064 • S8
Abri os olhos vagarosamente para dar uma olhada pelo quarto, notando que o Cowboy não estava mais lá comigo.
Então me levantei, caminhei até o banheiro onde lavo o meu rosto e faço minha higiene. Volto para o quarto pegado uma roupa da minha mochila, e tirando a camiseta para me vestir.
── Finalmente acordou. - Ouço a voz de Carl, e me virei vendo-o entrar com pão de forno em um prato e uma xícara de café ── Trouxe o café da manhã pra você.
Oque me fez tampar o busto pelo susto, não imaginaria quem poderia entrar de repente e me ver daquele jeito.
Mas suspirei aliviada ao ver que era ele, então vesti a blusa regata branca enquanto o Cowboy deixa as coisas em cima da cômoda.
── Obrigado. - Sorri para ele
── Foi mal não ter batido, pensei que você ainda estivesse dormindo. - Carl evitava olhar para mim
── Eu dormi muito né ? - O olhei sem jeito
── Você não tem dormido direito esses últimos meses, acho que merecia descansar bem.
Assim que terminei de colocar a calça jeans, me sentei na cama calçando a minha bota de sempre e peguei o pão, dando uma mordida.
── Meu pai falou comigo - Carl disse
── Oque?
── Essa hora ele foi até o santuário. - Avisou, desviando o olhar pensativo ── Com a Maggie, o pessoal do reino.
── Porque eu não fiquei sabendo disso mais cedo? - Arregalei os olhos, tomando o café em um gole grande
── Você tava muito ocupada dormindo. - Carl riu, mas logo cessou ── Meu pai pediu pra eu ir até a Alexandria, a Michonne é a única do grupo lá.
Larguei o pão no prato e terminei de tomar café, me levantando para arrumar minha mochila.
── Você tem que comer direito. - O cowboy murmurou me seguindo com o olhar, enquanto eu juntava oque precisaria da bolsa
── Não consigo. - Mantive meu rosto baixo
Coloquei a mochila nas costas e parei na frente do garoto que segurou a minha cintura, ele olhou para cima encarando o meu rosto e sorriu.
Pousando sua mão em meu rosto e o puxando para juntar nossos lábios um no outro, um selinho demorado e suave. Eu separei de vagar, sorrindo com sua ação.
── Vamos antes que fique mais tarde. - Falei antes de me direcionar até a saída
── Me espera.
Ouvi a voz do Cowboy, mas continuei andando pelos corredores e desci as escadas as pressas sendo seguida por ele.
Sorri ao sentir o sol quente aquecer a minha pele e ergui o meu rosto, parando na frente do casarão e assim podendo esperar Carl.
── Que pressa toda é essa? - Ele parou atrás de mim
── Vem, vamos pegar um carro. - Entrelacei meu braço ao dele e o puxei junto comigo para a entrada da comunidade
Paramos próximos a um dos carros, e enquanto Carl foi avisar ao porteiro que iríamos até a Alexandria, eu entro no automóvel tentando fazer uma ligação direta.
Um sorriso se fez em meus lábios assim que o motor ligou, eu me ajeitei no banco apertando a buzina do carro para chamar atenção do Grimes.
── Podemos ir. - Murmurou entrando no carro
Me viro vendo o Cowboy respirar fundo, em sua expressão havia desconforto e ele apertou a barriga fortemente.
── Oque foi? - Perguntei, preocupada ── Ta sentindo oque?
── Nada. - Ele abriu o olho ── É só um arranhão me incomodando.
── Tem que tomar cuidado viu? essas coisas infeccionam fácil. - Avisei, afundando o pé no acelerador
Saí da Comunidade pelos portões recém abertos e começo a dirigir em direção a Alexandria.
Carl permaneceu calado o caminho inteiro, apenas olhando pela janela do carro e isso me fez achar estranho.
Claro que ele geralmente é quieto e não gosta tanto de conversar, mas sempre tenta puxar assunto comigo quando estamos só nós. Mas nesse momento nem se esforça em olhar nos meus olhos direito.
E eu espero que isso seja impressão minha, e não seja o que estou pensando e me evitando.
Quando chegamos na frente da Comunidade, eu parei o carro e respirei fundo olhando para o cowboy que agora encara seu chapéu largado em seu colo.
Ele abriu a porta saindo do veículo antes que eu podesse falar alguma coisa.
