
CAPÍTULO 16
Era o dia das audições do festival, e meu primo estava quase explodindo de nervosismo.
— Você vai se sair bem, treinou o mês inteiro. Meus ouvidos são testemunhas — tentei tranquilizar o ruivo.
Doug esfregava as mãos na calça jeans enquanto esperávamos abrirem as portas do hall. Acabamos chegando um pouco cedo, para caso ocorresse algum imprevisto.
Beny deu alguns tapinhas no ombro dele.
— Relaxa, Doug. Você vai desmaiar se continuar respirando rápido assim.
Ele se prendeu ao olhar da loira, e começou a regular a respiração com a ajuda dela, que fazia movimentos de sobe e desce com a mão, pedindo que Douglas os imitasse. Pareceu funcionar após alguns segundos, embora ele ainda soasse como se tivesse saído de uma maratona.
— É a primeira vez que tento participar de um festival nesse nível — ele disse puxando os cabelos para trás com as duas mãos — Talvez não gostem do meu som.
— Eles vão adorar seu som, eu garanto.
Chequei meu celular em busca de algum sinal de vida do meu namorado, mas nada. A última vez que falei com Peter, foi na hora do almoço. Não nos vimos mais, nem trocamos mensagens depois disso.
— Ele já deve estar chegando — Beny viu minha angústia.
Concordei com a cabeça, forçando um sorriso, e guardei o celular no bolso.
Algumas pessoas esperavam com nós, e chegavam outras cada vez mais. Não demorou muito para que o encarregado do festival aparecesse, e logo todos entraram no hall.
Não era um espaço muito grande, devia ser um dos auditórios da universidade. Várias fileiras de cadeiras iam até a ponta do pequeno palco de madeira. Lá, uma pesada cortina de camurça estava aberta, e mais ao fundo tinham alguns instrumentos esperando para serem usados.
Sentamos em uma das primeiras fileiras, e logo os lugares ao nosso redor estavam ocupados.
— Não vai guardar um lugar para o Peter? — Beny questionou olhando ao nosso redor.
Dei de ombros.
— Ele vai vir com os amigos.
Ela pareceu curiosa, mas não fez novas perguntas.
Um som alto de risadas preencheu o espaço, e todos se viraram para ver de onde vinha. Na entrada, um grupo de garotos parecia se entreter com algo dito por um deles, criando uma cena para quem não fazia parte da conversa. Encontrei Peter entre eles, deviam ser seus amigos, mas também uma loira muito conhecida por mim, que estava agarrado ao braço do meu namorado.
— Darla — Bethany cuspiu como se fosse um insulto.
Peter tinha dito que ela não iria nas audições. Porque ele mentiu? E porque ela estava agarrada no braço dele?
Apertei o apoio de braço da cadeira até as juntas dos meus dedos ficarem brancas.
— Vanilla — minha amiga chamou, mas eu não dei atenção. Me virei para frente e cruzei os braços.
Doug ficou olhando de mim para Beny, e depois para trás, tentando entender o que estava acontecendo.
— As audições já vão começar.
O mesmo homem que abriu as portas apareceu de trás do palco acompanhado de mais duas pessoas, e os três sentaram em uma mesa improvisada no meio do corredor entre as cadeiras.
Eram dois homens e uma mulher. Doug havia explicado quem eles eram enquanto esperávamos do lado de fora. O primeiro era Lorenzo García, um cantor latino que foi muito famoso nos anos oitenta. A mulher era Amélie Leblanc, uma francesa, coordenadora do curso de música da faculdade. E o outro homem era Isaac Eaton, professor de violão na UP. Eles estariam avaliando no dia do festival também, junto com dois convidados surpresa.
— Bom dia a todos — Isaac falou se virando para nós — Daremos início às audições em ordem alfabética, começando por... — ele leu em uma prancheta em cima da mesa — Alex Brown.
Um garoto com cabelos castanhos bagunçados, de no máximo dezessete anos, se levantou e subiu apressado as escadas laterais, parando no meio do palco atrás de um microfone.
— O que vai nos mostrar hoje Alex? — Amélie perguntou com seu sotaque carregado, e talvez um pouco exagerado.
— Vou cantar uma música, e tocar violão — o garoto respondeu tímido.
— Pode começar — Isaac avisou.
Alex apanhou um violão que estava apoiado em seu suporte no palco, e passou a alça por sobre a cabeça. Ele arranhou alguns acordes antes de finalmente começar a tocar.
Eu não conhecia a música, mas ela ficava muito boa na voz daquele garoto. Era calma, muito diferente do que imaginei que ele fosse tocar.
Quando terminou, todos aplaudiram, inclusive os jurados.
A lista foi seguindo, e cada vez uma pessoa subia no palco para mostrar suas habilidades com a música. Uma garota infelizmente passou mal e saiu correndo antes mesmo de começar a cantar, deixando todos com pena dela.
Foi então que chegou a vez de Doug se apresentar.
Apertei firme a mão dele antes de deixá-lo ir, e Beny fez sinal de positivo com as mãos. O ruivo deu um sorrisinho para nós antes de subir no palco e se acomodar atrás da bateria.
— O primeiro baterista do dia — Isaac comentou para ninguém em especial — Vamos ver do que você é capaz, garoto.
As primeiras batidas iniciaram, e logo identifiquei a música Smells Like Teen Spirit, da Nirvana. Foi uma boa escolha, Doug conseguiria mostrar do que era capaz na bateria.
— Ele está mandando muito bem — Beny sussurrou em meu ouvido, e eu concordei.
Enquanto meu primo tocava, dei uma olhada para trás. Meus olhos vasculharam o auditório, até que vi Peter algumas fileiras para trás, no outro corredor de cadeiras. Darla estava sentada ao seu lado e parecia sussurrar alguma coisa para ele. Peter sorriu e levantou o olhar, encontrando o meu.
Me virei rápido mordendo o lábio com vergonha de ter sido pega o espiando, mas a verdade era que eu não devia me sentir assim, ele era meu namorado, não de Darla. Ela quem deveria estar com vergonha, embora eu duvidasse que isso um dia fosse acontecer.
— Está tudo bem?
Olhei para Beny e acenei a cabeça com um falso sorriso no rosto antes de voltar minha atenção para Doug, que arrasava no palco.
A apresentação dele não durou muito tempo, e quando terminou, recebeu uma chuva de aplausos. Bethany até mesmo assobiou, o deixando envergonhado.
Assim que Douglas voltou para seu lugar, nós quase nos jogamos em cima dele.
— Eu disse que você era foda — Bethany balançou o braço dele, o fazendo chacoalhar todo.
Eu ri segurando as mãos dele entre as minhas.
— Foi demais — falei com sinceridade, realmente foi — Você vai arrasar no festival.
— É o que eu espero — ele respondeu sorrindo, e reclamou com Beny pedindo para que ela parasse de chacoalhá-lo.
Mais algumas apresentações aconteceram. Muitas pessoas mandaram bem, enquanto outras infelizmente não teriam chance naquele ano, mas fazia parte.
Meu corpo se retesou quando o jurado falou alto:
— Peter Daley, sua vez.
Me virei para observá-lo.
Peter levantou, sendo empurrado por seus amigos, e subiu até o palco rindo. Ele carregava seu próprio violão, e o tirou da capa assim que os jurados o autorizaram a começar.
— Vou tocar Satisfaction. Ouvi dizer que uma garota aqui gosta de The Rolling Stones — Seu olhar pousou em mim enquanto falava, me fazendo ruborizar até os fios de cabelo.
Algumas pessoas olharam para trás procurando a quem ele se referia, mas assim que Peter começou a tocar, roubou a atenção até dos mais distraídos.
— Ele não para de olhar para você — Beny voltou a sussurrar em meu ouvido.
Ela estava certa. Peter não tirava o olhar de mim enquanto tocava, e eu o encarei de volta.
As notas saiam perfeitas, sem um erro sequer. Peter tocava bem, e ninguém poderia dizer o contrário, mas me impressionei ao ver que ele não cantaria. Na verdade, eu nunca ouvira ele cantar, talvez não se achasse bom nisso.
Enquanto a música continuava, ninguém ousou abrir a boca. Os jurados faziam anotações em suas pranchetas e conversavam entre si, ora mexendo com a cabeça concordando, ora discordando. Aquilo estava me deixando nervosa, mas Peter parecia tranquilo no palco, como se fizesse isso todo dia.
