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O inimigo se aproxima




1 DE JUNHO DE 1941

ELENA

"Deixa eu ver se eu entendi então. Você furou comigo ontem, para ficar com Harry, esse  que tinha te ignorado o dia todinho, sem dar a consideração de te dizer o motivo?" Questiona Lauretta com uma expressão séria e julgadora, mas eu sei que é apenas ciúmes bobo da parte dela.

"Não é desse jeito dramático como você está dizendo, mas...sim, mais ou menos isso.'' Concordo com ela em partes. Do jeito que ela fala, parece que deixa a situação mais séria do que realmente foi.

''Não estou fazendo drama, ontem você foi levada pelas hormônios femininos, me trocando por um carinha que nem te conta os problemas dele.'' Continua Lauretta com seu teatrinho barato, fazendo com que eu revire meus olhos.

"Ele tem os motivos dele para não contar. E é óbvio que eu prefiro ficar com ele do que com você. Fiquei quase um ano sem ver ele. Ainda não matei a saudade.'' Falo com um sorriso tímido.

''Ta bom, vou parar de ser chata. Mas saiba que eu ainda vou entrevistar esse Harry, e é bom ele estar fluente no russo para isso, é horrível não entender nada do idioma dele, e já vejo que estou perdendo Alex para ele também.'' Fala Lauretta em tom zombeteiro de ciúmes.

́ ́Incrível como eles se deram bem né, e nenhum sabe muito bem o idioma um do outro.'' Comento um pouco admirada.

''Acredito que homens têm uma linguagem canalha universal, tendo música, jogo de baralho, e mulher, a comunicação flui.'' Diz ela revirando os olhos.

''Espero que você esteja errada. De qualquer forma, Harry está aprendendo bem o russo, ele entende bem até, tem mais dificuldade na hora de falar só.''

''Acho ótimo, que assim só eu falo.'' Diz ela rindo alto.

''Como você é uma cretina, tenho certeza que você vai amar ele assim que revolvermos esse impasse de comunicação.'' E nisso meu sorriso se amplia, nunca pensei que num período tão pequeno de tempo, teria um namorado, e tanta gente especial ao meu lado.

''Vamos Elena, desembucha. O que você está escondendo?'' Questiona minha amiga, com um olhar desconfiado para mim.

''Nada, só estou feliz...pela primeira vez estou rodeada de pessoas queridas, que se importam comigo.'' Respondo a ela sorrindo, mas Lauretta não se demonstra convencida.

''Não acho que seja isso, você está diferente...o que você fez?'' Pergunta ela com um sorrisinho enquanto me encara de cima para baixo desconfiada, como se estivesse me estudando.

''Você e seus hormônios da gravidez, vendo coisa onde não tem...eu estou normal, não aconteceu nada.'' Respondo um pouco nervosa, e me levanto da cama indo pegar Denise no colo.

''Ei, calma esquentadinha. Só achei você diferente hoje, mas em um bom sentido. Está com um olhar feliz, e relaxado..'' Diz ela me dando uma piscadinha. E eu apenas a ignoro mostrando a língua, enquanto brinco com a bebê, que provavelmente está cagada.

́ ́Acredito que está na hora de alguém trocar essa criança. Onde será que está a mãe dessa menina?'' Pergunta Lauretta com mais um de seus teatrinhos ruins, que me arrancam gargalhadas.

''A mãe dessa menina é uma folgada e intrometida. Mas ainda bem, que ela tem uma dinda que ama muito ela e vai trocar esse pano fedorento.'' Falo com voz de bebê enquanto me preparo para trocar ela.

''Opa...para tudo! O que é isso aqui?'' Lauretta praticamente berra de entusiasmo apontando para meu colo, agora um pouco a amostra, já que prendi o cabelo para trocar Denise e tirei a farda de cima, que estou usando agora cedo, já que daqui meia hora tenho treino com Luca.

''Já entendi o porquê de você ter sumido ontem, e está perdoada, vejo que foi por uma boa causa.'' Diz minha amiga em tom malicioso, enquanto olha para as marcas que Harry deixou em mim ontem.

''Larga de ser besta, isso aqui não é nada...nem tinha visto...acredito que seja alguma alergia.'' Tento disfarçar desviando o olhar.

́ ́Nossa, essa alergia te pegou de jeito em. O codinome dela é Harry?'' Pergunta Lauretta de maneira cínica enquanto me encara.

Penso em negar, e fazer de desentendida, mas Lauretta vai virar uma sarna no meu pé, e está muito cedo para gritarias. Então opto pelo silêncio, e mantenho minha atenção focada no bebê, o que só confirma a suspeita dela.

''Soldado inglês não brinca em serviço em. Agora tudo faz sentido, Alex disse que tinha marcado uma partida com Harry, mas ele simplesmente havia sumido...''

''Por favor, não conta pra ninguém. Se Mark sonhar com isso, ele mata Harry.''  Imploro para Lauretta, enquanto coloco Denise limpinha no berço.

''Aaaaah, eu sabia...eu sabia. Me conta tudo e agora.'' Diz ela toda eufórica, enquanto me puxa para me sentar na cama junto com ela, e me encara empolgada.

́ ́Para de me olhar desse jeito. E o que você quer saber? Só aconteceu, não é grande coisa...́ ́ Respondo um pouco tímida para ela, a qual revira os olhos e explode de novo:

''Claro que é grande coisa. Você finalmente perdeu a virgindade, com um gostoso. Eu preciso de detalhes. Como foi? Ele foi carinhoso? Doeu muito? Você gostou?''  Pergunta ela, em tom exagerado de entusiasmo.

''Eu ainda te mato Lauretta. Sua intrometida.'' Respondo rindo totalmente envergonhada.

Então suspiro, e começo a contar para ela como foi, não os detalhes do ato, até porque isso é algo que somente eu e Harry teríamos acesso, mas conto o básico, e ela parece super satisfeita com isso, já que está sentada com a pernas dobradas, com os olhos empolgados, como se estivesse vendo  alguma peça de Shakespeare.

''Sempre soube que Harry seria um fofo safado. Aquela cara de anjo, com olhar demoníaco nunca me enganou.'' Comenta minha amiga ainda empolgada, fazendo com que eu caia na gargalhada pelo seu comentário certeiro.

''Acho que por essas marcas deixadas pelo meu corpo, nem tenho argumentos para discordar.'' Respondo rindo, apontando para as mordidas dele. E ficamos ali no que me pareceu horas, conversando e rindo. Até que deu meu horário para ir ao treino.

Chego no local marcado, atrás do refeitório, e percebo que há três soldados a uma distância considerável me encarando. Já faz uns dias que percebo que estou sendo monitorada por eles. Tenho que perguntar a Mark o porquê disso, já que estamos em um acampamento, isolado, e não parece ser perigoso...a não ser que estamos na mira de alguém.

''Desculpe o atraso Lena, fiquei preso em uma reunião agora cedo.'' Pronúncia Luca, assim que se aproxima de mim.

''Cheguei agora também. E então...o que irei aprender hoje?́ ́ Questiono em alemão para ele, que me devolveu um sorriso satisfeito.

''Olha só, gostei de ver, acredito que nossas aulas de alemão já deram o resultado esperado.'' Responde ele orgulhoso.

''Sim, mas ainda tenho que praticar mais, não sei se conseguiria manter uma conversa longa com um nativo.''

''Acredito que conseguiria sim, mas espero que você não tenha que ter contato com nenhum nativo, ao menos não por agora...'' Murmura ele baixinho, como se falasse para ele mesmo. No entanto, eu escutei...algo está para acontecer.

''Bom, hoje iremos começar nossas aulas de defesa pessoal. Seu pai me disse que você possui certo conhecimento já, que seu avô havia lhe ensinado. Confere?'' Questiona ele, e eu confirmo com a cabeça. Desde pequena John me ensina táticas de luta, para caso alguém me achasse eu soubesse me defender. Sempre achei que isso era proteção, mas não, era uma forma para me manter alheia ao mundo, para que eu não conversasse com ninguém. E não fugisse.

