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37 - Nosso mundo

Nem é meu aniversário, mas ele quer lamber toda a cobertura.
Birthday Cake - Rihanna

Diana sempre gostou que os dias passassem feito um borrão, mas naquela última semana implorou ao relógio para que as horas durassem um pouco mais de 60 minutos. Gael viajaria no próximo domingo e o tempo parecia obedecê-la somente nas horas em que estava trabalhando, já que os minutos pareciam parados no relógio sobre a mesa do escritório que ela não parava de encarar naquela sexta-feira. Chegou a pensar que a pilha havia acabado, mas o horário seguia o do computador e o de seu celular. Rita entrou na sala da amiga e se deparou com a mulher com a cabeça apoiada nos punhos, suspirando a cada segundo que parecia levar uma eternidade.


– Sua felicidade hoje tá contagiante, Di – Rita riu e se jogou na cadeira do outro lado da mesa.

– Seu irmão vai viajar depois de amanhã e eu gastando meu tempo aqui, revendo processos sem conseguir prestar atenção porque tudo o que eu vejo é esse relógio que não anda! – bufou – Eu só queria ir pra casa aproveitar os últimos dias.

– Ué, por que não vai?! Se eu namorasse e meu namorado fosse viajar por um mês, eu me trancaria em casa com ele por uma semana e só deixaria sair da cama pra buscar água pra mim – riu, fazendo Diana sorrir também.

– Por mais que eu queira fazer isso, preciso trabalhar.

– Diana! Você é a chefe aqui! O escritório é seu e você pode ir embora quando quiser!

– E se vier algum cliente? Não estou podendo dispensar trabalho não.

– Eu fico pra você. Não tenho nada pra fazer mesmo – deu de ombros.

– Por falar nisso, eu preciso falar com você. Faz um tempo que venho pensando e preciso de uma recepcionista, mas não uma recepcionista qualquer. Eu preciso de você aqui. Você quer trabalhar comigo?

– Não – Rita forçou um sorriso – Eu sei que o Gael pediu pra você fazer isso porque não me quer trabalhando no bar. Eu não sou besta, lá rola drogas e ele tem medo, já peguei ele e a Isa falando disso. Eles têm medo de uma recaída que não vai acontecer. Mas não é justo você me contratar só pra ficar de olho em mim enquanto ele não tá e ainda ter que pagar por isso.

– Rita, você não entendeu... o Gael nem sabe que eu quero te contratar! Eu realmente preciso de uma recepcionista, e eu não consigo pensar em uma pessoa melhor do que você pra esse cargo. Eu poderia contratar uma pessoa com anos de experiência em recepção? Poderia, mas não seria quem eu quero.

– Não faz sentido você querer uma zé-ninguém que não tem experiência em nada, Di.

– Eu não me importo. Você está do meu lado desde o momento em que eu abri essa porta pela primeira vez, recepcionou diversos clientes mesmo sem ser sua obrigação, fez mágica pra todas as crianças que acompanharam os pais, vandalizou o carro do meu ex... seja sincera, você realmente acha que eu quero você aqui pra te vigiar? Eu só quero juntar o útil ao agradável, dar um emprego pra minha melhor amiga e saber que todos os dias serão mais leves porque você me faz rir mesmo quando eu estou puta da vida porque a hora não passa e eu quero ver seu irmão!

– Meu Deus, você falou tanto que tá até parecendo que fui eu! – riu – Acho que é a convivência que tá fazendo isso...

– A minha intenção é conviver ainda mais, é só você aceitar... – sorriu de volta.

– Vai embora, Diana. Deixa que a sua recepcionista aqui cuida de tudo. Vai curtir seu boy antes que ele vá viajar.


Contrariando toda a etiqueta que sempre mantinha dentro do escritório, Diana soltou um gritinho e abraçou sua amiga por cima da mesa. Rita tentou enxotá-la de lá o mais rápido possível, mas a advogada se recompôs e passou a falar sobre o salário e horário de trabalho. Aquele seria seu primeiro emprego registrado em carteira e a irmã de Gael estava empolgada por ter um salário – e mesmo não sendo grande coisa, já fazia planos com o que iria gastá-lo.

Diana não tardou a ir embora e saiu tranquila por saber que seu escritório estava em boas mãos. Rita podia parecer um tanto desajuizada na maior parte do tempo, mas a advogada confiava na amiga de olhos fechados. Ao chegar em casa, ligou para Gael e esperou até a chamada cair na caixa-postal. O namorado não visualizava suas mensagens há um bom tempo e ela se sentiu frustrada por ter perdido meio dia de trabalho para não conseguir nem ao menos falar com o rapaz.

Já que estava em casa e a gasolina estava cara demais para voltar para o escritório somente para cumprir algumas horas, tentou tirar um cochilo no meio da tarde, mas tudo o que fazia era verificar as notificações em seu celular. Bastou pegar no sono para o aparelho vibrar em sua mão e o nome de Gael surgir na tela. Mesmo sonolenta, atendeu com um sorriso que só se alargou ao ouvi-lo dizer que ela deveria usar sua melhor roupa, pois ele tinha uma surpresa para ela naquela noite.

O interfone tocou perto das sete e Diana borrifou o perfume floral em seu pescoço antes de abrir a porta. Não escondeu a surpresa ao ver o namorado usando um terno preto e uma camisa social branca acompanhada da gravata escura, além de sapatos lustrosos. Os cabelos presos em seu usual coque bagunçado entregavam que apesar do traje totalmente formal, ainda existia alguns resquícios de Gael ali. Ele carregava uma única rosa vermelha, que foi entregue para a ela no momento em que a viu.


– Você está... de terno! – foi a única coisa que saiu da boca de Diana após o rápido beijo que deram.

– E você tá perfeita, como sempre – ele sorriu ao encarar aqueles olhos heterocromáticos ainda mais destacados pela maquiagem escura e os lábios pintados de vermelho – Sei que você não gosta de flores, por isso eu trouxe só essa e pode jogar fora se quiser, foi só pra soar clichê – deu de ombros ainda sorrindo enquanto admirava a mulher naquele vestido preto que contornava seu corpo perfeitamente.

– Essa eu faço questão de guardar... bom, pelo menos até murchar – deu de ombros e contornou a cintura dele com os braços – Mas me diga, qual é a ocasião que exige nossas melhores roupas e flores?

– Eu não vou estar aqui no seu aniversário, então quero comemorar ele com você enquanto estou – sorriu.

– Você é doido, falta quase um mês!

– Faltam 19 dias, pra ser mais exato. Mas o importante é comemorar.

– E o que nós vamos fazer para comemorar?

– Você vai ver – sorriu.


O sorriso de Gael fazia Diana aceitar qualquer destino. Ele pegou as chaves do carro alegando que estavam arrumados demais para ir de moto e dirigiu até um bairro nobre de São Paulo. Estacionaram em um restaurante requintado e sequer precisaram esperar, pois o maître logo os acompanhou até a mesa reservada há semanas pelo tatuador. Cada centímetro daquele lugar exalava sofisticação e a mulher estava boquiaberta com o lugar.


– Gael, o que nós estamos fazendo aqui?!

– Já disse, vamos comemorar o seu aniversário – sorriu e passou a mão pelo colarinho, tentando lacear a gravata – Quer escolher o vinho ou prefere pedir uma sugestão do sommelier?

– Eu não entendo de vinhos, você sabe.

– Nem eu – deu de ombros – Vamos pedir a sugestão então.


O sommelier sugeriu um vinho caro demais até mesmo para o que ele esperava gastar naquele lugar. Mais de 700 reais em uma garrafa não estava em seus planos, então Gael agradeceu e correu os olhos pela carta de vinhos até o mais barato, mas ainda assim era um montante excessivo. Diana já havia frequentado lugares como aquele e sabia dos valores absurdos, então afirmou que tomaria apenas uma taça, o fazendo respirar aliviado e acompanhá-la no pedido.

Gael mais uma vez pediu para que Diana escolhesse as entradas, pois estavam ali apenas para comemorar seu aniversário que sequer se aproximava. Ela sabia que ele estava se esforçando, mas quase 60 reais em uma minúscula porção de ceviche era demais. Ao correr os olhos pelos pratos principais, teve vontade de rir na cara do garçom. Por fim pediu ajuda para o namorado, apenas para fazê-lo ter conhecimento dos valores daquele lugar.

Sim, ele tinha conhecimento dos valores. Gael pesquisou tudo sobre aquele restaurante antes de fazer a reserva, assim como pesquisou lojas de aluguel de trajes até encontrar aquele terno. Ele queria dar um aniversário perfeito para Diana. Queria que seu aniversário de 31 anos estivesse à altura de todos os últimos oito aniversários que passou ao lado de Maurício e toda a sua elegância. E daí que estouraria o limite de seu cartão de crédito? Diana valia à pena. Pediu para si um tartar de carne somente por ser o item mais em conta do cardápio e a deixou livre para escolher o que quisesse – um penne com salmão ao creme de champanhe escolhido também com base no valor do prato.

