066 • S8
── Você tem que ficar aqui na comunidade enquanto nós estamos fora. - Minha mãe dizia, andando de um lado para o outro recolhendo suas munições
── Não pode me impedir de ir mãe. - Protesto
── Isso pode ser perigoso. - Ela me olhou, finalmente parando na minha frente
── Me prender aqui não vai me proteger. Além do mais, também não quero que você corra perigo sozinha então prefiro ir junto.
── O Daryl concorda que você tem que ficar. - Maggie afirmou e suspirei ── Essa luta não vai ser justa se eu perder mais alguém. Quando eu e o Glenn saímos da Fazenda, me fez prometer que te protegeria da forma que ele mesmo faria, e tenho certeza que ele não te deixaria ir nesse lugar
── As coisas mudaram mãe. - Falei ── Você não percebeu que ficou tudo diferente depois que o meu pai deixou a gente?
Maggie desviou seu olhar, engolindo em seco, seus olhos já marejados. Ela respirou fundo e deu mais um passo a frente, pousando suas mãos em volta do meu rosto.
── Eu continuo sendo a sua família, nada mudou entre nós duas. - Afirmou, me dando um sorriso de orelha a orelha, mas na verdade parecia que ela queria chorar ── Precisamos ficar juntas, mas pra isso acontecer preciso que você fiquei segura.
── Digo o mesmo. - Desviei meu olhar ── Como vou saber se está bem? E se acontecer alguma coisa, como posso ficar aqui esperando?
── Precisamos ir. - Daryl entrou na sala brevemente, nos interrompendo, mas logo que disse saiu.
── Eu sei que você não costuma escutar as coisas e sempre faz o contrário, mas só dessa vez faça.
Permaneci em silêncio, não posso prometer nada disso. Maggie se afastou indo pegar as bolsas com armas e munições, e finalmente saiu da sala.
Eu caminhei atrás dela entediada, vendo o grupo se reunir na frente da Comunidade. O dia esta cheio de nuvens cinzas, como se fosse chover.
Cruzei os braços observando eles se prepararem para sair, sinto alguém parar no meu lado mas não lhe do muita atenção.
── Daryl. - Carl chamou o mesmo, o mais velho olhou-o curioso e em seguida se aproximou ── Eu quero que sua irmã seja minha esposa, então só queria saber se você aprova antes de ir?
── Acha que eu vou morrer é? - Resmungou o meu irmão, e eu desviei o olhar apenas ouvindo a conversa deles em silêncio
── Não. - Carl disse
── Se eu falar que não deixo, vocês vão me ouvir e não vão mais ficar juntos?
── Não. - Carl e eu falamos juntos
── Então fiquem. - Daryl se rendeu ── Mas se a minha irmã aparecer grávida, eu juro que corto o seu amiguinho. Você sabe que eu faço mesmo né?
── Sei. - Carl abaixou o olhar
── Acho bom que esse relacionamento seja só beijinho e pega na mão. - Encarou o Cowboy
── Caramba. Isso não é hora de falar nessas coisas. - Mudei de assunto ── Tem coisas mais sérias pra tratar, não é mesmo?
── To de olho em vocês. - Daryl murmurou antes de sair, descendo as escadas em direção da moto
── Ele voltou a te ameaçar. - Soltei um riso ── Achei que o Daryl tava meio desanimado.
── Nosso relacionamento me deu traumas, eu vivia de ameaças, chutes e xingamentos. - Carl disse, e eu me virei vendo o garoto rir
── Foi mal. - Murmurei, envolvendo meus braços em volta dos ombros dele ── Falando assim, parece ser horrível.
── Se fosse horrível, eu não iria querer casar com você. - Disse
── Tchau amor. - Maggie me olhou, acenando e eu retribui o aceno lhe dando um sorriso enorme
── Até mais mãe.
── Você vai obedecer ela? - Carl questionou
── Claro que vou. - Falei, sem olha-lo nos olhos e me virei para entrar no casarão
Os carros já estão saindo, e eu entrei. Fui até a cozinha pegando uma maça e me encostei no balcão dando uma mordida.
Vejo Theo e Enid passarem sorridentes enquanto o garoto abraça ela. São tão fofos juntos.
── Oi. - Ouço a voz de Henry, e o vejo entrar na cozinha cautelosamente
── Ta fazendo oque aqui? Que eu saiba, você mora no Reino. - Olhei para ele brevemente, mas logo desviei para qualquer canto da cozinha
── To aqui enquanto esses dias de guerra não acabam. - Respondeu ── É bom que você pode cuidar de mim.
── Eu não sou sua babá. - Revidei, dando outra mordida na maça
── Esqueceu que é minha irmã?
── Ah, sempre me esqueço disso. - Soltei um riso frouxo
── Isso significa que o Ben também é seu irmão, e o bebê da Maggie vai ser o meu. - Disse ── Então não faz sentido eu entregar essa carta que o Ben mandou pra você.
── É alguma coisa interessante? - Indago com indiferença ── Se não, amassa e joga fora.
Henry entre olhou o papel na mão dele e depois me olhou, então ele deu de ombros e amassou jogando bola cesto de lixo.