''Mas faz um tempo que eu não pratico. Minha última luta, se é se posso chamar assim, foi há mais de um ano, com um soldado britânico.'' Tento segurar o sorriso, só de lembrar desse dia, em que quase pisei no pescoço de Harry.

''Espero que tenha levado a melhor. Mas vamos lá, hoje será uma aula diagnóstica, vamos lutar, e não tenha medo de me ferir, pois eu não irei ter pena de você por ser mulher.'' Fala ele, com uma expressão divertida na cara.

''E eu não esperava nada diferente disso, senhor.'' Respondo lhe dando uma piscadinha, e ele então inicia o treinamento me atacando, com socos seguidos de chutes, que no início eu consigo me defender bem, mas conforme o tempo passa, vejo que estou começando a apanhar, já que minha mente me leva para uma antiga recordação.

''Inútil. Não consegue aguentar ficar em pé durante cinco minutos. O exército vermelho faria picadinho de você'' Cuspia John tais palavras na minha cara, enquanto eu me levantava, e ia correndo com raiva para tentar acertá-lo.

''Menina tola, nunca ganhará uma luta na raiva. Você perde o foco, e fica cega pela raiva.'' Falava seriamente, enquanto apertava meus dedos com força, logo me empurrando ao chão novamente.

''Vovô, porque eu tenho que aprender isso? Só mora o senhor, a vovó e eu aqui, estamos seguros. O senhor mesmo fala.'' Falo baixinho, segurando o choro por conta da dor da minha mão.

''Escute Elena, devemos estar preparados para tudo. Não podemos confiar em ninguém desse lugar, então se um dia por acaso, você ver alguém por aqui, saiba que esse alguém lhe fará muito mal. Todo mundo aqui é do mal, decore isso. Por isso, você deve fazer o que?'' Questiona ele para mim, como se fosse meu mestre.

''Atacar, não conversar, e sair correndo para te chamar, pois só no senhor posso confiar.'' Respondo a frase, que tanto ele repetia para mim.

''Boa menina. Agora só tem que melhorar na luta, e não demonstrar fraqueza, mesmo que esteja com dor...''

"Você precisa se concentrar." Fala Luca bravo, por eu ter levado mais um soco (por descuido) na nossa aula de defesa pessoal, por eu estar presa nas minhas lembranças de adolescente com meu avô, mas logo afasto tais lembranças, e foco no presente.

"Eu estou concentrada. Mas acredite, isso é difícil." Resmungo me levantando do chão, e ficando em posição de defesa.

"Se você não tiver mais entusiasmo, continuará sendo difícil. Vamos lá Lena, foco. E não baixa a guarda." E nisso Luca, vem para cima de mim, com inúmeros golpes, tento focar e me defender, e avisto uma chance para atacar, mas ele se joga ao chão antes e se rende.

"Quem não está focada agora?" Pergunto em tom de deboche a ele, o qual responde, de forma rápida, puxando minhas pernas, e me imobilizando no chão.

"Nunca abaixe a guarda, e nem conte vitória sem ter finalizado. Seu inimigo irá te subestimar por ser mulher, então jamais baixe a guarda, e nunca hesite, finalize seu ataque sempre. Entendidos?" Pergunta ele seriamente, com seu corpo ainda mobilizando o meu.

"Sim, senhor. Agora se puder me soltar, estou literalmente comendo terra aqui." Falo rindo, e ele logo se levanta me estendendo a mão.

"Foi um bom treino hoje em Murray. Vejo que sabe muito coisa, só precisa praticar mais. Amanhã mesmo horário, iremos praticar tiro." Fala Luca, enquanto caminhamos em direção ao refeitório. Nossos treinos começaram hoje, logo pela manhã, e já está na hora do almoço. Foi um bom treino.

"Está bem, não sei como farei para enxergar direito o alvo  quando o inverno realmente chegar, mas vamos lá."

