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11 - Defeitos genéticos

A cor de seus olhos me leva a um passeio na lua. É um jeito de improvisar enquanto você descobre isso.
Aviation - The Last Shadow Puppets

Enquanto cortava algumas carnes e ouvia seu cunhado cantar alguma música sertaneja aleatória no karaokê, Gael encarava o rosto de Diana iluminado pelo celular no canto da laje e tinha certeza que ela se fundiria à parede se isso fosse possível. Não sabia se a mulher estava odiando a festa, mas ela estava visivelmente tensa e desconfortável, como se estivesse se obrigando a estar ali. Decidido a tornar aquilo ao menos um pouco mais confortável para a advogada, montou um pratinho de carnes, pegou mais uma cerveja e foi até ela.


– Eu sei que você não é vegana – a entregou o prato e a cerveja – Desculpa te deixar sozinha aqui, mas agora já coloquei meu cunhado de volta na churrasqueira e tenho um tempinho antes que ele fuja de novo.

– Obrigada – ela sorriu e pegou um pedaço de carne – E a festa é na sua casa, você não deveria perder seu tempo comigo.

– E quem disse que eu tô perdendo meu tempo? – ele abriu uma latinha para ela e uma para si – Eu gosto de conversar com você.

– Eu duvido muito – Diana virou alguns goles de cerveja – Você poderia estar cantando, dançando funk com elas – apontou para as irmãs do rapaz que faziam alguma coreografia que ela desconhecia – E realmente prefere estar aqui comigo?

– Funk não é muito a minha praia – Gael fez uma careta – E eu não sei de onde você tirou que sua companhia é ruim.

– É que não tenho uma personalidade muito divertida – ela sorriu.

– Eu acho que você só não mostra a sua personalidade. Tenho certeza que debaixo dessa postura séria tem uma Diana totalmente diferente.

– Você realmente acha isso? – desviou o olhar do chão para os olhos dele.

– Eu vi um pouco dessa Diana no dia do vinho de 270 reais.

– Era 269,90, você esqueceu dos dez centavos de novo – ela sorriu – E aquela Diana só existe depois do vinho.

– Olha, não conta pra ninguém, mas uma certa advogada trouxe um vinho hoje e tem cara de ser caro, então se você quiser um pouco, a gente desce lá na cozinha e toma sem ninguém ver.


Gael se aproximou para contar aquilo como se fosse um segredo e Diana não conseguiu relevar quão perfumado ele estava mesmo depois de passar um tempo na churrasqueira. Seria mentira também se ele dissesse que não ficou inebriado com o perfume floral que exalava da pele da advogada. Quando ela sorriu o rapaz se levantou e a estendeu a mão.

Diana aceitou segui-lo até a cozinha para uma taça de vinho. Gael pegou a garrafa clandestinamente e os dois desceram as escadas rindo da forma como ele afanava sua própria bebida em sua própria festa. Ao chegarem no cômodo se depararam com dona Cida conversando com uma vizinha na beirada do fogão desligado. Até então a senhora não havia visto a advogada.


– Doutora! – a mulher secou as mãos no pano de prato e a abraçou – Quando a Rita me falou que a senhora viria eu não acreditei!

– Boa noite, dona Cida – ela retribuiu o abraço – Já falei para a senhora me chamar apenas de Diana. Como a senhora está?

– Eu estou bem, estava aqui com a Lu... – parou de falar assim que viu a garrafa de vinho nas mãos do filho – A gente já estava de saída, não é, Lucia? Vamos subir, lá em cima tá cheio de gente! Dá licença viu, Diana?


A mulher sorriu abertamente e saiu carregando a vizinha com ela até a laje. Cida achou que de alguma forma aquele vinho significava algo romântico entre seu filho e a advogada e não queria atrapalhá-los de maneira alguma. Diana não percebeu, pois ainda estava cativada pela a gentileza daquela senhora. Sentou-se e esperou Gael, que pegou dois copos no armário e um saca-rolhas na gaveta.


– Segundo o Google, esse aqui foi cinquenta reais – Diana falou assim que ele serviu seu copo.

– Esse cliente não gostava tanto de você quanto o outro – Gael brindou seu copo no dela e sentou à sua frente.

– Para ser bem sincera eu nem sei quem são esses clientes, eles enviam para o escritório e a recepcionista só me entrega – Diana sorriu e tomou o primeiro gole.

– Definitivamente melhor – Gael falou após experimentar o vinho – Ou o outro tá bem superfaturado ou eu que tenho paladar de pobre mesmo.