Os dois conversavam sobre o dia que tiveram e Diana contou que havia contratado Rita. Gael ficou empolgado pela irmã, mas sua empolgação não transparecia em seu rosto desconfortável por conta da gravata que parecia enforcá-lo. Mas não, ele não a tiraria. Ele continuaria perfeitamente alinhado, da maneira que certamente a namorada gostava. Os pratos logo chegaram e a mulher não escondeu o descontentamento com a quantidade de comida.


– Gostou do seu prato? – ele perguntou após terminar a pouca porção de tartar, que ele comeu pela primeira vez e descobriu não gostar nem um pouco, mas ainda assim fingiu estar deliciado e satisfeito.

– Não é possível, você pagou 120 reais em 200 gramas de carne crua e eu paguei 140 em duas garfadas de macarrão. Fora esse vinho que não vale os 65 reais cobrados na taça e o ceviche sem-vergonha que mal forra o estômago – ela arquejou.

– Me desculpa – ele murmurou.

– Desculpar pelo o quê? Você não sabia que seria tão caro e mal servido assim.

– Eu sabia – esboçou um sorriso – Eu pesquisei esse lugar por semanas, queria te dar um pré-aniversário inesquecível, já que é o primeiro que você passa comigo e eu não vou estar aqui. Eu queria uma comemoração que estivesse à sua altura, à altura do que o M... bom, do que você já teve antes.

– Do que o Maurício me daria?

– Exatamente. Mas eu não sei ser como ele, por mais que coloque essas roupas desconfortáveis e essa gravata sufocante – se deu por vencido e afrouxou o nó alguns centímetros – Eu também não tenho condições de te dar o que ele te daria, por mais que eu estoure o limite do cartão. Me desculpa, eu realmente tentei, mas eu não consigo ser como ele.


Gael mantinha um olhar exasperado, mas evitava encará-la. Nunca se sentiu tão inferior a alguém como se sentiu inferior a Maurício naquele momento. Planejou uma noite perfeitamente refinada, mas não contava que ela fosse se preocupar com os preços por saber que ele não tinha tantas condições quanto seu ex-noivo. A verdade era que Diana não estava preocupada com isso, mas sim com aquela ideia de perfeição que o namorado acreditava que a interessava.


– Gael, olha pra mim – ela pediu e ele obedeceu – Eu quero viver com você, mas eu não quero viver com você no mundo do Maurício. Eu quero viver com você no seu mundo. No nosso mundo.

– E qual seria o nosso mundo?

– Eu não sei. Eu estou descobrindo junto com você. Por que você não me mostra um pouco mais do seu mundo e a gente decide se vai fazer parte do nosso?

– Vestidos assim? – ele sorriu.

– Eu te prefiro de calça rasgada, coturno surrado... mas já que estamos assim, vamos – deu de ombros.

– Pensei que você preferisse um engravatado – ele riu.

– Eu prefiro você. Principalmente quando você é somente você.


Gael beijou seu sorriso antes de pedir a conta. Assim como imaginaram, o tatuador desembolsou quase meio salário mínimo. O caminho até o Tatuapé foi recheado de música – e da cantoria do rapaz que já havia se livrado do paletó e da gravata, além de dobrado as mangas da camisa o suficiente para deixar tatuagens do antebraço à mostra. O carro ficou estacionado em uma rua paralela ao bar que entraram e Diana seguiu pelo corredor escuro do lugar de mãos dadas com o namorado até o balcão apinhado de gente.

Já estavam com suas cervejas em mãos quando uma banda subiu ao palco sob palmas e assovios e muitas pessoas abriram mão de suas mesas para se aglomerarem em frente aos integrantes. O casal assistiu boa parte da apresentação um tanto afastados dos amplificadores e Diana sorria ao ver a empolgação do namorado ao entonar as músicas de rock tão conhecidas. Aquele sim era o Gael que havia a conquistado aos pouquinhos, com seu jeito irreverente e seu estilo despojado. Aquele sim era o homem por quem se apaixonou e se apaixonava a cada dia mais.


– Por que você tá me olhando assim? – ele perguntou com um sorriso enquanto recuperava o fôlego em um gole de cerveja.

– Nada, só pensando na minha sorte – sorriu – Por que você não vai lá curtir o show? Eu fico aqui.