── Eu vi seu pai te dando uma chave. - Questionei, me lembrando de mais cedo
── Ah é, a chave de um carro que ele trouxe mas não precisou usar.
── Você é o meu soldado! - Me abaixei segurando os ombros do mais novo ── A minha mãe ordenou que ninguém aqui me deixasse pegar qualquer chave, então você vai me dar essa.
── E contra as ordens da Tia Maggie? - Debochou
── Ah, isso ai. Você é o meu irmão ou não? - Falei, erguendo as sobrancelhas ── Esqueceu da parte que eu mando nos meus irmãos ? Ou seja, você.
── E eu disse que seria conversado. - Implicou
── Me da logo essa chave Henry! - Mandei, e respirei fundo ── Depois que eu chegar, prometo fazer oque você quiser.
Menti, eu não prometo coisas assim.
── Só se você me levar junto. - Henry propôs e eu dei risada
── Nem pensar.
── Então não do nada. - Deu de ombros se virando para sair
── Por favor.
── Ta bom, me fala por que você quer ir?
── Quero ir ter certeza de que o homem que matou o meu pai vai receber oque merece. - Falei, abaixando meu olhar ── Eu só quero ver.
Não sabia que ainda dói tanto falar do meu pai, até falar dele. Me traz as lembranças daquela noite que eu tanto quero evitar.
E aumenta ainda mais a raiva que sinto do Homem que matou ele da forma mais cruel na minha frente.
── Acho que você tem o direito. - Henry tirou a chave do bolso e me entregou ── Irmão fazem isso um pelos outros, e não precisa me dar alguma coisa em troca.
── Valeu maninho. - Lhe dei um sorriso
Sempre quis saber como é ter um irmão mais novo que eu, e o henry me faz pensar em como vai o bebê da Maggie.
Me inclinei lhe dando um abraço breve antes de sair pelas portas dos fundos antes que alguém, especificamente Carl me Veja.
Como de se esperar havia um carro na porta dos fundos da comunidade onde eu o abri e encaixei a chave, mas antes de girar a porta é aberta.
── Eu sabia. - Carl entrou no carro
── Alguém te falou?
── Te conheço a dez anos, porque acha que eu não te conheço muito bem? - Questionou e eu apenas permaneci em silêncio
── Olha, eu não quero atrapalhar eles, só quero ver oque vai acontecer. - Tirei minhas mãos do volante
── Se eu tivesse no seu lugar, com certeza eu faria o mesmo. - Carl disse ── Então seria muito injusta tentar te impedir. Mas pelo menos, quero ir junto com você.
── Obrigado por entender.
── Quer que eu dirija? - O cowboy perguntou
── Não. Eu quero chegar lá inteira. - Ironizei, ligando a ignição do carro e afundando o meu pé no acelerador
── Ae! Eu dirijo muito bem, ta? - Carl deu risada
── Tenho um trauma chamado, Carl quase passou por cima de mim com um carro. - Rebati
── Melhorei bastante desde aquele incidente. - Comentou
Com certeza eu dirijo melhor que ele, mas existem diversas coisas que o Grimes faz melhor que qualquer um.
Então isso é apenas um detalhe. Chegamos na floresta onde vejo os carros estacionados, ele provavelmente largaram antes de sair a procura do local onde marcaram a conversa com negan.
Dizendo que iriam se render apenas para terem uma chance de atacar ele em vantagem, talvez estariam mais relaxados e despreparados casos achar que venceu.
Sai do carro checando minha arma no coldre e segui a trilha do grupo, enquanto o cowboy caminha em silêncio atrás de mim.
Eu cheguei no fim das árvores, consigo ver os salvadores ajoelhados enquanto nosso pessoal cercava eles.
Mas tudo oque meus olhos procuram é Negan, ele e Rick não estão próximos. Então corri para o topo do local.
Parei logo atrás da minha mãe que esta observa a cena que meu olhos seguiram, Rick e Negan aparentemente conversando longe de todos.
Não demorou muito para Rick cortar a garganta de Negan com alguma coisa, Só é possível ver o homem cair com as mãos em seu pescoço que jorrava sangue sem parar.
O Xerife mais velho olhou para o pessoal, respirou fundo e largou um pedaço de vidro enquanto Negan agonizava atrás dele.
── Acabou. Esse é o Fim dos salvadores. - Anunciou em alto e bom tom
── Acabou. - Carl segurou a minha mão.
Sinto os meus olhos marejados, minha visão turva pelas lágrimas que saíam e eu apenas abaixei o rosto as deixando cair.
O cowboy me puxou para os braços dele, eu me sinto aliviada mas ao mesmo tempo continua doendo tanto quanto antes. Pois esse rumor de que tudo melhor depois da vingança nem sempre é verídico.
── Ele ta morto. - Maggie caiu de joelhos no chão como se fosse o momento mais exausto dela, enquanto michonne a abraçava
Finalmente tudo aquilo acabou. E por mais que Maggie e eu tenhamos feito tudo pra ver isso acontecer, não podemos ouvir o meu pai dizer nada ou se orgulhar do nosso esforço.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro