– Consegue vê-lo? – Perguntou tentando se manter calmo, mesmo com seu corpo estando tenso e tremendo – Consegue ver essa bosta de fio?

– Sim, agora me explique! – Com um tom irritado.

– Simples, você não é mais ligado a mim para sua alegria, você NUNCA mais vai estar ligado a mim a nenhuma outra vida – Falou tentando segurar as lágrimas que insistiam a descer novamente – Então me deixe em paz.

– Então vou ficar sozinho? – Perguntou com medo da resposta – E por qual motivo você parece tão normal com isso? Também está vendo o fio, então deveria estar tão assustado quanto eu.

– Eu sempre o vi, sempre soube da existência do fio – Falou encarando o chão, não conseguia mais encarar o loiro – Até porque, fui eu que o rompi.

– Você... rompeu nossa ligação – Ficando em choque por escutar aquilo – Mas...

– Não se pode quebrar um fio, eu sei, eu também achava, mas pelo jeito eu posso quebrar meu próprio fio. Já que sou portador da visão do Akai Ito – Fazendo um sorriso triste e voltando a chorar – Mas não se preocupe, seu fio vai se ligar a outra pessoa, assim deixara de vê-lo partido.

Bakugou estava sem saber o que falar, então o esverdeado sempre soube que eram almas gêmeas, um sentimento de culpa tomou o loiro por completo começou a se lembrar das inúmeras tentativas do menor em tentar reatar a amizade a todo custo. De como ele sofria sempre que não conseguia, como sempre saia quebrado a cada conversa falha que tentava com o loiro.

– Você também vai se ligar a outro? – Perguntou, seu coração doía só de imaginar Midoriya com outro, ainda mais por ter conhecimento que ele será seu em todas as vidas.

– Isso não te interessa, pra falar a verdade eu nem sei o porquê de estar falando comigo até agora – Passando a mão nos olhos e dando as costas – Não era isso que queria? Se livrar de mim, então pronto.

– Voce não pode sair assim – Andando até o esverdeado e o segurando pelo braço.

– Oh, o que vai fazer? Me bater como sempre fez durante todos esses anos? – Dando uma risada fraca enquanto soltava um soluço.

– Eu não... – Soltando o esverdeado, por se sentir mal escutando aquelas palavras, se sentia péssimo por ter agido daquela forma com Midoriya por anos. Ainda mais por saber da ligação que eles possuíam.

– Eu lhe dei o maior presente que poderia desejar, então agradeceria se parasse de me importunar em troca desse presente – Voltando a andar deixando o loiro sozinho.

– Deku, espera!! – Correndo novamente para próximo do esverdeado – Não posso deixar as coisas assim, não agora depois que eu sei que estávamos ligados!

– O que importa agora, Bakugou? – Falando de forma seca, sem usar o apelido carinhoso que sempre usara com o loiro, até mesmo quando tentava reatar a amizade, ele nunca tinha lhe chamado pelo sobrenome. E aquilo afetou o loiro de uma forma que nunca pensou que afetaria – Não me diga que está com dó? Que agora que soube da ligação tudo mudou? Que não sou mais o lixo que você tinha o maior prazer em espancar, só por querer sua amizade de volta! Não me venha com esse papo furado.

– Eu... – Estava sem palavras para rebater, mas apertou os punhos e com uma voz baixa lhe respondeu – Me desculpa.

– Não quero suas desculpas, não me importo, muito menos ligo para elas. – Cuspiu as palavras com um tom de voz alterado – Não temos mais nenhuma ligação! Desde aquele maldito dia na biblioteca.

– Eu não quero que as coisas acabem assim, eu ia mudar, eu estava decidido a mudar – Estava desesperado, ainda mais vendo o esverdeado daquele jeito tão frio e indiferente consigo. Estava jogando seu orgulho de lado só para que pudesse ter uma conversa.

– Não importa mais, já é tarde demais – Dando um sorriso fraco e voltando a andar.

Bakugou tremia, não queria ter seu fio ligado a outra pessoa, tinha ficado tão feliz em ver que seu fio estava ligado ao esverdeado. No fundo seus sentimentos estavam certos e também seria correspondido, mas agora só conseguia sentir magoa e arrependimento pelos anos que havia desperdiçado. Ele segurou o fio de Midoriya fazendo com que o mesmo parasse pois sentia seu dedo ser puxado, então o amarrou ao seu fio fazendo Midoriya lhe olhar horrorizado.

– Você me enoja – Falou Midoriya encarando friamente, o loiro que ficou pasmo com aquilo – 6 anos Bakugou, 6 malditos anos que desperdicei tentando lhe conquistar novamente, nem que fosse só a porra da sua amizade. Sabe o quanto machucava? O quanto doía ver essa bosta de fio cada vez mais gasto e cheio de nós? Eu estava farto, cansado de ser o único a sofrer.

– Me deixa mostrar que eu mudei, por favor – Falou tentando se aproximar mas viu o esverdeado balançar a cabeça negando.

– Suma da minha vida, você é ótimo nisso, não se lembra? Não pode evitar o inevitável, não pode mudar o destino – Puxando seu fio fazendo com que o nó que Bakugou havia feito para prende-los se soltassem.

Midoriya foi embora, dessa vez Bakugou não lhe impediu. Apertou a camisa do uniforme próxima ao seu coração, sentia uma enorme dor e não conseguiu impedir que lágrimas começassem a molhar seu rosto. Acabou se apoiando em uma das paredes e deslizou no chão.

Inúmeras memorias passavam pela sua cabeça, todas as vezes que havia sido um babaca com o esverdeado. O tanto que ele se machucava com as palavras que dizia, céus ele era um monstro. Como poderia ter feito coisas tão horríveis com o esverdeado apenas pela opinião de outros alunos.

Bakugou não queria aceitar aquilo, havia se decidido naquele mesmo dia a mudar pelo esverdeado, reatar aquela amizade que eles já haviam possuído. Mas sabia que sentia bem mais por ele, mas poderia aceitar apenas a amizade contanto que o tivesse perto. Mas agora sabendo daquela ligação faria o impossível para conseguir arruma-la.

Seu fio se ligaria a outra pessoa, mas nada impedia que o mesmo voltasse a se ligar com o fio de Midoriya. Nem que ele precisasse amarra-lo todas as vezes que o encontrasse, ele amarraria, mostraria para Midoriya que ele estava disposto a mudar, jogaria seu maldito orgulho fora e faria o impossível, nem que precisasse se humilhar para ter o perdão do garoto. Se levantou e secou as lágrimas rapidamente de seus olhos, apertou os punhos, estava decidido.