25 ⌘ 𝕶𝖎𝖊𝖗𝖆𝖓 ⌘
PERSONAGENS INSERIDOS NESSE CAPÍTULO:
╭═────═⌘═────═╮
⌘Kieran: Humano⌘
╰═────═⌘═────═╯
╭═────═⌘═────═╮
⌘Ronan: Elfo⌘
╰═────═⌘═────═╯
╭═────═⌘═────═╮
"O elogio que vem daquele que merece o elogio está acima de todas as recompensas." (Faramir - O Senhor dos Anéis) – J.R.R. Tolkien
╰═────═⌘═────═╯
╭═────═⌘═────═╮
Conway se segurou, segurou o ciúme doentio ao vê-la voltando daquele jeito com o seu irmão. Era um sentimento que era impulsionado por seus instintos e ele sabia. Confiava no seu irmão apesar das provocações e confiava em Adie, apenas precisava convencer o seu corpo disso.
O ciúme tomou conta de si fazendo-o sentir dor ao estar perto dela, a vontade de se curvar para que doesse menos foi intensa, mas ele se segurou.
Conway acompanhou praticamente todas as etapas de perto, desde os cuidados com os doentes até a preparação dos remédios.
Ele olhava com admiração reverente a biomédica trabalhando com determinação ardente em seus olhos, ela parecia pronta para enfrentar qualquer desafio em seu caminho.
Com os pacientes ela era um anjo, e ele tinha certeza de que mesmo que os pacientes não sobrevivessem, eles sem dúvidas estavam gratos. Seu comprometimento em salvar vidas era evidente em cada decisão que tomava, em cada sorriso encorajador que compartilhava com seus pacientes, ela não deixava de sorrir, era como se aquilo fosse a marca dela, o presente que ela oferecia para cada um e todos eles, ao olharem para ela, retribuíam o sorriso, fazendo o ambiente ficar extremamente mais leve. Ela não descansou, ele queria fazê-la descansar, mas ela não o fez. Saindo da tenda, ela praticamente o arrastou, fazendo o mesmo que havia feito com o seu irmão: se despiu, se lavou, mandou ele colocar fogo na roupa e novamente com o cabelo ainda molhado, ela foi para o laboratório. Ali Conway era de muito mais serventia, ele não podia negar, ele sabia que ali ele tinha inclusive mais agilidade do que ela e mesmo assim, ele não pode deixar de se admirar com a rapidez que ela pegou seus conselhos ainda na capital. Seus dedos ágeis e mãos hábeis eram instrumentos de esperança enquanto ela trabalhava incansavelmente, mergulhando nas complexidades da pesquisa que ela seguia fazendo para cada ser dali, para que em nenhum dos casos, a dose fosse errada. Cada passo que dava era impulsionado por uma paixão profunda pela ciência e pelo desejo sincero de aliviar o sofrimento daquele lugar.
— Você é incrível — ele falou com veneração nos olhos, ela mal lhe deu atenção.
— Cada vida é uma jornada digna de ser protegida — ela respondeu no automático e ele não sabia se de fato ela tinha escutado o que ele tinha dito, ou se havia repetido aquela mesma frase diversas outras vezes ao longo da sua pouca idade, mas então, algo dentro dela pareceu se instalar e ela olhou admirada para ele — O que você disse?
Ele sorriu, no fundo ele sabia que ela não tinha ouvido e mesmo assim sua expressão surpresa foi tão bela que ele acabou sorrindo.
O rosto dela demonstrou um pouco da sua vergonha e ela fingiu uma tosse tentando disfarçar antes de tentar se concentrar no seu trabalho novamente.