"Esse frio parece que será rigoroso mesmo, pior que do ano passado. Mas você é uma nativa, aqui é seu território, então se você terá dificuldades para enxergar, o inimigo terá o dobro." Comenta Luca, enquanto chegamos ao refeitório, e percebemos movimentações estranhas dos soldados.

"E por acaso esse inimigo já chegou?" Pergunto a ele desconfiada, e vejo que Luca fica surpreso com minha pergunta.

"E que inimigo? Não sei de nada Lena." Tenta desconversar ele, mas eu insisto.

"Não sou idiota Luca. Do nada iniciamos treinos de luta e armas, no mesmo momento em que essa base está uma bagunça, soldados para todos os lados como se estivessem indo para algum lugar...meu pai estranho, Harry meio reservado perante a assuntos de guerra. É claro que algo está acontecendo, e eu quero saber."

"Sim, algo está acontecendo. Mas não cabe a mim te dizer. Sou seu amigo, mas também sou subordinado a forças maiores aqui, e não é minha função te dar informações de guerra." Responde Luca um pouco impaciente, e eu logo entendo que não devo insistir, ao menos não para ele.

"Desculpe, não irei perguntar mais. Vamos almoçar?" Pergunto, já que estamos parados a uns bons minutos na porta do refeitório, e ainda não adentramos.

"Vamos." E assim, ficamos juntos almoçando, e conversando em alemão, já que segundo ele, eu estou perita no idioma.

Logo, nossa conversa é interrompida por um soldado que chega correndo e sussurra algo no ouvido de Luca, e entrega a ele algumas cartas. Assim, Luca me encara meio desconfiado, e logo se levanta, separando algumas dessas cartas.

"Elena, preciso de um favor. Preciso que você  traduza esse conteúdo para mim. E por favor, não pergunte o porquê, mas não comente com ninguém o conteúdo que encontrará, é confidencial." Fala ele meio apressado, e me entrega as cartas.

Eu apenas faço uma maneio com a cabeça concordando, e encaro ele saindo correndo do refeitório, indo em direção ao escritório de Mark.

Algo está acontecendo...

Passo o resto da tarde, traduzindo textos e mais textos em alemão, em meu dormitório, e percebo que até agora não há nada de muito confidencial, parece-me apenas um desabafo de algum tenente para sua amada, o descontentamento dele com um tal de comandante  Rundstedt, por conta de seus projetos de guerra, são evidentes, mas ele não cita quais projetos são esses. Em uma tentativa falha, de distrair minha mente, já que estou cansada de tanta leitura. Tento não pensar no que está acontecendo, mas é impossível, sinto que algo grande está por vir, e que todos estão se preparando, inclusive eu, mesmo que de forma indireta.

Ontem, me perguntei se tem a ver com o comportamento estranho de Harry, e já imagino que sim...no entanto, ele não parece nem um pouco à vontade para se abrir, e por hora está tudo bem. Ainda mais depois da noite linda que tivemos, não quero estragar esse clima nosso, com conversas que ele com certeza irá fugir.

Ontem...só de lembrar, meus pelos chegam a arrepiar. Nunca tive mãe, avó, ou amiga que pudessem me orientar em relação aos termos sexuais. Se não fosse meus livros eróticos de época, eu seria uma leiga total perante ao assunto.

Minhas experiências eram limitadas, muito limitadas. Por mais, que eu já havia tocado meu corpo anteriormente, tido um toque além do que a sociedade julgaria decente de Harry, naquele hotel minúsculo de Vilnius, eu sabia que havia mais, minha imaginação fértil somado aos desejos carnais, e minha base de literatura feminina, diziam isso. E teve muito mais, e fora melhor do que os livros descreviam.

Harry fora muito cuidadoso, o jeito que ele me olhava ontem, parecia que meu corpo entraria em chamas. Nunca tinha me sentido tão desejada, quanto ontem. No entanto, diferente dos meus livros de romance, em que sempre tem uma mocinha virgem e um ex libertino apaixonado, não trocamos juras de amor (e dou graças a Deus), estavámos muito envolvidos pelo corpo um do outro, e o que aconteceu ontem fora um desejo incontrolável, acompanhado de respeito.