– Devo concordar com você. Talvez nós dois tenhamos paladar de pobre – ela riu – Esse é mais suave, daqueles que a gente bebe sem perceber.


E foi o que aconteceu. Os dois ficaram sentados à mesa conversando assuntos aleatórios enquanto a quantidade de líquido na garrafa diminuía. Diana tinha razão quanto a facilidade de Gael tornar assuntos banais em coisas interessantes. E ele também tinha razão, existia outra Diana debaixo daquela postura robótica.


– E aí eu só me lembro que escorreguei dentro do escritório porque a moça da limpeza tinha acabado de passar pano e eu não vi, caí de bunda no chão e minha calça rasgou. Fiquei até depois do expediente só pra ninguém ver e acabar com a minha reputação que mal existia, na hora de ir ainda tive que chamar um táxi mesmo morando perto – lágrimas se acumulavam nos cantos dos olhos de Diana enquanto ela ria ao contar a história.

– E você não pensou em sei lá, amarrar uma blusa na cintura?! – Gael a acompanhava na risada.

– Gael, eu tinha uns vinte e três anos, era a minha primeira semana no estágio novo, você acha que eu conseguia pensar em qualquer outra coisa que não fosse me afundar na cadeira?!


Diana apoiou sua mão sobre o braço de Gael enquanto controlava sua risada. Ele parou de rir no momento que sentiu o toque delicado em sua pele, mas manteve o sorriso no rosto.


– Eu disse – ele colocou sua mão suavemente sobre a dela – Eu disse que tinha uma Diana escondida aí dentro.

– Eu só sou da forma que eu fui criada pra ser – suspirou e o olhou nos olhos, deixando de sorrir – Toda a minha vida eu fui ensinada que deveria ser melhor que todo mundo, que deveria ter mais dinheiro, que deveria ter uma carreira de sucesso pra que outras pessoas trabalhassem pra mim... E sinceramente? Eu não concordo com nada disso. Eu odeio ser quem eu fui obrigada a me tornar.


Gael encarava aqueles olhos de cores diferentes que transbordavam verdade. Diana parecia uma bomba prestes a explodir a qualquer momento por guardar tanta coisa para si. Ela nunca havia falado isso para ninguém, nem para si mesma. Nunca havia dito em voz alta que odiava ser quem era. O rapaz segurou sua mão com firmeza, demonstrando todo o apoio que ela sempre precisou e nunca recebeu.


– Você não tem que ser essa pessoa – Gael murmurou.

– Eu acho que eu já sou ela – Diana suspirou – Eu sinto necessidade de ser perfeita em tudo pra agradar os outros. Todos os meus detalhes precisam ser perfeitos, mas tudo isso pra quem?

– Eu aposto que você não gosta dos seus olhos, que não julga eles perfeitos...

– Eu os odeio porque minha irmã sempre se vangloriou por seus olhos verdes iguais aos da minha mãe enquanto os meus saíram defeituosos, uma anomalia genética, um verde e um castanho.

– É uma pena que você odeie, porque seus olhos são os defeitos genéticos mais lindos que eu já vi.


Diana continuava segurando a mão de Gael enquanto ele sorria após elogiar aqueles olhos tão intensos. Talvez todo aquele vinho ingerido colaborasse com aquela proximidade, mas ele não conseguia desviar seu olhar do dela. Ao acariciar seus dedos com o polegar, o rapaz tocou na aliança fina e prateada com uma pedra brilhante e se deu conta de que estava a um passo de ultrapassar todos os limites.


– Finalmente encontrei vocês! – Rita surgiu sorridente pela porta, para o alívio de seu irmão.

– Graças a Deus – ele sussurrou e soltou a mão de Diana – E estava procurando a gente por quê?

– Ah, eu achei que a Diana tinha ido embora sem se despedir, mas aí a mãe disse que vocês estavam aqui embaixo e que não era pra eu vir atra... – olhou para a mesa e cruzou os braços – Eu não acredito que vocês tomaram vinho e não me chamaram!

– Ainda tem um pouco – Diana sorriu para a aniversariante – Guardamos pra você.

– Ai Di, você não me engana não – Rita torceu os lábios – Isso aí foi o que sobrou. Mas tudo bem, eu aceito – deu de ombros e virou o pouco que restou direto no gargalo.

Di? – Gael riu – Quando foi que vocês viraram melhores amigas?

– Ela é minha advogada, dá licença – Rita arqueou as sobrancelhas para o irmão e se voltou para Diana – Seus pais são fãs de mitologia? Ou é por causa da Mulher Maravilha?!

– Princesa Diana – ela suspirou – Minha mãe sempre se sentiu da realeza então colocou meu nome inspirado nela, apesar da pronúncia ser diferente.

– E qual é o seu signo? – Rita finalmente entrou em seu assunto favorito.

– Eu adivinhei de primeira – Gael sorriu para a irmã – Se você não adivinhar eu vou rir da sua cara.

– Eu tô entre Virgem e Capricórnio – ela estudou a feição de Diana, refletiu por alguns segundos e em seguida bateu na mesa – Virginiana!

– Meu Deus, vocês dois tem um superpoder, não é possível! – Diana riu – Como você descobriu?!

– Fácil, no seu escritório as pastas estavam organizadas por cores e as canetas por ordem de tamanho. Você já fez o seu mapa astral? Se você quiser eu posso fazer, você sabe a hora que você nasceu? Me passa sua data de nascimento, o horário exato e o local que eu vou fazer aqui no celular, juro que vai ser rápido.


Diana ria da animação de Rita. Ela não levava astrologia muito a sério, mas a moça tinha tanta paixão pelo o que estava falando que ela decidiu passar os dados que a aniversariante pediu. No tempo em que a irmã falava sem parar, Gael aproveitou e buscou mais cervejas para os três.


– Seu signo solar é Virgem, seu ascendente é Câncer e sua lua é Leão. Você tem uma essência trabalhadora, é superexigente, criteriosa e metódica. Também é introvertida, tá sempre preocupada com alguma coisa e quando alguém te magoa você guarda pra você, fica remoendo, mas não fala de jeito nenhum. Já a lua em Leão mostra que você tem espírito de liderança e gosta de ter a aprovação dos outros – Rita falava calma e concentradamente sobre o mapa de Diana.

– Eu... sinceramente, eu não acreditava em signos até esse momento. Você me descreveu – Diana falou verdadeiramente surpresa.

– Se eu fosse você, subiria lá pra laje antes que ela comece a te falar de todas as casas e o que cada uma representa no mapa – Gael falou escorado na porta enquanto tomava sua cerveja.

– Não quero deixar sua irmã falando sozinha – Diana olhou para Rita.

– Fica tranquila, eu vou subir também, só vim acabar com o vinho de vocês.


Rita sorriu e subiu na frente, dançando já no caminho. Diana se levantou, mas logo voltou a se sentar quando Gael sorriu ladino e trouxe mais uma garrafa de vinho para a mesa.


– A Rita já bebeu demais – ele abriu a garrafa e despejou nos dois copos – Agora eu vou te apresentar o vinho mais caro de todos. Esse aqui custou uns quinze reais no máximo e deve estar na estante da minha mãe há uns dois anos.


Diana riu e aceitou o copo, brindando em seguida. O vinho não era tão gostoso, mas naquela altura ambos já não se importavam muito com o sabor. Com o tempo não se importavam nem mesmo com os copos, já que dividiam o gargalo da garrafa enquanto continuavam a conversa sobre signos que Rita deixou pela metade. Ela já não sabia há quanto tempo estava na festa, mas num ímpeto decidiu fazer algo que nunca fez antes.


– Gael, eu quero fazer uma coisa – falou baixinho com os olhos brilhando – Vem comigo?


Apesar de ter sido um pedido, o sorriso dela não o dava a opção de negar. Gael sequer sabia o que ela pretendia, mas ela segurou sua mão e o arrastou até a festa como se fosse muito claro o que faria. A laje estava um pouco mais cheia do que quando desceram para a cozinha e quando ele se deu conta, ela já estendia um microfone para ele.


– E nessa loucura de dizer que não te quero vou negando as aparências, disfarçando as evidências. Mas pra que viver fingindo se eu não posso enganar meu coração? Eu sei que te amo!


Pela primeira vez na vida Diana não se importava. Não se importava se estava desafinada, não se importava se estavam a julgando, não se importava que a olhassem. Todos os convidados cantaram em coro junto dela e de Gael, que estava surpreso com o que estava vendo. Evidências era uma música impossível de não se conhecer a letra, então ele passou todos os minutos da canção observando aquela Diana genuinamente feliz ao seu lado.


– Qual música a gente vai cantar agora? – Diana perguntou sorrindo ao se sentar na cadeira de plástico.

– Você lembra que eu te falei que aqui em casa as festas só ficam animadas quando alguém canta Evidências? – ele sorriu – Parabéns, você acaba de animar a festa. Agora a gente pode cantar o que você quiser.

