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Xxx Hi guys, capítulo inteiro de flashback, me avisem os erros por favor, Enjoy xxX
Brunna Pov
FLASHBACK ON
– Então você disse pra minha mãe que ia me sequestrar? - Perguntei sorrindo.
– Claro. Eu que escolhi suas roupas e peguei tudo que iria precisar. - Ludmilla me respondeu, sorrindo largamente.
Estavamos no carro com a Senhora Oliveira, que está dirigindo, e somente a alguns segundos descobri que estamos indo passar o fim de semana na fazenda do avô do meu amor. Carlos. Eu gosto disso, de Ludmilla me sequestrar e não me avisar. Sabe? Ter coragem de falar com minha mãe embriagada e sem permissão pegar as minhas coisas, com intenção de me levar para longe dos problemas que me cercam.
Afinal, minha mãe está com câncer no fígado e isso tem me atingido muito. Algo que não posso negar: eu a amo e estou assistindo ela morrer aos poucos todos os dias. Porém essa Brunna, frágil e boba, somente ela via. É engraçado como Ludmilla consegue me ler e saber como sou, mesmo a socando ou brigando.
– Não se esqueceu do repelente, certo? – Silvana perguntou para Ludmilla e ri com a reação dela.
– Devo ter esquecido… - Fez uma careta e passou a mão no cabelo, piscando pra mim. Idiota. Mas, uma idiota bonita.
– Esquecer do repelente não te faz uma badgirl, Oliveira. - Sussurrei e a fitei, claramente divertida.
– O que fizemos ontem me faz um pouco anormal, Gonçalves. - Ela me fitou e sorri com a lembrança.
O que fizemos? Surpreendentemente, minha namorada decidiu ir para as ruas na madrugada e pichar muros comigo. Ela foi incrível. A Emy não sabe, mas depois invadimos uma casa de gente rica e nadamos na piscina deles. Acabamos sujas pois corremos da polícia de Miami. Foi bom, mas a diversão durou pouco. Quando o dia estava amanhecendo, ela me fez prometer ficar longe desse tipo de ações e brigamos, até que pedi uma despedida da pichação. Ela me disse que o que vivemos era a despedida… Ludmilla me queria bem, digo, ninguém nunca fez isso comigo e por mim. Ela está trabalhando e pagando um curso de pintura e de grafite para mim, seu argumento foi que estava construindo meu futuro. As vezes me pergunto onde estará o futuro dela, pois, seu tempo é cuidando do meu. Não reclamo, porque apesar de tudo, ainda me proporciona liberdade de escolhas. Eu a amo mais do que eu pensei e com certeza, devo amar mais do que estou pensando que amo agora.
...
Joguei a mochila em cima da cama do quarto rústico. É uma cama de casal, simples e de madeira escura. O papel de parede velho e com falhas, a cortina da grande janela é de renda amarelada e do lado da janela uma cadeira grande, almofadada e roxa. O quarto não é grande mas também não é pequeno. Simples e com cheiro de jasmim, também teria meu próprio banheiro. Tinha também espelhos de moldura branca com detalhes roxos e amarelos, de todos os tamanhos, que chamavam atenção para uma cômoda grande, branca e desgastada.
– Era o quarto da minha mãe. – Ludmilla me avisou, sentando na cama e entrelaçando os dedos atrás da cabeça.
– Só podia ser… - Respondi baixo e ela riu em resposta.- Porque ela não vai ficar aqui, nesse quarto? - Perguntei, engatinhando na cama e me sentando ao seu lado.
Sinceramente, é um dos meus momentos favoritos. Sentar ao seu lado na cama, e ficar ali, conversando ou sei lá. Estando com ela.
– Ela vai embora depois que estetizar o quarto ao lado. - Ela respondeu com um pouco de raiva na voz.
– Sogrinha louca que fui arranjar… - Resmunguei e ela me fitou. São os olhos que tanto amo. Castanhos. Lindos e perfeitos.
– Eu te amo, sabia? – Ludmilla sussurrou e roçou a ponta do nariz no meu. Sorri e a empurrei de leve.
– Tão melosa… - Respondi e ouvi seu grunido em resposta. - Vem cá, Nerd… - A puxei pelo colarinho e a beijei carinhosamente.
Definitivamente eu não preciso falar que eu a amo, pois só tenho necessidade de demonstrar. Batidas na porta fizeram nosso beijo encerrar e pude encarar quem bateu. A doce senhora com vestido florido, magra e o cabelo cinza com o esbranquiçado da raiz em um coque no topo da cabeça. Ela sorriu e me fitou com carinho, fazia um tempo que não os via. Depois dos cumprimentos lá em baixo, esperava que nesse tempo pudesse conversar com a dona Vilma que é uma mulher fantástica. Lembro que ela me ensinou a fazer a meia de manteiga e como usá-la corretamente.
– Querida, deixe a Brunna acomodar suas coisas e aproveite para fazer o mesmo. Fiz chá para os adultos e para vocês, uma torta. Arrume as coisas e desçam! - Vilma falou calmamente e esperou a Ludmilla sair do quarto.
– E aí, dona Vilma? Tudo bem? – Sorri forçado, depois do tempo que ela ficou me assistindo arrumar as roupas. Também xinguei baixo, pois a nerd colocou um vestido de renda na mala. Como se eu fosse usar aquela porcaria. Sentei na cama depois de tudo pronto e a fitei também.
– Claro e você, Brunna? - Vilma respondeu passando as mãos com pequenas manchas sob o vestido, puxando-o um pouco para baixo e sorriu.
– Eu estou bem. - Respondi e me levantei em direção a porta.
– Tente fazê-la feliz. Sempre. - Ela me jogou essas palavras e saiu do quarto antes que eu pudesse passar pela porta aberta. Vilma não precisava dizer sobre quem estava falando. Não compreendi de início e nem depois de minutos.
Eu estava fazendo ela feliz, certo?! Apesar das diferenças, estou tentando e convenhamos, foi divertido governar trens em miniatura. Mas feliz ainda foi brincar com a coleção de bonecos dela com aviões de controle remoto. Quero dizer, bonecas. Mesmo assim ela também me causou danos, como não conseguir tirar carne das calças na prisão e pichar as paredes que já tinha pichado do meu quarto. Não é por nada, mas eu levei dias para fazer aquela arte. Porém, depois das brigas e ameaças, um beijo sempre selava nosso amor. É amor. Eu sei que é. Só tenho medo de ver o futuro do que chamo de amor no presente.
...
– Hummmm… - Eu ri da expressão de Ludmilla e sorri vitoriosa.
– Eu te falei que estava muito bom. - Levantei a sobrancelha e fiz bico. Ela riu. Enchi uma colher grande da torta alemã que Vilma fez tão divinamente. Saboreei o pedaço que levei a boca e fechei os olhos. Senti os olhos da Lud me observarem, eu sei mesmo de olhos fechados. Abri meus olhos e a fitei.
– Perdeu algo na minha cara, nerd? - Perguntei em um tom antigo e passei a língua no meu lábio inferior que está melado.
– Eu ia limpar pra você. - Ela resmungou e me senti envergonhada. Levei meu dedo no pedaço de torta que restou no meu prato, e passei sob a cobertura de chocolate. Delineei o contorno dos meus lábios com o chocolate e senti os olhos dela me observarem novamente.
Quem diria que Brunna Gonçalves um dia estaria fazendo coisas assim com uma Oliveira. Coisas românticas e melosas. Ela sorriu quando me aproximei dela e rocei a ponta do meu nariz no dela. Sua mão passou rapidamente nos meus cabelos, emaranhando em seus dedos e puxando levemente. Passou a língua alinhavando o contorno dos meus lábios, até pressionar carinhosamente os dela nos meus. Então finalmente começou com seu jogo língua na borda da boca, mordeu os meus lábios e pude ter espaço de sorrir. Voltou a me beijar de uma forma mais doce. Definitivamente, a melhor torta alemã de todas. Um limpar de garganta vinda da porta, nos afastou. Era a Senhora Oliveira, quem nos observava séria.
