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O reencontro inesperado - parte 2

PDV Hermione


- Draco? – Questionei surpresa. Ele olhou para mim e depois para o meu filho.

- Sentem-se, por favor. – Pediu ele de forma simpática e educada, e eu sentei o Hugo numa cadeira e sentei-me ao seu lado, de frente para o Draco, que se virou para o Hugo e esticou o seu braço direito, por cima da secretária, para ele.

– Olá sou o Draco, como te chamas? – Apresentou-se com um sorriso amigável.

Eu não esperava que o Hugo respondesse, afinal ele era meio introvertido e não gostava de estranhos, no entanto fiquei surpresa quando o meu pequeno lhe respondeu, esticando o seu braço para dar um aperto de mãos com o Draco.

- Sou Hugo.

- Então, Hugo, o que sentes?

- Dores de cabeça e de garganta. – Respondeu de forma natural como se o conhecesse desde que nasceu. Eu olhava do Hugo para o Draco completamente espantada pela maneira de como o Draco fez com que ele falasse, com um simples aperto de mãos e um sorriso.

- Hum... Podemos fazer uma coisa? Vamos sentar-te na marquesa, para que eu possa ver a tua garganta, pode ser? – Questionou, levantando-se e o Hugo simplesmente concordou, saindo da cadeira e saltando para a marquesa. O Draco chegou-se perto dele e ligou a lanterna pequena da sua caneta. – Faz ah, por favor. – Pediu o Draco fazendo ah com a língua para fora ao mesmo tempo que o Hugo. – Tens a garganta um pouco inflamada, conseguiste ver a minha?

- Não, eu tinha os olhos fechados.

- Queres ver se eu estou com a garganta inflamada?

Ele fez que sim e o Draco voltou a abrir a boca e o Hugo olhou para ela muito atentamente para ver se havia algo de errado. O cenário era engraçado, supostamente só eu e a Luna sabíamos que o Draco adorava crianças e adorava poder cuidar delas, ele tinha muito jeito e acho que ele escolheu a profissão perfeita para poder estar rodeado de crianças para cuidar.

- Não tem nada, Sr. Draco. – Disse o Hugo após uns segundos.

- Ufa! – Disse aliviado passando a mão esquerda pela testa e aí vi a sua aliança a reluzir com a luz do consultório branco. – Mas não me chames por senhor, não é preciso haver tanta formalidade, só Draco, okay?

O Hugo assentiu e deu um pequeno sorriso. O Draco voltou a sorrir e foi buscar um termómetro para medir a temperatura.

- Draco. – Chamei, e ele virou o seu olhar azul meio cinza para mim. – A inflamação na garganta é muito grave?

Ele deu-me um sorriso reconfortante.

- Não, descansa o teu menino não tem nada de grave, mas ele vai precisar de tomar algo para a garganta e... - Foi interrompido pelo apito do termómetro. – E para a febre também, mas pelo menos não está demasiado alta.

- Então amanhã já posso ir para a avó? – Questionou o Hugo ainda sentado na marquesa.

- Acho melhor não, não podes pegar a febre à Lily. – Respondi apreensiva. O meu ruivinho fez um beicinho e cruzou os braços à frente do peito.

- Se eu puder intervir. – Começou o Draco e eu assenti. – Amanhã talvez não será melhor se vais estar com os teus primos, mas se tomares os remédios, que eu vou indicar à tua mãe para tomares, direitinho talvez possas voltar a ir daqui a alguns dias.

- Remédios? – Repetiu o Hugo, fazendo uma careta.

- Sim, remédios, se tomares tudo, não vais precisar de tomar muitos. – Disse o Draco.

- Mas eu não gosto de remédios...

- Mas tens de tomá-los. – Disse, indo para o lado deles os dois.

- Mas eu não quero...

- Faz isso pela tua mãe, e se prometeres que vais tomar os remédios, eu dou-te um doce. – Chantagiou o Draco, tirando um chupa de trás das costas, e eu quase que comecei a rir, ele queria usar chantagem psicológica e emocional num filho meu? Isso eu gostava de ver alguém conseguir.

- Está bem, eu prometo tomar os remédios todos pela mãe e se levar mais um doce. – Rebateu ele.

- Mais um? – Questionou o Draco desconfiado.

- É para a Lily, para eu pedir-lhe desculpa por não ir. – Justificou e eu e o Draco sorrimos e ele tirou mais um chupa das costas.