Quando a noite chegou, Adele seguiu no laboratório para organizar as coisas. Conway começou a dar os primeiros sinais de cansaço, mas não queria se dar por vencido deixando-a ali, mas ela acabou insistido tanto para que ele fosse descansar, que ele acabou cedendo. Ele simplesmente não conseguia parar de pensar em tudo o que ele vira durante o dia. Ele sabia que as coisas não estavam indo bem, mas não imaginou que pudesse piorar tanto em tão pouco tempo e por um lado, ele agradeceu mentalmente o evento que levara Adele até aquelas vidas. Não só a dele havia mudado, mas as de todos que ela estava salvando.
Depois que Conway a deixou, ela parou. A dor em seu corpo estava começando a ficar terrivelmente mais forte e ela enfim tentou se encostar quando ele saiu.
Ela não podia ter outra crise, não naquele momento... era uma péssima hora.
Ela ficou ali, tentando se concentrar para que a dor não dominasse seu corpo todo que acabou não notando um homem alto entrando no laboratório.
Quando ela o viu, quase tapou a boca para não gritar pelo susto.
— Não se preocupe comigo — ele falou rapidamente. Era um homem moreno, tinha os cabelos lisos e olhos castanhos.
Adele olhou com curiosidade para a sua orelha e se impressionou por não ver a ponta da orelha comum ali. Ele estava com um corte feio no braço.
— Deixa que eu ajudo com isso — ela se desencostou.
— Está tudo bem — ele deu de ombros — é só um arranhão.
— Isso é muito mais do que um arranhão — ela revirou os olhos e se aproximou.
— Droga, será que os suprimentos que mandaram vai ser o suficiente? — ele reclamou enquanto verificava as estantes.
Adele deixou que ele seguisse, mesmo assim puxou seu braço para examiná-lo.
— É um corte bem grande — ela falou ao soltar o braço dele — não precisa de pontos, mas é bom fazer um curativo nisso.
Pela primeira vez ele parou o que estava fazendo para prestar atenção nela.
— Não me lembro de ter uma enfermeira tão linda trabalhando aqui, é o seu primeiro dia?
— Não sou enfermeira, sou biomédica e vim aqui com a equipe do Conway — ela respondeu revirando os olhos.
— Ah — ele fez uma careta — você veio com ele. E o que está fazendo aqui até agora? Todos já foram descansar.
— As coisas parecem caóticas aqui, fiquei apenas para terminar de organizar.
— As coisas estão sempre caóticas por aqui, docinho. E por que está com ele?
Adele cruzou os braços, tentando se segurar para não revirar os olhos de novo.
— Estou aqui para ajudar — ela respondeu — de acordo com o que soube, vocês não sabem muito sobre essa doença e eu posso ajudar, então, aqui estou. Já que quer tanto me fazer perguntas, deixe-me perguntar algumas coisas também, que tal? Vamos começar perguntando o motivo de você ter um machucado desse nível no braço?
Ele sorriu de maneira maliciosa e se aproximou um pouco.
— Faço parte do grupo anti-abatimento.
— Ou seja?
— Mato quem tentar vir eliminar os doentes.
— O que? — ela arregalou os olhos — estão tentando eliminar os doentes?
— Sim, e estão vindo com cada vez mais frequência... os abatemos antes que eles cheguem — ela fez uma nova careta e ele quase chegou próximo o suficiente para encostar nela — o que foi? não gosta da palavra abater? Não gosta que abatamos os outros? Se esse for o caso, não deveria ter vindo para cá, você não viu nada ainda.
— Sou biomédica, luto pela vida e não contra ela — ela o empurrou — não vou me meter em políticas e nem dizer se está certo ou errado isso.
— Exato, todos temos direito a vida, então por que matar aqueles que já estão doentes? Eles já sofrem muito com isso, não deveríamos somente tentar achar um jeito de mantê-los vivos?
— Quem está tentando matar os doentes? Talvez seja uma ordem de alguém mais alto, ou talvez estejam com medo... independente do caso, não deveriam só prender os agressores? Matá-los não vai exatamente contra o que você está dizendo? — Adele se afastou um pouco mais, a dor estava começando a fazer um efeito maior no seu corpo e ele não deixou passar desapercebido que Adele favorecia uma das pernas.
