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Capítulo 9 - Ponto de Ruptura - 1953

Fui jogada numa cela pequena da delegacia. Encolhi-me em um canto, no chão, daquele espaço imundo e permaneci sentada ali.

Ainda era melhor estar presa do que voltar para a fazenda. Ignorei todos os insultos vindos dos policiais.

Minha total aceitação do cárcere transformou os olhares furiosos e cheios de escárnio em uma curiosidade mórbida dos homens da delegacia.

O vestido que Ana Lúcia me emprestou estava encardido. Mas eu não me sentia mal por isso. Toda sua gentileza foi só uma tentativa de me devolver para Silvino junto do Trovão.

Chorei em silêncio quando me lembrei do cavalo. Rezei para que ele ainda estivesse vivo. Mas sempre que eu rezava, tinha o silêncio como resposta.

Recostei-me na parede úmida da cela e adormeci em algum momento. Eu gostava de dormir. Nesses momentos, eu não existia.

Pude vê-la com mais clareza. Ela estava parada diante de mim naquela cela, de pé.

Os cabelos eram como os meus, mas cortados na altura dos ombros. As volumosas ondas adornavam seu rosto. Suas pálpebras estavam pintadas por uma maquiagem escura. Os lábios, por sua vez, cobertos por batom vermelho. A mulher estava adornada de pérolas ao redor do pescoço e pulsos. O pescoço era exibido nu e o decote revelava boa parte do busto. Só de me imaginar em roupas assim, senti meu rosto arder.

Ela era muito parecida comigo, mas minha mãe tinha algo que a tornava bonita e até hipnotizante. Eu não tinha essa graça.

— Vai ficar chorando como uma criança? — Indagou. A névoa me impedia de enxergar muito além dela.

— Eu não tenho para onde ir. — Rebati, decepcionada com a forma como Brigitte me tratou. — Eu não quero voltar pra fazenda.

— Eu não esperaria menos daquele frouxo do seu pai. — Ela revirou os olhos. — Lute, Rosa. Eu não tive uma filha fraca.

— Filha? — Encarei-a com fúria. — Eu não sou sua filha. Você não me criou!

— Isso, Rosa. Lute. — A mulher deu um sorriso de canto.

— Eu odeio você, Brigitte.

— Seu ódio não vai mudar a minha decisão. — Ela se agachou diante de mim e me olhou nos olhos. — Não me arrependo.

Acordei em um sobressalto. Senti um som agudo em meus ouvidos e minha cabeça doeu. Segurei minhas têmporas, quase tomada por uma dor insuportável.

Algumas imagens me vieram à cabeça. Brigitte e seu sorriso cínico, meu próprio corpo se debatendo debaixo d'água, sangue em minhas mãos, um bebê em meus braços...

Pensei que eu fosse desmaiar. A porta da cela se abriu e virei meu rosto atordoado em direção a ela.

Silvino estava ali.

— Vem, Rosa. — Seus olhos estavam sérios. Ao lado dele, tinha um policial.

— Não! — Minha cabeça ainda estava doendo muito e meus pensamentos eram confusos.

Silvino olhou para o policial e adentrou a cela em passos duros. Ele me agarrou pelo braço e me arrastou para fora dali. Não pude resistir. A dor me tornou passiva, tudo o que eu conseguia fazer era apertar as minhas têmporas.

Quando dei por mim, estava na charrete do meu pai. Uma égua branca estava atrelada a ela.

A dor em minha cabeça começou a se dissipar e me dei conta de que estava voltando para a fazenda.

— Trovão... — Sussurrei, sem força para lutar.

— Seu irmão está levando ele pra casa. — Silvino me respondeu sem olhar para mim.

— Eu não quero voltar pra fazenda. — Supliquei com a voz fraca. O conselho de Brigitte reverberou em minha memória. Eu tinha que lutar.

— Cale a boca. — Silvino me respondeu com rispidez. — Agradeça por eu não ter te deixado lá.

— Pai, o Josué...

— Eu já mandei você calar a boca, Rosa. Eu não quero ouvir você falando merda.

Calei-me e o olhei com raiva. Pensei em pular da charrete, mas eu iria me machucar demais.

Restou-me aceitar.

"Lute, lute, lute, lute." — Repeti em minha mente.

Por todo o percurso, cantei esse mantra de proteção.

Chegamos na fazenda. Silvino me agarrou pelo braço e me desceu da charrete. Com o canto dos olhos, vi Antônio montado em Trovão.

Meu pai me arrastou para dentro da casa e me soltou na larga sala de estar. Antônio veio atrás dele. Maria se aproximou, vinda da cozinha, ao ouvir a movimentação.

Os olhos de todos caíram sobre mim.

— O que deu na sua cabeça? — Silvino gritou. — Eu tive que pagar o conserto daquela porra daquela escola! E eu quase perdi o cavalo. Você tem ideia de quanto esse animal custou, Rosa?

— Eu fugi daqui! — Gritei de volta.

Antônio caminhou em passos rápidos em minha direção. Ele desferiu um forte tapa contra o meu rosto. Antes que eu me recuperasse, outro tapa. E mais outro. Meu irmão, então, agarrou os meus cabelos e me jogou contra o chão.

Olhei para ele e então para o meu pai. Silvino me encarava com severidade. Fitei Maria. A mulher não estava olhando para mim e nem para o filho. Ela encarava o chão.

Eu não chorei. E não iria chorar ou gritar.

Percebi Antônio retirando o cinto de sua calça e, então, açoitou-me com aquele cinto. A cada açoite, minha pele ardia e doía. Senti, desesperadamente, vontade de gritar. Mas não o fiz. Mordi meus lábios com força até eles sangrarem. Mas não gritei. Eu não demonstraria qualquer sinal de dor.

Antônio parou quando Silvino ergueu a mão.

— Acho bom que tenha aprendido a lição, Rosa. — Meu genitor falou. Fiquei de pé e Antônio se afastou de mim.

Encarei meu pai.

— O senhor é tão covarde que pediu para o seu filho me bater em seu lugar. — Respondi. Senti o gosto metálico do sangue em meus lábios. E mais um tapa da pesada mão de Antônio em minha face.

Silvino segurou o meu rosto com força e me fez o olhar nos olhos.

— Eu faço de tudo por você e o que recebo em troca são essas loucuras que você comete. — Disse entredentes.

— De tudo? A única coisa que sou é a prova viva da sua infidelidade.

Dessa vez, o tapa que recebi na face foi de Silvino. — Eu desisto de você! Vou entregar você pro primeiro que pedir. Isso se algum homem ainda quiser você, Rosa! — Silvino gritava como eu nunca o ouvi gritar.

— Que diferença isso faz? O Josué vai acabar me violando! Eu fugi daqui por isso! Ele ameaçou me estuprar!

— Se ele fez isso, é porque você deixou! Você não presta! — Silvino encarou Maria. — Maria, eu não quero mais saber dessa menina fora de casa! Acho bom você vigiar ela direito!

Maria apenas fitou o marido com raiva nos olhos.

— Entendeu, Maria?

— Sim, Silvino. — A mulher respondeu com um olhar apático. Percebi ela se aproximando de mim.

Meu corpo estava paralisado. Eu não consegui acreditar no que meu pai disse e na ordem que ele dera. A recordação da Brigitte me veio à mente. E então, senti meu peito vazio.

O chiado voltou aos meus ouvidos. De repente, estava sozinha naquela sala. Um brilho esverdeado entrou pela janela.

Uma ventania começou a soprar contra o vidro da janela e a uivar. Trovões ecoaram e fizeram o chão tremer. Meus olhos permaneciam mortos encarando o horizonte.

E, abruptamente, tudo voltou ao normal. Maria segurou meu pulso. E então o soltou, encarando-me assustada.

— Antônio! O que você fez com a menina? — A mulher indagou. Algo escorreu do meu nariz. Levei as mãos até a narina e vi algumas gotas de sangue em meus dedos.

— Eu nem bati forte, mãe. — Meu irmão respondeu com rispidez. Silvino se aproximou e olhou para a minha face.

Ele ergueu a mão para tocar o meu rosto. Nesse momento, esquivei-me do toque dele.

— Posso ir para o quarto, dona Maria? — Perguntei a ela. A mulher assentiu e assim eu o fiz, deixando uma trilha de gotinhas miúdas de sangue pelo chão.

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