- Temos negócio, Hugo, mas depois eu quero ver se melhoras mesmo. – Disse ele indo para a secretária e escrevendo algo num papel. – Hermione, vou passar para o Hugo um remédio para a garganta e outro para a febre, ele tem alguma alergia?

- Não, ele não é alérgico a nada.

- Bom, olha, soube que o filho do Potter ficou nos Slytherin, já soubeste?

- Já, por acaso a Ginny contou-me, ele ficou muito triste com isso, ele pensa que desiludiu a família...

- O Scorpius contou-me, e a Rose é de quem?

- É a minha filha mais velha. O Scorpius falou-te dela? – Questionei.

- Sim, ele disse que acabou por ficar na mesma cabine que os Potter e a tua filha. Ela ficou nos Ravenclaw, deves de estar bastante orgulhosa. – Disse ele levantando a cabeça e parando de escrever.

- Claro que estou. – Respondi com um sorriso. Ele levantou-se e dirigiu-se à porta.

- Vou buscar os remédios, já volto. – Disse e saiu do consultório.

- Mãe?

- Sim, querido?

- De onde conheces o Draco?

- Da escola, nós fomos grandes amigos nesse tempo. – Respondi, referindo-me ao nosso último em Hogwarts.

- O pai também era amigo do Draco?

- Bem, não, eles nunca se deram muito bem nos primeiros anos de escola, e ainda hoje se encontrarem – se na rua é só o apelido que dizem e já é muito, especialmente para o teu pai.

- Não percebo o porquê, o Draco é muito simpático e é fixe.

- Eu sei, o Draco é muito simpático mesmo.

A porta do consultório abriu-se e o Draco entrou no consultório com os frascos nas mãos.

- Aqui estão, podes tomar agora para depois só teres de tomar à noite.

- Também vou ter que tomar à noite?

- Não queres ficar melhor para ires para a avó? – Questionei e ele fez que sim com a cabeça. – Então sim, também vais ter que tomar à noite.

O Draco trouxe os remédios e abriu um dos frascos, deitando o líquido num pequeno copo e passou-o para o Hugo, que bebeu tudo e fez uma grande careta. Depressa o Draco fez aparecer um copo com o que me pareceu ser sumo de abóbora e entregou-o ao Hugo enquanto pegava no outro copo para passá-lo por água e deitar o líquido do outro frasco. O meu menino bebeu metade do copo e recebeu outra vez o copo pequeno para tomar o outro remédio.

- O frasco verde é para a garganta e tem de ser tomado em último, o frasco vermelho é para a febre. Agora só tens de lhe dar depois de jantar. – Disse o Draco, entregando-me os frascos.

- Mãe, tenho fome, posso ir buscar comida?

- Já? Mas já comeste há cerca de uma hora atrás.

- Mas isso foi à uma hora atrás, eu tenho fome agora.

Eu revirei os olhos, tal pai tal filho. Entreguei-lhe algum dinheiro e ele saltou da marquesa para sair do consultório.

- Obrigada, Draco. – Agradeci.

- Não tens de quê, se fosse ao contrário também ajudarias o Scorpius.

- Então, como estão as coisas com a Astória?

- Não me posso queixar, afinal, ela é fiel e está sempre à minha espera para ir dormir, mas também, ela é que queria casar...

- Deve ser doloroso estar casado com alguém que não se ama... - Comentei.

- Já me habituei, e tu, Sra. Weasley?

- Já estiveram melhor... O Ron tem estado ocupado no ministério e quando volta já estou a dormir e quando eu acordo ele já lá não está e o seu lado está frio...

- Lamento ouvir isso, eu tenho ouvido sobre os devoradores que querem terminar o trabalho dele...

- É horrível, a Ginny morre de medo que eles façam algo ao Harry e ao Ron, assim como eu, é preocupante.

- Eu nem imagino o que isso seja, bem na verdade até imagino, afinal, eles podem pegar comigo.

- Não o Harry não deixava isso acontecer, foi ele que impediu que fosses para Azkaban, não me acredito que eles pensem sequer nisso. Tu mudaste, Draco, já todos vimos isso. A propósito tens imenso jeito para crianças.

- Obrigado, por acreditares em mim, Mi. – Agradeceu, usando a sua antiga alcunha que tinha para mim. – Bem, como sabes, eu sempre gostei de crianças e estar casado com alguém como a Astória requer que eu seja bom com crianças.

- Ela não se interessa pelo Scorpius? – Questionei surpresa, afinal ela dizia que queria um filho dele.

