• Capítulo 16 •
Meu coração estava se acalmando depois do pesadelo que acabei de ter, mas parte dele ainda continuava na tensão dos seus batimentos duvidosamente acelerados. De forma que me dava medo.
Algo sobre o ausência do Jimin não me passava segurança. E podia ser a sensação do pesadelo de que tinha algo atrás de mim tentando me matar, mas independente disso, só precisava saber onde ele estava. Era um sentimento de urgência.
O cobertor que ele usava pra se cobrir quando estava deitado na poltrona estava no chão, como se tivesse saído rápido ou distraído. O que parecia suspeito. Além de que a porta estava aberta. Ele normalmente fecharia se precisasse sair.
Me levanto da cama devagar, calçando minhas pantufas. Esses dias só tenho levantado pra tomar banho, fora isso, até pra comer estou sendo levada com a cadeira de rodas, então não é que é difícil andar, mas é estranho. Mas até que a estranheza é boa. Como algo próximo da liberdade de fazer coisas sozinha novamente. Faz um bom tempo que não faço coisas por conta própria direito.
Devagar, vou andando na direção da porta, sentindo um frio subir do chão pelas minhas pernas e para dentro da camisola do hospital. Além de um frio comum, uma sensação quase como um calafrio, um peso gelado sobre meus ombros me fazia sentir insegura e assustada. Era algo que não tinha sentido até então naquele lugar.
- Jimin...? - Esfregando os braços com as mãos pra me esquentar e andando devagar pelos corredores com cautela olhando para os lados com frequência, procuro por ele. Não podia falar muito alto pois era tarde e outros pacientes estavam tentando descansar em seus leitos, então meu tom de voz chamava seu nome mais discretamente.
Estava com medo de encontrar com algum funcionário do hospital que estivesse de plantão. Provavelmente levaria um esporro por ter saído da cama e seria questionada sobre a razão. E seria estranho explicar que sentia como se o perigo estivesse à espreita. Achariam que estou ficando maluca, mesmo que falasse que meu acompanhante sumiu. Provavelmente diriam que ele foi apenas ao banheiro e que não precisava me preocupar. Mas algo sobre isso não parecia certo. E eu precisava checar. Depois de tudo o que passei nesse curto período de tempo, não queria arriscar perdê-lo. Logo agora que o homem do meu passado estava de volta. Agora me sentimentos antigos estavam aflorando novamente. Eu precisava dele comigo.
E qualquer possibilidade de perdê-lo me fazia sentir vazia e desesperada ao mesmo tempo.
Após algum tempo andando pelos corredores, me vejo alcançando o fim daquela longa reta que já estava percorrendo. Uma curva para a esquerda. Não sei se era minha imaginação, mas parecia ter uma luz arroxeada fraca vindo de lá. Uma cor que me fazia lembrar daquela noite no meu apartamento. Jimin veio na minha cabeça na hora, e apertei o passo.
- Jimin?? - O chamo novamente conforme chego na virada do corredor.
E quando ia espiar o que acontecia e de onde vinha a luz, sou bloqueada por um corpo maior que o meu e sou impedida de gritar por uma mão cobrindo minha boca. Começo a me debater com medo. Tento chutar e socar quem estava me segurando, seja lá quem fosse. Mas não dura muito, uma vez que uma tranquilidade súbita toma conta de mim ao ouvir sua voz.
- Eleanor...! Para, vai me machucar. Está tudo bem. Sou eu! Jimin. - Paro de me sacudir na hora e olho pra ele, recuperando o ritmo normal da minha respiração assim que ele tira a mão da minha boca.
- Jimin...! Que susto! Onde você estava? - Pergunto em um tom de voz bastante contrariado e insatisfeito, apesar de ainda baixo.
- Perdão, perdão! Eu só fui no banheiro. Acordei bem apertado e vim correndo. Desculpe. Eu te acordei? - Ele pergunta, segurando minhas mãos contra o próprio peito e me olhando nos olhos como se tivesse cometido um crime.
- Não...não, eu não acordei por sua causa. Eu tive um pesadelo e...já estava assustada quando acordei. Mas fiquei com medo quando não te vi. - Respondo, me deixando acalmar pelo toque quente das suas mãos.
- Teve um pesadelo? Novamente? Isso não é bom. Quer conversar sobre isso? - Ele pergunta, sorrindo.
- Não, eu...já passou. Só quero voltar a dormir. E bem. Com você do meu lado. - Ao dizer isso, Jimin me abraça com uma expressão satisfeita no rosto, de quem sabia que era requisitado por alguém. Como se estivesse feliz porque eu precisava dele.
- Vamos voltar, então. Vai ficar tudo bem. Eu não vou mais sair do seu lado, certo? Vou ficar com você.
Ele diz isso acariciando minhas costas enquanto tentava me acalmar. E eu recebia de bom grado, mas preocupada com ele, já que suas mãos tremiam não importava o quando tentava contê-las para esconder de mim que algo tinha acontecido enquanto estava fora.
Voltamos os dois para o quarto e eu me arrumo na cama novamente. Jimin pega seu cobertor do chão e se senta na sua poltrona. Olho pra ele tentando se acomodar, mas parecendo tenso e desconfortável.
- Jimin. - O chamo.
- Sim? - Me encara com seu sorriso de sempre.
- Vem. - Me afasto pra trás, abrindo espaço pra ele na minha cama. - Tem espaço pra mais um.
- Ah, não, Eleanor. Não precisa. Você está internada. Precisa de conforto e espaço só pra você. Não se preocupe. - Ele diz, puxando seu cobertor mais pra cima de forma desajeitada.
- Dormiria mais confortável com você do meu lado do que com todo espaço apenas pra mim. - Nossa, Eleanor. Coragem, viu? O que o medo e a sinceridade não fazem com a gente.
Ele parece um pouquinho surpreso com o meu com a minha insistência direta, mas cede sem falar mais nada. Jimin pega seu cobertor e sobe na minha cama com muito cuidado, parecendo sentir medo da cama desmontar ali mesmo. Então ele deita de frente pra mim e ficamos alguns segundos olhando um pro outro sem dizer nada.
- Assim está bom? - Ele pergunta, um pouco sem graça.
Aproximo um pouco mais o rosto do dele e ponho seu braço por cima de mim. Um movimento que ele não parecia esperar.
E sinceramente? Nem eu. Acho que realmente estou muito interessada nele, seja por ter a minha ligação com ele, seja por algum outro motivo, porque é estranho ser tão direta assim. Mas eu gosto. Poder ser sincera sobre os próprios sentimentos é algo que sempre admirei. É bom ser assim.
- Assim está ótimo. - Digo, sorrindo. Jimin sorri de volta, com o rosto um pouquinho vermelho.
Seu calor corporal me faz sentir extremamente confortável, como nunca me senti antes. Fico feliz de poder estar com ele assim novamente, depois de tantas vidas perdidas apenas tentando estar com ele.
Meu corpo relaxa rápido conforme os minutos passam, e quando Jimin fala comigo, mal estou acordada para responder, mas escuto bem:
- Você é o maior tesouro dessa minha vida eterna e vazia.
E então eu caio no sono, sem ter mais pesadelos.
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