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Déjà vu antes de despertar


O toque quente da xícara nas palmas de sua mão trazia uma leve sensação de bem estar, assim como o aroma de erva doce que subia aprumado diante de seus olhos, que se encontravam perdidos nas linhas do seu caderno.

Estavam se encarando fazia tempo, talvez uns 20 minutos sozinhos sob a luz de um pequeno abajur que não iluminava como deveria. Isabelle e a página em branco batalhavam há mais de duas semanas, sua arma era o lápis e ele nunca esteve tão pesado em sua mão. Naquela madrugada em que havia perdido o sono era possível ouvir o riso daquelas linhas.

Sentada sobre uma perna, sentia que ela iria começar a formigar, mas estava decidida a ignorar por estar confortável bebericando o líquido com medo de queimar a língua. Na segunda vez que tomou um gole do chá sentiu que já havia vivido aquilo, déjà vu é o nome dessa sensação, não é? Arrepiada, posicionou a xícara sobre o prato em que antes comera alguns biscoitos e passou as mãos sobre os braços.

Sua visão, do nada, turva dava a sensação de corpo pesado pelo sono, como se estivesse sendo puxada para um sonho que ela fez questão de se afastar.

- Credo! Tá amarrado. – Piscou algumas vezes e até chegou a coçar os olhos na vã esperança dessa sensação se desfazer. Fechou o caderno e bufou, desanimada com o bloqueio de criatividade e sabia bem o motivo disso... Estava na metade do seu romance histórico e tudo parecia ter sentido até que então sua vilã não estava mais sendo suficiente. Era como se ela não conseguisse entender quem havia criado, e então tudo parou. Simples assim.

Esticando os braços o máximo que podia, sentiu algumas das suas vértebras cervicais voltarem para o lugar, estalando baixinho e a fazendo soltar leves gemidos, tanto pelo susto do estalo quanto pelo alívio que essa dorzinha causava.

Ao fundo, no corredor como se estivesse se aproximando em segredo, escutou Dama miar até entrar no seu quarto e pular no parapeito da janela. O sol estava começando a nascer e parecia que iria oferecer um dia longo com muita iluminação e ondas de calor. A cortina era incapaz de diminuir seu brilho, fazendo a mesa branca brilhar com o reflexo.

Dama criava uma sombra por trás da cortina, seus passos delicados como o de todos os felinos pareciam estudar o terreno em que pisava, era sempre cautelosa. Antes de pular para a mesa, ela parou e a olhou nos olhos, como se visse em Isabelle algo que ia além do corpo, e ela acreditava que felinos eram capazes de ver mesmo. Seus pelos se eriçaram e então Dama se chacoalhou e isso era assustador, fazendo com que Isabelle engolisse a saliva com dificuldade olhando para os lados e encontrando o vazio que a deixou mais assustada ainda.

Com uma das patas dianteiras, se apoiou na mesa e se espreguiçou com as patas traseiras ainda no parapeito, e então se aproximou sedutora: primeiro passando o rabo pelo pescoço de Isabelle, e então sentando de frente para ela, sobre o caderno agora fechado, soltando um miado tão baixo que sequer dava para ouvir.

Seus dedos passaram pelo topo de sua cabeça cinza e Dama a inclinou para a direita, pedindo pelo carinho na orelha esquerda. Seu ronronar era gostoso e vibrava em sua mão. Erguendo o rosto, o carinho caiu para seu focinho e como se tivesse sido o suficiente, deu as costas e se deitou sobre o caderno.

Isabelle se levantou, esticando as pernas e sentindo fraqueza em uma, que formigava e a criticava em silêncio, julgando a decisão de mais cedo e provando que tudo que vai, volta. Isabelle balançou a perna se apoiando na mesa e então viu de relance a rua. Era cedo ainda e quem estava saindo de suas casas iria direto para o serviço.

Puxando a cortina para os lados, observou a rua de sua avó. Estreita e sem saída, sua casa ficava bem no final, sendo maior do que podia imaginar olhando de fora. Seria grande o suficiente para as três morarem, se ela e sua personalidade parassem de tomar conta do espaço inteiro, principalmente com o retorno da sua filha sem marido, ainda por cima abandonada.

As críticas foram duras e a culpa caiu na sua mãe, que era tão inocente quanto Isabelle naquela história. O machismo era algo absurdo e assustador! Como uma mulher seria capaz de mudar um homem? Ninguém é capaz de mudar ninguém, quanto mais vícios como os de seu pai. Foram anos sem saber que ele apostava para um dia saber que nem casa mais elas tinham.

Frases como "se você tivesse sido uma boa esposa e cuidado bem do seu marido nada disso teria acontecido" eram como facadas no peito de Isabelle, que ansiavam pela liberdade de responder aquela senhora à altura, mas a depressão de sua mãe falava mais alto e a comedia.

Suspirou sem perceber e reparou em como a casa estava silenciosa. Provavelmente acordara mais uma vez sozinha, já que sua avó trabalhava nas feiras vendendo bolos caseiros. Acordar sozinha não a incomodava, muito pelo contrário, a dor de cabeça sumia na hora, mas não hoje. Na verdade, desde que sua mãe fora internada por tentativa de suicídio a dor de cabeça era uma constante.

Não estava sendo fácil com a dívida, principalmente porque sua mãe não trabalhava há anos, e Isabelle nunca trabalhara. Enviava currículo por ambas, mas sem retorno e por conta disso iria até o polo da sua faculdade trancar o curso de Letras.

Esse era mais um dentre os motivos de não ter conseguido dormir. Decidiu adiar o sonho da licenciatura até conseguir pagar uma boa parte da dívida e ajudar sua avó no aluguel, já que as contas dobraram desde que se mudaram e ela fazia questão de expor.

Precisavam sair daquela casa, daquele ambiente que era mais nocivo ainda para sua mãe, e abandonar a faculdade era um passo gigantesco para atingir essa meta.

A xícara novamente em mãos parecia fria demais, por mais que a fumaça continuasse rodopiando pelo ar. Suas sobrancelhas se uniram e então com o dedo mindinho sentiu a temperatura da bebida, quase deixando a porcelana cair pelo susto. Estava gelado! Só podia estar sonhando... Isso é impossível!

Pensou ter ouvido Dama ao longe, porém ao dar o primeiro passo se desequilibrou ao ver que ela estava sentada em seu encalço, a olhando hipnotizada. Seus olhos redondos brilhavam mais que o habitual, estreitando a pupila a cada movimento que o corpo de Isabelle fazia.

- Dama, você está me assustando hoje. – Andando de novo, a gata correu para se enroscar em seus pés. – Para com isso, vou cair! – A bebida pingou para fora da xícara que então afastou o animal, deixando Isabelle se equilibrar mais uma vez. – Credo... – Sussurrou pousando a mão na cabeça e sentindo a dor aumentar.

O silêncio estava diferente naquele dia, por mais que a casa estivesse vazia, a rua ainda preenchia o ambiente com o barulho de portões abrindo e fechando e cachorros latindo para qualquer estranho, mas naquele momento não havia nada, nenhum barulho fora os que ela mesma produzia.

Correu até a cozinha e colocou a xícara dentro da pia, pegando a bucha para lavá-la, mas a sensação de fraqueza a refreou, olhou para sua mão e tentou apertar a esponja, no entanto seu corpo não respondeu, sua visão ficou turva e então ela se agachou segurando a ponta da pia com os olhos fechados, contou até 10 e respirou fundo algumas vezes.

A delicadeza em seus dedos fez com que ela testasse o movimento de cada um deles individualmente e bem rarefeito. Primeiro focou sua atenção no dedinho, tentou levantá-lo e batê-lo sobre o mármore como se ele fosse uma tecla de marfim de um piano, conseguindo e passando para o anelar, quando acabou a mão esquerda focou na direita, mas nenhum movimento foi realizado.

Sentou no chão trazendo a mão para o coração, a segurando com a esquerda e sentindo a cabeça latejar. O que estava acontecendo? Ela não era mulher que pegava gripe, quanto mais sentir tudo isso que nem nome sabia dar. O úmido dos olhos se transformava sutilmente em lágrimas que se acumulavam e a fazia mais frágil. Se fosse um sonho, com certeza seria o pior pesadelo que já tivera em sua vida. Acordar e esquecer seria ótimo.

Dama se aproximou e deitou ao seu lado, ronronando como se nada daquilo desequilibrasse seu bem estar. Seu coração palpitou no peito, a cada bater mais forte se mostrava mais cansado, como se tivesse nadado em um mar agoniante e desgastando rapidamente sua vitalidade.

Não podia estar sonhando, tudo era real demais. O que era esse sentimento de medo? Parecia ter acordado de um pesadelo e sequer tinha pregado os olhos a noite. Estava cansada pelas poucas horas de sono por contínuas noites... Mas tinha só 19 anos, isso não deveria abalar tanto! Suas colegas festejavam durante horas a fio e nada disso as atordoava.

