18 ⌘ 𝕯𝖗𝖚𝖆𝖓𝖙𝖎𝖆 ⌘
PERSONAGENS INSERIDOS NESSE CAPÍTULO:
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⌘Druantia: Deusa celta das árvores⌘
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"Que haja uma luz nos lugares mais escuros, quando todas as outras luzes se apagarem." – J.R.R. Tolkien
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— Uma vez que passarmos por essa floresta, já estaremos perto — Conway falou ao notar a cara de cansada de Adele.
— Sério? — a expressão esperançada dela quase o fez rir — Então podemos nos apressar...
— Não tão rápido — Neil a puxou de volta com o seu característico mau humor — Essa floresta é perigosa.
— Ah... — ela suspirou — isso é sério?
— Entre viajante, essa floresta é conhecida como Silva Mortis, ou Floresta da morte — Neil suspirou ao explicar — Muitos que entram não conseguem sair dela. Você é sempre imprudente assim?
— Não existe florestas assombradas no lugar em que eu vivo... o maior perigo que existe de onde eu venho se chama ser humano — ela falou revirando os olhos.
— Não está tão diferente daqui, então — ele cruzou os braços e emburrou ainda mais.
As palavras de Neil fizeram Adele sentir um arrepio na espinha, mas mesmo com a advertência de Neil, Conway continuou a andar na direção das árvores. Desde o ocorrido ainda na capital, Conway evitava seus irmãos e aquilo estava começando a ficar embaraçoso até mesmo para Adele.
— Ei, Conway, espere — Neil chamou o irmão, mas Conway apenas seguiu andando — Conway, para com isso, você não me ouviu?
— Suas palavras não me interessam — Conway falou afiado — um elfo com medo de uma floresta? Sério?
— Estamos com uma humana, Conway — Neil tentou chamar atenção do seu irmão de novo.
— Estamos — Conway deu de ombros — e eu posso protegê-la. Foi para isso que viemos, se é que você não se lembra.
Neil, já cansado da atitude do irmão, resolveu avançar para cima dele, não na intenção de brigar, mas sim na intenção de pará-lo e vendo a cena, Adele sem pensar, correu para ficar entre os dois.
— Por favor, não vamos começar com isso de novo — ela falou em um suspiro.
— Eu só estou tentando salvar a vida dele — Neil bufou — se ele quiser ficar bravo, que fique, mas se ele está achando que por isso eu não vou tentar protegê-lo, ele está enganado.
— Eu entendo — Adele falou ainda entre eles — Conway tem seus motivos para estar assim e você tem os seus. Só que não vai adiantar de nada se vocês dois seguirem assim... que droga, vocês são irmãos!
Com um olhar irritado, Neil recuou um passo, relaxando levemente a postura tensa que tinha assumido. Conway olhou para Adele, parecendo surpreso por ela ter se intrometido e interrompido a discussão. Um momento de silêncio pairou entre eles, minutos que pareceram uma eternidade para ela.
Finalmente, Conway suspirou e passou a mão pelo cabelo, expressando uma mistura de frustração e resignação.
— Tudo bem — ele murmurou, sua resistência pareceu enfraquecer — Mas só porque você pediu, Adie.
Neil lançou um último olhar furioso para Conway antes de se virar, dando as costas para ambos e olhou em direção à Floresta da Morte. Adele sentiu uma pontada de compaixão por Neil, depois do que soube, entendia a frustração dele e a tentativa de manter seu irmão bem, mas Conway parecia ter seus próprios pensamentos sobre o assunto.
— Vamos continuar — Adele sugeriu, olhando para Conway.
— Obrigado, Adie — Conn falou baixo ao passar por ela — Eu sinto muito por tudo isso.
— Tudo bem — Adele murmurou também — Não é sua culpa.
Enquanto eles avançavam pela entrada sombria da floresta, Adele sentiu um calafrio na espinha. A vegetação densa criava um dossel escuro que bloqueava a maior parte da luz do sol, deixando o ar úmido e cheio de um silêncio opressivo. Ela sabia que não estava apenas lidando com árvores e folhagens, mas também com uma atmosfera carregada de histórias sombrias e advertências de perigo iminente. Ela sabia que não deveria estar ali.
O grupo continuou a se mover cautelosamente pela floresta, com Neil e Conway mantendo uma certa distância um do outro, mas agora também mais conscientes de sua vulnerabilidade. À medida que a escuridão ao redor deles parecia se intensificar, Adele se pegou pensando, será que havia realmente um perigo desconhecido à espreita entre as sombras das árvores retorcidas?
Enquanto eles avançavam, o silêncio da floresta era interrompido apenas pelos sons distantes de galhos se quebrando e sussurros do vento. Cada passo parecia pesado, carregado de tensão e expectativa. Eles não podiam negar a sensação de que estavam em um lugar onde as regras do mundo exterior não se aplicavam da mesma forma.
Conway pouco a pouco começou a se distanciar novamente e Adele resolveu ir atrás dele, talvez conversar com ele fizesse com que ele diminuísse os passos.
— Diga-me, Conway, essa floresta é realmente segura para que eu a atravesse?
— É segura enquanto estivermos com você — ele respondeu ainda olhando para frente.
— Então você está dizendo que essa floresta é perigosa apenas para humanos sozinhos?
— Correto. Você aprende rápido — o rosto duro de Conway instantaneamente derreteu em um suave sorriso fazendo Adele corar um pouco com a mudança dele, fazendo com que ela não tirasse seus olhos do rosto perfeito do elfo ao seu lado — Adie? Algo em sua mente?
— Ah, não — ela falou rapidamente desviando a visão.
— Se qualquer coisa te incomodar, diga-me imediatamente.
Adele pensou que deveria dizer para ele conversar com seus irmãos, queria poder dizer que entendia a preocupação deles e que depois do que ficara sabendo, conseguia entender a situação total. Claramente ela também entendia Conway, afinal, ninguém ia querer ser monitorado o tempo todo, principalmente se fosse algo relacionado com seus sentimentos..., mas quando abriu a boca para falar, ela repensou, será que ele a ouviria naquele momento? Talvez fosse melhor esperar um pouco antes de se intrometer na relação deles e para não correr o risco de zangá-lo ainda mais com aquilo, ela apenas negou com um sorriso.
— Obrigada — ela falou — mas eu realmente estou bem.
— Muito bem então — ele se aproximou um pouco dela — eu não quero ver você incomodada.
— Por que para os humanos a floresta é perigosa? — ela resolveu mudar de assunto.
— Seres humanos, por terem a visão limitada, viajam com fogo e muitas vezes são imprudentes, causando queimadas com isso. Vamos, nós devemos nos apressar. Uma vez que o sol se pôr, será mais difícil viajar.
— Por minha causa? — Adele não conseguiu evitar a pergunta após Conway falar sobre a visão dos seres humanos e Conway parou em seco, talvez notando a pontada de culpa que a voz de Adele carregava, mas antes que pudessem responder, eles foram surpreendidos por um farfalhar.
Adele ficou quieta, até mesmo ela havia escutado e como um sinal de alerta, ela parou de se mover. Todos os três se colocaram em certa posição para a protegerem. Neil foi o que se posicionou mais próximo dela, e pouco tempo depois, Conway a puxou pela mão.
— Adie, por aqui.
Ele a puxou com força, os olhos dela quase não estava acompanhando o ambiente e seus passos também quase não acompanhavam os passos de Conway e isso de certa maneira a deixou apavorada.
— Conway, espera! — ela praticamente gritou — e se apoiou no joelho quando ela parou.
Conway a olhou angustiado, por vezes esquecia que ela não conseguia acompanhá-los e se culpou pelo cansaço dela.
— Vem — ele abaixou — sobe.
