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Revelações




24 DEZEMBRO DE 1940

UNIÃO SOVIÉTICA

Elena

"Não gosto de igrejas, mas assim que tudo isso passar, irei em uma." Diz Lauretta, colocando o cabelo por baixo da boina.

"E por que? Se você não gosta de igrejas." Pergunto a ela sorrindo, já com as vestimentas do uniforme do exército vermelho.

"Porque, graças a véspera do nascimento do menino Jesus, nós poderemos ir embora desse inferno."  Responde ela feliz, finalizando seu disfarce.

"Então, que Jesus nos abençoe." Falo sorrindo.

"Você acha que a barriga está marcando muito?"  Pergunta Lauretta, ficando de perfil. Agora ela está no que achamos ser, no sexto mês de gravidez. E sua barriga, já está dando evidências, mesmo ela tendo perdido bastante peso nos últimos meses.

"Está, mas com a casaco reforçado de inverno, ninguém irá reparar, ainda mais de noite." Tranquilizo ela.

Há pouco mais de um mês, Luca retornou com seus serviços aqui no campo de aprisionamento. No dia que ele voltou, bem no início de novembro, estava tudo certo para minha fuga, no entanto eu teria que ir sozinha. Desse modo, neguei, disse que ou ia eu e a Lauretta, ou não iria ninguém, Luca obviamente não gostou da ideia, já que tinha bolado todo um plano. Mas mesmo contrariado, Luca prometeu ajudar minha amiga também, porém, iria ter que esperar outra oportunidade, mas que com a ajuda de Alexander, teríamos mais chances.

E então o Natal se aproxima, um ótimo feriado para fugir. E a União soviética, apesar de possuir várias tribos com seus variantes segmentos religiosos, o Cristianismo católico é majoritário. Assim, o número de soldados são reduzidos para metade, e grandes dirigentes do exército, obviamente irão para suas casas, para celebrar o dia em família, proporcionando, nossa fuga.

Alexander e Luca, estão de guarda hoje. Alexander estará na guarita de saída do grande portão, e Luca estará vigiando o pátio central.  O plano é sólido, eu e a Lauretta, com as vestimentas militares, iremos passar por guardas, e na troca de turno, da meia noite, Luca virá ao nosso encontro, e passaremos pelo portão, que Alexander estará vigiando. Parece ser simples, mas não pode haver erros.

"Estou ficando agoniada aqui dentro. Seu soldado está demorando muito." Diz minha amiga, andando em círculos, no pequeno quarto em que estamos escondidas, enquanto rói as unhas.

"Não é meio noite ainda Lauretta, então o Luca, que mais uma vez eu digo, não é meu soldado. Não está atrasado." Falo para ela, revirando os olhos.

"E como você sabe que não é meia noite ainda?" Indaga ela com seus olhos castanhos escuros bem persuasivos.

"Porque está muito quieto, teríamos ouvido celebrações." Respondo tentando deixá-la calma, mesmo estando um pouco nervosa.

Passaram-se minutos, o que para nós parecia ter sido horas, até que escutamos uma sequência de 5 batidas na porta, era Luca. Olho mais uma vez para Lauretta, e digo que vai dar tudo certo. Estava na hora de fugirmos daqui.

"Estamos todos prontos?" Pergunta Luca, assim que abrimos a porta. Apenas acenamos que sim com a cabeça, e fomos para fora da mini sala.

Assim que chegamos do outro lado, longe de onde os prisioneiros dormem, percebo que o relógio deu agora meia noite, pois logo os poucos soldados ali presentes, começaram a dar saudações uns aos outros.

"Molotov, feliz natal." Grita um soldado para Luca, que responde o comprimento:

"Feliz natal Gulovsk."

"Quem são esses aí com você? Novatos?" Indaga o soldado, não desconfiado, apenas curioso.

"Sim, chegaram da região da Sibéria hoje. São moleques ainda, se voluntariaram com a provável guerra chegando. Bom tenho que levar eles agora, prazer em te rever Gulovsk."

Responde Luca rapidamente, apressando os passos, para que não sejamos mais uma vez interrompidos.

Chegando na guarita, vemos que já estão começando a troca. Alexander, libera nossa passagem. E logo encerra seu turno, juntando-se a nós.

Ao saírmos do grande portão, uma sensação de alívio e felicidade me toma. Aperto a mão de Luca, chamando a atenção dele para mim, que me olha curioso.

