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002 ── the pink butterfly




CAPÍTULO DOIS
a borboleta rosa
121 D.C



❝ Pessoas verdadeiras
são sempre fascinantes. ❞





Muitos afirmam que almas gêmeas sempre têm um aspecto romântico e apaixonado, mas essa não é a realidade completa. Elas podem ser encontradas em pais, cachorros, amigos ou irmãos, estabelecendo laços profundos e duradouros. As almas gêmeas são frequentemente descritas como duas entidades que compartilham uma conexão única e profunda.

Pense simbolicamente em duas peças de um quebra-cabeça intricadamente esculpidas para se encaixarem harmoniosamente, mesmo sendo diferentes, estabelecendo conexões profundas e significativas. Essas almas, frequentemente descritas como duas entidades que compartilham uma ligação única e profunda, semelhantes a peças de um quebra-cabeça meticulosamente esculpidas para se encaixarem harmoniosamente, mesmo sendo diferentes. E para Vaelorya, essa pessoa era sua prima, Helaena.

Não havia palavras suficientes para descrever Helaena sem expressar o quanto ela era especial e única.

Deitada de bruços na grama, Vaelorya apoiou sua cabeça em suas mãos para observar Helaena acariciar delicadamente uma borboleta rosada. Era como se estivesse contemplando uma de suas próprias pinturas ganhar vida. Isso era o que Helaena era.

Uma verdadeira obra-prima da natureza.

Muito perfeita para ser real e incrível demais para ser apenas uma pintura.

Ela exalava uma doçura que rivalizava com a mais pura pitada de açúcar. Sua fragilidade lembrava a efemeridade de uma flor dente-de-leão, pronta para se desfazer ao menor sopro do vento. No entanto, era sua vivacidade que a tornava verdadeiramente notável. Helaena era o arco-íris em um mundo de tons monocromáticos.

─── Como ela consegue voar com a asa quebrada? ─── indagou Vaelorya, observando atentamente sua prima. Helaena respondeu com um sorriso doce, pronta para compartilhar seu conhecimento.

─── As borboletas têm uma vida intensa, por isso não vivem muito. ─── iniciou Helaena, delicadamente tocando a asa danificada. ─── Mesmo jovens, acumulam histórias e cicatrizes que as acompanham. Precisamos aprender a aceitar e conviver com nossas próprias cicatrizes, não acha?

─── Mas ela não pode morrer? ─── questionou Vaelorya. ─── Ela viveu sua vida toda com duas asas, e em um segundo pro outro ela a perdeu. Como ela vive sem a outra asa?

─── Ainda não é a hora dela partir. Sinto que apenas elas podem decidir quando será esse momento. ─── Helaena encarou Vaelorya com alegria. ─── Ninguém pode apressar sua partida; ela precisa seguir seu curso natural.

─── Exceto pela parte de morrer, obviamente, deve ser maravilhoso ser uma borboleta. ─── Refletiu Vaelorya, recostando-se na grama.

─── Você adoraria, voar para longe daqui. ─── Brincou Helaena.

─── E você, prima, estaria logo atrás de mim. Ou ao meu lado, tanto faz. ─── Vaelorya sorriu animada ao se levantar. ─── Me siga!

Vaelorya se aproximou de Helaena e sussurrou para ela. Sir Michael, que estava mais afastado estava sabendo dos planos de Vaelorya, estão deixou-as andarem mais a frente por um tempo, mas logo as seguiu levando um pequeno conteúdo tampado em suas mãos. Helaena ficará um pouco confusa com a fala de Vaelorya, porém começou a seguir ela, logo após soltar a borboleta em cima de uma pedra ao chão.

─── Vim aqui ontem com Aekarion, o bobo queria treinar afastado após levar uma derrota feia de Aegon. ─── Vaelorya revirou os olhos ao lembrar. Aekarion levar uma derrota de Aegon é como um insulto a sua família. ─── Mas ignoramos isso. Continuando, enquanto meu pai estava dando dicas pra meu irmão eu vi algo extraordinário. ─── Vaelorya fez um leve suspense enquanto andava sobre os galhos, chegando a um ponto mais fundo ao pequeno bosque.