— O quê? — ela abriu um pouco mais os olhos — Não... eu posso andar — ela falou tentando se desculpar — eu só precisava de um pouco de ar.
— Vem — ele se ofereceu de novo — ela está chamando... não devemos deixá-la esperando.
— Ela quem? — ela perguntou, mas acabou aceitando o convite do elfo e subiu, mesmo que envergonhada, em suas costas.
Conway não respondeu, mas seguiu andando sem dificuldades até pararem na frente de uma enorme árvore pelo caminho.
— Bem aqui — ele sussurrou para que ela ouvisse.
— Que árvore impressionante — ela falou admirada. A voz dela saiu quase em um sussurro no ouvido de Conway fazendo-o arrepiar, mesmo assim ele sorriu e a desceu.
— Fique atrás — ele pediu para ela. Ela não entendeu o motivo, mas obedeceu sem questionar e então repentinamente, todos os três elfos se curvaram e inclinaram suas cabeças.
Eles estavam fazendo isso para uma árvore. Seria cômico se Adele não tivesse ficado tão apavorada momentaneamente.
— Bom dia, deusa da floresta. Meu nome é Conway.
— É uma árvore — ela sussurrou e deu dois passos para trás. A mente humana de Adele muitas vezes se recusava a acreditar no que não era lógico para ela, e apesar de tudo o que ela já havia passado, algumas vezes esses episódios ainda voltavam. Será que tudo aquilo não era sua mente pregando peças? Talvez ela só tivesse ficado louca e estivesse sendo tratada em algum hospital psiquiátrico naquele momento.
— Adie — Conway a puxou e a fez se reverenciar também — Essa é a deusa Druantia, deusa da floresta.
— Você quer dizer que essa grande árvore é a deusa? — Adele perguntou em um sussurro quase inaudível, mas Conway pôde ouvir com perfeição.
— Dê uma boa olhada — ele falou baixo — na frente da árvore há uma deusa. Olhe com atenção.
Adele seguiu a direção do olhar de Conway, e forçou os olhos, tentando ver qualquer coisa que fosse diferente do que a simples casca de uma árvore. Quando os olhos de Adele a enxergaram, tudo pareceu mudar ao seu redor, fazendo-a se levantar de sua reverência com a boca ainda aberta e os olhos admirados. Druantia era uma mulher majestosa e imponente, que parecia ter emergido diretamente da própria floresta. Seu cabelo era longo e fluido, entrelaçado com folhas e flores, como se fosse uma extensão da própria árvore. Folhas verdes vibrantes se entrelaçavam ao redor de seus membros, formando uma espécie de vestido ou manto de vegetação. Suas feições eram gentis e serenas, transmitindo uma sensação de sabedoria ancestral e calma. Em suas mãos, Druantia segurava um ramo de carvalho, símbolo de sua conexão com aquela árvore sagrada. Os galhos se estendiam delicadamente, como se estivessem se comunicando com o mundo natural ao seu redor.
Ao ver Adele, os olhos da deusa emanaram uma luz suave e acolhedora e em pouco tempo, diversos animais da floresta se aproximaram deles... cervos, coelhos, pássaros, todos pareciam reconhecer a energia que a deusa começara a emergir naquele momento.
Adele olhou para os três elfos, que naquele momento se inclinaram ainda mais.
— Nós desejamos a sua orientação — Conway falou com a voz submissa. A deusa não respondeu — Por favor, eu imploro.
— Filhos de Danu — a voz melodiosa e suave da deusa preencheu o ouvido de Adele, mas aquela voz parecia reverberar apenas em sua cabeça apesar das palavras não terem sido dirigidas a ela — Expliquem para mim, por que vocês viajam junto com uma humana?
— Isso é porque... — os olhos de Conway se viraram rapidamente na direção de Adele por um instante, mas ele relaxou um pouco ao ver o rosto suave da jovem — Eu faço isso pelo meu povo e para protegê-la. Ela é importante para mim.
— A fêmea humana é importante para você? — a deusa perguntou em um tom desacreditado — Os elfos não abominam a companhia de humanos?
— Apesar da raça dela, Adele é diferente e eu gosto de estar perto dela — Conway continuou respondendo.
Conway sabia que não resolvia mentir para a deusa, sabia que no fundo aquilo era um teste e sabia que apesar de ele sentir como se estivesse se despindo na frente de Adele, aquele era o melhor caminho.
Druantia se levantou de maneira graciosa e se dirigiu até Adele. A magia que emanava da deusa a deixava extasiada.
— Fêmea humana... — ela falou com a voz doce — Você é a atual guardiã das pedras elementais?
Adele não sabia responder, ela era? O fato de as pedras terem reagido a ela, fazia dela a guardiã daquilo?
— Eu posso sentir o poder de Danu em você — a deusa delicadamente levou sua mão até o rosto de Adele e levantou a cabeça da moça pelo queixo. O toque da deusa era gentil e cuidadoso.
Um murmúrio suave e melódico flutuou pelo ar, envolvendo Adele e a deusa com uma brisa leve.
— Estranha viajante — a deusa falou fazendo as folhas ao seu redor voarem, ninguém ousava se mover, ninguém ousava nem mesmo respirar um pouco mais alto — Você busca conhecimento, e sua curiosidade e persistência a trouxeram até mim.
— Quem é, de fato você? — Adele perguntou como se estivesse em um sonho.
— Eu sou Druantia — ela respondeu, suas palavras ecoavam como uma canção — A guardiã das florestas, a conexão entre o natural dos mundos. Sou a voz dos antigos carvalhos e o eco dos ventos que sussurram entre as folhas.
A voz de Druantia era como a melodia de um riacho, fluida e serena. Cada palavra parecia carregar o peso da sabedoria dos séculos, uma voz que tinha visto a ascensão e queda das eras, que tinha testemunhado a história das árvores e da terra.
— Você busca respostas, viajante — Druantia continuou, a voz acalmando as inquietações de Adele — As respostas que procura estão entrelaçadas com a natureza, com o fluxo das estações e o ciclo da vida. O conhecimento que procura está diante de você, nas folhas que caem e nos brotos que crescem.
— Eu não entendo — Adele admitiu, mesmo assim ela sentiu uma sensação de tranquilidade se espalhar por ela, como se a própria floresta estivesse envolvendo-a em seus braços protetores. A voz de Druantia era mais do que palavras; era uma conexão profunda com a natureza e um convite para entender os mistérios que ela guardava.
— Busque com o coração aberto, viajante — Druantia concluiu — E a floresta revelará seus segredos a você. A partir de hoje, você terá a minha proteção e a minha benção.
Druantia se afastou de Adele como se deslizasse e se virou novamente para os elfos, que permaneceram em silêncio, admirados com o desenrolar da cena.
— Cuidem bem da estranha viajante humana, filhos de Danu — a deusa falou já se posicionando novamente na grande árvore — De agora em diante, Adele se contará entre os meus filhos.
E então, a voz da deusa se desvaneceu, mas a presença da floresta permaneceu, como um lembrete constante de que as respostas que buscava estavam tão próximas quanto as folhas que balançavam acima dela.
Quando Druantia desapareceu em uma suave luz que penetrou a grande árvore, Adele olhou para os elfos que seguiam boquiabertos com tudo e se sentiu um pouco envergonhada.
— O que foi? — ela perguntou sentindo o rosto esquentar.
— Nós acabamos de aprender o quão afortunada você é, Adie — Conn falou docemente, mas sem esconder a admiração na voz.
— Afortunada? — ela perguntou sem graça — mas por quê?
— Druantia nunca toca em humanos, nem mesmo em elfos ou feéricos — Conway falou tocando as bochechas de Adie, percorrendo o mesmo caminho que a deusa havia tocado — mas ela tocou em você, sem hesitação.