Para não dizer que não acorreu um momento ternura como nos livros, Harry até tentou ser romântico quando disse, com seu majestoso amigo, já dentro de mim: "Se tiver doendo muito, e só pedir que eu paro." Mas ficou extremamente feliz, quando eu disse não.

Só não aceitei tal proposta, pois apesar da dor que sentia, o desejo estava presente também. Então pedi para que ele continuasse, e como resposta, ele me deu um sorriso cafajeste, e entrou ainda mais dentro de mim.

Minha primeira vez não foi romantizada como eu achei que seria, mas isso não quer dizer que não foi perfeita. E pela teoria do Harry, se deixou marcas no corpo, é por que a transa foi boa, e olhando para o meu corpo agora, eu diria que minha primeira vez, foi perfeita.

Estou tão envolvida abrindo alguns botões da minha camisa, para ver melhor, e tocar com as mãos, os lugares que Harry ontem beijou e mordeu com os lábios, que quase não escuto as batidas na porta. E me apresso para ir abri-la.

"Que demora. O que estava fazendo? Estou já faz uns minutos batendo aqui." Fala Harry assim que eu abro a porta, e ele entra no quarto.

"Oi para você também, estava distraída traduzindo esses manuscritos em alemão."  Falo timidamente apontando para a mesa.

"Nem me fale em alemão hoje, só de ouvir algo relacionado a eles, me dá uma raiva." Fala Harry um pouco nervoso. O que só confirma minha suspeita sobre o que está acontecendo... A Alemanha deve estar querendo nos atacar.

"Mas não vim aqui para isso. Primeiramente, vem aqui." E logo ele se levanta, e puxa meu corpo junto ao dele, me dando um beijo.

́ ́Queria ter esperado você acordar antes de ter saído, mas seu pai está me prendendo.'' Murmura ele contrariado.

''Tudo bem, você está aqui agora.''  Falo sorrindo para ele, dando um beijo no seu queixo, e ele não considera minhas palavras.

''Queria ter feito um café da manhã para você, mas como não deu tempo, irei te levar para jantar." Fala ele, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

''Impressão minha, ou você está tentando me mimar?'' Pergunto a ele com um sorriso bobo na cara.

''E o que há de errado, de eu tentar mimar minha namorada?'' Devolve ele a pergunta, com um sorriso lindo no rosto.

''Não estava reclamando...aonde iremos soldado?''

"Pensei em algo muito chique, mas considerando que seu pai nos colocou no meio do nada, em que só há neve ao redor, infelizmente teremos que jantar no meu quarto." Diz Harry, menos entusiasmado do que quando chegou aqui.

"Por mim está ótimo, será o melhor encontro de todos." Falo dando um beijinho na bochecha dele.

"Por hora sim. Mas assim que essa guerra terminar, levarei você a um encontro de verdade, com direito a flores, restaurante de qualidade e música boa." Fala ele um pouco hesitante. Percebo que Harry sempre quis me levar a esses lugares que ele parece gostar tanto, mas entendo nossas limitações, e talvez por eu nunca ter tido acesso a essas regalias humanas, não sei o que estou perdendo, logo não sinto falta, diferente de Harry.

"Harry, só o fato de passar meu tempo com você já está bom, e nosso primeiro encontro será de verdade sim, mais importante que flores, restaurante e música, é a nossa companhia. E eu irei até colocar uma roupa mais apresentável hoje, então pode chamar nosso encontro de verdadeiro sim." Digo a ele da forma mais sincera possível, o qual parece se convencer, tendo em vista o sorriso angelical com o qual ele me encara.

"Por favor, me diz que usará aquela roupa apresentável, que a Lauretta te deu." Comenta ele, com uma de suas mãos descendo para minha bunda.

"Seu safado...nunca irei usar aqueles pedaços de pano." Respondo sem graça, já ficando vermelha, só de me imaginar com aquelas peças.

"Nunca é muito tempo meu amor." Comenta ele, enquanto me dá um beijo na minha testa.

''Acho que dá tempo de eu tirar uma soneca aqui, nem que seja por dez minutos, antes de voltar para o centro de treinamento.'' Murmura ele, enquanto tira suas botas e casaco, para se deitar na cama. Percebo que ele está bem cansado, não só fisicamente, mas também o psicológico.

''Vocês estão treinando muito, dá para perceber a movimentação dos soldados...a ausência de Mark, a exaustão de Luca...''Tento ir pelas dobras, para saber o que de fato está acontecendo, sem perguntar diretamente.

́ ́Bem vinda ao exército Murray.'' Responde ele, já com os olhos fechados.

''Harry, o que está acontecendo? Antes de você me dizer 'nada', saiba que eu sei sim que algo está ocorrendo, e já imagino que tenha a ver com uma possível invasão nazista. Não preciso de detalhes...mas não gosto de ser poupada de nada, quero a verdade, você sabe o quanto eu odeio mentiras.'' Vejo que assim que eu começo, Harry me encara um pouco surpreso, e noto que ele fica um pouco apreensivo.

''Lena, é um tema meio complexo. Mas tendo em vista, que o principal você já sabe, não irei mentir. É isso mesmo, Hitler provavelmente irá nos atacar, as fronteiras já estão a maioria cercadas, líderes mundiais dos aliados já entraram em contato com Stálin, alertando e oferecendo apoio, mas parece que o líder comunista não está se importando muito. Estamos desestabilizados, essa é verdade. Grupos de resistência como o nosso, já levantaram a bandeira branca da nossa causa, tendo em vista o perigo maior, mas até agora Stálin não deu ordem para nenhum pelotão atacar, ou ficar nas fronteiras. ́ ́

''Meu Deus...Mas sem o apoio de Stálin, seremos dizimados.''

''Na verdade, eu não entendi muito bem, mas não é isso. A questão é que Stálin possui muitos inimigos, e está cedendo 'perdão' a esses ex combatentes, para treinar o exército. Acontece que a guerra já está bem na nossa frente, não estamos muitos esperançosos.'' Desabafa ele, meio cansado e perdido nas próprias falas.

''Meu pai recebeu esse maldito perdão de Stálin?''

''Sim, ele e mais os antigos da resistência, estamos em bandeira branca no momento. Mas já te afirmo, Mark está bem contrariado. ́ ́

́ ́Imagino, meu pai já havia me dito, que lutou lado a lado com Stálin, durante a revolução de 1917, no entanto, foi contra o golpe de Stálin após a morte de Lenin, e com isso foi mandado para um campo de aprisionamento, onde foi separado da minha mãe.'' Só de lembrar isso me dá nojo, agora imagina meu pai, ter que receber ordens diretas de quem tanto lhe fez mal.

''Pelo visto não foi só ele, os mais antigos aqui também. Foi difícil para que Mark os convencesse a lutar com o exército vermelho, mas seria burrice nós querermos lutar sozinhos, não teríamos chances.''

''Agora tudo faz sentido, essas cartas que eu estou traduzindo, Luca me ensinando a lutar. Irei na linha de frente com vocês.'' Falo determinada, recebendo um olhar reprovador de Harrry, seguindo de uma risada gostosa.

''Meu amor, sei que você é valente, mas acho que você não ficará na linha de frente não.'' Fala ele, agora se levantando, para calçar suas botas.

''E posso saber o porquê? ́ ́

''Vejamos, geralmente na linha de frente, vão os soldados mais altos e fortes, para demonstrar força ao inimigo. E além do mais, você é filha do Mark, nem fodendo ele vai deixar você ir na linha de frente, ou em qualquer outra frente de combate. ́ ́

''E você? Estará lá?'' Pergunto cruzando os braços.

''Provavelmente, sou um dos mais altos do pelotão.''

''Bom para você.'' Falo revirando os olhos, e vejo que Harry está me encarando, antes de soltar uma risada alta.