─── Me conte.

─── Não irei contar. ─── Vaelorya parou de andar e se virou para Helaena, que agora se encontrava ao seu lado. ─── Irei lhe mostrar. ─── Vaelorya pegou na mão de Helaena e a puxou levemente fazendo um sinal de silêncio com a mão. Após segundos ela parou de andar e apontou para um lugar ao lado de ambas.

Ao olhar para o ponto que Vaelorya apontou Helaena paralisou. Era uma coelha, uma coelha com seus recentes 7 filhotes. Todos os animais estavam em um ninho, que parecia ser feito com diversos materiais, a mãe, parecia protetora com os filhotes. Os filhotes, que pareciam ter menos de seis dias, eram de várias cores, três brancos, dois pretos e mais dois com as duas cores misturadas.

─── Não tenha medo deles morderem, chegue perto. ─── Vaelorya disse com humor, andando devagar até as pequenas fofuras, sentando-se ao chão ela começou a fazer um carinho na mãe. ─── Aekarion quase levou um deles para a fortaleza. ─── Vaelorya riu levando Helaena a se aproximar.

Helaena observou maravilhada a cena diante dela, seguindo os passos de Vaelorya com um misto de curiosidade e encantamento. Enquanto se aproximavam do ninho da coelha e seus filhotes, sentiu o coração aquecer diante da ternura daquela família de animais. Seguindo o exemplo de Vaelorya, aproximou-se com cuidado, sentindo a suavidade do pelo da mãe coelha sob seus dedos.

─── Esses filhotes são adoráveis! ───  comentou Helaena, sorrindo ao ver as pequenas criaturas se aconchegarem uns aos outros.

Vaelorya assentiu com um sorriso, compartilhando o momento de tranquilidade e conexão com a natureza. Enquanto acariciavam a mãe coelha, o som suave dos pássaros e o farfalhar das folhas ao vento preenchiam o ambiente, criando uma atmosfera serena e reconfortante.

─── Aekarion realmente tem um fraco por animais, não é mesmo? ─── brincou Helaena, lembrando das vezes em que o jovem se envolvera em situações inusitadas por causa de sua paixão pelos bichos.

Vaelorya riu, concordando com a cabeça.

─── Acho que seria estranho ele não amar a espécie dele... ─── respondeu ela, enquanto os filhotes de coelha se aninhavam ainda mais perto da mãe.

─── Não seja má, acho fascinante o amor que ele compartilha com os animais. ─── Helaena falou brevemente, passando suas mãos levemente por um dos filhotes brancos.

─── Não estou sendo má! ─── retrucou Vaelorya, sentindo-se ofendida. ─── Apenas estou falando a verdade. Deixe-me contar algo: meu tio certa vez revelou que, durante o parto de minha mãe, ele foi impedido de entrar porque estavam envergonhados... ─── Ela sussurrou no ouvido de sua prima, deixando-a momentaneamente intrigada. ─── Disse que a demora foi devido ao fato de Aekarion ter nascido no corpo de um pequeno filhote de burro, e que o levaram às pressas a uma bruxa próxima da região para desfazer isso. ─── Vaelorya concluiu sua revelação chocante com um gesto breve das mãos, como se tentasse simular algo emanando delas. ─── Mas não conte a ninguém!

Helaena arregalou os olhos, surpresa com a revelação inusitada de Vaelorya. Ela abaixou a voz, aproximando-se mais da prima para garantir que ninguém mais ouvisse aquela história intrigante.

─── Isso é... inacreditável! ─── murmurou Helaena, enquanto absorvia a informação. ─── Nunca imaginei que Aekarion tivesse uma história tão peculiar como esta.

Vaelorya lançou um olhar cauteloso ao redor, certificando-se de que estavam sozinhas naquele recanto do bosque, antes de prosseguir com seu relato enigmático.

─── Meu tio me contou isso em segredo, jurando que era verdade. ─── sussurrou Vaelorya, com um ar de mistério. ─── Dizem que foi por isso que Aekarion tem uma conexão tão especial com os animais. Ele sempre teve um jeito diferente desde que era um bebê.

Helaena assentiu lentamente, processando a revelação enquanto acariciava suavemente o filhote de coelha em seu colo.

─── É realmente fascinante como a vida pode ser cheia de segredos e mistérios. Aekarion tendo como forma original, um burro. ─── comentou ela, olhando nos olhos de Vaelorya com admiração. ─── Obrigada por compartilhar isso comigo. Pode ter certeza de que guardarei esse segredo como se fosse meu.

Vaelorya sorriu, sentindo-se grata pela confiança de sua prima.

─── Não se preocupe, Helaena. Somos uma parede de segredos aqui. ─── disse ela, piscando de forma conspiratória. ─── Agora, onde está sir Michael? Pensava que ele era lento, mas não tanto!

Helaena lançou apenas um breve olhar, desviando seu olhar momentaneamente, optando por continuar acariciando o filhote, em vez de indagar sobre o significado por trás das palavras de sua interlocutora. Vaelorya, após examinar o ambiente ao seu redor e não encontrar vestígios do cavalheiro esperado, decidiu retomar suas carícias na mãe dos coelhos, optando por aguardar a chegada do homem. Isso não tardou muito, já que em questão de poucos minutos, o som de passos se fez audível e, ao se virar, Vaelorya se deparou com o homem segurando a tão esperada caixa em suas mãos.

─── Finalmente! ─── exclamou Vaelorya, avançando rapidamente na direção do homem, recebendo a caixa das mãos dele. ─── Demorou uma eternidade.

─── Decidi te dar um tempo a sós com a princesa Helaena, não pareceu uma boa ideia? ─── sugeriu o homem.

─── Uma ótima ideia, uēpa. ─── 'velho.' ── respondeu Vaelorya, deslocando-se suavemente na direção de sua prima. ─── Aqui está!

Helaena a encarou com uma expressão de perplexidade.

─── Uma caixa...

─── Abra-a! ─── incentivou Vaelorya animadamente. Helaena transferiu o pequeno coelho que estava acariciando para o colo, segurando-o com uma mão enquanto levantava a tampa da caixa furada com a outra, revelando apenas um pequeno pano no fundo.

─── Uma caixa e um pano...

─── Iremos levar os coelhos! ─── exclamou Vaelorya, emitindo um pequeno grito de entusiasmo para sua prima. ─── Acredito que todos caibam, Sir Michael, isso é possível?

─── É possível levar todos, se assim desejar, ─── respondeu Sir Michael.

─── Melhor não... ─── suspirou Helaena calmamente, voltando a acariciar o coelho.  ─── Minha mãe não aprovaria. Ela os considera repugnantes, assim como todas as aranhas, besouros e centopeias.

─── Mas ela poderia mudar de ideia! Quem sabe, ela pode ter uma nova perspectiva agora ─── tentou convencer Vaelorya.

─── E que tal voltarmos para a fortaleza? Podemos terminar o meu bordado ─── sugeriu Helaena.

─── Helaena... ─── começou Vaelorya, mas decidiu interromper-se.

Ela podia sentir uma pontada de decepção, mas não em relação a Helaena, claro, mas sim pelo fato de sua prima não poder desfrutar de uma infância como a maioria das crianças, ou ser forçada a amadurecer mais rápido por ser mulher na realeza. Vaelorya se perguntava frequentemente como seria se ambas pudessem ser livres de todas as obrigações, não que estivesse reclamando de sua própria situação, mas sim da de Helaena. Ser filha da rainha, sendo ela Alicent Hightower, não era fácil. Ela se lembrava de todas as vezes em que Helaena foi privada de se divertir com ela, para ficar ocupada com atividades próprias de uma princesa, e para impressionar seu futuro marido. Como se os homens fossem se impressionar com tricô, pensava Vaelorya.