– Quem tem que curtir é você. O aniversário não é meu – ele se levantou e estendeu a mão para ela.

– E nem meu... – ela riu e tentou negar, mas logo estava segurando sua mão.

– Mulher, entra na minha onda! Se não é seu aniversário, pelo menos vamos comemorar nossos dois meses de namoro oficial que foi anteontem!


Com a mão que não estava entrelaçada à dela, Gael abraçou sua cintura e aproximou seus corpos. Diana percebeu as intenções do namorado e tentou se desvencilhar quando ele embalou uma dança lenta mesmo com o som agitado da guitarra que ensurdecia o lugar. O tatuador não se importou, apenas guiou as mãos da mulher até seu pescoço.


– Gael, as pessoas vão pensar que nós somos doidos...

– Deixa pensarem, eu sou doido por você, então elas não estão erradas – deu de ombros com um sorriso e encostou sua testa na dela.

– Está tocando AC/DC e nós dois dançando lento como se fosse música clássica... eu tenho vergonha.

– Metade das pessoas nesse bar está assistindo ao show e a outra metade está bêbada... – abraçou sua cintura ainda mais forte e a rodou – E eu só quero dançar com a minha namorada.


Diana se deu por vencida e o beijou entre os embalos lentos em que ele a guiava. Poderia parecer clichê, mas Diana sentia como se o lugar estivesse vazio e apenas os dois pudessem desfrutar daquele momento tão deles. Não sabiam quantas músicas já havia tocado e nem quantos beijos haviam trocado, apenas voltaram ao mundo real quando a banda se despediu sob aplausos e gritos.


– Então é isso que você fazia no seu mundo? Dançava lentamente com as mulheres durante um show de rock? – ela perguntou com um sorriso enquanto ainda recuperava o fôlego.

– Você é a única mulher que eu já dancei lento nessa vida – ele riu – Mas essa foi só a primeira banda, a gente pode curtir a segunda da maneira que eu realmente curto ou então dar mais algumas voltas por aí.

– O que você faria? E nem vem me falar que é meu aniversário.

– Você realmente quer fazer o que eu faria? – ele perguntou e ela assentiu – Então vem comigo.


Gael segurou sua mão e a guiou até o balcão para mais cervejas antes de se misturarem com as pessoas em frente ao palco. Ele e Diana conversavam e trocavam carinhos sutis quando ouviram pelo alto-falante uma voz chiada anunciar a próxima banda. A mulher deu um grito animado e abraçou o tatuador ao se dar conta de que um cover de Foo Fighters tocaria naquela noite e ele se surpreendeu com a forma extrovertida na qual ela comemorava.


– Eu não acredito! Você sabia, não sabia?! – ela roubou um beijo dele – Você me trouxe aqui sabendo que seria Foo Fighters!

– Não, eu realmente pretendia jantar naquele restaurante caro e depois... bom, depois fica pra depois – sorriu – Mas você sabe que é uma banda cover e não os caras de verdade num barzinho aleatório, né?

– Não importa, é a minha banda favorita! Eu nunca fui em um show grande, então um cover pra mim já está sendo o máximo! Obrigada!


Mais uma vez Diana roubou um beijo do namorado e se voltou para o palco ao ouvir as primeiras batidas da bateria seguidas dos acordes na guitarra. Ela balançava a cabeça e se agitava no ritmo da música, além de entonar os versos de My Hero sem se importar que ouvissem – mas todos estavam ocupados demais fazendo o mesmo que ela, então apenas Gael teve o prazer de assistir àquela cena.

Gael também gostava da banda e acompanhou a namorada todas as vezes em que ela balançava os cabelos escuros de um lado para o outro. Diana sabia todas as músicas, cantou cada estrofe e não parou nem mesmo quando faltou fôlego durante os versos de All My Life. Vez ou outra abraçava o namorado e agradecia por estarem ali, mas logo o soltava e voltava a cantar.

O show durou mais de uma hora, e por mais de uma hora Diana pulou, gritou, cantou e se divertiu como se não houvesse amanhã. Best of You foi a última música e a mulher já estava descabelada, suada e com fios rebeldes colados em sua testa, mas continuava linda aos olhos do tatuador. Talvez sua felicidade genuína aumentasse ainda mais sua beleza. Gael não resistiu vê-la daquela maneira e a puxou pela cintura para um beijo desejoso que durou até o final da música que fez seus caminhos se cruzarem.


– Esse foi o melhor show que eu já fui na minha vida! – ela falou ofegante ao se jogar na cadeira.