"Obrigada, de verdade. Você não devia nada a mim, e mesmo assim me tirou daquele lugar. Obrigada." Digo a ele com lágrimas nos olhos.

"Não foi nada, aquele lugar não era para você. Agora coloque seu sorriso bonito no rosto de novo, que logo estaremos no acampamento da paz." Diz ele sorrindo, o que automaticamente me faz sorrir também.

Andamos sobre a neve, de madrugada, não faço ideia de qual caminho seja esse, mas Luca disse que antes do amanhecer, chegaremos ao nosso destino. Duvido muito.

"Eu vi tudinho senhorita Murray." Diz aos risinhos bem sugestivos, Lauretta.

"E eu posso saber o que você acha que viu, senhorita intrometida?" Pergunto rindo a ela, a qual entrelaça nossos braços para andarmos lado a lado.

"Eu vi...sorrisos, mãos dadas. E uma linda história de amor futura." Diz ela toda empolgada, como se acabasse de ler algum romance épico.

"Bom, isso foi o que sua imaginação inventou. O que aconteceu de verdade, foi eu, agradecendo a um amigo, por ter ajudado, sem histórias futuras de amor. Só educação e gratidão." Respondo a ela, já pensando em Harry, e me iludindo com a nossa improvável futura história de amor.

"Tá bom, não está mais aqui quem falou. Mas você já esclareceu a ele isso? Porque para você ele pode ser só um amigo e nada mais, mas e para ele? O que você significa?" Questiona minha amiga, me deixando um pouca pensativa.

Não gosto disso, de não saber das coisas, prefiro as coisas preto e branco, mas entendo que nem tudo pode ser assim, seria bem chato inclusive se fosse. Não sei se é inocência da minha parte, mas acredito que Luca estava apenas sendo amigo, não vi interesse a mais. Será se eu não estou vendo algo que está na cara, ou será que Lauretta quem está fantasiando demais?

De qualquer forma afasto esses pensamentos, tenho que pensar em como localizar Harry agora. Ficarei com Lauretta, até que ela e Alexander, se mudem para algum vilarejo para cuidarem do filho deles, e depois partirei para Polônia, último lugar que vi Harry.

"Agora é só esperar." Fala Luca, parando bruscamente a trajetória, e sentando-se em cima de sua mochila.

"Esperar? O que? Alguma tropa cruzar com a gente, e nos prender por traição?" Questiona Alexander, encarando Luca indignado, por ter parado próximo a uma estrada, que muito provavelmente passa tropas.

"Esperar nosso resgate. Já devem estar chegando." Diz Luca calmamente, enquanto tira um cigarro da mochila.

"Eu achei ótimo essa parada amor, nosso bebê não aguentava mais." Diz Lauretta, abrindo os botões grande do casaco, e passando a mão na sua barriga.

"Desculpa amor, você tem razão. Precisamos mesmo de uma pausa." Diz ele se sentando ao lado dela, e a abraçando de lado. Ficando ali, apenas eles, no mundinho deles.

"Casal bacana né. Conheço esse bastardo faz anos, e jamais imaginava que ele estivesse tendo um caso aleatório com alguma prisioneira." Diz Luca, tentando puxar assunto comigo, que estou sentando de frente para o casal, distante dele.

"Não é um caso." Respondo baixo, e ele solta uma risadinha perguntando:

"Ah não?"

"Não, eles vão ter um bebê. Não é apenas um caso aleatório, é amor de verdade." Respondo, com os olhos focado no casal.

"É, deve ser mesmo. Mas e você?" Pergunta ele, com os olhos presos em mim.

"O que tem eu?" Questiono de forma direta.

"Conhece o amor? Igual ao deles?" Devolve ele. Com os olhos grudados aos meus.

"Não sei, talvez." Digo pausadamente.

"Irei dormir um pouco agora, hoje o dia foi cansativo, e não sabemos quanto mais vamos andar." Digo a Luca, como meio de fuga; na verdade não estou cansada, só quero evitar essa conversa particular ou um silêncio constrangedor.

"Elena...Lena...acorda." Sinto mãos frias no meu rosto, e rapidamente desperto.

"O que foi?" Pergunto meio área ainda.

"Nossa carona chegou, temos que ir." Diz Luca, com as mãos no meu rosto ainda. Só concordo com a cabeça, e me afasto do contato.

