28 ⌘ 𝕰𝖘𝖙𝖆𝖌𝖎𝖔𝖘 ⌘
╭═────═⌘═────═╮
"Vou com você até o fim. Vou com você até Mordor, se for preciso." (Sam) – J.R.R. Tolkien
╰═────═⌘═────═╯
╭═────═⌘═────═╮
Os minutos pareceram horas, mas a dor foi passando para Conway. Adie seguia deitada, olhando para o teto da tenda, quando Conway entrou parecendo bravo, mas quando olhou para o rosto de Adie, sua feição suavizou visivelmente.
Ela não se levantou, mas também não estava com coragem de olhar para Conway. De repente ela se sentiu suja pelo que Kieran fez com ela, mas também envergonhada pela maneira como Kieran disse que ela não era mais virgem.
Ela não era, não era novidade para ninguém de onde ela vinha, mas ali, aquilo pareceu tão vergonhoso e tão errado que ela apenas virou para o outro lado e se encolheu.
— Ei — ele se sentou ao lado dela na cama e acariciou seu cabelo — me contaram o que aconteceu. Eu sinto muito por não estar aqui para te proteger.
Ela se encolheu ainda mais e voltou a chorar, mesmo assim se forçou a responder.
— Ele não chegou a fazer nada mais grave além do beijo — ela falou olhando para o canto da tenda ao lado — não precisa se preocupar.
— Como não preciso me preocupar se você segue chorando? — Conway perguntou fazendo uma leve carícia na cabeça dela.
— Você não vai mais me amar, não é? — ela falou voltando a chorar aos soluços — sei que não...
— Por causa do que aconteceu? — ele arregalou os olhos — Adie, como pode pensar isso, isso não foi sua culpa.
Ele a levantou forçando-a a se sentar e abraçou.
— Não — ela se afastou — não por isso.
— Então por que acha isso? — ele voltou a segurá-la para que ela não voltasse a deitar.
— Porque... — ela mordeu a boca chorando mais — porque eu já tive com outra pessoa...
Ele primeiro olhou para ela desesperada tentando voltar a deitar e logo lembrou de Kieran falando "ela não é mais pura e não fui eu que tirei a sua pureza". Vê-la com medo de perdê-lo, apesar de parecer triste, mexeu com algo dentro dele e ele acabou rindo, puxou o rosto dela com as duas mãos e a beijou.
— Como uma mulher tão inteligente pode ser tão boba as vezes? — ele perguntou com a boca rente a dela — Achou que eu não sabia disso?
— Você... você sabia? — ela perguntou fungando e imaginando o quanto deveria estar patética naquele momento.
— Adie, quando conversamos no jardim, você me falou sobre um idiota — ele riu — Adele... — ele depositou um pequeno beijo em seus lábios — minha doce e pequena Adie... eu nunca me importei se eu sou ou não o primeiro, o que me importa não é isso, o que me importa é que eu seja o último. Vem, agora deixe de chorar — ele secou os olhos dela fazendo-a sorrir de maneira fraca.
— Eu sou uma idiota — ela o abraçou e apoiou a cabeça nos ombros dele — pedi para que não duvidasse de mim e aqui estou eu, fazendo exatamente o que eu pedi...
— Vamos, deixe de chorar — ele seguiu acariciando os cabelos dela — não precisa ter medo.
Conway continuou a acariciar os cabelos de Adie, mantendo-a próxima para confortá-la. A noite caía lá fora, e dentro daquela tenda, o clima de ternura e compreensão crescia.
Nenhum dos dois queriam se soltar daquele abraço, mas a proximidade do corpo de Adie, seu cheiro, a perfeição em que ela se encaixa nele foi fazendo o corpo de Conway novamente doer e em uma dessas dores mais intensas, ele se encolheu, e mesmo que tivesse feito um esforço para que ela não notasse, aquilo foi em vão.
— Conway? — Adie o chamou, mas ele não respondeu inicialmente — Conway, o que foi?
— Não é nada — ele falou em um sussurro, mas manteve o rosto praticamente enterrado no ombro dela.
— Não minta para mim — ela disse calmamente — você sempre me ajudou, sempre esteve ao meu lado, então não comece a mentir agora, mesmo que acredite que seja para o meu bem... me deixa te ajudar também.
— Eu só não quero te preocupar — ele respondeu sinceramente — não é nada grave, então não tem motivos para ficar pensando nisso.
— Você caído no chão hoje, não me pareceu que fosse algo na qual eu não deveria me preocupar... — foi a vez dela de acariciar os cabelos dele — então por favor, me fala o que está acontecendo?
— Você já tem coisas demais na cabeça para eu te dar mais isso — ele falou com o início de um pequeno emburramento na voz.
No fim, Adie constatou que juntos, os dois pareciam realmente crianças e isso acabou fazendo-a sorrir brevemente.
— Seu irmão falou que sou eu que estou causando isso — ela soltou. Conn não havia dito exatamente aquilo e ela sabia, mas decidiu falar isso para ver o que ele diria.
— Ele falou isso? — Conway saiu do ombro dela olhando-a nos olhos de uma maneira tão assustada que chegou a dar pena nela, mas ela apenas balançou a cabeça afirmando — Droga, ele não deveria ter falado nada...
— Então realmente sou eu... — Adie afirmou sentindo um pequeno nó no estômago.
— Não é sua culpa — ele tentou explicar deixando nítido um pequeno desespero na voz — não é sua culpa...
— Então me fale o que está acontecendo — ela falou olhando para ele — se não me contar, seguirei achando que é minha culpa.
— Você não sabe pegar leve, não é? — ele juntou pouca coisa as sobrancelhas e depois suspirou — eu não sei como explicar com exatidão, então eu vou tentar te explicar de outro jeito — ela deu a ele um olhar cheio de expectativas e ele sorriu de maneira fraca — Nós elfos, como alguns outros seres, possuímos um dom chamado compatibilidade de alma...
— Conn me falou alguma coisa desse tipo — Adie o interrompeu, mas se calou logo ao notar que se ela seguisse falando, Conway poderia perder a coragem de seguir.
— Isso — Conway continuou— essa compatibilidade de alma pode acontecer por diversos motivos. Para que eu possa te explicar melhor, imagina uma linha, quando existe a compatibilidade de alma, uma "linha" liga o elfo com o ser que teve essa compatibilidade com ele. A partir daí, a linha pode ter duas cores por assim dizer, digamos que a linha azul indique que aquele ser na qual o elfo teve essa compatibilidade se torne apenas um amigo e então, essa compatibilidade acaba por aí, mas essa linha também pode ser de repente uma linha vermelha, que indica que além da compatibilidade da alma, também houve uma atração física entre o elfo e o outro ser. Se essa linha ficar vermelha, o elfo tem duas opções, primeiro, ele pode se afastar e quebrar a linha, ou ele pode se aproximar, se ele se aproximar, ele pode ou não se apaixonar, se ele não se apaixonar, a linha se rompe naturalmente ou lentamente muda da cor vermelha para a cor azul, mas se o elfo se apaixonar, essa linha fica instável, deixando os instintos do elfo igualmente instáveis, como se alguém a puxasse e a alargasse de maneira intensa e isso fica assim até que haja a decisão dos dois seres ficarem juntos ou não. Se não ficarem juntos, a linha se rompe, mas se a decisão dos dois for de ficarem juntos... Esse é o momento da decisão, digamos assim... Quando há uma decisão firme, essa linha se estica, deixando claro até mesmo para outros elfos a decisão de união entre eles. É uma percepção que todos os elfos possuem... nós estamos nesse estágio, por isso todos os elfos sabem que estamos juntos mesmo que não perguntem... por isso Conn e Neil sabiam logo de início.
— Isso é bonito — Adele admitiu — e fico feliz que você tenha tido a oportunidade de escolher esse tempo todo. Acho que eu ficaria um pouco triste se não fosse assim.
— Eu sempre tive o poder de escolher — Conway levou uma pequena mecha do cabelo de Adie para trás da orelha — assim como você tinha essa escolha.
— Mas então, o que isso tudo tem a ver com essa dor que você está sentindo?
— E quem te falou que é dor? — ele perguntou, mas riu quando Adie arqueou uma sobrancelha — Tudo bem, estou falando isso para a pessoa errada... sim, é dor... — ele suspirou — acontece que quando estamos nesse estágio, os instintos de um elfo crescem muito e seria bom deixar claro que não são bons instintos.... ciúmes, possessividade, e desejo... isso acontece porque o nosso dom parece crescer dentro do corpo, fazendo com que o nosso corpo se torne pequeno demais para suportá-lo sozinho...
Ele parou de falar, e olhou para o outro lado.
— Não vai continuar? — Adie perguntou ao notar que Conway simplesmente não conseguia seguir.
— Isso é embaraçoso para ser sincero — ele falou ainda olhando para o lado.
— Se eu falar, você pode confirmar para dizer se eu estou certa? — Conway voltou seus olhos azuis para ela e sorriu, de uma maneira um pouco forçada fazendo-a rir — Que foi? Acha que eu não posso?
— Muito pelo contrário — ele falou — eu tenho certeza de que você estará certa e não sei se estou pronto para ouvir esse tipo de coisa de você.
Adie virou a cabeça pouca coisa, olhando para Conway e sorriu de maneira aberta.
— Só por isso, agora eu irei falar — ela respondeu — e por favor, me fale se eu estou certa... Quando eu conversei com o Conn pela primeira vez sobre isso, ele me explicou o que implica a consumação dessa união, disse que durante a primeira relação do elfo, ele passa parte do seu dom para o parceiro... logo, com tudo o que você me falou, eu diria que você está sofrendo assim porque o seu corpo está pedindo desesperadamente por essa união, assim, eu poderia carregar essa parte do seu dom sobressalente, por assim dizer. Inclusive, por isso eles estavam cautelosos comigo, já que Neil tinha a ideia de que eu estava me aproximando de você apenas por conta desse dom, já que eu... bom, já que eu tenho uma doença bem chata.
— Sinto muito por isso — Conway falou baixo — sinto muito pela desconfiança que tiveram com você...
— Não se preocupe — Adie sorriu — são seus irmãos, estava apenas tentando cuidar de você e eu consigo entender bem isso. Aparentemente, no estágio que estamos, ainda podemos romper essa linha, certo?
— O quê? — Conway arregalou os olhos e, em poucos segundos, Adie pôde ver até o início do suor formando-se na testa dele devido ao pânico.
— Conway — ela segurou o rosto dele — calma, eu não disse que vou fazer isso, eu só estou perguntando. Fique calmo, eu não vou te deixar... — ela falou e beijou algumas vezes a boca e o rosto dele para tentar acalmá-lo — fique calmo, tudo bem? Eu só quero entender a situação como um todo.
— Pela deusa, Adie — ele a abraçou com força — não faz isso comigo, você quase me matou agora.
— Conway — ela riu um pouco — eu não consigo respirar... acho que vamos ter que trabalhar melhor na nossa confiança mútua pelo visto. Agora me responde, no estágio que estamos, a linha ainda se rompe?
— Sim, ela só não se rompe mais após a consumação...
— Só que nós não podemos nos unir enquanto eu não tiver certeza de que eu poderei ficar aqui... — Adie sentiu o rosto de Conway se apoiar em seu peito, como se temesse escutar o resto, como se tentasse buscar qualquer meio e consolo para se sentir seguro.
— Tudo bem — ela acariciou de novo o cabelo dele — vai dar tudo certo — agora vamos a pergunta que eu mais quero fazer, mas talvez você não queira ouvir... Existe alguma maneira de aliviar isso? Existe alguma maneira de fazer com que essa dor seja um pouco menos frequente, ou pelo menos um pouco menos intensa?
A única coisa que Conway fez, mas sem tirar o rosto de onde estava, foi levantar uma mão aberta.
— Ah — ela exclamou entendendo o recado, para Adie estava lindo o fato de Conway estar ali, morrendo de vergonha na frente dela — e se eu ajudar, será que doeria ainda menos?
— Que? — ele saiu do abraço dela quase em um pulo, fazendo-a rir.
╰═────═⌘═────═╯
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro