa para ela, como se o destino os unisse sempre que fosse necessário, pois ambos precisavam do apoio mútuo.

Seu silêncio diante da pergunta dele o deixou ansioso, suas mãos seguravam com força a sua fiel companheira embainhada, a jingum verde que brilhava como uma obsidiana. Seus dedos tencionavam como se fosse o necessário para esconder o ímpeto de cuidá-la.

- Fiquemos juntos esta noite, eu te explico o que está acontecendo e você me garante segurança.

- Feito. – Suas mãos caíram da arma e então o silêncio os abraçou novamente. Era risível o embaraço dos dois, sendo que antes ambos brincavam de lutinha no meio dos jardins e fugiam das babás quando pegos.

Sejong costumava "sequestrar a princesa" sempre que se sentia entediado, a levando para os jardins ou para os bosques, onde subiam em uma árvore frutífera e colhiam um pequeno banquete para ambos.

Ele a ensinara a segurar uma jingum sem medo de se machucar, explicou como deveria se proteger e quando cansado, lia livros de contos e lendas para ela. Sejong era um devorador de livros, diziam que seu quarto parecia ter mais exemplares raros que a biblioteca real, e seu conhecimento era um trunfo do Rei.

Quando longe, ambos não mantinham o contato, por mais que Hee-Ah enviasse cartas e esperasse pelas dele, o príncipe nunca se dera o trabalho de respondê-las. Ficavam distantes e sua ausência doía como se fosse um machucado físico. Chegava a sonhar com seu irmão e acordava chorando ao se deparar com a dura realidade.

Ele era seu protetor, e sempre seria. O ver já a deixava em paz, mesmo tendo perdido a conexão que tinham.

Dos 8 aos 10 anos Hee-Ah sequer pisou no castelo, e quando se reencontraram foi naquele embaraçoso encontro armado pelo destino. Depois que vira faíscas em seus olhos, ele passou a manter distância da irmã, a deixando desamparada e confusa.

A princesa fugia das aulas e se esgueirava para perto do campo de treinamento, passando horas o vendo treinar lutas com a jingum, corpo a corpo e sua incrível habilidade com arco e flecha.

Uma vez, quando foi pega pela babá escondida entre os pilares do palácio aos 12 anos, Sejong veio correndo do campo de treinamento e se impôs entre a mulher e a irmã, recebendo do nada a punição com a vara que seria da princesa. Foi uma surpresa tão grande para todos que depois disso a senhora Na nunca voltou a usar a vara.

Para Hee-Ah, aquele momento foi maravilhoso. Seu medo se tornara admiração ao reconhecer o príncipe como homem. Aos 17 anos, o corpo de Sejong já parecia mais com o de um homem maduro, graças aos treinos ele tinha conquistado um físico de dar inveja aos mais habilidosos dos guerreiros. Havia crescido também e sua expressão era vigorosa e incompreensível.

Seu apelido Corcel Negro ganhou peso e histórias sobre sua força foram criadas pelo reino. Muitos o temiam pela falta de expressão, mas para a princesa seu corpo dizia tudo que guardava no coração. Aprendeu a lê-lo nos mínimos detalhes.

- Me perdoe, príncipe. – Senhora Na se curvou até o chão, pedindo perdão pelo ato.

- A senhora tem o costume de usar essa vara na princesa?

- É uma forma de aprendizado.

- Eu discordo. Se eu a ver usando novamente como arma de punição irei relatar ao Rei, sei que ele não aprovaria esse tipo de ensinamento e se a senhora tem usado esse meio, com certeza é longe dos olhos de meu pai.

- Me perdoe.

O príncipe chutou a vara para longe e olhou de relance a princesa, que segurava a barra da saia e permanecia estática o observando. Sua postura rígida mostrava a tensão que a imaginação de ver a irmã apanhando duramente o causava. De punhos cerrados e respiração desconforme, ele pulou o cercado do corredor aberto e voltou para o meio do treino.

Aquele mesmo príncipe de 17 anos era o de 25 anos na sua frente e isso a fascinava, era como se nada tivesse mudado, mas havia.

- Não podemos ficar juntos no seu aposento. – Ele disse a dando as costas. – Vamos para a biblioteca.

Guiando o caminho em silêncio, Hee-Ah o acompanhava receosa, queria falar mil coisas com ele, queria poder ouvir mais a sua voz, mas não se sentia capaz de quebrar essa espessa barreira que ele criava. Quanto mais tempo juntos passavam, mais grosso ele ficava e a princesa se sentia mais distante.

Seus passos eram apressados, fazendo com que ela aumentasse a velocidade dos dela, logo sentindo sua respiração se alterar e o coração pulsar. Por que correr? Os servos os observavam em silêncio e isso a assustava. Desde que soube dos boatos passara a desejar ser invisível aos olhos de todos.

- Algum problema? – Sejong perguntou, mas sua voz parecia tão distante... Ela ergueu seus olhos e viu que havia desacelerado quando seus pensamentos ficaram mais intensos. Voltou a apressar seus passos e alcançou o irmão que havia parado.

- Desculpa. – Sussurrou voltando a encarar o chão.

- Seus pés não sairão do chão, não precisa os vigiar. – O olhando, se surpreendeu com o comentário. – Ergue a cabeça ou vai ficar zonza pela falta de fôlego, parece que não tem o costume de caminhar.

- Na verdade, tenho sim, não tenho o costume de correr... – Comentou olhando para o lado e o príncipe riu internamente, soltando mínimos sons de sua risada.

- Não estou correndo, você que tem pernas pequenas demais.

- Imagina se estivesse correndo... Por isso é o Corcel Negro. – Segurou a barra da saia para poder não se preocupar em se enroscar nelas, mostrando assim seus pés e tornozelos.

- Não sei de onde tiraram esse apelido. Nunca fez muito sentido para mim.

- Isso me surpreende, é algo tão claro que só bastava se olhar no espelho. Seus cabelos, seus olhos, suas habilidades... É como se fosse um corcel indomável. – Sorriu, a princesa gostava desse apelido, achava que lhe caía muito bem, já que seu irmão era igualmente indomável.

- Meus olhos? – Ele parou e então sua irmã parou um pouco mais a frente, sob o arco Bulromun.

- Eles são profundos e negros como uma noite sem luar. Dependendo do seu humor sou capaz de ver certas faíscas, principalmente quando está bravo ou incomodado. – Se lembrando do momento que havia a protegido anos atrás, Hee-Ah sorriu delicadamente. Seu coração se enchia de felicidade com o seu passado, mesmo que tenham sido poucas as lembranças entre os intervalos de anos, as guardava com muito amor. – Seus olhos são as portas dos seus mais profundos sentimentos, mas acho que poucas são as pessoas que conseguem enxergar isso, por isso sentem medo do seu olhar, ele é selvagem e independente. – Ela deu as costas passando pelo arco e viu a biblioteca grande e poderosa diante de si. – Seus olhos dizem a verdade e guardam muita beleza.

- Beleza? – Bufando, passou pelo arco e então parou ao seu lado e a princesa se virou para olhá-lo nos olhos. – Se vê beleza em meus olhos é porque os seus são os verdadeiros donos de tal, há tanta beleza em você, por dentro e por fora, que é capaz de enxergar a si mesma nos olhos dos outros, irmã.

- Não estou sob nenhuma obrigação de te provar o contrário, mas se for necessário te lembrarei muitas vezes da beleza que você esconde no olhar. – Sorriu e então passou pelo irmão que permanecia em choque.

Contornando o lago, viu o luar tão brilhante refletido na água, a hipnotizando a ponto de seu corpo andar e sua visão permanecer naquela bola de luz em meio à escuridão. Quanta poesia se escondia no silêncio da natureza. Isso a lembrou das noites de verão que fugia no campo para observar o céu, caminhava sem rumo e então voltava quando sentia que estava pronta para dormir.

A paz que sentia nesses momentos mostrava o quão longe estava dela. Sentia medo agora, desde que viu o desespero gritar em sua mãe, quase a engolindo e desencadeando uma crise. Tinha também a flor tingida de vermelho, que não parecia ser bom presságio... O palácio estava tão estranho.

Mas muito além da sensação de que as pessoas estavam estranhas, ela guardava em si a sensação de quem era estranha mesmo era ela própria. Ela era a única estranha que parecia não conhecer ninguém dali e por isso os estranhava continuamente. Muitas coisas pareciam novas e jamais vistas, tudo tinha um brilho diferente, o mesmo brilho de quando uma criança observa pela primeira vez.

A sensação a assombrava como uma sombra, quanto mais luz tinha, mais nítida ficava e ela se questionava, causando tontura, moleza, palpitações... Mas quanto mais escuro ficava, menos ela via aquela sombra e tudo até parecia fazer sentido.

Que nada do que se pensa saia pela boca em voz alta, seria trancafiada.

Subindo a escadaria para a biblioteca, o príncipe se dirigiu às estantes enquanto a princesa corria os olhos sobre a grande mesa de madeira, achando papel e tinteiro. Precisava se distrair, sair do buraco que sua mente a empurrava, observou Sejong se dirigir à entrada do ambiente e sentar no último degrau, deixando Hee-Ah sozinha à mesa.

Ainda presa à inquietude, Hee-Ah deslizava o pincel sem rumo, trazendo algumas palavras à vida até que se sentiu angustiada demais para isso, passando a observar sua caligrafia tão firmemente treinada, o Rei em particular gostava de recitar os poemas criados pela filha por achar sua caligrafia um deleite aos olhos.

Empurrou o papel sobre a mesa e se pôs de pé, seus pensamentos estavam tão desequilibrados entre o presente, o passado e a sensação de estranhamento que chegava a doer. Passando a caminhar entre as prateleiras enfileiradas paralelamente, lia os títulos das obras a fim de se distrair de si mesma, vendo que boa parte era sobre a história da dinastia, do país, das guerras, medicina... Suspirou.

O que faria a noite toda? Ficaria presa em sua mente se sentindo impossibilitada de resolver seus problemas? E So-Yong? Como faria com a dama?

Olhando a porta, decidiu que iria observá-lo à distância, como fazia antigamente, buscando a paz que sentia ao estar com o irmão. Ver como ele havia mudado, caso realmente houvesse. Apoiando-se na madeira, deixou que seus olhos deslizassem por cada parte dele, admitindo que sua curiosidade pelo desconhecido era maior que pelo conhecido.

Do-Yoon era claramente sincero com ela, sobre tudo. Comunicativo, contava as histórias que vivia, o que havia visto e lido. Mostrava o mundo à irmã pelas palavras e presentes. Mesmo à distância, a presença era evidente. Crescer afastados apenas escondia a aparência de ambos, mas a virtude seguia conhecida.

Sejong era um mistério a mais, que somava com todos os pensamentos que precisava controlar. Concordava com o que ele havia dito, apenas 3 dias e tanta coisa havia acontecido, até conhecer seu irmão novamente estava sendo algo novo e, de certo modo, assustador.

O príncipe lia em silêncio, as páginas sendo viradas constantemente em uma velocidade fascinante. Realmente lia como se fosse respirar. A perna direita apoiada alguns degraus abaixo, apoiava a mão que segurava o livro sobre a coxa. A perna esquerda estava no degrau mais próximo de seu corpo, apoiando o cotovelo esquerdo, deixando que a mão fosse um suporte para seu rosto. O indicador roçava sobre o lábio superior como se esse movimento o permitisse se entregar à concentração.

Seu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo alto, a franja caindo na lateral de seus olhos como uma cortina, o corte que tinha desde criança. Sua veste verde escuro combinava com o preto e lhe caíam bem.

O tempo foi passando e como se soubesse exatamente onde a princesa estava, a olhou assim que virou a cabeça, revirando os olhos e fechando o livro. Era como um convite para ela sair de seu esconderijo, e como se tivesse 12 anos novamente, caminhou rapidamente para o fundo da biblioteca, fingindo que iria começar a ler qualquer livro de história.

As bochechas estavam vermelhas e sentia o calor delas, como pôde realmente fazer o mesmo de anos atrás? Sentia-se como uma estranha e se envergonhava. O livro em suas mãos fora aberto em qualquer página e as palavras sequer faziam sentido para seus olhos ansiosos.

- Certos costumes não mudam. – Ele disse logo atrás dela, a fazendo derrubar o livro. Com agilidade ele se inclinou para pegá-lo no chão no momento que ela havia se curvado. Seus olhos se encontraram e ela voltou a ficar ereta, criando distância entre eles.

- A noite é longa demais para ficar em puro silêncio...

- Não estava escrevendo?

- Sim, mas já cansei. – Disse voltando à mesa e se sentando diante do papel, o deixando entre as prateleiras.

- Então descubra outro jeito de se distrair. – Disse aumentando o tom de sua voz enquanto guardava o livro que ela havia deixado cair.

- Podíamos conversar, esse havia sido o acordo. – Comentou na esperança de poder conversar como se fosse Do-Yoon. Gostaria de ouvir as histórias do irmão, por onde havia viajado, o que havia estudado e até o que havia feito em sua ausência, mas ele não a respondeu, apenas sentou na outra ponta da mesa retangular e voltou a abrir o livro que lia na escada.

Hee-Ah se jogou na cadeira, cruzando os braços e encarando o teto. Era injusto demais ser tratada como desconhecida! O que havia feito para ele não gostar dela?

Por mais que seu orgulho não quisesse tentar novamente, não conseguiria ver os segundos passando, um por um, iria à loucura!

- Você sabe algo sobre os boatos relacionados à Rainha? – Erguendo seus olhos, apenas a encarou enquanto virava a página, voltando a ler em silêncio. – Você sabe e não quer falar ou não sabe, por isso não fala?

- Todos sabem.

- Por que eu não sabia? Isso é tão injusto, ela não é louca! Tem alguma coisa acontecendo dentro do palácio...

- Você nunca está no palácio para ficar sabendo. Está sempre bem escondida de tudo e todos no meio do campo. – Tamanha foi a amargura guardada nesse comentário que Hee-Ah apenas abriu a boca e então voltou a fechá-la.

Pensou em ignorá-lo, disse mentalmente que não valia a pena sequer trocar uma vogal com ele, até ser vencida pelo tédio novamente.

- Estou planejando ir falar com o Rei amanhã. Se eu fizesse o ritual da chuva e conseguisse agradar os deuses, uma parte do boato se dissiparia e a Rainha teria paz para se recuperar.

- Você não pode fazer isso. – Ele fechou o livro com rispidez e a olhou tão friamente que tudo que havia comentado sobre seus olhos pareciam ter caído em um abismo assustador.

- Por que não posso?

- Você é a filha da Rainha amaldiçoada, se não trouxer a chuva vai ser o fim da sua linhagem. O Rei será forçado a depor a Rainha e você junto.

- Mas eu posso trazer a chuva...

- Como? Desde quando virou a preferida dos deuses? – Ele parou de falar como se esperasse por uma retórica dela, mas a princesa estava tão ocupada engolindo as palavras que ele dizia que sequer encontrava forças para manter as lágrimas nos olhos. – Eu pensei que fosse mais inteligente que isso. Soube da conversa que teve com a Rainha-Mãe, não parece ser a atitude da mesma princesa. Não seja obtusa! Você pode fazer a sua mãe perder tudo, ou até algo pior...

Se pondo de pé, o olhou com raiva. Queria chorar pela amargura que sentia, mas não aceitaria que isso fosse feito na frente dele.

- O que eu te fiz? – Sem entender bem o que ela dizia, o príncipe apenas a observava chocado com a rompante. – Você me deixa de lado há anos! Sempre que volto ao palácio você me joga para longe como se eu tivesse uma doença contagiosa, como se me odiasse... – Buscando por ar, desejou falar tudo que tinha para falar sem derrubar uma lágrima, mas a visão já estava ficando embaçada. – Convivo com esse vazio há anos! Ao contrário do Príncipe-Herdeiro, você simplesmente me depôs desde o dia que escalei aquela maldita árvore. É como se eu estivesse morta para você! Por acaso me vê como sua irmã?

Caminhou a passos firmes até a entrada e parou.

- Por que me odeia tanto? – Ela se virou para olhá-lo enquanto ele desse a resposta, mas ele apenas deu de ombros. – Tem mesmo medo de eu ser deposta?

- Você não entende. – Ainda se encarando, ela esperou para que ele desse uma resposta de verdade, mas não. Essa era a resposta dele... Ela não entendia o porquê dele a odiar, porque ele a odiava.

Desceu a grande escadaria quase correndo, queria se fechar em seu quarto e ignorá-lo até o dia de sua partida, o deixando finalmente em paz ao retornar para o campo.

Ouvi-la indo embora havia doído mais que acordar sabendo que ela se foi e não havia dado seu adeus, porque por mais que doesse a ver indo embora sem uma data para voltar, saber que ela escolheu deixá-lo depois de ter sido observado era amargo e solitário.

Deixou o livro sobre a mesa e levou as mãos ao rosto, respirando fundo e sentindo o que sempre sentia: Tristeza e vergonha.

Dentro de seu peito entendia tudo o que Hee-Ah havia posto para fora, toda a sua solidão, sua angústia... Sentia igualmente sua falta. Os dias sem correr escondido até seus aposentos e a chamar para caminhar... Ouvir sua risada... Era mais leve com ela.

Mas os dias passaram tão lentamente, principalmente quando ele participava das conquistas do Rei. Toda aquela morte passava em câmera lenta diante de seus olhos. Era frio, feio e fétido. O vermelho só significava morte e desde a primeira vez, aos 14 anos, só via as coisas com a sombra desse tom escarlate.

Não havia ninguém para fazê-lo se distrair, ela havia ido com seu espírito e a alegria do palácio sumia por tempo indeterminado.

Quando ela voltava, Sejong se sentia mais sujo do que nunca. Cada ano que passava, mais mortes se acumulavam em seus olhos, fora as coisas que ele sabia... E então ela os chama de bonito!

- Por quê? – Suspirou.

Sejong guardou o livro que lia e quando ia sair se deparou com o papel sobre a mesa. A caligrafia perfeita, pinceladas com destreza que só o treinamento de horas diárias poderia oferecer.

"É assim que vemos como começa:

As memórias te embarcam pelo tempo e quanto mais o tempo passa menos você percebe que está dançando nos braços do fantasma do passado.

É triste e solitário."

O aperto em seu coração parecia afetar sua respiração, a dor era tamanha que podia fazer daquelas suas palavras. Passara tanto tempo vendo todos como culpados de sua solidão que sequer imaginava que a solidão dela era a mesma.

Dobrando o papel e o guardando entre as dobras de sua veste, olhou de relance para a biblioteca arrependido de a ter afastado quando ela mostrou que precisava de apoio, algo que ele sabia como era desesperador.

Como se fosse mágica, o pedido de desculpas que poderia dar a ela surgiu em sua mente, correndo para uma das estantes e o pegando como se fosse a última gota de esperança.

Aquela capa... Seus olhos brilharam ao reconhecer o livro de contos. Estava mais acabado como se tivesse sido manuseado há muito tempo, e pensando bem, sempre o procurava apenas para olhá-lo e tocá-lo para ter certeza que aquelas lembranças existiam.

Correndo escadaria a baixo, retornou pelo mesmo caminho que vieram há algumas horas, precisava alcançá-la e pedir desculpas, mas sabia que as palavras não sairiam mesmo que tentasse. Não era bom com essas coisas.

Ver a residência da Rainha fez seu coração bater forte no peito. Olhou ao redor e viu que estava sozinho na porta de entrada do ambiente, onde 2 guardas permaneciam por segurança, mas sendo sincero? Eram os primeiros a serem corrompidos, tinha experiência nisso.

- Príncipe. – Ambos se curvaram e ele passou pela porta.

De repente passou a andar devagar, o medo de ser rejeitado o surpreendia e o engolia pouco a pouco. E se ela não quisesse o ver depois de tudo que havia falado? Havia a humilhado de propósito... Mas estava certo! Aquela ideia era absurda e arriscada demais! Se ela não conseguisse o que queria, o povo protestaria pela maldição e o boato se tornaria "verdade".

Sabia do boato há muito tempo, estava investigando a fonte e por mais que apostasse todo o seu patrimônio na Rainha-Mãe, nada a incriminava...

Deveria ter conversado com ela, como homem, explicado o que seus olhos imploravam. Hee-Ah foi clara diversas vezes, estava carregando muito em suas mãos e sozinha, e ele, tão cego em sua amargura, não a ajudou.

Subiu os dois degraus e pisou na madeira. O aposento da princesa seria à esquerda, no final do corredor, perto do pequeno jardim que sua mãe havia criado para ela quando disse que sentia falta das caminhadas no vasto campo em que morava.

Deveria bater? Deveria chamá-la? Andava de um lado para o outro sem nem perceber que sua presença já havia sido notada. Bater e deixar o livro para que ela abrisse a porta e o visse no chão, essa era a melhor das opções, ela saberia que era seu pedido desculpas! Lógico que sim...

E se ela não se lembrasse desse livro? Seria uma coisa aleatória e sem significado... Ela tem que lembrar. Se ela não se lembrar, então significava que havia sido importante só e somente para ele. Talvez seja o necessário para entender a relação que eles realmente tinham. Um pedido de desculpas que servia de prova.

Deixou o livro na porta e bateu duas vezes na madeira, assim que ouviu movimento dentro do quarto, uma sombra grande surgiu no canto do aposento. Não era da princesa, estava acostumado com a sua sombra se esgueirando pelos cantos e sabia de cor e salteado suas curvas e proporções, aquela não era ela! Abriu as portas e ela não estava no quarto, ele estava vazio!

Buscou por sinais da pessoa que ali estava a pouco e só encontrou uma nova flor vermelha deixada em sua cama.

Onde ela estava?

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