- Ela culpa o Scorpius pelo seu aspeto, quase não lhe fala ou está perto dele. Eu tenho de ser tudo para o meu filho.

- Porque não te divorcias?

- Quem me dera, mas não posso, o acordo nupcial está do lado dela a não ser que me traia.

- E se ela estiver a trair-te?

- Se ela estiver a trair-me está a esconder muito bem.

- Pensa, o Scorpius está em Hogwarts, a quilómetros daqui, e tu aqui no St. Mungos, ela há-de baixar a guarda e descuidar-se.

- Sim, mas eu quero acreditar que não tenho ninguém a meter-me um par de chifres na cabeça a desconfiar dela.

- Sim, isso seria melhor, mas esse não seria o Draco Malfoy que conheci em Hogwarts. Pensa com o Scorpius fora até terás mais tempo para passar com ela, pergunta-lhe se ela não quer jantar fora ou até passarem um serão a fazer qualquer coisa e se ela recusar demasiadas vezes passar algum tempo contigo arranja maneira de saber o que é que ela anda a fazer durante o dia, porque garanto-te ela estará a trair-te.

- Como podes ter a certeza? – Questionou ele, rodando a aliança no seu dedo e eu olhei para ele com descrença.

- Porque meu caro Malfoy, primeiro, eu sou a Granger sabe tudo e segundo eu sou mulher e isso era algo que alguém que não saiba esconder muito bem as coisas faria. – Respondi com um ar superior, o que o fez rir.

- Pois é, já me tinha esquecido disso, Granger. Mas trocando de assunto, a maneira como falaste, parece que ele nem dorme em casa. A que horas costumas ir deitar te?

- Por volta das 23h.

- A que horas é que era suposto ele estar em casa?

- Às 21 e 30.

- E quando é que ele tem que estar no ministério?

- Ao mesmo tempo que eu, 8h da manhã.

- A que horas costumas acordar?

- ÀS 6 e 30.

Ele deu-me um olhar apreensivo e eu percebi a conclusão a que ele tinha chegado.

- Achas mesmo que ele era capaz disso? – Questionei insegura.

- Sinceramente, ele é burro o bastante para isso, afinal ele já te tinha na mão e ainda foi namorar com a Brown...

- Mas tu lembras-te de como ele era ciumento por sermos amigos...

- Mi, não é por nada, mas eu e o Weasley nunca fomos com a cara um do outro, óbvio que ele não iria querer a namorada com o seu "inimigo", eu teria a mesma reação.

As lágrimas vieram-me aos olhos com tudo o que rodava na minha mente e eu simplesmente abracei o Draco, que correspondeu ao abraço no momento.

- Shh... Mi, não chores, por favor... - Pediu ele, passando a mão pelos meus cabelos. – Olha, também pode não ser nada, para tirares as dúvidas, porque não perguntas à Ginny se o Harry tem chegado depois da hora ou a ir para o ministério mais cedo? Vemos o que ela te responde, mas quero que saibas que vou estar aqui para a mínima coisa que precisares.

Eu assenti e limpei as lágrimas com um lenço que o Draco me ofereceu.

- Tens razão, e se ele estiver a trair-me vai arrepender-se disso, para o resto da sua vida. Eu vou falar com a Ginny ainda hoje e depois eu mando-te uma carta para te dizer a resposta.

- Essa é a minha Mi. Ótimo. – Ele pegou num papel e escreveu nele uma morada. – Envia para aqui se for antes das 19h, se não, manda para a minha casa.

Eu assenti e voltei a abraçá-lo.

- Obrigada, Draco, és um bom amigo.

- Os amigos estão sempre para o melhor e para o pior, Granger, e depois não te esqueças de me dizer do estado do pequeno Hugo, quero ver melhorias daqui a dois dias.

Eu sorri e assenti.

- Podes contar com isso. – Respondi com um sorriso. Ele retribuiu-me o sorriso e depois ouvimos bater à porta e o Hugo entrou quando o Draco deu permissão.

- Bom, agora temos de ir, tu tens de ir para a caminha. – Disse pegando na mão do Hugo. – Diz adeus ao Draco e agradece.

- Obrigado, Draco, adeus.

- Não tens que agradecer, apenas, fiz o meu trabalho. As melhoras.

Dei um beijo na bochecha do Draco.

- Obrigada, por tudo o que fizeste.

- Não agradeças, é para isso que aqui estou. – Respondeu com um largo sorriso e eu saí do consultório e voltei para casa para meter o Hugo na cama.

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