── Vou guardar as bolsas no meu quarto. - Avisou entrando na comunidade com a minha e a dele. E eu sai do carro confusa.
── Coloca o carro pra dentro, por favor. - Falei para um homem que estava na entrada
Caminhei pela estrada calma e silenciosa da Comunidade, haviam algumas pessoas aproveitando o sol fora de suas casas e outras trabalhando.
Vejo Rosita sentada na frente da casa dela, então me aproximo se sentando ao seu lado. E em silêncio a observo limpar algumas armas.
── Como foi suas férias em hilltop? - Rosita indaga, ainda com sua atenção no que fazia
── Só um dia e meio de paz. - Murmurar pensativa e sorri ── Até que foi bom.
── Alexandria não é Alexandria sem você e o Carl. - Soltou um riso
── Fico feliz que tenham sentido nossa falta. - Dei risada, mas logo cessei ── Sabe. Se uma pessoa está agindo de forma estranha, será que ele está querendo terminar? Ou percebeu que não me amava?
── Você dúvida do amor dele? - Rosita me olhou
── Não. Eu de anos atrás nunca iria confiar tanto em alguém do sexo oposto.
── Os homens não são bons com palavras, eles são atrapalhados e as vezes até vergonhosos. - Disse, voltando a esvaziar a camara da arma ── E provavelmente seja a coisa mais simples, ele só não tem coragem de falar.
── O Carl nunca teve isso. - Abaixei o olhar ── Eu sempre achava ele transparente até demais.
── Não posso dizer nada sobre isso com base nos meus relacionamentos, eu só conheci babacas que me faziam de idiota. - Rosita falou
── Azar é o deles. - Murmurei
── É o Carl só falta beijar os seus pés. - Ela me olhou, soltando um riso
── Não exagera. - A olhei incrédula, porém rindo
── Pergunta pra ele. Deve ser alguma besteira super simples, você vai ver.
Acenei positivamente com a cabeça, desviando o meu olhar até os meus dedos inquietos.
Na minha mente vinha milhares de coisas que poderiam ser, da mais simples até a mais absurda e isso fazia minha cabeça doer de tanto pensar.
── Vou tentar conversar com ele - Levantei, batendo as mãos na calça para limpar ── Valeu pelo papo bom.
── Pode procurar quando precisar, gatita. - Rosita sorriu
E eu me virei caminhando em direção a casa dos Grimes, parei na frente girando a maçaneta e entro a fechando novamente.
── Carl? - Chamei, mas não ouvi nenhuma resposta
Então subi as escadas direto para o quarto dele que ficava no fim do corredor. Com a casa vazia, dava para ouvir o barulho da minha bota bater no chão madeira, ou qualquer coisa que eu faço.
Abri a porta, mas ele não está no quarto. Vejo a porta do banheiro entre aberta e o cowboy em frente ao espelho.
── Fala oque era aquela coisa fútil? - Inquiri, o fazendo me olhar brevemente mas logo desviar
── Oque? - Carl pergunta confusa, fechando um pouco a porta
── Você disse que tem algo fútil te incomodando, eu quero saber.
── Besteira.
Sentei na cama para esperar ele sair do banheiro, e assim que a porta é aberta, eu vejo o cowboy sair com uma camiseta xadrez escura que obviamente não foi a cinza que ele veio
── Mas isso ta deixando você distante de mim, e eu odeio. - Insisto ── Não importa oque seja. Se for a coisa mais idiota ou bombástica do mundo, quero que me conte.
── Ta. - Carl me olhou ── Eu gosto de dormir com você.
── Também gosto de dormir com você. - Sorri concordando, e interrompendo o garoto ── Foi mal. Pode continuar.
── Mas acho que foi uma má ideia termos voltado a dormir juntos, não é mais igual quando eu era criança e não sentia nada.
── Ah, você tá falando de sexo? - Indaguei, sem nenhuma enrolação, oque fez o cowboy desviar o olhar envergonhado
── Falei que era besteira.
── Não é besteira. - Soltei um ar pelo nariz ── É Normal sentir isso já que você não é mais criança, não fútil.
Me levantei, parando na frente dele e fiquei na ponta dos pés apoiando meus braços em volta do ombro de Carl e juntei os nossos lábios em um beijo de início tranquilo, até o mais alto envolver suas mãos na minha cintura intensificando.
O grimes agarrou seus braços em volta de mim, me levantando em seu colo e eu entrelaço as pernas em volta da cintura do garoto que parou o beijo para caminhar
Em direção ao quarto onde ele me soltou na cama, eu olhei para cima pra ver o cowboy tirar seu chapéu e o deixar em cima da cômoda
── Eu.. - Comecei minha frase, mas travo no meio dela
── Pode falar, sabe que pode ficar a vontade comigo, não é? - O garoto se sentou na minha frente
── Sei - Sorri, eu sentia que poderia confiar minha própria vida ao cowboy e isso me deixava absolutamente confortável
Coloquei as mãos na barra da camiseta a puxando para cima, ficando apenas de sutiã e deixando a mostra a faixa em volta da minha barriga
── Tem que trocar isso, pode infeccionar. - Falou observando o curativo manchado de sangue
── Eu sei.
── Ta doendo?
── Não.
── Chel, você tem que parar de quase morrer. - Carl me olhou, soltando um riso fraco, mas no fundo ele parecia sentir medo de acontecer
── Não posso prometer isso. - Abaixo o meu olhar rindo fraco
── Não posso perder você, eu não sei nem oque eu faria se isso acontecesse. - Disse, segurando na minha mão
── Eu também não saberia, meu cowboy. - Um sorriso se formou em meus lábios, era como se aquele momento estivesse deixando meu coração quente
── Só de pensar que eu odiava seus apelidos, Dixon. - Carl riu balançando a cabeça
── Só de pensar que no começo de tudo isso eu odiava você. - Soltei mas o garoto não ficou surpreso
── Nem desconfiava. - Ele riu
── Mas agora.. - Me inclino passando cada perna pela cintura do cowboy, sentando em seu colo confortavelmente ── Você é o amor da minha vida, e eu quero que seja o único.
── Único? - O Grimes pousou suas mãos em meu quadril apertando levemente
── Único que eu vou permitir me tocar, Carl. - encosto nossas testas encarando-o com atenção
── Quer isso agora? Tem certeza ? - Sua voz saiu baixa, como um sussurro
── Tenho.
Em seguida Carl juntou seus lábios aos meus, pedindo passagem para a língua que é cedido sem mais enrolação, agora se iniciando um beijo apressado e cheio de desejo.
Eu me deitei o puxando para cima de mim sem ter que parar o beijo, colocando a mão na barra de sua camiseta xadrez e a puxando para cima.
Paramos admirando um ao outro, Carl passou delicadamente os dedos pelo meu rosto enquanto tentava não mostrar estar tensa, mas eu estava completamente nervosa.
── Quando quiser parar, é só avisar e eu farei no mesmo minuto. - Ele sussurrou e eu assenti
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Estávamos deitados no colchão estendido no chão do quarto, Carl acaricia os meus cabelos tranquilamente enquanto eu mantinha minha cabeça deitada em seu peitoral desnudo.
Meus olhos estão fechados e eu aproveito o carinho que recebo dele, um sorriso se formou no canto dos meus lábios quando me lembrei do que acabamos de fazer.
Nunca me passou pela cabeça gostar disso, ainda mais com um homem.
Mas esse homem é o Carl Grimes.
Carl se sentou na cama, puxando a mochila dele para perto e tirando algo de dentro. Eu o olhei curiosa, e o Cowboy me entregou uma carta.
── Que isso? - Perguntei a pegando de suas mãos e a encarando
── Quero que você volta pra hilltop, e leia isso só amanhã de manhã. - Disse
── Porque? - Questiono, mas o cowboy apenas se levanta começando a vestir suas roupas
Ele ta ficando maluco se acha mesmo que eu vou obedecer assim tão fácil e voltar pra hilltop.
── Até parece que não me conhece. - Murmurei
── Oque?
── Falei que até parece. - Aumentei minha voz
── Eu sei que você não vai fazer oque to pedindo assim tão fácil. - Disse ── Mas você vai.
── Theo! - Coloquei os braços em frente do meu busto nu assim que o garoto entrou no quarto de uma vez
── Merda! Desculpa. - Theo fechou os olhos e voltou no mesmo instante, mas a porta acabou se fechando e ele bateu a cabeça ── Ai. Doeu.
── Sai logo daqui. - Carl abriu a porta outra vez e empurrou o garoto para fora
── Me desculpa - Ouço sua voz no corredor
── Se veste logo. - O Cowboy mandou
── Acha que manda em mim? - Provoquei, me levantando e começando a me vestir
── Vou começar a ser mais mandão mesmo. - Disse simples
── Mas você já é.
── É. E você não me obedece.
── Pra todo mandão tem que existir alguém que não obedece. - Me sentei pra calçar as botas
── Isso até que faz sentido. - Ele soltou um riso, saindo do quarto ── Te espero lá em baixo.
Assim que terminei, desci as escadas parando na cozinha onde vejo Carl e Theo conversando. Mas os dois param ao me notarem ali.
── Foi mal por agora pouco. - O Miller me olhou sem jeito
── Esqueci isso, não foi nada demais. - Afirmei
── O Theo vai com você pra hilltop. - Carl avisou, indo até a sala então o segui, a mesa de centro esta cheia de armas de todos os tipos
── Oque ta acontecendo? - Perguntei
── Depois eu vou voltar. - Theo completou, aparecendo na sala ── Vou levar você e o Siddiq.
── É sério? Vai me mandar ir embora de repente, sem nem me falar o porque? - Questionei
── Não é hora do gnomo ficar bravo. - Theo implicou e eu o olhei irritada
── Amanhã você vai saber. - Carl disse ── Agora por favor, você tem que ir.
── Já ta escurecendo. - O Loiro avisou balançando uma chave, provavelmente de algum carro e foi até a saída da casa
Continuei ali encarando o Cowboy que desviou sua atenção para as armas, as guardando em uma das muitas outras mochilas e ignorando a minha presença no lugar.
Apenas respirei fundo e me virei saindo, segui Theo para o carro.
Onde eu cheguei vendo Siddiq parado ao lado, Theo abriu a porta e olhou para a porta da casa dos Grimes onde vejo Carl nos olhando.
Antes que eu entrasse no carro, ouvimos barulhos de carros parando na frente da Comunidade. Logo a voz de Negan é emitida por um alto falante e então eu entendi porque Carl não queria me contar nada.
── Abram as portas. - Negan dizia ── Ou eu vou explodir esse lugar inteiro!
── Vocês vão ter que sair pelos fundos. - Carl passou por nós, subindo o ponto de vigia
Me aproximei do portão podendo ver pela brecha, Negan e os Salvadores em frente a Alexandria. O homem sorriu assim que viu o Cowboy aparecendo lá em cima.
── Vai embora. - Carl esbraveceu
── Não posso. - Negan riu ── Você e o seu grupo começaram com isso, e sabem o preço. Isso só vai acabar quando se renderem e eu matar pelo menos uns cinco de vocês.
── Isso não é justo. - Carl fala ── Tem famílias aqui dentro, crianças, pessoas inocentes. A minha irmãzinha ta nessa comunidade.
── Nada disso é justo. - O Homem rebateu
── Vamos embora. - Theo parou atrás de mim, mas não lhe dei atenção
── Me mata. - Minha atenção foi de imediato para a frase que Carl acabou de soltar
── Você quer morrer? - Negan indaga
── Não. Mas eu vou. - Carl disse ── Se isso for pra manter a minha irmã. Se for pra Rachel sair viva, eu morreria por ela.
Um completo silêncio tomou a cena, o homem olhava para o cowboy com seu sorriso se desmanchando cada vez mais.
── Vem logo. - Theo segurou a minha mão, me puxando junto com ele para o carro.
Enquanto tudo que eu olhava era para o cowboy ainda lá em cima, o loiro abria a porta e me guiava para entrar no veículo e eu fiz.
Não conseguia reagir direito, as palavras de Carl ainda estão na minha cabeça e eu tentava entender o porque ele falar daquele jeito. É tão difícil pensar direito quando estamos em momentos que pressionam nossa mente.
O carro começou a andar para os fundos da Comunidade, onde foi feito uma porta para situações como essas e lá já haviam caminhões e carros fugindo com os habitantes da Alexandria.
Eu olhei para trás quando ouvi o barulho de explosão vir da entrada. Tudo oque eu conseguia ver, era fogo se espalhando pelas casas, árvores, consumindo tudo na comunidade.
── Eu não posso ir sem ele. - Foi a única coisa que saiu da minha boca
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