Abandonada no chão, sentiu o frio gélido do azulejo petrificar seu corpo, um frio que em nenhum inverno enfrentara. A casa clareava e então percebeu que tinha medo da luz e pela primeira vez até o momento isso fez sentido. Quando a claridade da janela da lavanderia iluminou o chão em que estava sentada, seu coração recebeu uma descarga de adrenalina que a fez sentir ânsia de vômito, seu braço parecia dormente e sua mão não era capaz de segurar nem uma pena. A cabeça era um fardo que carregava como se fosse a âncora de um navio e na tentativa de levantar tudo girou e ela cambaleou, quase sendo nocauteada pelo chão.

Seus pés caminhavam rumo à porta da sala, tropeçando neles mesmos e nos móveis. Dama a acompanhava por todo o caminho, se esquivando dos pés da dona que poderiam a machucar sem que ela percebesse. Não miava, permanecia em silêncio como uma guia.

Tateou a madeira em busca da chave no trinco. Pediria ajuda à vizinha, sabia que ela era uma enfermeira aposentada e que dominava questões de saúde, sendo assim sua melhor solução nesse momento de desespero. Com muito esforço a mão esquerda girou a maçaneta e puxou a porta, deixando o sol iluminar seu corpo e cegar seus olhos.

Por mais que estivessem fechados, Isabelle não via o preto costumeiro, via um marrom avermelhado que iluminava suas pálpebras. Como um torpor, escutava algumas coisas acontecerem ao seu redor, da maneira que um som é abafado graças ao fone de ouvido.

Queria abrir os olhos, mas travava uma luta com a luz, fazendo com que sua atenção fosse para os ouvidos, buscando entender o que estava acontecendo. O som de passos rápidos e pesados sobre uma terra árida era absurdo, é como se estivesse no interior, numa estrada de terra, o que não era o caso da cidade onde morava, já que tudo era asfaltado (mesmo que mal feito).

Havia um galopar distante de cavalos que a fez paralisar. O que estava acontecendo? Com a mão esquerda sobre o braço direito, alisava a pele como se o movimento da fricção fosse acalmar seu coração acelerado. Nunca havia visto cavalo algum por ali, era impossível ter mais de 2 e o som era de vários, e para completar veio o relinchar.

Tentou voltar a andar e se esconder em casa pelo susto de tudo que estava acontecendo fora de seu controle e lógica, mas deu de cara com uma parede, o que a fez apalpar o local já que seus olhos ainda não queriam trabalhar. Não era a porta de madeira que a pouco havia aberto, era madeira de tato rústico e cheiro forte.

Outro relinchar, próximo o suficiente para fazer Isabelle se levantar e bater a cabeça, tendo a falta de espaço a forçado a se sentar novamente.

Espera... Sentar? Ela estava de pé até agora! Implorando para entender o que estava acontecendo, a luz diminuiu e então ela piscou algumas vezes. Enxergando tudo borrado. O céu continuava claro e o sol emanava seu poder, mas era possível voltar a enxergar. Suas mãos tatearam o seu redor e sentiram o chão em que estava sentada.

Tudo se ajustava e então balançava. Não havia estabilidade e ela apenas se deixava entrar no ritmo de onde estava enquanto olhava para os lados e tateava. Quando conseguiu se situar, identificou que estava em uma caixa com teto curvado, as paredes de um marrom escuro quase preto com flores cravadas à mão e coloridas, janelas quadradas com desenhos entalhados e um véu de seda roxo, criando uma sombra artesanal sobre sua maciez.

Seus pensamentos variam entre perguntas como: Onde estou? O que está acontecendo? Como saio daqui? E infelizmente para todas elas havia o vazio como resposta. Calculou tudo que havia feito até o momento, os segundos sendo revividos em seus pensamentos e declarou que nada daquilo fazia sentido e que tudo não poderia passar de um sonho, sendo assim só podia vivê-lo até o momento em que acordaria.

Não existia um modo eficaz para acalmar seu coração, as batidas eram tão fortes que pulsava na parte inferior das orelhas, sendo possível contar quantas eram pela linha do pescoço. Seus dedos gélidos tremiam livres de qualquer julgamento. Havia permitido sentir toda aquela gama de sentimentos que simplesmente a pegava pelo cabelo e a arrastava por onde bem entendessem. Estava à mercê e essa era a pior sensação do mundo.

Repetia em sua mente que estava dentro de um sonho e que uma hora iria acordar, e parecia que isso domara o seu medo, a deixando livre para respirar novamente. Era um sonho e a única certeza que tinha era a de que iria acordar. Cedo ou tarde...

Permitiu-se experimentar.

Observou a caixa de perto, deslizando as mãos pelas flores azuis, vermelhas e amarelas. Sorria com a nobreza que as pinceladas expressavam naquelas quatro paredes. Não sabia que era capaz de sonhar sonhos tão lúcidos como aquele, estava impressionada consigo mesma. Passou as mãos pela seda pendurada dos seus dois lados sobre as janelas e se animou ao ver que usava o braço que antes não se movia.

O cheiro amadeirado com tinta parecia fresco, como se aquela caixa tivesse acabado de ser feita, porém era impossível! Mexendo com dificuldade, viu que conseguia ficar de joelhos ali, e que isso destruía o equilíbrio da caixa.

Sequer sentia-se claustrofóbica. Por mais que fosse pequeno, era confortável. Notou que estava em movimento e que o vento brincava com o tecido, pela primeira vez prendendo sua atenção para o que estava do outro lado da janela que tanto namorara os desenhos. Era um campo de grama baixa e muito amarelada, como se o sol tivesse colorido quilômetros e mais quilômetros daquele solo. Parecia triste, mesmo com a luz viva do meio dia.

O vento era mínimo e isso a fez perceber que estava suando na raiz do cabelo, levando as mãos à testa, viu então a manga longa que a vestia pela primeira vez. Seus olhos caíram em seu corpo sentado com as pernas cruzadas. A vestimenta era elegante e volumosa. Ergueu o punho na altura dos olhos e pode ver que eram várias camadas escondidas uma sobre a outra.

Como se fizesse cócegas em sua memória, a palavra hanbok se desdobrou e tudo pareceu brilhar. A estampa floral roxa se destacava na seda rosa e amarela, trazendo as habituais inspirações da natureza para a saia e a jaqueta que estava lindamente amarrada sobre seus seios. Isabelle estava maravilhada com a elegância da vestimenta e sentia a felicidade borbulhando no peito, deixando o medo que a pouco sentira completamente esquecido no passado.

Por um instante gostou de estar onde estava e se divertiu em silêncio com a sua criatividade. Quando acordasse iria escrever tudo em seu caderno para não esquecer. Sorriu calmamente e relaxou, brincando com a bolsa de essências que estava amarrada em sua cintura escondida entre as camadas. O aroma de azeite e rosas entranhava sua roupa e qualquer movimento que fizesse iria perfumar o palanquim.

Palanquim! Esse era o nome da caixa! Estava orgulhosa por conseguir entender o que estava acontecendo e dava a falsa sensação de que estava sob controle, tão falsa que o destino resolveu mostrar isso ao quase derrubar a caixa num movimento brusco envolto de cavalgadas pesadas, gritos e choques.

A felicidade simplesmente pareceu nunca ter existido e seu medo retornou como um rei ganancioso que ambicionava o trono. Sua mão levantou o véu e viu homens correndo de um lado para o outro empunhando jingums, espadas coreanas que representavam derramamento de sangue.

Procurou pela tranca da porta que iria a permitir sair dali correndo e poupar sua vida, mas não conseguia saber como fazer isso. As lâminas faiscavam e seus barulhos pareciam trovões acompanhados de urros. Sentiu seus olhos arderem e se afundarem em lágrimas. Era difícil respirar e então o palanquim se tornou tão claustrofóbico quanto um buraco.

Batia nas paredes pedindo para sair, deixando as lágrimas escorrerem até o momento que um homem mascarado apareceu e abriu a janela, enfiando sua mão por ela e segurando o cabelo de Isabelle, a fazendo gritar e lutar contra a força do estranho.

Ele puxava seu cabelo, quanto mais ela se mexesse, mais ele a fazia se curvar para o lado, até que então ele apenas fugiu, como se nada daquilo tivesse acontecido. Ela foi deixada chorando sem forças para sair da posição que ele a forçara ficar, sentindo sua mão sobre ela e a puxando.

As lágrimas quentes deixavam trilhas de fogo e sal em suas bochechas e então ela fechou os olhos e os punhos, os batendo em suas coxas enquanto implorava para acordar, quando sentiu outra mão, erguendo seu rosto com delicadeza.

A porta havia sido aberta e alguém estava ali, com a luz forte do dia atrás dele, fazendo das suas vestes verdes quase pretas. Olhos preocupados a analisavam com todo o carinho do mundo ao se inclinar centímetros, desejando chamar sua atenção.

- Princesa, você está segura.

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