— Se tivéssemos escolhas, sem dúvidas a usaríamos — ele falou depois de alguns segundos vendo-a sofrer de maneira muda — Não é um trabalho fácil, mas precisa ser feito. Pelo visto quem está precisando de ajuda é você.
— Você é o Kieran, certo? Pensei que fosse te conhecer durante o dia.
— Eu estava ocupado.
— Já vejo — ela bufou — mas ser responsável por um lugar desses, também implica em manter as coisas organizadas.
— As coisas não estão tão ruins assim — ele falou assim que Adele puxou novamente seu braço para limpá-lo.
— É isso que você repete para você mesmo para tentar se convencer?
— Você acabou de chegar e já está reclamando? O trabalho aqui não é fácil e nem sempre conseguimos controlar tudo o que acontece e o fato de estarmos sendo atacados com cada vez mais frequência foi uma bela surpresa para nós. A quantidade de ataques inesperados e feridos aumentou muito nas últimas semanas, mas não temos mais médicos e nem suprimentos o suficiente para lidar com isso.
— Tem razão — ela suavizou a expressão — sinto muito ter falado isso, mas acho que seria melhor replanejar isso tudo.
— E o que você acha que podemos fazer para melhorar?
— Não se preocupe — Adele o olhou um tempo — Conway já resolveu isso assim que eu pedi. As tarefas foram divididas de acordo com o que eu pedi.
Ele não disse nada, mas ficou aparentemente desconfortável com o comentário de Adele e ela preferiu não insistir no assunto e se concentrou em terminar o curativo. E foi nesse clima estranho que Maeline entrou no laboratório.
— Kieran! — ela falou alto ao vê-lo, mas parou em seco ao ver Adele ajudando-o.
— Oi, Maeline — ele sorriu ao vê-la — como estão as coisas?
— Horríveis — ela resmungou — por que você sumiu o dia todo? Não deveria ficar longe por tanto tempo. Vejo que conheceu Adele.
— Sim — ele sorriu para Adele também, mal parecia que estavam se bicando há tão pouco tempo — Obrigado pelo curativo. Venha Maeline, me conte as novidades.
Ele saiu do laboratório deixando Adele para trás fazendo-a respirar fundo. Ela conseguia entender o mau humor de todos ali e de repente se viu de novo no mesmo clima dos laboratórios. Parecia cada vez mais difícil se manter otimista no fim das contas. Ela acabou de organizar o que ficou pendente e se arrastou até a tenda que seria seu quarto pelos próximos dias.
╰═────═⌘═────═╯
╭═────═⌘═────═╮
Adele sabia que era uma loucura, enquanto ela lutava intensamente dentro do acampamento para salvar vidas, uma verdadeira batalha se estourou fora dele. Conway passou a ficar mais tempo ausente do que presente.
Muitos dos humanos que protegiam o acampamento foram embora por ordens do lorde Gawain, quando ele descobriu a afronta dos elfos contra ele e mesmo o terreno sendo dos humanos, todos os seres passaram a guerrear para proteger os pacientes.
Aquilo se transformou em um mar de sangue, mas Adele tentava manter o foco nos doentes e tentava controlar a ansiedade sempre que Conway saía e respirava de maneira lenta e controlada quando ele voltava, mesmo todo sujo de sangue.
O Lorde Gawain tinha razão, aquele era um ponto estratégico, ele só não esperava que fosse usado contra ele em algum momento da vida.
Para a sorte de Adie, todos aprendiam super rápido e o que começou lento, em pouco tempo, a mudança na melhora dos doentes já eram nítidas e gigante, o que não contavam, é que chegaria ali também, diversos feridos da guerra que se estendeu.