– Tem certeza que ficará tudo bem, filha? - Ela se dirigiu a Ludmilla, com um tom de preocupação ou ansiedade, não sei definir.
– Claro. Eu tenho certeza que quando voltarmos, ficará tudo melhor. - Ela disse sem dúvida e com doçura em sua voz. Meu coração saltou ao ouvir sua resposta, não sei… Deve ser por que estou com ela. Será esse o motivo de tudo ficar melhor?
Apesar da Sra. Oliveira ser gentil comigo a pedido de Ludmilla, nunca me dirigiu esse olhar. O olhar que tanto desejei nesses meses, não por mim mas por ela. Ludmilla já me disse o quanto quer minha relação com sua mãe estável e natural. Confesso que não sei quando comecei a ceder sentimentos, coisas e tempo para ela. Então não me lembro bem quando comecei a me importar com o que a Silvana pensa sobre mim… É uma bobeira interna.
Algo que uma Gonçalves dificilmente faria, se importar e mostrar que se importa! Não comento com ninguém, mas a Emy me falou a semana passada que estou adquirindo traços da família Oliveira. Como se estivesse me tornando da família, sem esforço e sem deixar de ser como sou. Me levantei e a abracei, por fora foi uma demonstração de carinho. Porém mais que isso, foi um pedido culto para que fosse embora. Claro, que só a Lud enxergava isso. Escutei a porta bater e voltei a atenção a ela. A garota que tem roubado a minha mente, meu tempo, meu coração, minha cama e minha comida. A verdade é que não me importo de compartilhar com ela nada desses itens, a não ser a comida. Especificamente, pizza.
– Nem pense nisso. - Avisei. Pois ela está me fitando com um pequena porção da torta nos dedos.
– Vamos, baby… - Sorriu de lado e deu uma piscadela. Eu ri.
Ela queria mesmo o que eu estou pensando? Antes mesmo de percebeu senti um traço gelado em meu rosto… Era a pequena porção que estava em seus dedos. Entendi. Enchi a minha mão com o penúltimo pedaço da torta e joguei em direção a ela. Ri quando vi seu cabelo e sua blusa melada com o doce. Minutos depois estou rolando no chão sujo, mordendo seus lábios completamente adocicados e sobre seu corpo. As duas coisas que
mais amo juntas, certamente, tomou o primeiro lugar no que mais gosto de fazer. Ludmilla e doce. Pode ser suja e melosa demais, porém, minha mente vaga por lugares que não conheço mas imagino. Lugares impuros.
As mãos dela empurra meu quadril com intensidade para baixo, me deixando sentir o quanto sente prazer em me ter ali… A sensação nova invadi meu interior como fogo. Me sinto ardente. Deixo um pequeno gemido, entre seus lábios e ela sorri, tomando minha boca e brincando com minha língua. O contato que me fez perder um tanto a cabeça.
– São os hormônios querida… - Escutei a voz de Carlos e me senti envergonhada, parei imediatamente de beijá-la. Me levantei meio atordoada e ri quando vi a situação da minha Ludmilla.
– Usem os hormônios para limparem a cozinha! - O olhar que ela nos direcionou foi engraçado.
A cena em si foi engraçada, então me segurei para não rir em sua frente. É que nunca a vi tão constrangida e surpresa… Ao mesmo tempo tão furiosa. Ela bufou e Carlos começou a terminar de esfregar um creme branco nos braços.
– Façam o que ela pede, se quiserem viver. - Ele riu e aproveitei a deixa para rir também. Saiu dali quando ouviu a voz da Vilma dizer “Vem velho…”
– Você está horrível, Lud. - Comentei rindo e ela me fitou divertida.
– É porque você não se viu. - Levei a minha mão até seu braço, batendo ali em seguida, com um tapa. Ouvi ela resmungar.
– Então, você limpa a mesa ou o chão? - Ela me perguntou e a fitei. Andei devagar até a porta da cozinha.
– Eu vou me limpar… Mas eu espero se você quiser fazer isso também. - Dei um pequeno sorriso sapeca e sai a deixando me olhar com dúvida.
...
O sol está se pondo e só agora terminei o meu banho. Tive interferências de pererecas e desci até a cozinha para pegar um copo de sal. Ludmilla não queria deixar eu matar as pererecas e mesmo depois de uma briga dentro do banheiro pequeno, consegui jogar o sal delas. Eu ri muito do jeito que ela se desesperou para tirar o sal delas, mas não adiantou, elas morreram. Me vesti com o detestável vestido e tentei deixar com a minha cara, depois joguei as roupas sujas no canto do quarto.
Desci as escadas a procura de quem fez guerra de torta alemã comigo, pela tarde. Encontrei Carlos e Vilma, dançando lentamente. Procurei com o olhar de onde saia a música, e me surpreendi quando vi no canto da sala uma vitrola. Meus olhos passaram pelo sofá, e vi discos de vinil. Encostei na parede da entrada da sala, e sorri pelo jeito que Vilma afagava o rosto na curva do pescoço dele. Senti os braços, que certamente eram de Ludmilla, envolverem a minha de uma forma carinhosa, me virei de lado e pude observar seus olhos castanhos e intensos. Eu me pergunto se um dia verei essa cor de olhos e essa intensidade em outra pessoa… Em talvez, uma pequena pessoa. Mas, o futuro é incerto e não me preocupo tanto com ele. Eu me preocupo com o presente e no presente momento estou a observar os olhos de uma pessoa improvável para me amar.
– Será que você vai cuidar de mim, assim? - Sua voz como um sussurro me atingiu. Não sei o que pensar, pois ela tem estado falando tanto no futuro. Não sei se estarei e eu quero saber.
– Quem sabe? - Senti um leve aperto em minha cintura e um sorriso brotar dos lábios dela.
– Você sabe e eu sei. - Ela murmurou e eu a empurrei de leve, logo segurando e entrelaçando os dedos de suas mãos.
– O que quer, nerd? Ficar com uma marginal para sempre? - Eu queria a resposta. Me faz bem saber que ela só quer a mim, apesar de terminarmos duas vezes antes de estarmos firmes como agora.
– Vem comigo que vou te responder… - Ela disse, soltando uma das minhas mãos e me puxando pela outra.
Arrumei um pouco o vestido que estava, pois era certamente a única peça de roupa que tenho para usar hoje. Saímos dali e rodeamos a casa, que tem flores brancas nas laterais. Andamos por um caminho a dentro da grande fazenda e vi um pouco longe arcos com videiras enlaçadas neles. Sorri.
– Ainda não acredito que escolheu esse trapo pra mim… - Reclamei, batendo na minha perna onde um inseto pousou. Bufei.
– Tudo fica bonito em você, boba. – Acho que se fosse antes levaria isso em ironia ou que fizeram uma aposta para me falarem isso. Mas a verdade é que me acostumei e pude deixar inchar um tanto do meu ego quanto aos seus elogios elevatórios.
– Não brinque com fogo, fofa. – Apertei sua mão e finalmente entramos no caminho dos arcos de madeira com videiras sob eles. Respirei fundo quando vi um gazebo de madeira médio, coberto e uma mesa no centro dela. Simplesmente parei e o puxei.
– O que é isso? - Perguntei segurando um sorriso.
– Fiz um jantar para a gente.- Exagerada. - Sorri o observando mas desconfiada.
– Porque isso? Porque agora?
- Porque eu te amo e queria fazer algo especial, tem algum problema?! – Ela me olhou e eu somente balancei a cabeça em negativo.
Segui calada ao seu lado. O gazebo estava com lamparinas com velas acesas, não pude deixar de imaginar se isso era somente um sonho. Antes que eu pudesse pisar nos degraus, Ludmilla me pegou em estilo noiva e me girou, depois subindo os quatro degraus. Só me pôs no chão quando chegamos perto das cadeiras de ferro brancas e desgastadas.
Me sentei e observei a mesa posta. Não estava coberta por nenhum pano ou algo do tipo, deixava visível as pequenas deformações e rachaduras. No centro tem uma garrafa de vidro, com flores brancas dentro delas e folhagens também. Os pratos estavam postos na mesa mas não consegui identificar o que tem neles, pois outro prato está sob eles. Entendi que a comida já estava servida. Uma rosa vermelha permanece sobre meu prato, até ela tirar de lá.
– Está simples, mas…
– Me sinto uma princesa. - Resmunguei.
– Isso é bom?
– Não. É estranho. - Fui sincera. Nunca fui realmente tratada assim por alguém, e com certeza é uma sensação estranha que faz meu coração parar lentamente. Não sou patricinha e nem amo rosa, odeio calcinhas. Isso não me faz menos garota. Simplesmente, ela enxerga isso e as sensações que se passam pelo o meu corpo me fazem feliz.
– Porque está me olhando assim? - Perguntei quando percebi seu olhar fixo em mim.
– Nada… Quer dizer, você é tão linda. – Ri e fingi vomitar, só então ouvi sua risada. Tirei o prato que cobria a minha comida, e coloquei em um canto qualquer na mesa. Vi ela fazer o mesmo.
– Pizza. - Ela sorriu e me olhou, esperando minha reação.
– Venham para a mama… - Falei em meio a um bicão, pegando um pedaço de pizza e levando para a boca.
– Eu pensei em jogarmos aquele jogo, sabe?
– Urrun. - Concordei sem prestar muito atenção e mordendo mais uma vez a pizza.
– Brubs… O jogo das perguntas aleatórias e respostas… - Ela se pronunciou mais uma vez.
– Urrun.
–Desisto. Talvez amanhã depois da caminhada até o lago…
– Vamos no lago? - Parei e a olhei pensando o que ela andava tramando. Das cinco vezes que vim aqui, em nenhuma ela me levou ao rio que está a quinze quilômetros daqui. Por mais que implorasse e tentasse ir sozinha!
...
– Estou pronta. - Disse desanimada. Ainda é de madrugada, mas especificamente oito da manhã. Ela sorriu para mim, e novamente me encarou de um jeito singelo… Estranho.
– Perdeu uma molécula na minha cara, Oliveira? - Minha voz saiu transmitindo minha irritação. Estou começando a me preocupar com o jeito que ela me olha.
Emy sempre me conta que quando uma pessoa que você tem um relacionamento, quer terminar ou pedir tempo, sempre fica muito gentil ou muito distante. Gentil para pedir tempo sem querer te machucar e distante para tentar te fazer sentir menos quando jogar a bomba. Me pergunto se será isso que ela irá fazer… O fato mais importante é: Porque?
Andamos mais ou menos por quatro horas até chegar a beira do lago. Demoramos porque parei diversas vezes para comer bolo gordo e as pizzas que ela não conseguiu comer ontem. Também porque parei mais diversas vezes pedindo um tempo para descansar, até obrigá-la a me levar nas costas. Mas não durou nem quarenta minutos me carregando. Ela sentou em um pedra ofegante. O lago tinha pequenas cachoeirinhas, bem distantes e suas águas são translúcidas onde a luz forte do sol reflete. Sentei na coxa direita de Lud e sorri pra ela, um inseto pequeno pousou sob meu joelho e antes que pudesse matá-lo, simplesmente vôo para a água do lago. Observei que pousou ali e ficou parado. Apontei para lá e tentei balbucionar uma pergunta sensata, pois com as asas abertas podia perceber que estava equilibrada sobre a água e não tinha nenhuma parte dentro dela.
Levantei e quase deitei no chão, para ter certeza do que estou vendo. Senti Ludmilla se sentar entre as folhagens do chão e rir da minha reação. A encarei com a expressão forçada.
– É a tensão superficial da água.
– Ah, claro… Agora eu me lembrei, só podia ser isso mesmo! - Falei em tom irônico.
– As moléculas de hidrogênio da água…
– Ludmilla, FALA A MINHA LÍNGUA. - Avisei, pois sabia que logo apareceriam coisas que ninguém quer saber.
– Tem um tipo de película sobre a água, esse inseto se chama Mãe D'agua e ela é tão leve que não quebra essa tensão superficial… Assim não afunda pela pr…
– Já entendi. – Fitei-a e foi o suficiente para ela parar de falar.
– O que está fazendo? - Ela me perguntou, se levantando e impedindo que eu tira-se a blusa.
– Qual é. Não é a primeira vez que me vê de sutiã e cal… Você sabe. - A encarei e percebi um rubor nas suas bochechas.
Dei uma risada grande, a afastando e retirando a minha blusa. Desabotoei o meu short, e tive que me esforçar um pouco para descê-lo até os pés. Ludmilla desviou o olhar. Inocente e puritano, eu sei que não é tanto.
– Ludmilla… - Chamei falando baixo e ri vitoriosa quando passou a mão na nuca, depois estralando os dedos. Ela ficava nervosa assim.
Daria muito para saber o que pensa de mim… Dessa forma. Me aproximei e mais uma vez dei risada, quando ela me olhou pelos cantos dos olhos.
– Brubs… - O tom de aviso que amo ouvir. Desabotoei sua camisa, e vi seus olhos fitando meus seios, de uma forma não pura.
– O que achou?
– Fartos… - Dei um tapa em seu braço direito, não muito forte. Me senti envergonhada.
– Do sutiã que Hariany me deu, Idiota. - Resmunguei e observei ela tirar o shorts.
– Ela tem bom gosto. - Ela sussurrou, agora prestando atenção no bordado de renda preta do sutiã.
– Abraça bem… sabe… - Ela fez um movimento sob seu peito, entrelaçando seus dedos e distanciando um pouco. Querendo dizer mais uma vez sobre o tamanho dos meus seios.
– Se der a entender mais alguma coisa sobre mim, eu te quebro o braço, nerd. - Resmunguei e ela riu.
Me olhando pela milésima vez daquela forma diferente, a forma que tem me incomodado. A empurrei forte e ela cambaleou na a borda da margem, desejei que ela caísse ali. Estávamos as duas de roupa íntima, e um pouco envergonhadas.
– Pra que estava assim mesmo? – Ela me perguntou, piscando e me mandando um beijo no ar. Eu ri muito, minha gargalhada foi grande diante dessa atitude ridícula e convincente dela.
– Isso não me seduz, nerd.
Não tive muito tempo para correr dela, quando vi ela acelerar o passo em minha direção. A nerd infeliz me jogou com ela para o lago. Gritei ao sentir a água mais gelada que a temperatura do meu corpo, mergulhei sem dar espaço para ela me pegar e nadei para longe. Mais ela foi mais rápida, me puxando e fazendo nós duas voltarmos a superfície. Respirei fundo descansando minha cabeça em seu ombro e senti ela apertar minha cintura. Olhei para ela e novamente aquela expressão em seus olhos me incomodou, mas agora de uma boa forma. Seus dedos passaram em meus cabelos, e sorri para ela. As vezes é mentira o quanto é bom amar e melhor ainda ser amada.
Seus lábios pressionaram os meus com força, não com suavidade, mais com necessidade intensidade, assim esquentando nossos corpos que estavam naquela água um pouco fria.
….
– Brunna - A voz dela, pela décima vez me perturbou e dessa vez veio acompanhada por pequenos beijos nas minhas mãos. Puxei imediatamente a minha mão dela, e pus sobre os meus olhos, pronta para surtar. Porque ela estaria me acordando?
– ME DEIXA DORMI. - Resmunguei, e tentei recuperar o cobertor que me cobria. Mas a tentativa só me fez ficar com raiva e me levantar, um tanto desajeitada.
Olhei para ela com raiva, mas não pude sentir tanta raiva. Ela está completamente linda, com calça de moletom azul clara manchada e sob seus ombros um longo e grosso cobertor. Ela pegou na minha mão e me deu aquele sorriso de lado que tanto odeio. Odeio porque faz minhas pernas tremerem, minhas mãos suarem e meu coração querer sair pela garganta.
– Vamos, eu quero ver o nascer do sol com você na varanda. - Ela explicou e eu simplesmente assenti.
Acompanhei seus passos lentamente e ao chegar na varanda vi uma cadeira grande de madeira para três lugares. Ela se sentou ali no centro e me fez sentar no acento direito, depois colocando minhas pernas nas suas. Acabei encostando no braço de madeira e me deixei ser embrulhada pelo cobertor. Ali eu tinha o privilégio de ver seus cabelos bagunçados e os traços definidos do seu rosto. Suas mãos pareciam tremer e logo me esforcei para não sair daquela posição enquanto a cobria melhor. Ela sorriu confuso mas depois assentiu.
– Quer brincar agora?
– Eu começo? - Perguntei. Compreendi que ela tinha perguntas para fazer, talvez ainda tenha sede de me conhecer melhor e porque não responder?!
No começo passávamos noites na escada do incêndio, perguntando e respondendo sobre nós mesmos. Na primeira noite, conheci uma Ludmilla nova. A Ludmilla que desejei somente eu conhecer.
– Não. Eu começo. - Assentiu sorrindo, apertando as minhas próprias mãos de nervosismo. Sim, ainda fico nervosa quando é a vez dela de perguntar. Não sei o porquê. Talvez de ansiedade.
– A sua cor preferida?
– Essa é fácil. - Respirei fundo e fitei seus olhos castanhos. - Castanhos.
Não menti. Desde que prestei atenção na cor dos olhos dela, o castanho… Ganhou espaço na minha vida. E sem dúvidas, é a minha cor preferida. A cor dos olhos do meu amor.
– Sério? Pensei que era preto. – Ri baixinho de seu comentário. Mal sabia ela do porquê.
– Minha vez… - Pensei milhões de coisas.
– Porque todo esse romantismo?
– Porque eu te amo.
– Isso não é um argumento… - Resmunguei. Queria ouvir mais.
– Quer dizer que eu te amar não é um excelente argumento? - Perguntou ela ofendida. Me inclinei e selei meus lábios nos dela.
– Não para essa pergunta. - O sorriso dela, produziu um maior em mim.
– Eu estou no seu futuro, Brubs?
– Como?- Respondi com uma pergunta, pois não sabia exatamente se deveria responder com tamanha sinceridade.
– Eu estou no seu futuro, Brunna? – Ela perguntou dessa vez com um sorriso doce nos lábios e com um olhar ansioso. Pegou na minha mão e acariciou. Pude ver os raios do sol começarem a clarear o lugar, dando a luz de um novo dia.
- Não me vejo em canto nenhum sem você.
Ludmilla me olhou daquela forma, que me incomoda, e me abraçou. Com o olhar ela mostrou um anel, dourado e com uma pérola no centro. Não pude ver os detalhes mas senti meu coração parar junto com a minha respiração. É coisa da minha imaginação ou isso estava acontecendo comigo?
– O que significa esse anel?
– Significa um futuro com você. – Ludmilla respondeu e percebi suas mãos tremerem, me olhando com ansiedade.
– Ludmilla temos dezessete anos. - Lembrei com a voz um pouco alterada.
– Minha vez… - Ela me respondeu, pegando entre as laterais das minhas coxas e me pondo sentada em seu colo. Minha respiração se perdeu diversas vezes, quando eu senti o anel se encaixar no meu dedo anelar esquerdo.
– Ludmilla… - sussurrei encostando minha testa na dela e sentindo lágrimas roçarem minhas bochechas. Senti suas mãos afastarem um pouco meu rosto.
– Brunna Gonçalves, você quer ser minha esposa? - Sua voz foi trêmula. Mesmo com os olhos embaçados pelas lágrimas, enxerguei seus olhos que pareciam mais claros pela claridade forte que o sol atingiu. Sem dúvida, um novo nascer de dia.
FLASHBACK OFF
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