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[17,18] O aborto

Capítulo 17

O aborto [Parte 1]

A atendente com um jaleco sujo e encardido falou o nome da Lara, as duas fizeram um sinal com a mão e a atendente falou: -Podem entrar nesta sala de espera para fazer o seu pré-natal. -Trouxe o absorvente? Lorena arregalava os olhos assustada. Porque absorvente? Lara abaixou a cabeça e disse que não, esquecera. Então incluiremos se for necessário ao seu pré-natal, falava a atendente que tinha um piercing estranho no nariz. E sentaram, nesta sala de espera eram três só a Lara que tinha acompanhante. -Aguardem aqui. Por motivos de segurança você sairá por outra porta, por isso deve pagar o pré-natal antecipado. Lorena levantou e disse: -Moça, muito estranho essa clínica nunca vi isto. Pagar antecipado e sair pelos fundos. Lara segurava o braço da amiga e disse: -Calma Lorena, e dava o valor da consulta em um envelope. Agora Lara falava baixinho com Lorena: -É o melhor que pude pagar, Lorena observava o estado da amiga: -Lara você esta tremula é só um pré-natal, acostume-se serão muitos daqui pra frente, e Lara respondia a amiga: -Sei lá Lorena, estou nervosa (não era para menos daqui a pouco vou retirar o meu filhinho daqui de dentro.) E Lara começou a chorar, Lorena não entendia só disse: -Calma amiga, e entrou uma para o pré-natal, não retornando, e entrou a outra, agora a próxima era a Lara que pegava firme e forte nas mãos da amiga tal qual uma criança que esta com medo de algo. Lorena olhava para os lados, aquela clínica era assustadora, aquela atendente mascando chiclete dando risadinhas e falando com uma enfermeira, Lorena começava a observar aquelas duas que cochichavam entre elas: -Olhe só o desespero daquela ali é o primeiro pré-natal dela e a enfermeira confirmava o comentário dando risadinhas que Lorena não entendia a graça da situação. De repente um grito. Coisa bem estranha. Ecoou naquele consultório, o grito se sucedia de: -Aí... aí.... ui.... aí.... E Lara se levantou Lorena a acompanhou, a atendente e a enfermeira olhava as duas e com toda a naturalidade do mundo disse: -Calma é o procedimento, as vezes rola uns gritinhos nada demais. Inocente esta tua amiga não? Não sabe o que ocorre num pré-natal. Lorena agora sentada. E a moça lá dentro continuava gemendo, Lorena ficou incomodada com o comentário irônico da atendente e respondeu: -Não, não sei nunca fui a um pré-natal, Lara suava frio o nervosismo tinha tomado conta dela, ela não sabia que um aborto doeria, pensava que eles iriam dar alguma coisa depois ela abortaria. A enfermeira olha para as duas e diz: -Calma é que o pré-natal dela (a moça que entrara no consultório antes da Lara) é mais complicado, gravidez avançada entende? Lorena já agia com desconfiança e segurava forte a mão da Lara. Ambas estavam muito assustadas. E Lara só colocava a mão no seu ventre pensando no que iria acontecer daqui a pouco. Os gritos cessaram um silêncio tomou conta do consultório, a atendente já não estava mais lá, nem a enfermeira, passado se um tempo, o doutor que pasmem era barbudo, com um copo descartável de café, tomando seu café calmamente, parecia um visual desleixado, chamou: -Próximo.

Capítulo 18

O aborto [Parte 2]

E Lorena quis entrar com a Lara: -Sinto muito não pode acompanhar ela. E surge como do nada a atendente. -Vamos te acompanhar a outra sala, a de saída, e levaram Lorena que olhava com os olhos brilhantes para a amiga: -Se cuida, é só um pré-natal, te espero ali. E foi. O doutor fechou a porta, veio uma velha e deu um avental branco e disse a Lara: -Vista! Lara olhou e disse: -Aonde? Pode ser naquele canto... Apontava a velha a um biombo no canto do consultório que não escondia nada. Lara deixou suas roupas em uma cadeira, só de avental e o seu tênis. Lara orava na sua mente o nervosismo era tremendo ao voltar do biombo, ela observou muita sujeira naquele consultório e respingos de sangue. O doutor falou: -Ande logo quero ir almoçar tomando mais um gole do seu café. Lara deitou numa espécie de maca, e o doutor falou: -Abra as pernas, a velha veio com uma bandeja com varias tesouras e provavelmente bisturis e outros instrumentos que pareciam enferrujados, a velha pergunta: -Trouxe o absorvente? -Não... Lara olhava assustada para aquele homem e aquela mulher.

...

Quando aquele doutor chamou a Lara, não sei me deu um jeito estranho, a propósito, tudo aqui é estranho essas atendentes, este local. Parece que estamos escondidos, perguntei a moça atendente quanto tempo demora e ela disse: -Depende do estágio da criança quando é novinho é rápido, quando o estágio esta avançado demora, é mais arriscado: -Meu Senhor o que tem de arriscado em um pré-natal? pensei. Via aquela atendente, e eu naquela sala vazia esperando a Lara, logo perguntei: -Posso ir ao banheiro? -Pode, disse a atendente que não parava de mascar aquele chiclete: -Não repare a bagunça, é logo a esquerda, estamos sem faxineira. Realmente aquele banheiro estava nojento, mas não fui para usar o banheiro, fechei a porta ajoelhei e comecei a orar. Precisava, era mais forte do que eu. Estava me sentindo angustiada.

"Senhor, protege a Lara, que o seu pré-natal seja tranquilo, protege aquela criancinha Pai, dá um desenvolvimento bom para o nenezinho da minha amiga. -Oh Senhor dê capacitação ao médico. Amém". Já tinha uma mulher batendo na porta, puxei a descarga e lavei as mãos (para demonstrar que realmente estava usando o banheiro) e voltei ficar sentada. Fiquei calada. Se ouvisse algum grito eu arrombaria aquela porta e tiraria a minha amiga de lá.





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