"Não fale nada, por favor, está muito cedo para eu discutir com você." Digo assim que me levanto, dando de cara com mais um dos  sorrisinho sugestivo de Lauretta, quando me vê falando com Luca.

"Eu não falei nada. Mas já que perguntou..." Começa ela rindo.

"Eu não perguntei!" Exclamo rindo, e recebendo um revirar de olhos dela.

"Continuando, já que me perguntou, acho você uma tonta por não investir no que está na sua frente." Diz ela, após ignorar o que eu tinha anteriormente, e saindo do meu lado, para se aconchegar em Alexander, que está a nossa frente.

Nossa carona, é apenas um homem, vestido com um casaco feito de pele de urso, dirigindo um carro meio velho. Andentramos todos no veículo, e o motorista diz que logo chegaremos.

"Para qual lugar da Rússia estamos indo?" Pergunto, assim que o homem da partida.

"Não temos lugar específico senhorita. Nossa comunidade vive como nômades, conforme for a situação, simplesmente nós mudamos." Diz o homem, me encarando pelo retrovisor central do carro. "Mas atualmente estamos perto de Minsk." Completa ele.

"E que comunidade é essa? Alguma secreta?" Questiona Lauretta, antes que eu mesma perguntasse.

"Na verdade não." Diz o homem rindo, e logo explica:

"Somos bem conhecidos na verdade, não é uma exclusividade de nós soviéticos contra o governo, isso está em toda Europa, principalmente na Espanha e Itália. Fazemos parte dos partisanos." Conclui ele, tirando um cigarro do bolso e oferendo para nós.

Partisans, tento buscar na memória algo relacionado a isso, mas nada aprofundado vem em mente. Mas sei que é algo relacionado à resistência.

"Estamos chegando, em menos de dez minutos estaremos no local. Peço a vocês que por favor, não se intrometam nos assuntos que verão por lá."

"Sim senhor." Dissemos eu e Lauretta ao mesmo tempo.

O lugar, que parece mesmo com um assentamento, tem uma entrada isolada, muito bem camuflada. Aqui possui bastante pessoas, e o mais interessante, é que parece ser pessoas de várias etnias e lugares diferentes. Nunca vi tanta diversidade em toda minha vida, é fascinante. Assim que adentramos mais afundo no local, Luca diz que o café da manhã já será servido, e ele me apresentará alguém muito importante, assim que ele voltasse.

"Elena, você viu aquela mesa? Nunca vi tanta comida em toda minha vida." Diz Lauretta emocionada ao meu lado, os hormônios da gravidez deixaram ela mais eufórica.

"Eu vi, acho que nunca comi nem a metade do que tem ali na vida." Respondo a ela.

"Então hoje você poderá comer o que quiser, jovem." Diz um senhor, que eu nem percebi se aproximar, ao meu lado.

"Desculpe, mas eu te conheço?" Indago com o cenho franzido, assim como Lauretta.

"Depois dizem que velhos que não tem a memória boa. Sou Jack, nos conhecemos em Vílnius a uns meses atrás, na banca de jornal." Diz o senhorzinho, que diferente do que eu lembrava, está com uma cicatriz no rosto, um dos braços enfaixado, é uma muleta de suporte para a perna quebrada.

"Senhor Jack?" Pergunto um pouco incerta.

"Isso mesmo, ainda inteiro." Responde ele rindo.

"Prazer em revê-lo, não sabia que o senhor fazia parte dos partisans." Digo a ele.

"Bom, e eu não fazia ideia que você é filha da Geillis. Tinha desconfiado aquele dia, por conta da sua semelhança gritante com a sua mãe. Mas seu namorado ciumento, nos interrompeu antes mesmo de eu confirmar o que eu suspeitava. Mas veja o quanto esse mundo é uma caixa de surpresas jovem Elena." Diz ele me olhando com o semblante calmo.

"Como o senhor sabe?" Respondo com certa dificuldade, estou confusa, como ele, tendo me visto apenas uma vez na vida, pode saber tanto? Lauretta sentindo minha tensão, se aproxima mais de mim, segurando minha mão com a sua.

"Por que não conversamos enquanto tomamos o café da manhã? Você e sua amiga estavam ansiosas para isso, não é mesmo?" Questiona ele, e eu e Lauretta apenas assentimos, e caminhamos junto a ele, até a grande mesa.