Nem percebi quando a música terminou e os aplausos começaram.
Peter voltou a guardar seu violão e desceu do palco, indo em minha direção.
— Amiga, eu e Doug vamos... pegar um ar — Beny falou agarrando o braço de um Doug completamente perdido, e o arrastou para longe.
Eu sabia que eles não iam a lugar nenhum, mas não tive tempo de reclamar com Beny, pois Peter já sentava ao meu lado.
— O que achou? — ele perguntou apoiando o braço no encosto da minha cadeira.
Me encolhi um pouco.
— Você toca muito bem — admiti — Foi uma boa escolha de música.
Peter sorriu e levou sua mão ao meu rosto, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Sua pele estava quente, era um toque reconfortante.
— Escolhi pensando em você.
Sorri de volta.
— É, eu percebi.
Um silêncio constrangedor, pelo menos para mim, se instaurou entre nós, mas não durou mais do que poucos segundos.
— Desculpe — O olhei intrigada, mas logo ele explicou — Não pensei que Darla iria aparecer, ela nunca gostou desse tipo de coisa.
Balancei a cabeça.
— Tudo bem — Segurei a mão dele — Eu não me importo.
Aquilo não era verdade, e Peter sabia disso.
Me incomodava, e muito, Darla estar lá. E me incomodava ainda mais ter visto Peter tão próximo dela, como se ainda estivessem juntos.
— Ainda está de pé o jantar?
Concordei sorrindo.
— Escolhi meu restaurante preferido. Se você não gostar, a gente vai ter que terminar — brinquei.
Peter arregalou os olhos em uma indignação teatral.
— Prefere um restaurante do que a mim? — questionou incrédulo.
— Acontece — falei rindo — Quando você provar a comida de lá, vai pensar igual a mim.
— Bom — Peter desceu o braço até meus ombros, e me puxou para perto — Vou ter que conhecer esse lugar que roubaria minha namorada assim tão fácil.
Revirei os olhos e deitei a cabeça no ombro dele.
Assistimos o resto das audições, e então os jurados agradeceram a participação de todos.
— A lista dos aprovados estará no mural amanhã cedo, parabéns a todos — Isaac disse antes dos três se retirarem.
Focos de conversa começaram a despontar por todos os lados. Já dava para ter uma noção de quem passou, mas seria bom conferir no dia seguinte.
Peter e eu nos levantamos, mas segurei seu braço antes de deixá-lo se afastar.
— Preciso de um favor — disse ao lembrar do pedido de Beny.
— Faço tudo por você, princesa — Peter beijou minha testa.
— Sabe seu amigo Ryan? — Ele concordou com a cabeça, visivelmente confuso — Bem, a Bethany meio que... ela está afim dele.
— Do Ryan?
— Sim...
Peter olhou para trás, onde estavam seus amigos.
— Certo, o que isso tem haver comigo?
Respirei fundo antes de continuar. Como eu pediria isso a ele?
— Você poderia, hã... apresentar eles? Sabe... fazer Ryan saber que a Beny existe.
Ele pareceu achar graça de meu pedido, mas não o negou.
— Não sei se Bethany faz o tipo de Ryan, mas posso tentar.
Abracei Peter no mesmo segundo, o agradecendo sem parar. Quando Beny descobrisse, iria ficar louca. Ela estava me devendo, e muito.
— Ok, ok. Você está me sufocando, anjo.
— Desculpe — O soltei, mas Peter agarrou minha mão, mantendo firme sob a dele.
Entendi o que aquilo queria dizer. Estava na hora de conhecer os amigos de Peter, e enfrentar Darla no processo.
Deixei que ele me guiasse até o grupo, que estava parado na saída do hall. Pareciam estar esperando por Peter e a tal namorada que ninguém conhecia, a não ser Darla, e ela não devia ter falado muito bem de mim.
Eu apertava a mão de meu namorado com força enquanto nos aproximávamos cada vez mais.
— Relaxa — ele murmurou próximo ao meu ouvido.
Seria uma tarefa complicada.
Quando chegamos na saída do hall, me deparei com três garotos. Um deles era Jackson, que eu conheci na primeira festa que fui. Já os outros dois eram completamente desconhecidos por mim, mas imaginei que um deles fosse Ryan.
— Gente, essa é a Vanilla Quinn — Peter me deu um empurrãozinho, me obrigando a ir para frente — Esses são Jackson, Maverick e Jaden.
Então Ryan não estava lá, estranho.
O tal Jaden revirou os olhos e desferiu um soco no braço de Peter, forte o suficiente para fazê-lo reclamar.
— É Ryan — falou em minha direção — Esse idiota acha engraçado me chamar pelo meu nome do meio.
Ryan era alto, o mais alto do grupo. Ele tinha o cabelo castanho e curto nas laterais, com uma franja alinhada para trás. Ao contrário de Peter, tinha o corpo esguio, mas combinava com seu jeito despojado. Nos braços, possuía algumas tatuagens, mas a que mais me chamou atenção era a no pescoço, um desenho tribal que ocupava toda a parte esquerda, terminando atrás da orelha.
Não era exatamente o que eu esperava, mas Beny não estava errada quando disse que ele era bonito.
— Prazer em conhecê-la — Maverick me estendeu a mão, e eu a apertei — Pode me chamar de Mave.
— Certo.
Ele era ruivo como Douglas, mas tinha os cabelos encaracolados e algumas sardas espalhadas pelo rosto. A pele dourada indicava que ele passava bastante tempo no Sol. Seu sorriso era simpático e incrivelmente acolhedor.
Jackson foi o único que não abriu a boca, além de Darla, que me fulminava com o olhar. Imaginei que ele pudesse não gostar do meu relacionamento com Peter, já que no dia da festa pareceu irritado em nos ver juntos.
Peter segurou minha cintura e me puxou para perto.
— Melhor irmos, o treinador quer reunir todos antes do jogo. Sabe como é, ele adora fazer uns discursos motivadores — Os garotos riram.
Caminhamos para fora do hall, em direção ao estacionamento. Não havia sinal da moto de Peter, o que indicava que ele pegou carona com um dos amigos.
Dei uma olhada para trás em busca de Beny e Doug, mas não os encontrei. O carro do ruivo também não estava mais lá.
— Eles foram embora — Peter confirmou minhas suspeitas.
Assenti e o segui para perto de um carro junto com o resto do grupo.
Era Maverick o dono do carro, pois foi ele quem o abriu para que entrássemos.
— Só tem cinco lugares.
Olhei para meu namorado um pouco duvidosa, nós estávamos em seis.
— Alguém vai ter que ir a pé — Darla declarou olhando especificamente para mim.
— Nada disso — Peter me puxou para mais perto — A Nilla senta no meu colo, o campo não é muito longe.
— O que? — O olhei surpresa.
Ir no colo dele?
Peter ignorou meu espanto.
— É perigoso... — Jackson começou a falar, mas foi interrompido por Maverick.
— Pode ser sim, não é como se eu fosse apostar corrida.
Darla e Jackson adotaram expressões emburradas, mas não tinha o que discutir.
Um por um eles entraram no carro, até que chegou minha vez. Me aproximei um pouco da porta aberta e mordi o lábio hesitante.
Peter achou graça.
— Vem logo, anjo.
Revirei os olhos e me inclinei para entrar no carro. Me acomodei no colo de Peter, segurando minha bolsa com força entre as mãos.
As mãos dele foram parar em minha cintura, e permaneceram lá conforme o carro andava.
Era uma posição bem desconfortável, e eu precisava ficar curvada para não bater a cabeça no teto. Mas o pior de tudo era a sensação angustiante de estar no colo de Peter, aquele tipo de proximidade era novo entre nós.
Os dedos dele apertando minha cintura por cima da calça, alguns deles encostando minha pele exposta onde a barra da camiseta levantou alguns centímetros. Não era possível que só eu estivesse transpirando dentro daquele carro.
Fechei os olhos por alguns segundos. Esquece isso Vanilla, era o que eu repetia em meus pensamentos.
Por sorte, os garotos começaram a conversar, me fazendo perder a concentração do toque de Peter.
— Acham que a gente vence hoje? — perguntou Jackson, se virando do banco da frente.
— Claro que sim, Georgetown nunca ganhou de nós — disse Mave enquanto fazia uma curva acentuada — Não é hoje que vai acontecer o contrário.
Eu não conhecia os placares dos últimos jogos e não fazia ideia de que times já jogaram contra a UP. Esse era o primeiro jogo de futebol americano que eu assistiria na vida.
— É só mantermos a formação — acrescentou Peter. Levei um pequeno susto quando ouvi sua voz.
— Qual sua posição? — Me virei para Peter o máximo que pude naquele pequeno espaço.
— Fullback, eu bloqueio para o idiota do Jaden conseguir correr. Ele é um Halfback.
— O jeito que você me elogia é comovente — Ryan disse cutucando Peter com o cotovelo, ele estava sentado ao seu lado.
Peter retribuiu com um empurrão na cabeça dele.
— Comportem-se aí atrás — reclamou Mave, autoritário — ou nunca mais dou carona para vocês.
Os dois se aquietaram.
— Eu e Jackson somos laterais — o ruivo falou me olhando pelo retrovisor interno.
As posições que eles falaram me eram desconhecidas. Na verdade, a única que eu conhecia era quarterback, pois já escutei falar dela em vários filmes.
Mave estacionou antes que eu pudesse fazer mais perguntas, e todos descemos do carro.
No lado de fora, Peter voltou a segurar minha mão. Eu sorri para ele, que retribuiu o gesto.
Segui os garotos pela periferia do campo, que era cercado por grades de metal, até pararmos na entrada. Um grande portão aberto nos dava visão para o gramado onde ocorreria o jogo, com grades parecidas com as do lado de fora separando os jogadores do público. Algumas pessoas já começavam a entrar para ocupar seus lugares na arquibancada.
— Vamos entrar antes que o treinador venha nos puxar pelas orelhas.
— Me deem um segundo — Peter se virou para mim, dispensando os amigos com um aceno de mão.
Vi Ryan empurrar Mave e Jackson para longe, e Darla seguí-los com um olhar irritado, antes de me virar para Peter.
— O que foi? — tentei parecer descontraída.
— Só queria te pedir desculpas, mais uma vez. Eu sei o que a presença de Darla te causa e...
— Está tudo bem, sério — o tranquilizei.
— Certeza? — Ele não parecia muito seguro com a minha resposta.
Levei minhas mãos ao rosto do Peter, o segurando entre elas, e concordei com a cabeça.
— Absoluta.
Ele sorriu e segurou meus braços, deixando um beijo na parte interna de meu pulso esquerdo. Aquilo me derreteu toda.
— Vai torcer por mim hoje, certo? — Ele parecia muito mais tranquilo.
— Você vai conseguir ouvir meus gritos do campo — brinquei.
Aquilo pareceu alegrar ele, pois um largo sorriso apareceu em seu rosto.
Peter beijou minhas mãos uma de cada vez antes de soltá-las, e começou a se afastar dando passos para trás.
— Eu vou ser o com o número vinte nas costas — disse antes de se virar e correr para encontrar seus colegas de time.
O sorriso bobo em meu rosto não queria sair de jeito algum, esse era o efeito que Peter Daley causava em mim.
— Isso foi... patético.
Me virei apenas para ver Aisha e Carly paradas atrás de mim. Elas deviam ter visto meu momento íntimo com Peter.
— Sério, parecia que não iria acabar nunca — continuou a garota negra com o deboche.
Meus olhos focaram em Carly, que sempre achei ser a mais, talvez a única, sensata do trio. Ela apenas observava enquanto sua amiga tentava me humilhar.
Ótimo.
— Hoje não, Aisha — falei dando as costas para elas, e caminhei para dentro do estádio.
As duas me seguiram, para o meu infortúnio.
— Você sabe que não vai demorar muito tempo para o Peter te largar, né? Ele ama a Darla e todo mundo sabe disso.
Se eu fosse ter de escutá-la falar esse tipo de coisa, eu preferia ir embora. Peter entenderia, eu sei que sim.
— Você é muito burra se acha que ele iria gostar de alguém com a cara assim.
Ok, aquilo havia doído.
Peter já me provou diversas vezes que não se importava em eu ter uma cicatriz no rosto, e não seria Aisha quem me faria parar de acreditar nele.
— Aisha, me deixa em paz! — tentei me livrar das suas implicâncias. Não funcionou.
— Faça um favor a si mesma, e esqueça esse conto de fadas que acha que está vivendo.
— Aisha — Carly tentou chamar a atenção da amiga, mas ela parecia concentrada demais em tentar me fazer chorar.
— Quer uma prova? Vai na festa de hoje e veja você mesma.
As palavras dela eram convictas demais para alguém blefando, mas eu não ousei cair em seu jogo.
— Nós não vamos na festa.
Carly riu atrás de nós.
— Peter joga futebol, onde você acha que ele mora?
— Uma hora ele vai ter que voltar para o Hall, e a festa ainda estará acontecendo.
Aisha estava certa. Se Peter morava no Hall do time de futebol americano, quando me deixasse em casa era para lá que voltaria. Uma festa sem mim, onde Darla poderia tentar fazer o que quisesse com meu namorado.
— Isso é ridículo. Me deixem em paz. — Subi correndo as escadas que levavam aos andares da arquibancada. Para a minha sorte, não fui seguida.
O que Aisha queria dizer com "vai na festa de hoje e veja você mesma"? Darla estava planejando alguma coisa? Bom, eu não entraria no joguinho delas. Confiava em Peter o suficiente para saber que não me trairia, assim como fez com Darla, embora tivesse a oportunidade.
Me sentei entre duas pessoas, e abracei minha bolsa sem saber muito o que fazer.
O jogo não estava lotado, mas tinha uma quantidade considerável de público. Quando os jogadores entraram no campo, procurei Peter entre eles, e o reconheci pelo número vinte em suas costas. Ele olhava para a arquibancada, provavelmente me procurando, e acabou acenando em minha direção. Fiz o mesmo, sorrindo embora soubesse que ele não conseguia ver.
A partida começou, e eu não poderia dizer que estava entendendo alguma coisa. O placar dizia que o time da UP estava vencendo, então era o suficiente para me deixar animada com o jogo. A cada ponto marcado, as líderes de torcida gritavam e faziam uma coreografia, identifiquei Darla e Aisha entre elas.
Os minutos foram passando, e eu percebi que aquele era um esporte que o pessoal da faculdade realmente gostava, pois as pessoas ao meu redor comemoravam como loucos.
Ao fim do jogo, fui para o lado de fora esperar por Peter. Ele apareceu quando quase todas as pessoas já haviam ido embora.
— Você jogou bem — elogiei.
— Eu sempre jogo — se vangloriou — Pronta para o nosso primeiro encontro? — Ele acomodou o braço sobre meus ombros.
— Não é nosso primeiro encontro — o lembrei.
— O zoológico não conta, a gente não tinha planejado ir lá.
O dia mais mágico da minha vida não foi um encontro para ele, bom saber.
Decidi não me prender no assunto.
— Como vamos para o restaurante se você está sem sua moto? — questionei enquanto caminhávamos até o estacionamento.
Peter levantou uma chave de carro.
— Talvez Mave tenha me ouvido falar sobre sair com você esta noite.
Cutuquei as costelas dele com meu cotovelo, rindo.
— Ah, tenho certeza que ele descobriu sem querer — ironizei.
— Mas é claro que sim — Peter fingiu inocência — Eu nunca teria pedido o carro dele emprestado, pois queria levar minha namorada para jantar em um veículo mais confortável.
— Óbvio que não.
Paramos na frente do carro de Maverick, e Peter abriu a porta para que eu entrasse.
— Já que você não sabe onde é o restaurante, eu poderia dirigir — sugeri.
Ele arqueou as sobrancelhas para mim.
— Posso confiar que chegaremos vivos? — ele quis saber.
Revirei os olhos e tirei a chave de suas mãos.
— É claro que sim.
Ou talvez não, mas Peter não precisava saber disso.
Ai gente eu tô amando demais escrever sobre eles como casal kkkk
Nesse capítulo vocês conheceram os amigos do Peter, e já vimos que um deles não é muito fã da Nilla.
Espero que tenham gostado <3 não esqueçam de votar, ajuda muitooo
até o próximo cap <3
Vi Mello
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