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Capítulo 3

Depois que subi no helicóptero acabei adormecendo, a morfina me deixou exausta, os sonhos eram sempre os mesmos, tiros e granadas. A morte dos Scoot's estava tão bem firmada em minha memória que não tinha uma mísera vez que eu fechasse os olhos e não visse o que sobrou dos seus corpos. Quando acordei estava em um quarto de hospital, não duvido que tenha sido carregada enquanto dormia. Eu ainda estava de farda, os curativos eram novos e o local não doia como antes. Me levantei devagar colocando a blusa verde kaqui por cima da regata branca.

- Ah, boa tarde primeiro... - interrompi a doutora.

- Me chame de Ella, sem formalidades. - pedi, eu não estava na base então não tinham motivos para falar tudo isso, sorri.

- Sou Trisha. - lhe cumprimentei com um aperto de mão firme. - Você está ótima, segundo os exames que fiz. Justice pediu para conversar com você, um dos soldados está lhe esperando para leva-la a reunião. Com licença.

Sem demora dei um jeito em meus cabelos revoltos e sai do quarto, um soldado estava mesmo a minha espera. Quando me aproximei dele o mesmo sorriu mostrando seus caninos, sem saber o que fazer retribui o sorriso.

- Me chamo Sheldon. - ele foi direto, eu não estava acostumada a ter esse tipo de proximidade, viver confinada a missões era quase como o isolamento social. - Você é linda, fêmea.

- Ah... Obrigada, eu acho. Me chamo Ella. - ele começou a andar ao meu lado me apresentando o pouco que podiamos ver de Homeland, era realmente incrível, linda como todos descreviam.

- Gosto do seu cheiro. - eu não tinha resposta para isso, acabei ficando vermelha igual um tomate. Sorri castamente tentando controlar o rubor, sem sucesso. - Desculpe, não quis lhe deixar envergonhada.

- Tudo bem, eu sobrevivo a isso. - acabei rindo da minha própria piada sem graça, ele me acompanhou. Fui encaminhada a sala de Justice, era grande e muito bem decorada com móveis em carvalho e couro. Sheldon nos deixou a sós fechando a porta atrás de si. - Senhor North, é um prazer conhece-lo

- Digo o mesmo Senhorita Buck. - tomei o lugar a sua frente, os homens daqui eram realmente lindos, nada que eu já tinha presenciado. - Sua presença aqui devo dizer que é obra do destino.

- Não entendi. - ele riu, colocou alguns envelopes em minha frente. De início tive receio de abri-los mas ele estava esperando por minha ação. Dentro deles tinham relatórios de guardas.

- Estamos recebendo algumas ameaças sérias dos Anti-espécies, isso coloca todos nós aqui em perigo. Eu pedi reforços ao presidente mas a nova escala de combatentes só sairá dentro de quinze dias. Eu não posso esperar tanto, gostaria de saber se a senhorita se importaria de me dar uma ajuda profissional, sei que os fuzileiros são bem treinados nessa área. - eu tinha que me desculpar de alguma forma, ninguém deveria ter sido ferido na invasão anterior. Sorri para ele concordando.

- Tem o meu apoio, mas preciso entrar em contato com meu superior. - ele assentiu, nos levantamos e ele me acompanhou até o lado de fora da sua sala, andamos por alguns corredores até ele entrar em outra e eu peguei o celular discando para o general.

- 1stSgt Buck, linha 2058. Camp Pendlenton. Parris Island alu 09. - Assim que a chamada foi aceita tive que me identificar, identificar a linha que estava falando, minha base e meu local de treinamento e formação. Depois de um minuto de espera na verificação dos dados a ligação foi repassada.

- Buck, a que devo a honra? - esse costume de sobrenomes era realmente chato, revirei os olhos ao ouvir a voz do General Rick.

- Rick, estou em Homeland. Eles estão com problemas e o governo se recusou a mandar ajuda imediata. - eu não vou pedir, odiava ter que pedid alguma coisa.

- Certo, deixarei Gezy no comando da equipe e dividirei o resto com os aspirantes. Vou mandar providenciarem sua mala, cuidado Ella. - suspirei, tinha algo de errado nos relatórios. Sei que Rick já deu uma olhada neles seria impossível me liberar para algo desse jeito. - Se precisar de reforços não exite em ligar.

- Entendido. Tomarei cuidado, o Gezy sabe onde estão minhas coisas, peço que não demore muito a manda-la. - eu precisava urgentemente de um banho.

- Certo, fique perto do celular. - ele desligou, eu tinha a autorização e as armas disponíveis. Depois de entrar no meio de enormes homens intimidadores e me encantar por lindos olhos dourados fui tirada do meu transe por elogios exagerados.

- Ella, sua escolta será feita por Sheldon. Espere que se sinta a vontade. - Justice me acompanhou até a saida, meus olhos ainda estavam nas costas largas do NE de olhos dourados que se afastava sem olhar para trás.

- Vamos?  - Sheldon me guiou até um Jipe, me ajudou a subir e dirigiu alegremente até uma casa rústica um pouco mais afastada. - Aqui vai ser sua casa, espero que seja do seu agrado.

- Tenho certeza que é. - eu não sabia o que era uma casa a muito tempo, não deixei de me surpreender quando notei o tamanho do local. - Nossa...

- O que foi? - osmolhos azuis de Sheldon estavam preocupados, ele entrou junto comigo e fomos até a cozinha.

- Eu amei, é lindo. Na verdade tudo aqui é lindo. - assim como aqueles olhos dourados, cabelos negros e pele bronzeada. Balancei a cabeça espantando os pensamentos.

- Assim como você. - ele realmente conseguia me deixar totalmente sem jeito. - Esta com fome?

- Não muita. - já estava na hora de comer algo, mas o tempo que eu passdi tendo que reprimir a fome na mioria das missões me deixou insensível a sua presença.

- Sou um bom macho, vou preparar algo para você comer e se recuperar mais rápido. - ruborizei novamente, sentei no banco do balcão e fiquei espiamdo enquanto ele cozinhava. Eu não sabia cozinhar nada que não fosse feito para ir a fogueira.

- Sheldon, você é um dos soldados certo? Já viu algo estranho nos muros? - ele travou, eu não fui tão direta assim, fui?

- Não, eu nunca vi. Mas alguns colegas dizem que andam recebendo ameaças. Isso não é assunto para refeições. -deu de ombros me deixando curiosa, hoje eu não iria conseguir dormir. - Espero que goste.

- Carne, amo. - ele preparou uma carne assada e um macarrão simples, comi devagar lembrando que aqui eu não precisava estar sempre em alerta, ele ficou me encarando e isso me incomodou. - Estou suja de alguma coisa?

- Não. - ele gargalhou. - Gosto de ficar te olhando. - certo, ele está chegando perto do limite.

- Eu não gosto que me encarem. - ele pareceu magoado mas desviou o olhar, agradeci mentalmente por isso. - Obrigada por preparar algo, eu vou subir e descansar. Te vejo amanhã.

Ele não respondeu, sorriu de lado e saiu silenciosamente pela porta, subi as escadas apressada e me livrei das roupas no meio do caminho, o curativo sujo foi jogado e meu corpo entrou em contato com a água fria. Eu sempre amei água fria, relaxava meus músculos de um jeito excepcional, minha mente começou a vagar e aqueles olhos se encontraram novamente ali, me encarando com desejo, tremi apenas de imaginar. Quem é o dono desses olhos?

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