Após nos acomodarmos, e servimos nossa refeição, não seguro minha ansiedade, e pergunto a ele novamente:

"Como o senhor sabe? Digo, da minha mãe."

"Hora minha jovem, lutei ao lado dela em 1917, lembro que tomamos Luxemburgo juntos. Éramos amigos de guerra." Diz o senhor tomando calmamente seu café.

"E onde está o seu britânico?" Indaga ele mudando de assunto.

"Bom, infelizmente fomos separados um dia após termos nos encontrado com o senhor. Imagino que você saiba para onde me mandaram, já Harry, não faço ideia de onde esteja." Respondo suspirando.

"Então seu britânico, você deixa?" Lauretta me encara com uma falsa indignação.

"Talvez por que eu goste de Harry. Por isso eu deixo?" Respondo irônica para ela, que apenas me revira os olhos, e volta a comer seu bolo.

"Senhor Jack, mas voltando ao assunto da minha mãe, onde o senhor viu ela pela última vez? E quanto ao meu pai?" Questiono a ele, sem nenhuma vontade de continuar a refeição.

Jack me encara por um tempo, aparentando estar receoso, abre uma, duas vezes a boca, mas parece que falta palavras, ou não sabe escolher qual usá-las. Até que ele solta uma respiração pesada e diz:

"Em 1925, estávamos indo para um ataque de guerrilha, contra uma tropa stalinista." Divaga ele calmamente, como se estivesse se relembrando exatamente como foi.

"Geillis não quis voltar, ela simplesmente não quis, sabíamos dos riscos, nosso infiltrado tinha nos avisado. Estava fácil demais, muito fácil, mas ela insistiu..." continua ele com os olhos cheio de lágrimas.

"Não me entenda mal, mas eu amava sua mãe, com todo meu coração. Por isso, não pensei duas vezes antes de ir com ela..." Jack já não parecia estar contando para mim os fatos, e sim para ele mesmo, não escondendo as lágrimas dos seus olhos. Olho para Lauretta, a qual parece estar vendo a algum teatro de temática amor trágico de Shakespeare, não julgo ela, pois devo estar com a mesma expressão.

"Até que, chegou a hora. Fomos para o ataque, e a armadilha foi concretizada, vários soldados do exército vermelho estava a nossa espera. Geillis estava atrás, eu ao lado dela. Mas por azar, ou sorte como outros dizem, apenas alguns de nós foram capturados. E o meu azar, foi o de não ter sigo pego junto com a sua mãe. Quando os guardas a pegaram, lembro-me que Mark foi com toda sua fúria para cima dos homens, Mark era valente, tanto é que estava na linha de frente de ataque, não tinha medo de nada. Até que literalmente caiu, caiu ao ver sua mãe ser carregada pelo comandante punho de ferro, e ser impedido, na verdade, segurado pelo seus companheiros de ir atrás dela, sua amada, o que resultaria na morte dele também. Eu, era um covarde, assisti a tudo paralisado, deveria ter sido eu a ter morrido aquele dia." Diz Jack aos prantos, percebo que há lágrimas escorrendo dos meus olhos também,  pois não precisa ser um gênio para concluir o que aconteceu ali.

"E então, após dois dias desse incidente, o corpo de sua mãe apareceu pendurado na praça de Stalingrado. Como exemplo do que acontecia, com aqueles que fossem contrários ao governo de Stálin." Assim, senhor Jack termina a sua história. Meu avô então não mentiu, minha mãe de fato havia morrido.

"E meu pai?" Pergunto a ele com a voz rouca, por conta do choro.

"Provavelmente morto. Nunca mais tive notícias dele. Não éramos amigos Elena, o que mantinha nosso mínimo de respeito um com outro, era sua mãe. Após sua partida, não tínhamos motivos para falarmos um com outro. Sinto muito." Diz Jack limpando os olhos, e segurando uma de minhas mãos.

"Eu sinto muito também. Sei que deve ter sido difícil para o senhor também." Digo a ele, me recompondo. Jack aperta mais minha mão, e pede licença, deixando-me sozinha com a Lauretta.

"Isso dava um livro, sério. Romance, guerra, ciúmes, possível traição, morte." Divaga Lauretta fascinada. Se eu não a conhecesse, acharia sua fala grosseira, mas sei que não é, ela apenas não tem filtro. E em certo ponto ela tem razão, e me distraia um pouco com sua maluquice.