– Você já foi em quantos shows na vida?

– Uns quatro. Dois foram de um cantor de MPB que eu acho que só meus pais conhecem, um de sertanejo de alguma dupla famosa que eu não sei o nome e um de uma orquestra que o Maurício brigou comigo porque eu bocejei.

– Bom, tá explicado – riu – Não menosprezando a banda, foi muito bom mesmo, mas achei que você já tivesse ido em vários.

– Sempre me faltou companhia.

– Agora não falta mais.


Gael beijou mais uma vez aquela boca amarga da cerveja que sorria cada vez mais. Os dois pagaram a conta e no caminho até o carro ele perguntou o que mais ela nunca havia feito. A lista era grande, então ele estacionou em frente a outro bar para poder riscar mais um item. O boteco da vez era ainda mais simples, mas também movimentado. Um senhor de meia-idade com um cigarro apoiado em uma orelha e uma caneta na outra anotou o pedido do casal e entregou duas fichas para o rapaz, que seguiu até a mesa de sinuca nos fundos do lugar, onde pessoas conversavam pelos cantos ao som de Belchior.

Com a mesa já arrumada, Gael deixou a namorada dar a primeira tacada. Ela se empolgou ao tirar todas as bolas do lugar, mas não encaçapou nenhuma. O tatuador não gostava de se vangloriar, mas era muito bom na sinuca e não hesitou ao jogar, matando duas bolas em seguida. Diana mirou o taco e tentou lançar a bola branca, mas ela quicou para fora da mesa. Ainda rindo, ele a deixou repetir a jogada, mas segurou o taco junto dela e se posicionou atrás de sua cintura para ajudá-la na mira, ficando bem próximo de seu corpo e inspirando o que restou do perfume em sua pele. Ele explicava como ela deveria fazer, mas o hálito quente em seu pescoço a fazia perder a concentração.


– Você está fazendo isso de propósito, não é possível – ela encolheu o pescoço arrepiado.

– Eu não estou fazendo nada, só te ensinando a jogar – ele falou ainda mais perto, beijando demoradamente sua pele exposta.

– Não sabia que você era competitivo ao ponto de tentar me seduzir só pra me fazer perder.

– Ah, Diana, se precisar te deixar ganhar só pra poder fazer o que eu quero com você, eu te deixo encaçapar todas as bolas com as mãos só pra poder te levar pra casa.


A voz de Gael saiu mais rouca do que o normal e era evidente o esforço que ele fazia para não a arrastar dali até algum lugar mais privado onde pudesse saciar todas as suas vontades. Diana se divertiu com aquilo, o provocando ainda mais. Ela perderia o jogo e isso era evidente, mas se pudesse desconcentrá-lo para que ele não ganhasse tão fácil, assim faria. Deu a tacada e não acertou nada, como já tinha certeza. Na vez do tatuador, passou a mão sugestivamente por sua barriga, o fazendo errar a jogada.

O jogo realmente durou mais tempo, já que ela conseguiu desconcentrá-lo boa parte do tempo, mas das oito bolas, ela encaçapou apenas uma – além da branca, que ela matou pelo menos três vezes. A segunda ficha foi dada para um bêbado que se aproximou e ficou dando pitaco nas jogadas do casal. Os dois saíram do boteco e seguiram até a garagem de uma casa que vendia lanches e salgados para os jovens que voltavam das baladas e dos shows que aconteciam na redondeza. A fome era tanta que os olhos de Diana se arregalaram e seu estômago roncou ao ver uma coxinha enorme na estufa de vidro.

Eles não sabiam dizer por quanto tempo ficaram sentados naquela mesa de plástico enquanto digeriam aquele salgado gigante e Diana repetia sem parar que aquilo sim era uma refeição de verdade, e não aquele prato caríssimo que não satisfazia ninguém. Gael a observava admirado, e por mais que os planos não tenham saído exatamente como ele planejou, era inegável que ela estava muito mais feliz ali, e só esse fato também o deixava feliz.


– Qual vai ser o próximo item do seu mundo que eu vou conhecer hoje? – ela perguntou animada.

– Meu mundo já tá aqui, você já conhece – deu de ombros e entrelaçou seus dedos nos dela.

– E se eu quiser conhecer mais?

– A gente vai ter tempo pra isso quando eu voltar. Eu queria concluir os meus planos iniciais dessa noite no lugar que eu já havia planejado... tudo bem pra você?

– E eu posso saber que lugar é esse?

