Capítulo 2. Lord Vitor Hugo
A mata, envolta em um manto de mistério e sombras, tornara-se o cenário meticulosamente escolhido para os encontros clandestinos entre o atual guarda de Violetta e seu misterioso contratante. Ao longo de meses, a ansiedade crescera, alimentada pela espera paciente até que o momento se tornasse propício para o tão aguardado encontro.
O local, protegido por uma densa vegetação e permeado pelo murmúrio suave da brisa entre as folhas, conferia um ar de sigilo àqueles encontros noturnos. O guarda, Vitor Hugo, ansioso e decidido, finalmente encontrara o momento exato para atravessar os limites do castelo e dirigir-se à mata, onde as árvores altas e o chão coberto de folhas secas conspiravam para manter seus segredos bem guardados.
A escuridão era aliada dos conspiradores, ocultando suas identidades e intensificando a aura de mistério que envolvia cada encontro. Cada pisada de Vitor ressoava como um segredo compartilhado apenas entre a mata e aqueles que dela faziam parte.
— Senhor — Vitor cumprimentou, inclinando-se reverentemente diante de seu padrinho.
— Não precisava correr tanto, rapaz. — Alexandre sorriu, olhando para o jovem que fora acolhido e criado junto com seus próprios filhos. — Como ela está?
— Vossa Alteza Real não é como Max a descrevia; ela está fria e distante.
— A perda de Max foi um golpe duro para ela.
— O que devo fazer agora?
— Há movimentações estranhas no palácio?
— Não, apenas o casamento do príncipe Eric está deixando todos empolgados.
— São boas notícias para o reino. — Alexandre escolheu uma grande pedra na floresta para se recostar.
— Como o senhor está? — Vitor Hugo perguntou, preocupado por ser o aniversário de Max naquele dia.
— É um dia triste não ter meu filho ao meu lado.
— Sinto falta dele, sempre foi tão gentil. — Vitor abaixou a cabeça, compartilhando o luto que unia ambos.
— Em breve, irei tratar da minha sucessão, e gostaria de saber se você quer assumir meu lugar?
— Senhor, não mereço tamanha honra.
— Saiba que Max te escolheu, escolheu você para cuidar de Violetta e também para ser o seu sucessor. — Alexandre revelou o desejo profundo de seu filho, consciente de que a confiança de Max estava agora depositada em Vitor Hugo.
Max, era um homem de muita perspectiva, como se soubesse que algo ruim iria acontecer ele havia feito um testamento e confiou a missão crucial a Vitor Hugo de zelar por Violetta.
O tom em que Max abordara seus entes queridos estava longe de ser casual. Ele ainda se recuperava das dores decorrentes de um ataque recente; embora tivessem acertado apenas seu cavalo, o tombo fora impactante e deixara sequelas palpáveis.
Ajoelhando-se diante de seu padrinho, Vitor Hugo não apenas assumia a responsabilidade imposta por Max, como cuidar da princesa real? O que seu irmão queria dizer com isso? Ele deveria ter sido criado como um servo mais encontrou pessoas de imensa bondade e agora seria transformado em um auto membro do governo.
Vitor Hugo tinha se preparado para o dia que iria assumir a segurança de Lorde Maximiliam disposto a dar sua vida por ele, mas seu irmão partiu antes mesmo de sua missão começar.
— Com meu coração, irei encontrá-lo, aquele que assassinou Max, e irei punir os responsáveis.
— Aprenda, meu querido, não há nada a ser feito pelos que partiram; aja pelos que permanecem. — Alexandre entregou um caderno de capa de couro pertencente a Max. — Ele gostaria que você ajudasse a superar. Por favor, permaneça ao lado dela.
Vitor apenas aceitou o caderno, mergulhando em um silêncio pesado. Ao abrir a primeira folha, deparou-se com um desenho delicado de Violetta, um reflexo do talento artístico de Max e, ao mesmo tempo, uma janela para a alma da princesa.
— Você deve voltar. — Alexandre o advertiu. — Em breve, estarei lá. Max não queria que você derramasse sangue por ele.
Apesar da nobreza de Max, Vitor Hugo não podia ignorar o ímpeto de vingança que pulsava em suas veias. A injustiça do assassinato frio clamava por retribuição, e o desejo de justiça guiava cada passo do jovem.
Desta vez, ao retornar ao castelo, Vitor Hugo caminhava em um ritmo mais lento, seu coração pesado com a carga da promessa não só a Max, mas também a Violetta. Ao chegar, encontrou Francisco próximo aos estábulos, ansioso pela explicação.
— Onde você estava? — Perguntou o guarda pessoal de Eric.
— Conversando com o ministro.
— Ainda não deixou de lado a ideia de vingança? — Francisco suspirou. — Príncipe Eric não está confortável com essa investigação escondida de Violetta, e se sente desconfortável em mentir para a irmã.
— Estamos fazendo isso por uma boa causa, ele não entende?
— Entende, mas quando Violetta descobrir quem você é, ficará desapontada.
— Eu não pretendo ocupar o lugar de Max.
— Era o desejo dele.
— Mas não é o meu. Irei embora em breve.
— Hugo, você não pode ser... — Francisco olhou para Hugo, no fundo tinha um pouco de pena o menino havia perdido seu mundo — Ele era importante para todos, mas nada que você faça vai trazê-lo de volta.
Ao longe, Vitor Hugo avistou a imponente figura do Príncipe Herdeiro e, com um gesto de reverência distante e discreto, inclinou-se respeitosamente diante do rapaz.
— Violetta ainda é assombrada por pesadelos. Li em seu diário que ela sonha em ser a autora da tragédia que tirou Max dela. Sinto pena dela.
— Tenha cuidado para não se aproximar demais. Por baixo de toda a dureza de suas palavras, Violetta é uma mulher encantadora. Não finja que não percebeu.
Sim, Vitor Hugo havia notado a deslumbrante beleza de Violetta, mas ele tinha um propósito mais profundo para permanecer ao lado da jovem princesa. Não era a mera atração estética que o impelia. Ele carregava consigo uma lealdade inabalável a Max, uma promessa de proteger Violetta que transcendia as superficiais tentações da beleza.
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