''Não seja besta Elena, não é uma competição. ́ ́

''Até porque, se fosse, você estaria ganhando não é mesmo?'' Sei que estou sendo um pouco infantil, mas não gosto que o fato de eu ser mulher, me exclua do processo, sei que tenho mais capacidade que muitos soldados daqui.

́ ́Ganhando mais chances de morrer só se for. Mas não fique gastando pensamentos com isso, por agora, estamos recebendo ordens diretas de Moscou, e nenhuma é para ir para guerra.''

''Vou conversar com Mark agora mesmo, minhas habilidades em alemão devem ser úteis para alguma coisa, além de cartas de amor entre alemães.'' Comento frustrada, Mark irá achar algo de útil para mim.

''Bom, antes que ele me mate, já diga que você sabia de tudo, e que eu só confirmei. Não quero perder a língua.''

''Está bem, você está indo para lá agora?'' Questiono a ele, que já está novamente uniformizado.

''Sim...tenho aula de russo agora perto da sala dele.'' Fala ele, em tom de falsa animação.

́ ́Poderíamos falar só em russo o que acha? Assim você aprenderia mais rápido.́ ́ Ofereço a ele, o qual negou rapidamente.

''Não, pelo amor de Deus. Quando eu estiver com você, não quero pensar em nada disso, só quero ficar na minha bolha da fantasia em paz. Vamos?'' Diz ele, me oferecendo a mão para sairmos do cômodo. E indo cada um para seu caminho, quando chegamos na área de treinamento.

Chegando na sala de Mark, vejo que o mesmo está concentrado olhando para um mapa em sua mesa.

''Pai?'' Chamo sua atenção abrindo a porta, já que ele não ouviu minhas batidas, e nem sentiu minha presença quando adentrei na sala.

''Lena, entre. Está tudo bem?'' Pergunta ele preocupado enquanto guarda rapidamente o conteúdo de cima da mesa.

''Na verdade, não. Queria conversar com você inclusive, acho que temos um impasse.'' Falo calmamente, enquanto me sento a sua frente.

''Então prossiga, estou a ouvidos.''

''Por que não me falou sobre a invasão alemã?'' Vou direto ao ponto, e vejo que ele não fica nenhum pouco surpreso.

''E faria diferença se você soubesse? Você não irá lutar nessa guerra.'' Responde ele de forma arrogante.

''Bom, eu gostaria de saber que estamos sendo atacados, mesmo não ajudando na linha de frente de combate, às pessoas que eu mais amo no mundo estão. Não quero que você, e nem o Harry se machuquem.'' Falo com os olhos cheios de lágrimas, só de pensar na possibilidade de perder um deles.

''Minha filha, eu juro, você não perderá nenhum de nós, já te disse que nunca mais iremos nos separar.'' Responde Mark com olhos igualmente úmidos..

''Pai? Já que não irei participar ativamente nos combates, me deixe ajudar de outra forma. Odeio me sentir inútil, quando posso sim fazer algo.''

''Elena, eu não sei, é perigoso.'' Diz Mark com o semblante preocupado.

''Bom, pelo que eu entendi, já estamos em perigo. Na verdade, a Europa inteira está em perigo, então qual seria a diferença de ajudar ou não, sendo que de toda maneira estou em perigo.'' Argumento a favor dos fatos, e vejo que venci.

''Você é igualzinha a sua mãe.'' Comenta meu pai, com os olhos vidrados em mim.

''Então, tenho permissão para ajudar?'' Pergunto esperançosa a ele.

''Bom, irei pensar melhor sobre isso. Mas por hora, você pode trabalhar junto com Luca nas traduções de cartas e ligações clonadas dos germânicos. Ele irá te levar ao departamento de espionagem. ́ ́

''Ótimo, não irei decepcionar a equipe.'' Falo confiante, recebendo um sorriso de Mark, o qual se levanta e estende uma das mãos para mim.

''Tenho certeza que não minha filha, mas lembre-se, a guerra é uma vadia, mas seja bem vinda a ela.''

Olá, espero que gostem, e até a próxima.

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