"Não é mesmo? Shakespeare ficaria horrorizado." Respondo aos risos.

"Então, Jack é confiável? Já que ele parece ser um antigo amigo da sua mãe." Questiona Lauretta, roubando minha gelatina, que eu mal comi.

"Ei, isso é meu." Falo, pegando de volta a gelatina.

"Às vezes eu esqueço que você passou mais de vinte anos em um cativeiro, mas aí eu lembro que eu também passei, e que isso não é desculpas para a falta de sensibilidade." Diz ela fazendo mais um de seus dramas.

"Oi? Falta de sensibilidade? O que eu perdi aqui? Você quem roubou minha gelatina." Encaro ela com uma feição falsa de indignação.

"Caso você não tenha reparado. Eu estou GRÁVIDA. E é bom você me dar essa gelatina, não vai querer que seu afilhado nasça com cara de gelatina, não é?" Diz ela puxando o pote de gelatina da minha mão, que logo começa a comer.

"Afilhado?" Pergunto a ela sorrindo.

"Sim, afilhado. Só tenho você e o Alexander na minha vida. Se algo de ruim, acontecer comigo e com ele, só confio em você para cuidar do meu filho. Você é minha irmã de coração." Desabafa ela, sem se dar conta do peso dessas palavras para mim.

"Eu te amo." Falo, abraçando ela com força, e com os olhos cheio de lágrimas novamente.

"Isso está muito meloso. Mas eu posso culpar os hormônios da gravidez, já você não. Mas tudo bem, só direi uma vez, então jamais esqueça. Eu amo você também, e obrigada por tudo." Diz ela resmungando como sempre, mas logo retribui meu abraço.

Nosso momento de fofura, logo foi interrompida por Luca, que chegou junto com uma mulher, que aparenta ter em torno de 60 e poucos anos.

"Minha nossa, você é tão linda. A cara de Geillis." Diz a senhora emocionada, se aproximando e me puxando para um abraço.

"Prazer, meu nome é Anne. Desculpe pela minha emoção, você nem me conhece, mas eu sou sua dinda." Diz a mulher sorrindo, enquanto limpa as lágrimas.

"Dinda? Uau, prazer, Elena." Respondo com um sorriso acompanhado de uma risada, afinal estou nervosa, hoje o dia está sendo de muitas revelações.

"Lena. Eu quem escolhi seu nome. Sua mãe estava no oitava mês de gravidez e te chamava de bebê ainda. Temos tanto que conversar." Diz a mulher novamente se emocionando, enquanto se levanta e me pede para segui-la.

Dou um tchauzinho com a mão para Lauretta, que agora está acompanhada de Luca, e vou com Anne até uma sala, que ela diz ser seu quarto momentâneo.

"Sente-se querida, temos tanto o que conversar. Mas antes que eu despeje um monte de histórias para você, pergunte o que quiser." Diz ela gentilmente, enquanto se senta em uma poltrona.

"Bom, são tantas perguntas. Mas acho que o que eu mais preciso saber no momento, é sobre meu pai, infelizmente já soube da minha mãe. Ele está vivo?" Pergunto a ela aflita.

"Horas, imagino que sim. Vaso ruim não quebra." Diz ela dando gargalhadas.

"Desculpe por isso, mas eu e Mark sempre tivemos um humor ácido um com outro, mas o considero como um irmão. Tive notícias do seu pai esses tempos, então suponho que ele esteja vivo sim."

"Onde ele estava? Eu preciso saber Anne." Pergunto a ela eufórica, meu pai está vivo, meu Deus.

"Querida, essa informação dele foi de agosto, já estamos em dezembro, muita coisa aconteceu." Diz ela ficando com uma expressão mais séria.

"Não importa. Eu só preciso saber, por favor." Praticamente suplico a ela, sei que quatro meses parece ser muita coisa, mas para quem está a 23 anos sem nenhuma informação, está bom demais.

"Ele estava indo em rumo a um campo de concentração, resgatar um soldado britânico. Ele mandou uma carta avisando, disse também que soube que você estava viva. Pena que as informações por aqui demoram. Quando Luca disse que encontrou uma mulher, com os mesmos traços que tinha na foto  da dinda Geillis dele, ele não acreditou. Mas quando viu seu nome completo, qualquer indício de dúvida foi embora." Anne explica tudo de forma confusa, me deixando com mais dúvidas.

"Meu pai sabe que eu estou viva? Ai meu Deus, ele achava que eu estava morta? E quanto ao Luca, ele vivia dizendo que me ajudava por conta de uma dívida de algum camarada meu, que dívida é essa? Por que ele não disse nada sobre o meu pai?" Questiono tudo muito nervosa, levantando da poltrona, sinto minha cabeça girar, são muitas perguntas de anos sem respostas.

"Calma querida, respira, sei que é muita coisa mais irei te explicar tudo que sei, por favor se acalme." Diz Anne com seu tom reconfortante e maternal.

Ela me diz, que conheceu Geillis já grávida de mim, que lutaram lado a lado, eram como irmãs, inseparáveis . Que meu pai era também como um irmão, só que se isolou após a morte de minha mãe, e que só mandava notícias quando algo de importante acontecia. A carta enviada dele de agosto era uma dessas ocasiões, nela dizia que ele soube a pouco que eu estava viva, que a carta da vovó Louisane dizendo que eu havia morrido criança e de febre, era mentira. Na carta ele também disse que voltou a ter esperança para viver, e que iria atrás de mim, só que para isso teria que ter  a ajuda de dois soldados britânicos que foram capturados por nazistas. Mas após isso, iria atrás de mim. Anne também disse que Luca nunca me contou sobre meu pai, pois achava que não cabia a ele me dar tal informação, ainda mais em um lugar de prisão, só me deixaria mais angustiada. E que a dívida de Luca, era com minha mãe, a qual cuidou dele durante a infância, quando Anne ficou presa por uns tempos em algum Gulag da época.

Minha cabeça dói. Não quero pensar em nada no momento, sei que deveria montar planos e mais planos, tentar encaixar as informações, mas estou cansada. Não quero resolver nada hoje, até porque não daria, só quero descansar minha mente. Hoje o dia foi de muita revelação.

Anne me levou de volta para o alojamento após horas de conversa. Agora é noite já, e sozinha no quarto que me arrumaram, tento não surtar com tanta informação. Lauretta e Alexander estão dividindo aqui comigo, mas acho que entenderam que eu precisava  de silêncio, assim saíram, respeitando meu espaço.

Assim, minha mente logo viaja para meu lugar favorito, onde é seguro e calmo. Sei que não é saudável recorrer aos momentos bons do passado, mas é como uma anestesia, que te livra da dor do presente, então não me sinto culpada por levar meus pensamentos novamente a Harry, até que eu caia no sono.

Lembranças II

"Você está trapaceando." Digo a Harry rindo, enquanto o mesmo me olha com cara de indignado.

"Como ousa? Jamais iria trapacear nesse jogo fácil, você que não entendeu a didática ainda." Responde ele com um sorriso convencido na cara, me dando uma piscada de olho.

"Talvez seja porque eu tive um péssimo professor." Provoco ele.

"Acho que não. Te ensinei algumas coisas muito bem, coisas bem mais interessante que esse jogo de dama." Diz Harry com seu típico sorriso cafajeste acompanhado de malícia.

"Você não presta. Dama!!"

"Não querida, você não diz dama quando come uma peça minha."

"Esse jogo é chato. Não quero mais brincar." Digo fazendo bico.

"Não quer mais brincar porque perdeu, dama!" Exclama Harry, quando come minha última peça.

"Onde aprendeu a jogar?" Pergunto a ele, mudando de posição, para sentar-me ao seu lado.

"Faculdade, alguma aula de política grega." Fala ele me abraçando de lado, deixando minha cabeça apoiada em seu ombro.

"Bom saber o que você fazia na faculdade." Falo rindo.

"Não se iluda com a faculdade, lá você vai descobrir novos jogos de cartas, e aprender a encher a cara em qualquer bar de esquina." Responde ele rindo.

"Isso não pode ser verdade." Levanto meu rosto para encarar o seu de perto.

"Claro que é, bom com a maioria. Mas acho que não vai acontecer com você, algo me diz que você será uma aluna bem nerd." Diz ele rindo.

"Você está debochando de mim soldado?" Pergunto com uma falsa expressão de seriedade.

"Eu? Jamais! Quero seu pé longe do meu pescoço." Diz ele sorrindo, enquanto suas mãos puxam meu corpo para cima do dele.

"Na faculdade, as pessoas não gostam desses nerds?" Pergunto a ele, com nossos rostos bem próximos um do outro agora, já que estou montada nele.

"Não, ninguém gosta dos sabe tudo. Mas eu acho mulheres inteligentes sexy, bem sexy." Diz Harry beijando meu pescoço, enquanto eu sinto suas mãos na minha coxa, por baixo do vestido, o qual subiu por conta da minha posição.

Sinto um calafrio quando uma de suas mãos sobe mais pelo meu corpo, chegando na região do meu peito, e a outra puxa meu corpo para mais perto dele, enquanto seus lábios me beijam com vontade.

Quando a mão de Harry, toca sutilmente um dos meus seios, sinto-me cada vez mais necessitada, como se meu corpo fosse entrar em combustão. Instintivamente começo a me mover em cima dele, Harry segura mais firme minha cintura, descendo seus beijos que estavam no meu pescoço, para o centro do meu peito.

"Porra Lena, não faz isso." Diz Harry ainda me beijando, enquanto me mexo mais em cima dele, sentindo sua ereção.

"Eu sei que você também está gostando Harry, posso sentir você." Falo baixinho no seu ouvido.

"Puta merda." Xinga Harry em forma de gemido, usando suas mãos para apertar meu seio, enquanto a outra puxa minha bunda mais para perto dele. Estávamos ambos excitados, e graças ao livro que coloquei na porta, fomos alertados que alguém estava entrando no quarto, pois caso contrário, não teríamos percebido  a entrada de ninguém, de tão envolvidos que estávamos com o momento.

Olho assustada para Harry saindo de imediato do seu colo, e arrumo meu vestido para me esconder no banheiro. Já imagino dar de cara com vovó Louisane. Harry rapidamente pula para cama, ficando debaixo da coberta, enquanto, eu fico escondida no banheiro, espiando pela porta.

"Está muito cedo ainda, droga." Consigo ouvir a voz de Mary. Olho pelo vão da porta, e vejo que ela está com a bandeja na mão, o que estranho, já que deve ser 3h da manhã ainda. Assim que escuto a porta ser fechada, anunciando sua saída. Aproveito e saio da banheiro, e me preparo para sair do porão também.

"Onde você pensa que você vai?" Pergunta Harry me abraçando por trás.

"Tenho que ir, vai que ela volta, e me encontra aqui."

"Ela não vai voltar. Ainda não sei porque ela faz isso, bem nesse horário, e depois de novo pela manhã. Já vi ela fazendo isso antes. Deve ser sonâmbula." Diz ele simplesmente, enquanto eu franzo o cenho para ele.

"Sem ciúmes Elena, eu nem falo com ela. Agora deita aqui comigo." Diz Harry me puxando para cama.

"Só deitar, sem mão boba!" Falo em tom de condição.

"Sem mão boba! Só quero deitar com você, pelo menos por agora." Diz ele rindo.

"Seu bobo." Falo sorrindo, enquanto me deito ao lado dele. Ficamos aproveitando simplesmente a companhia um do outro, no nosso silêncio confortável.

"Sabe, hoje foi um dia estressante, briguei o dia todo com a vovó Louisane, e Jhon está cada vez mais estranho." Desabafo com ele, o qual faz carinho no meu cabelo, e me escuta com cuidado.

"E não sei, só de estar aqui com você, mesmo não fazendo nada, mesmo só de ficar aqui te olhando, me acalma. Me faz esquecer o dia tenso que eu tive. Não sei se faz sentido." Falo revirando os olhos.

"Pra mim faz. Acho que é porque comigo é o mesmo, toda vez que estou com você, parece que fico anestesiado de tudo. Não sei explicar. É como se fosse uma bolha, uma bolha só nossa, em que o tempo para, e não há problemas." Diz Harry ainda fazendo carinho no meu cabelo.

"Acho que vou querer passar bastante tempo, aqui presa nessa bolha anestésica com você." Falo rindo, e sinto ele beijando minha cabeça, e dizendo baixinho.

"Eu também..."

Oii, como vocês estão??
Prometo que em breve Harry e Elena vão se reencontrar, só tenham paciência, que eu preciso desse tempo, para bater com algumas datas da segunda guerra.
E Harry preso também?? Cenas para o próximo capítulo...
Fiquem a vontade para comentarem o que estão achando, se tá muito corrido, confuso, ou se quiserem só elogiar...enfim, todos comentários são bem vindos.
Até semana que vem, bjs 😘.

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