Ragatanga! Meu Deus, eu amava! Meus pais não me deixavam ouvir, mas eu ouvia na escola e amava!

– Eu acho que não sei cantar Ragatanga, mas a Rita deve saber. Ou a Isa, ela já tá bêbada também.

– Eu não tô bêbada, Gael – Diana estreitou os olhos – Só tomei vinho.

– Nós tomamos duas garrafas praticamente inteiras, Diana – ele sorriu – Mas tudo bem, eu prometo que não conto pra ninguém.


Gael piscou para Diana, que sorriu e foi atrás de Rita. As duas cantaram Ragatanga, depois passaram para alguma boyband americana dos anos 90 em que ambas se enrolaram na letra. Ninguém sabia como, mas de repente dona Cida estava cantando Macarena com a filha mais nova enquanto os demais convidados dançavam a tão conhecida coreografia – e isso incluía Diana.

O karaokê foi deixado de lado e as músicas mudaram para algo mais dançante. No fim da noite Diana já estava descalça e exausta de tanto dançar na companhia de Rita. Sentou-se ao lado de Gael, que não conseguia parar de sorrir ao vê-la se divertir daquela forma.


– Essa é a melhor festa que eu já fui na minha vida – Diana falou ofegante e tomou a lata de cerveja da mão do rapaz, dando uma golada em seguida.

– Eu acho que nunca mais vou te ver tão livre assim – ele riu e pegou a lata de volta.

– Então vamos eternizar esse momento!


Depois de muito procurar em sua bolsa, a advogada pegou o celular e apontou a câmera para os dois. Diana aproveitou e abraçou o pescoço de Gael, colando seus rostos um no outro. Aquele contato tão próximo fez borboletas baterem asas em seus estômagos, mas eles não estavam sóbrios o suficiente para darem importância a isso naquele momento, então apenas sorriram. O obturador capturou uma foto tremida e iluminada demais por conta do flash frontal, mas sem dúvidas era a foto mais espontânea que Diana já havia tirado.

O relógio se aproximava das quatro, praticamente todos os convidados já haviam ido embora e dona Cida e Gael limpavam a bagunça enquanto Rita e Diana dançavam alguma música de fim de festa abraçadas a algumas garrafas vazias. As duas combinavam inúmeros programas juntas, como uma ida ao karaokê e até mesmo um mochilão pela América do Sul.

No momento em que o som foi tirado da tomada foi como se toda a energia das duas fosse desligada também. Rita deitou no chão sujo, levando várias broncas da mãe. Diana começou a procurar a chave do carro na bolsa, mas não se lembrava nem mesmo onde havia estacionado. Gael a acompanhou com o olhar enquanto ela se despedia de todos com beijos e abraços e quando foi sua vez, ela o abraçou e tentou alcançar seu rosto.


– Sem chance, seria suicídio – ele ergueu o rosto.

– O quê? – ela se afastou, mas continuou com o braço apoiado na cintura dele.

– Você não vai embora assim, dá isso aqui – pegou a chave das mãos dela – Vamos descer, você toma um café, dá um tempinho e aí quando estiver melhor eu te devolvo, beleza?

– Eu dirijo bem, não tem problema – tentou pegar as chaves.

– Sério que você tá dizendo isso pro cara que você atropelou? – Gael riu – Sem chance, quer ver? – ele virou para a mãe e gritou – Mãe, a Diana tá querendo dirigir nesse estado!

– Mas de jeito nenhum! – dona Cida andou apressadamente até os dois – Eu te proíbo, viu menina?! Eu nunca mais que durmo em paz se algo te acontece!


Dona Cida falou incontáveis acidentes que poderiam acontecer, formas que Diana poderia se machucar e finalmente a convenceu a tomar ao menos um café e aguardar até seus reflexos voltarem ao normal. A moça que ainda não tinha percebido que continuava abraçada à cintura de Gael cruzou os braços e aceitou, já que não havia outra saída.

Eu sou APAIXONADA pela Diana livre! Esse capítulo foi uma delícia de escrever, vocês não fazem ideia. Lembro que escrevi 5 mil palavras em uma madrugada e queria escrever ainda mais, tamanha empolgação que fiquei.

Enfim, gostaram da festa? Diana cantando Evidências é tudo pra mim hahaha
E aparentemente temos Gael se interessando um pouco por esses olhos heterocromáticos hein!

É isso, nos vemos em breve!
Beijinhos ♥

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