— Foi certamente uma benção — Conn respondeu — sem dúvidas ela te abençoou.
— Vocês não ouviram o que ela falou? — Adele perguntou curiosa, a deusa claramente tinha dito que ela tinha a sua benção, então por que a dúvida nos olhos deles — Vocês não ouviram o que ela disse?
Conway sorriu e levantou a cabeça de Adie, assim que ela olhou para baixo de novo.
— A deusa falou apenas com você. O único que ela nos reforçou, é que devemos protegê-la — os olhos de Conway brilhavam — Você realmente é algo, Adie. Muito mais do que qualquer um aqui poderia imaginar.
— Conway... — Adie falou sentindo o coração acelerar — você está muito perto.
— Sinto muito — Conway soltou o rosto dela e se afastou um pouco, mas não havia sinal de arrependimento em sua voz.
— Caramba — Conn sorriu animado — você é realmente impressionante!
— Sim, ela certamente é — Conway concordou sorrindo.
— Vocês falam demais — Adie abaixou a cabeça com vergonha — vamos continuar.
— Oh, você está com vergonha? — Conn riu recomeçando a andar.
— Eu não estou — ela falou emburrada fazendo Conn rir ainda mais.
— Você não deveria menosprezar suas capacidades, Adie. Eu realmente estou impressionado.
Por mais que Adie não admitisse, no fundo, ela se sentia orgulhosa de tudo aquilo.
— Eu acho que vocês estão exagerando — ela resmungou.
— Eles estão apenas sendo sinceros — Adie arregalou os olhos ao ouvir Neil falando atrás de todos. Ele estava silencioso. Seu semblante estava concentrado e ele parecia confuso, mesmo dizendo aquilo — apenas aceite.
Adele se viu vagando em pensamentos após aquilo. Os elogios deles pareciam muito mais do que ela poderia aguentar e isso a fez sorrir involuntariamente.
— Vocês que são surpreendentes — ela murmurou se esquecendo completamente que elfos tinham uma audição incrivelmente melhor que a de qualquer ser humano.
— O que você disse? — Conway perguntou sorrindo, ele tinha entendido bem o que ela falou, mas algo dentro dele o instigou a seguir brincando.
— Nada — Adele rapidamente tentou disfarçar.
— Surpreendentes, né? — ele sorriu de lado fazendo o corpo dela tremer — Por que tem tanta dificuldade assim em falar isso em voz alta.
A cena fez Neil sorrir sutilmente, parecendo se divertir com a cena, o que era tecnicamente algo novo para Adele.
— Não precisa ficar constrangida, Adie — ele falou baixo ainda sorrindo. Seu comentário, ao invés de ajudá-la, deixou ela ainda mais envergonhada.
Conway a viu se perder de novo em pensamentos e resolveu deixar a brincadeira de lado, mas algo o fez parar rapidamente.
— Adie — ele a chamou, mas ela não respondeu. Os olhos da moça se perderam e o brilho desapareceu — Adie.
— De novo não — ela murmurou — só me deixem...
— Adie, me escuta — Conway segurou seus braços. Seus olhos apavorados olhando para a moça que parecia tão feliz há segundos.
— Conway — ela deixou uma lagrima escorrer pelo seu rosto — isso dói...
Acabando de falar isso, ela caiu. A dor tomou conta do seu corpo e ela se encolheu, tentando fazer a dor trucidante sumir dos seus nervos. Ela sentiu como seu corpo esquentava rapidamente e pouco a pouco, ela foi embalada pela mais completa escuridão.
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Para Conway, vê-la daquela maneira era terrível. Ele queria poder ajudá-la, mas ela se encolhia ainda mais com o simples toque dele, como se aquele pequeno gesto a fizesse sentir ainda mais dor.
"Casca de salgueiro branco", ele lembrava dela pedir essa infusão com uma certa frequência. Seria difícil encontrar um por ali e então, sabendo o quanto ele poderia estar errado, ele começou a mexer nas coisas dela, na esperança de encontrar o que precisava ali.
— Conway — Neil o chamou com a voz repreensiva — o que está fazendo? Sabe que não deveria mexer nas coisas dela.
— Deixe-a em algum lugar confortável — ele não respondeu a Neil — eu só estou buscando alguma coisa para ela tomar.
— Droga — Conn olhou para ela — parece estar pior que das outras vezes. Ela vai quebrar os dentes se continuar forçando-os desse jeito.
Conn, apesar dos gemidos de dor de Adele, a pegou no colo e a levou para uma sombra, fazendo uma espécie de cama com algumas roupas deles mesmos.
— Achei — Conway olhou para um saquinho — Obrigado Adie, por ser prevenida.
Adele estava desacordada, e sua respiração estava irregular. Conway rapidamente preparou a infusão de casca de salgueiro branco, Neil acabou tendo que chamar o fogo, mas na angústia de Conway, ele primeiro o chamou e depois pediu desculpas e permissão para a floresta, garantindo que não causariam nenhum dano. Neil, preocupado com a situação, observou ansiosamente enquanto Conway fazia todo o possível para ajudar a moça.
Após alguns minutos, Adele começou a se contorcer e a gemer de dor novamente. Era desesperador ver aquilo, nunca ficava mais fácil, mesmo que eles soubessem que a crise eventualmente desapareceria. Conway segurou a mão dela, transmitindo apoio e conforto enquanto ela lutava contra a dor.
— Você sabe o que está fazendo, não é? — Conn, que estava ao lado, olhou para Conway ao perguntar.
Conway acenou com a cabeça, mantendo a calma, apesar da preocupação evidente em seu rosto. Ele já tinha passado por essa situação com Adele antes e sabia como ajudá-la da melhor maneira possível.
Passaram-se dois dias para que a agonia de Adele começasse a diminuir. Dois dias em que a febre não cessava, a dor parecia ir e vir deixando-a cansada, foram dois dias na qual nenhum dos três elfos conseguiram dormir de verdade, apesar de seguirem se revezando para ficarem com ela. E foram dois dias na qual ela chamava com frequência três nomes: Aisha, pai e Conway...
Ela recuperou a consciência lentamente, com os olhos piscando enquanto tentava se acostumar com a luz. A luz a incomodava muito, era um incômodo comum e ela acabou fechando os olhos com força novamente.
— A luz te incomoda? — Conway perguntou calmamente e quando ela acenou concordando ele a empurrou pouca coisa mais, para que seu corpo ficasse inteiramente na sombra e segurou seu rosto gentilmente.
— Está tudo bem, Adie. Não precisa se forçar — sua voz era suave e transmitia conforto para ela.
Adele olhou ao redor e viu os rostos preocupados de seus amigos. Ela suspirou aliviada, sentindo-se grata por tê-los ao seu lado.
— Eu sinto muito, pessoal — ela murmurou de maneira fraca.
Neil sorriu de volta e Adele acreditou que por fim, ele a havia aceitado, ou pelo menos, já não a odiava a ponto de querer ela longe.
— Você nos deu um susto — ele disse — mas Conway tem razão, não se esforce demais, estamos aqui para cuidar de você.
Conn se sentou próximo e viu como a cabeça cansada de Adele apoiava no ombro de Conway. Ele ficou ali, dando um pequeno empurrãozinho para que Adele não se sentisse culpada por nada, e viu com alívio que ela parecia voltar a dormir, mas dessa vez, sem ser atormentada por suas dores.
— Infelizmente, não podemos adiar mais essa viagem — Conn murmurou suavemente para não despertá-la — começarão a se preocupar se demorarmos muito.
— Você está certo — Conway suspirou fazendo um pequeno carinho na cabeça dela — eu irei levá-la, pelo menos até que ela se sinta um pouco mais forte.
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