Ajeitando as folhas que encontrara em seu longo vestido vermelho, Vaelorya alisou-o e refez suas tranças, que haviam se soltado ligeiramente, antes de oferecer sua mão à sua prima e seguir o caminho indicado pelo guarda em direção à carruagem. Embora desejasse permanecer mais tempo no local, seu ânimo diminuíra consideravelmente, pensando na perspectiva de passar o resto do dia em seu quarto, ou até mesmo na biblioteca da fortaleza.

─── Lorya... ─── Murmurou suavemente Helaena, chamando-a com doçura. ─── Acho que estamos paradas aqui a muito tempo...

E, de fato, era verdade.

Vaelorya notou que fazia um tempo considerável desde que a carruagem havia parado. Michael as observava entediado do lado de fora da carruagem, como se estivesse habituado ao hábito das duas jovens de passarem tempo demais absortas em seus próprios pensamentos.

─── Ah... não percebi. ─── Respondeu a mais jovem, levantando-se e saltando para fora, ignorando a pequena escada preparada para facilitar a descida. Olhando para trás, ela pôde ver Helaena descendo calmamente.

Varlorya sorriu e pegou na mão de Helaena, quando a mesma se aproximou, puxando-a delicadamente na direção dos portões da Fortaleza.

─── Bem, então, minha doce Helaena, vamos para seus aposentos. Tenho certeza de que seu bordado espera ansiosamente pela sua habilidade.

─── Uma bela ideia... ─── Helaena sussurrou anciosamente.

Vaelorya acompanhou Helaena com entusiasmo, tentando ficar animada para ver o que a amiga estava bordando dessa vez. Enquanto caminhavam pelos corredores ornamentados, Vaelorya não pôde deixar de soltar um comentário.

─── Espero que seja mais uma daquelas borboletas rosas que você insiste em bordar. Você sabe, as que parecem mais como a vida real do que um pano! ─── brincou Vaelorya, provocando uma  pequena risada de Helaena.

─── Ah, pare, Lorya. Minhas borboletas não são uma magníficas como diz. ─── respondeu Helaena com um sorriso.

Ao chegarem aos aposentos de Helaena, no entanto, a atmosfera feliz que ambas compartilhavam deu espaço a um breve desconforto. Vaelorya conteve um suspiro de frustração ao ver a mãe de Helaena, a rainha, sentada em uma poltrona próxima à lareira. Ao lado dela, estava o irmão mais novo de Helaena, Aemond, um rapaz quieto e arrogante que sempre parecia encontrar momentos inesperados para aparecer.

─── Helaena, querida. Estávamos esperando por você ─── disse Alicent, com um sorriso forçado. ─── E lady Vaelorya, é uma bela surpresa vê-la aqui.

Vaelorya revirou os olhos discretamente, sentindo uma onda de irritação crescer dentro dela. Não que ela não gostava da rainha, ela só não gostava de compartilhar o mesmo ar que ela.

─── Acredito... ─── murmurou para si mesma. ─── Então, fico feliz de poder ter o prazer de encontrar vocês está tarde, mas vou indo, tenho algumas coisas para resolver antes do jantar... na biblioteca! Nos vemos mais tarde, certo, prima? ─── Disse Vaelorya, olhando para Helaena com um sorriso forçado.

Antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, Vaelorya se virou e saiu dos aposentos com passos rápidos, decidida a evitar qualquer interação prolongada com a rainha.

Deixando-se levar pela suave e deliciosa brisa que passou por ela, Vaelorya percorreu tranquilamente seu caminho até a biblioteca. O local encontrava-se em uma área mais afastada, distante dos aposentos dos servos, evitando assim os incômodos barulhos das conversas. Vaelorya costumava frequentá-lo sempre que ia para Porto Real, sempre encontrando novos livros para devorar a cada visita.

Enquanto seus olhos percorriam as vastas estantes, ela finalmente avistou um livro empoeirado, nunca antes visto por ela. Talvez fosse devido ao fato de que ela só frequentava a biblioteca à noite, à luz de velas, e o livro estava escondido em um canto escuro.

O livro não possuía título, tampouco estava limpo; sua capa tinha um tom amarronzado e suas páginas eram escassas. A aura de mistério que o envolvia cativou Vaelorya, que prontamente o agarrou e se acomodou em um canto habitual da biblioteca.

Ao abrir o livro, ela teve que conter um espirro, pois estava repleto de poeira que se dispersou pelo ambiente, cobrindo-a completamente.

Que nojo! pensou ela, agora coberta de poeira.

Após folhear várias páginas sem encontrar nada, sua esperança começou a desvanecer. Bufando exageradamente, ela continuou virando as páginas até finalmente deparar-se com uma escrita.

Chocada, ela fechou o livro rapidamente, respirou fundo e olhou ao redor, percebendo que estava sozinha.

Decidindo-se a ler o conteúdo intrigante, ela abriu novamente o livro, segurando-o de forma discreta em sua direção para que ninguém mais pudesse vê-lo caso entrasse. Aquilo era algo que ela jamais esperava encontrar, especialmente em Porto Real. Seria uma loucura se a rainha ou um meistre o encontrasse.

Enquanto lia as páginas, Vaelorya não conseguia acreditar no que estava diante de seus olhos:

Como domar seu homem.

Graças às conversas que escutava às escondidas de seu tio, ela entendia o significado por trás das palavras, embora ainda estivesse se questionando se era aquilo mesmo que estava lendo. Seria aquele o preço a se pagar pela oportunidade de ler tal livro?

Apesar da adrenalina e do choque inicial, ela reconheceu que o conteúdo se tratava de manipulação sutil, quase imperceptível. Sua mente acelerava ao perceber que ser capaz de manipular alguém daquela maneira era uma habilidade poderosa, embora moralmente questionável.

Rindo da situação, Vaelorya continuou a leitura, tão absorta em seus pensamentos que mal percebeu o leve ruído da porta se abrindo. Só se deu conta de que não estava mais sozinha quando ouviu o som de um livro caindo no chão.

Por um triz, ela evitou soltar um grito, surpresa ao ver quem a surpreendeu.

─── Aemond? ─── ela murmurou, espremendo os olhos para garantir que não estava alucinando.

─── Bom dia... ─── a voz de Aemond soou casual.

─── O que está fazendo aqui? ─── ela perguntou lentamente, tentando esconder o livro atrás de si. ─── Como você chegou aqui?

─── Minha mãe pediu que eu buscasse um livro específico de costura. ─── explicou Aemond, apontando para a seção correspondente. ─── Não se ache tão importante, prima.

─── Pois eu me acho. ─── respondeu Vaelorya. ─── Não é minha culpa se você age de forma estranha, espionando atrás das estantes. É feio, primo.

A curiosidade nos olhos de Aemond se dirigiu às mãos de Vaelorya, que ainda escondiam o livro.

─── Ouvi risos. ─── comentou ele, caminhando lentamente em sua direção. ─── E alguns gritos que pareciam risadas.

─── Claro, gritos... ─── respondeu Vaelorya entediada, tentando disfarçar seu nervosismo. ─── Estava apenas lembrando de algo engraçado que aconteceu com meu irmão.

Aemond abriu um sorriso arrogante.

─── O que acha de compartilhar a leitura do livro, prima?

─── Não. ─── foi a resposta imediata de Vaelorya.

─── Não? ─── Aemond arqueou as sobrancelhas, surpreso.

─── Como posso mostrar algo que não li? ─── argumentou Vaelorya, levantando uma sobrancelha. ─── Como disse, estava ocupada rindo das desventuras de Aekarion e não tive a chance de ler o livro. Uma pena!

Aemond a observou com um olhar penetrante, tentando discernir se ela estava mentindo. Vaelorya desviou o olhar para a porta atrás dele, ansiosa para escapar da situação.

─── Que tal lermos juntos então? ─── sugeriu Aemond, tentando parecer normal.

Embora a ideia parecesse tentadora, Vaelorya sabia que precisava encontrar uma desculpa para sair dali e se livrar do livro antes que fosse tarde demais.

─── Para alguém que veio buscar um livro para a rainha, você não parece muito preocupado! ─── provocou ela, abrindo um sorriso. ─── Diferente de mim, que tenho que ir agora!

Com pressa, Vaelorya se dirigiu à saída, segurando o livro firmemente contra o corpo. Ao atravessar a porta, ela correu em direção aos seus aposentos, onde rapidamente escondeu o livro debaixo da cama, seu esconderijo favorito para objetos não convencionais ou achados peculiares das ruas de Porto Real.

Exausta e frustrada, deitou-se em sua cama, olhando para o teto enquanto refletia sobre os acontecimentos do dia. O anoitecer se aproximava, lembrando-a de que sua mãe a esperava para prepará-la para o jantar, que, segundo Daelyra, era de extrema importância.

Com um suspiro irritado, Vaelorya levantou-se preguiçosamente e se dirigiu aos aposentos de seus pais, que ficava próximo aos seus.

Adentrando sem bater na porta ela encontrou Aekarion sentado na cama, sua mãe atrás dele penteando os cabelos do filho. Vaelorya andou em direção a cama, dando a ideia de se jogar, porém foi cortada por sua mãe a mandando ir se banhar.

Vaelorya teve que a obedecer.

Tristemente.


Enquanto Vaelorya estava absorta em seu próprio mundo, sua mãe, Daelyra, estava ocupada penteando e trançando seus cabelos com maestria. A mãe balbuciava palavras em alto valíriano. Seu irmão, Aekarion, estava ao lado da mãe, e ambos compartilhavam uma conversa animada, uma interação que Vaelorya não podia ouvir. Seus olhos estavam fixos no reflexo de seus cabelos sendo puxados e entrelaçados com habilidade pelas mãos maternas.

Embora a conversa entre a mãe e o filho, as palavras sussurradas e alegres risadas, preenchessem o quarto, Vaelorya estava distante daquilo tudo. Sua mente estava envolta em suas próprias reflexões, principalmente na sensação de cada fio de cabelo sendo puxado fortemente durante o processo de trançar. Aquela ação, normalmente suave e carinhosa por parte de sua mãe, naquele dia estava carregada de tensão e pressão.

O puxar vigoroso e o apertar das tranças a faziam sentir desconforto e irritação crescentes. Era como se as raízes de seus cabelos, que normalmente eram tão delicadas e sensíveis, estivessem sendo arrancadas, provocando uma onda de agonia que corria por sua espinha. Os sentimentos de irritação se misturavam com a preocupação de que algo estivesse errado com sua mãe, que normalmente era gentil e afetuosa.

Algo aconteceu. Vaelorya sabia disto.

Vaelorya hesitou por um momento, olhando profundamente em seus próprios olhos refletidos no espelho. Ela era uma criança curiosa e com uma intuição aguçada, e a intuição lhe dizia que algo estava errado. Sua mãe costumava tratar seus cabelos com cuidado e carinho, usando o momento como uma oportunidade de conexão e amor entre mãe e filha. Um dos únicos momentos calmos que elas obtinham.

Com um suspiro, Vaelorya finalmente se virou para encarar sua mãe e irmão. Ela não conseguia ouvir o que estavam dizendo, mas podia sentir a tensão no ar.

─── Mãe, você está bem? ─── Com voz calma, ela perguntou. ─── Por que está nervosa assim?

Sua mãe olhou para ela com surpresa, soltando o pente e as mechas de cabelo que tinha em mãos. Aekarion também pareceu surpreso com a interrupção.

Daelyra suspirou, parecendo aliviada e ao mesmo tempo surpresa por sua filha ter notado.

  ─── Coisas de adultos, meu amor. ─── Com um olhar amoroso, ela acariciou o rosto de sua filha, expressando gratidão por sua sensibilidade. ─── Vocês sabem que posso ficar um pouco nervosa aqui em King's Landing.

Vaelorya sorriu, aliviada por saber que sua mãe não estava chateada com ela e compreendendo quais eram as razões por trás da pressão em seus cabelos.

─── Você quer dizer perto dos Higthtowers. ─── Aekarion rebateu sua mãe, a corrigindo.

Daelyra se virou assustada na direção do seu filho. Vaelorya riu quando Aekarion desviou o olhar para a janela.

─── Quem te contou essas coisas, garotinho? ─── A mais velha o perguntou autoritária.

─── Pelos deuses, mamãe está usando a voz de mãe! ─── Vaelorya riu de sua frase. ─── Alguém se ferrou, Aekarion se ferrou! ─── Ela cantarolou.

─── Papai que me contou. ─── Aekarion respondeu sua mãe, não antes de mostrar a língua para sua gêmea.

─── Não ouça tudo que seu pai o conta. ─── Daelyra o repreendeu enquanto respirava fundo. Suas mãos voltando a trançar o cabelo de sua filha. ─── As vezes ele pode estar errado.

─── Por que ele estaria errado? ─── Vaelorya perguntou a sua mãe. Tentando prender uma careta em sua cara, não conseguindo. ─── Papai está sempre certo. É nisto que ele é bom!

─── Não é a hora correta de ser a garotinha do papai, querida. ─── Daelyra disse suavemente, rindo levemente. ─── Pessoas cometem erros, seu pai principalmente.

Vaelorya se pôs a encarar sua mãe pelo espelho.

Talvez ela tenha ficado um pouco emburrada por sua mãe ter falado que o seu pai comete erros? Um pouco, mas não significa que ela fosse uma garotinha do papai. Ela não é, certo? Garotas do papai geralmente são mimadas e entediantes. Vaelorya não é nada disto, certo? Ela pode ser uma garotinha do papai, mas nada de entediante e mimada. Talvez um pouco mimada... mas nada de entediante.

─── Mas, e você, mamãe? Você comete erros? ─── Aekarion a perguntou. Se aproximando e apoiando as mãos nos braços da cadeira que Vaelorya se sentava, ele a encarou nos olhos.

─── É claro, meu pequeno. ─── A mais velha se pôs a rir brevemente. ─── Eu cometi vários erros, muitos que me arrependo, muitos que não... ─── Ela balbuciou fazendo leves caretas, arrancando risadas de ambas crianças. ─── Mas tem uma coisa que nunca irá se tornar um erro meu. Vocês dois. ─── Ela sorriu docemente. Seus olhos demonstrando alegria e se pudesse ser observado por mais tempo, algo a mais. ─── Posso dizer que eu nunca, nunca, nunca me arrependo de ter tido vocês. Vocês fazem muita bagunça, mas são meus bebezinhos.

─── Eu não sou um bebê. ─── Vaelorya exclamou atingida.

─── Você é sim! A caçula da família, o bebezinho da mamãe. ─── Aekarion cantarolou para Vaelorya enquanto se jogava na cama de seus pais. Daelyra permaneceu calada, focada nas tranças, enquanto tentava fazer Vaelorya permanecer quieta em seu lugar.

─── Ela não é mais... ─── Daelyra suspirou nervosa.

Vaelorya e Aekarion trocaram olhares repletos de confusão ao dirigirem seus olhares para sua mãe.

─── Como assim não sou mais?  ─── Indagou Vaelorya, franzindo suas sobrancelhas.

─── Estou grávida!

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