– Você vai saber quando chegar.


Diana não sabia o que esperar e torcia para que ele não estivesse gastando todo o seu dinheiro com aquele aniversário fora de época em algum lugar extremamente chique e fora de sua realidade. Ela não conhecia o caminho que ele estava fazendo, então só percebeu que o destino era a casa dele quando estacionaram em frente ao portão. Antes que pudesse questionar, Gael pegou a gravata que estava jogada no banco traseiro e vendou seus olhos.

O tatuador a guiou pela garagem até a casa ignorando todas as perguntas que ela fazia e a deixou parada e vendada no meio do cômodo enquanto parecia mexer com um isqueiro. Só voltou a tocá-la quando deu a volta até suas costas para soltar a venda. Ao abrir os olhos, Diana se deparou com pisca-piscas emoldurando a cabeceira da cama e uma trilha de velas recém acesas seguindo de seus pés até o colchão. Na televisão a imagem de uma lareira virtual a fez sorrir, apesar dos olhos marejados. Gael estava tenso e ansioso, nunca havia feito algo assim, que caminhava na linha tênue entre o romântico e o brega.


– Eu não mereço tudo isso – ela sussurrou com a voz embargada.

– Você merece muito mais – a abraçou pelas costas e beijou seu ombro – Queria poder te dar uma noite num hotel com uma vista magnífica, champanhe cara e jacuzzi no quarto, mas eu ainda não estou ganhando em euro – ele riu para descontrair de seu próprio nervosismo.

– Não, isso aqui está perfeito. Você... você se preocupou em fazer tudo isso pra mim! Deve ter dado um trabalhão, eu não mereço, de verdade.

– Eu faria tudo de novo. E de novo, e de novo... você merece cada luzinha acesa desse pisca-pisca, cada vela, cada segundo que eu passei tentando colocar essa lareira na TV, cada pétala que eu comprei e não usei porque ia ficar brega demais. Você queria conhecer mais do meu mundo sem perceber que boa parte dele é você.


Diana já não tinha mais palavras, parecia estar vivendo um sonho. Mas Gael era real. Cada toque que sentiu ao longo de sua coluna enquanto ele abria o zíper de seu vestido era real, assim como os arrepios que eriçavam sua pele ao sentir o tecido escorregar por seu corpo até atingir o chão. Os botões da camisa social que ele vestia foram abertos devagar, assim como o de sua calça. Tinham uma noite inteira pela frente e não tinham pressa alguma.

Gael não se cansava de admirar aquelas curvas expostas na beirada da cama que ansiavam por seu toque e sentia-se pulsar de vontade de prová-las. A beijou vagarosamente, degustando seus lábios antes de subir até sua boca. Diana se contorcia agarrada ao colchão a cada movimento das mãos tatuadas, soltando baixos gemidos ofegantes enquanto suas línguas se entrelaçavam.

O nome do tatuador foi dito de maneira sedenta e ininteligível por pelo menos três vezes até que Diana conseguisse se recompor e soltar os longos cabelos enrolados em sua mão. Gael agora sentia-se pulsar nas mãos da mulher ajoelhada entre suas pernas, que ia e vinha sem desviar os olhos dos seus, brincando com a língua e com seus sentidos. Diana parecia saber mais do que nunca o poder que tinha sobre ele, então aproveitou para provocá-lo até ele quase perder a cabeça.

Ele não aguentava mais esperar, precisava estar dentro dela com urgência, precisava matar a vontade que estava daquele corpo que o provocou a noite toda. Enlaçou a mão em seus cabelos assim como ela costumava fazer e a puxou delicadamente para cima da cama, a fazendo deitar sob ele. Aproveitando os pisca-piscas pendurados na cabeceira, prendeu as mãos de Diana nas correntes de luzinhas e se encaixou entre suas pernas, saciando seu desejo durante um beijo ofegante, a fazendo arquejar seu nome repetidas vezes em meio a movimentos fortes e intensos.

Que calor, né gente?! 🔥
Eu sou péssima escrevendo cenas mais "hots", então me perdoem pela cena meia-boca. 

Eu amo esse capítulo, apesar de querer dar uns tapas no Gael por ele querer ser como o Maurício.

Sei que estou sumida, mas essa semana eu entro de férias e espero virar uma máquina de escrita e finalmente ter tempo de finalizar e postar o restante desse livro.

É isso, não desistam de mim!

Espero que tenham gostado do capítulo!
Nos vemos em breve!
Beijinhos ♥

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