╰═────═⌘═────═╯
╭═────═⌘═────═╮
— Alguém, por favor, alguém por favor faça alguma coisa! — Adele escutou um grito infantil — Ajudem! Por favor, tem que ter algo que vocês possam fazer!
Adele correu até a origem da voz, havia um menino agitado e coberto de sangue.
— Ei, o que aconteceu — ela se abaixou para olhá-lo, era um pequeno elfo, ainda muito criança para estar ali — Você está ferido?
— Você é a garota humana — sua voz em súplica fez Adele colocar mais atenção nele — Por favor, venha comigo. Você sabe das coisas, você com certeza pode fazer algo!
Ele estava em lágrimas e desesperado, mas Adele percebeu que o sangue não era dele.
— Olha — Adele falou com a voz paciente — tente se acalmar e me conte o que aconteceu.
— Garota humana, você precisa ajudá-lo — ele chorou mais — você precisa fazer alguma coisa!
— Ajudar quem? — Adele perguntou — O que aconteceu? Onde está a pessoa que eu preciso ajudar?
Ele tentava explicar, porém o menino estava tão apavorado que até falar se tornava um desafio entre os soluços. Enquanto ele lutava para se expressar, Maeline entrou na tenda em silêncio e se aproximou deles.
— Ronan — Maeline olhou com pena para o rapaz — ninguém pode fazer mais nada...
— Cale a boca — ele gritou desesperado enquanto enxugava as lágrimas — Você não sabe de nada! A garota humana pode ajudar, eu sei que pode!
— Ronan — Adele o chamou — por favor, respire fundo e me explique o que está acontecendo.
— Os soldados atacaram o vilarejo... meu pai estava lá, ele estava ajudando a defender o povo..., mas ele não voltou, eu o encontrei no limite da floresta, estava sangrando muito, mas eu consegui trazê-lo até aqui. E depois eu corri para buscar ajuda, mas quando eu voltei... quando eu voltei, ele...
Ronan desabou no chão numa confusão de lágrimas e soluços. Adele tinha entendido pouca coisa, mas aparentemente era tarde para o pai do garoto. Maeline se aproximou e o abraçou carinhosamente.
— Não tinha nada que pudesse ser feito Ronan — ela falou baixo — ele já estava muito mal quando você o encontrou.
— Mas..., mas eu...
Adele os olhou, ela sabia que se ele estivesse morto, não teria o que fazer, mesmo assim, ela deixou seus passos a guiarem para fora da tenda. A poucos passos dali havia um aglomerado e no centro, um elfo caído. À primeira vista ele não respirava mais, seu corpo estava inteiro coberto de sangue e as feridas estavam grandes. Ela focou seus olhos no elfo ferido e abriu passagem a força impulsionada por seu desejo de salvar aquela vida. Se abaixou e deixou seus dedos pousarem no pescoço do elfo tentando buscar sinais vitais, não parecia ter pulso. Segundo o que tinha entendido, o elfo chegara vivo até ali e essa foi a única esperança que ela usou para tentar socorrê-lo.
— Eu vou salvá-lo — ela sussurrou e rapidamente começou a fazer massagem cardíaca no elfo — vamos lá, resista... eu sei que você pode. Seu filho está te esperando... não desiste... Alguém cubra as feridas da perna dele — ela gritou enquanto seguia fazendo massagem cardíaca.
Ela sabia, era uma missão difícil. Não havia hospitais ali, não havia desfibriladores, não havia tecnologia..., mas ela não desistiria dele, não enquanto ela tivesse a mais mínima esperança, não enquanto ela pudesse fazer as lágrimas do pequeno elfo cessarem.
Conway que estava chegando de uma de suas rondas, viu o tumulto e tentou ver o que estava acontecendo. Adie estava em cima de um elfo, o elfo parecia morto e ela apertava o peito dele com força. Sua cabeça sabia que ela estava fazendo algo bom, mas seu corpo doeu pela maldita possessividade que os elfos tinham antes de efetivarem de fato uma união, doeu tanto a ponto dele se curvar pela dor e a dor ficou ainda mais forte com o que veio a seguir.
— O que ela está fazendo? — Conway perguntou segurando a respiração ao ver Adele levar a própria boca até a boca do elfo caído — O que você está fazendo? — ele praticamente berrou com ela, mas ela não saiu de onde estava e quando voltou a fazer massagem cardíaca no elfo, ela respondeu, mesmo se sentindo cansada.
— Isso não é hora de ciúmes — a voz dela saiu baixa e era nítido o esforço que ela fazia — eu não vou desistir da vida dele, não vou desistir de salvá-lo, não me importa o quanto de ciúmes você sinta. Vamos lá... acorde!
Adele continuou com as massagens cardíacas, determinada a trazer o elfo de volta à vida. O garoto elfo, Ronan, observava com olhos arregalados e cheios de esperança, enquanto outros elfos se apressavam em tentar cuidar da perna do ferido. Maeline estava ao lado de Adele, sem saber muito bem o que fazer, mas sabendo que estaria ali caso Adie precisasse de alguma coisa.
Os minutos pareceram se esticar indefinidamente, mas Adele não desistiu. Ela continuou a pressionar o peito do elfo com força e ritmo, como havia aprendido durante toda a sua trajetória de estudo na Terra. A cada compressão, ela rezava para que aquele gesto simples pudesse salvar uma vida naquele mundo.
Finalmente, depois de uma eternidade de esforço, o elfo tossiu e abriu os olhos, ofegante e confuso. Adele parou as massagens cardíacas e se afastou com alívio visível no rosto.
— Ele está vivo! — Ronan exclamou e correu para abraçar o pai, mas Adele, mesmo sem forças, segurou o garoto.
— Eu espero que vocês sejam parecidos aos feéricos — ela falou baixo e depois gritou — ele está vivo! Alguém arrume uma cama para ele com urgência. Não façam movimentos bruscos! Imobilizem o pescoço dele antes de o levantarem!
Ninguém questionou, apenas obedeceram. Em poucos minutos ele estava em uma cama.
Já no quarto, Adele higienizou bem a mão e puxou qualquer um que estivesse disponível para ajudar. Rasgou a roupa do Elfo e foi limpando com cuidado seus ferimentos.
O pai de Ronan, ainda fraco e ferido, olhou para Adele com gratidão nos olhos. Ele murmurou palavras de agradecimento em uma língua que ela não entendia, mas o tom era claro. Ela havia salvado sua vida.
Quando ela soube que outros já poderiam cuidar do resto, ela saiu da tenda sentindo a perna bamba e antes mesmo de sair por completo, o garoto correu até ela.
— Não se preocupe — ela falou fazendo carinho na cabeça do pequeno elfo — ele está vivo.
Ronan a abraçou chorando, seus choros soluçados traziam um imenso alívio para Adele que não conseguiu conter a primeira lágrima.
— Eu sabia — ele fungou — sabia que você iria conseguir salvá-lo. Você é mesmo abençoada pelos deuses, eu sabia.
— Vamos Ronan — Maeline o afastou — ela precisa descansar agora.
Maeline a arrastou até um canto afastado das tendas e se sentaram em um lugar tranquilo, Adele suspirou, ainda tremendo da tensão do momento. Talvez Conway ainda estivesse bravo, mas ela estava em paz, ela havia conseguido e se sentia feliz por não ter desistido.
— Você fez algo incrível — Maeline disse, olhando com admiração para Adele — Os elfos nunca esquecerão o que você fez hoje. Eles nunca esquecem as boas ações.
— Não exagere — Adie falou tentando quebrar o clima.
— Não estou exagerando — Maeline falou baixo — Aquele pequeno elfo jamais esquecerá o que você fez. Acredite quando eu digo que você arrumou um seguidor fiel para toda a eternidade.
╰═────═⌘═────═╯
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro