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O avanço do inimigo




''Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.'' -Tolstói

TERRITÓRIO DA UNIÃO SOVÉTICA, PRÓXIMO A POLÔNIA NAZISTA-15 DE FEVEREIRO DE 1940

ELENA

Faltava menos de trinta minutos para o ponteiro do relógio dar duas horas da manhã. Eu estava inquieta, uma intuição ruim me acompanhava, algo estava errado, eu sentia. Então respiro profundamente e tento atrair pensamentos positivos, pois nada pode dar errado, seria nosso fim.

''Também não conseguiu descansar muito?'' Pergunta Harry com uma voz de sono ao meu lado na cama, me livrando dos meus pensamentos negativos.

''Mais ou menos, não estou acordada a muito tempo. E você?'' Pergunto girando meu corpo, para ficar frente a ele. E o mesmo, apoia sua cabeça com um dos seus braços, enquanto o outro faz carinho no meu rosto.

''Estou acordado faz umas horas já. É tão bizarro pensar que estamos em meio de uma guerra, sei lá, estamos lutando com pessoas que nunca nem vimos por conta de uns filhos da puta. A verdade é que eu estou com raiva, essa guerra não faz sentido.'' Diz ele revoltado.

''Nenhuma guerra faz sentido, todas deixam suas cicatrizes. Mas pelo o que eu sei, essa guerra que estamos vivendo, vai muito além de pegar em armas. É assustador ver pessoas morrerem por uma ideologia, ainda mais por uma ideologia de merda.''  Comento em tom de indignação assim como ele.

''Assim que encontrarmos meu pelotão ensinarei você a atirar, vai ser necessário matar alguns nazistas no caminho Murray.'' Diz ele em tom brincalhão.

''Sei que vai parecer idiota minha pergunta. Mas você já matou algum?'' Pergunto um pouco apreensiva. Harry demora um pouco para responder, mas por fim, com os olhos distante dos meus, responde:

''Já. Mas confesso que a sensação de prazer não veio como eu pensava. Talvez eu não seja um bom soldado.'' Fala ele franzindo a testa.

''Ou você é uma boa pessoa. Mas vamos mudar de assunto, essa guerra não trouxe nada de bom até agora.'' Falo me aproximando mais dele.

''Tem certeza? A minha vinda não foi algo bom?'' Diz ele beijando meu rosto repedidas vezes, causando cocegas em mim por conta de sua barba que está crescendo. Não irei confessar a ele, mas a chegada dele, foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, mas por hora, ele não precisa saber disso.

''Tenho que pensar mais sobre isso soldado, não tenho uma opinião formada sobre você ainda.'' Respondo brincando, e ele me encara com um olhar indignado.

''Muito bom saber disso gatinha selvagem, mas eu faço você mudar de ideia agora mesmo.'' Diz ele em um tom convencido, enquanto puxa meu corpo contra o seu e me beija com vontade.

Ficamos namorando por mais um tempo, e droga, eu poderia ficar para sempre aqui com ele, mas nossa realidade está nos chamando de volta.

O nosso plano de fuga era sólido, não podia haver erros, pois nossas vidas estavam em jogo. De um lado tínhamos a Alemanha nazista, e do outro, soviéticos, que não ficariam felizes em nos ver fugindo. A Polônia no momento, era o último lugar do mundo que conhecia o significado de segurança, e por ironia do destino, estávamos indo para lá.

Assim que o ponteiro do relógio do motel meio assustador que ficamos, marcou duas horas da manhã, partimos em direção a fronteira. Harry achou melhor levarmos apenas uma mochila, então passei alguns dos meus pertences para a dele, deixando com o coração partido algumas das vestimentas da minha mãe. Mas quanto menos coisas levarmos, melhor.

Após sairmos da cidade, o som do nevoeiro era o único presente, o que tornava a paisagem um pouco mais assustadora. Passado horas de caminhada, estava prestes a amanhecer, e já estávamos perto da Polônia ocidental. O clima era outro, apesar de só avistarmos o branco da neve pela floresta, uma energia negativa estava no ar, aquela sensação ruim que eu estava sentindo, fora simplesmente ampliada.

''Harry, espere.'' Falo, segurando sua mão para que o mesmo me olhe.

''O que foi?'' Pergunta ele preocupado, com olhos focados em mim.

''Estou com uma sensação ruim. -olho em volta, e depois volto meu olhar para ele, e digo praticamente sussurrando,- acho que estamos sendo seguidos.'' Ele para por um minuto, e observa a região também, e diz:

''Você por acaso viu alguma coisa, ou ouviu?'' Sussurrou ele de volta.

''Não, mas não sei, essa sensação não passa.'' Confesso a ele, com o olhar um pouco acuado.

''Deve ser coisa da sua cabeça. Vamos, mais um pouco de caminhada chegaremos ao nosso destino, e estaremos seguros com o meu pelotão.'' Diz ele segurando minha mão com a sua, e continuamos o nosso caminho, o qual era cheio de inclinações, deixando nossos passos mais lentos que o normal.

A angústia de estar sendo seguida ainda me assombra, mas por hora tento ignorar, e foco no caminho de neve. Mas então Harry para de andar bruscamente, fazendo com que meu corpo se choque com o dele. Ele arremessa sua mochila, que tinha meus pertences também, para uma colina a nossa direita. Não entendo tal ação, mas quando estou prestes a perguntar, ele me encara e pede silêncio com a mão. As mãos dele me abraçam por trás, deixando ele como um escudo humano para mim, e andamos mais um pouco para trás, pelo caminho que viemos.

Minha visão por conta de seu corpo frente ao meu, me impede de ver o que está acontecendo, e o porquê de termos parado, mas ao inclinar meu pescoço para o lado, consigo ver perfeitamente o problema. Reconhecia os uniformes, e também sabia o que isso significava. Estávamos diante de uma tropa de russos. Eles ainda pareciam distantes, então continuamos andando de maneira discreta, para não sermos pegos. No entanto, uma voz atrás de mim, nos surpreende. E vejo que estamos cercados por um outro pelotão russo, e não há escapatória.

''Para onde o casal pensa que estão indo?'' Diz um dos homens, que julgo ser de alguma patente alta do pelotão, por conta das medalhas penduradas no uniforme.

Nesse momento sinto meu coração parar, aperto forte a mão de Harry, que está com o olhar igualmente assustado. Tento pensar rápido no que fazer, talvez passar por tolos nos livre dessa, já que tentar lutar seria inútil.

''Estávamos a procura de lenha senhor, e acabamos nos perdendo.'' Tento mentir de maneira rápida e natural, para ver se conseguimos sair dessa emboscada.

''A senhorita deveria saber que essa região é uma área perigosa.'' Diz o homem se aproximando.

''Na verdade, não sabia, sinto muito. Mas já estamos de saída, o frio parece estar piorando.'' Tento puxar Harry para o caminho contrário e fugirmos, mas somos interrompidos novamente.

''Nem mais um passo, ou eu mando atirar. -instantaneamente paro e levanto as mãos para cima, olho para Harry, e ele entende e faz o mesmo.- Revistem eles.'' Diz o homem para dois soldados.

Harry pensa por um minuto em reagir, mas seria burrice. Então olho para ele e faço um sinal negativo com a cabeça. Estamos em minoria, não seria uma briga justa. O soldado que me revista, acha apenas meus documentos no bolso do meu casaco como relevante e apresenta ao seu comandante. Já o soldado que revista Harry, assim que nota sua identificação presa no seu pescoço, grita para seu comandante. ''Soldado Britânico senhor.'' E prende Harry.

''Elena Murray Randall, curioso, conheço um certo inglês Randall. E ele está a sua procura.'' Diz ele me avaliando. Sinto um calafrio quando ele afasta o cabelo do meu rosto e me pergunta:

''E então senhorita, vamos voltar do jeito fácil, ou do jeito difícil?'' E o encaro sem entender.

''Não entendo, não estou fazendo nada de errado, para onde o senhor quer me levar? Sou uma cidadã russa, não pode me prender.'' Praticamente grito, roubando a atenção de Harry para mim, que no momento está com um olhar assassino.

''Tenho ordens para levar você e seu amigo de volta para casa, parece que seu avô não ficou contente com sua partida. Você causou prejuízos a ele senhorita. Tem muita gente a procura de vocês a mando de Jhon.'' Diz o homem com um cinismo que está me dando nojo. Desde quando meu avô tem contato com soldados russos? Afinal, quem é meu avô?

Olho em volta e conto sete soldados no total, tento elaborar algum plano mas nada vem em mente.

''Prejuízos? Quais? E da onde o senhor conhece meu avô?'' Tento enrolar. Harry nesse momento está com os braços amarrados, mas vejo que ele também está tentando armar um plano de fuga.

''Não é vantajoso arrumar um casamento, e a noiva não estar presente. Isso pega mal na sociedade. E não é da sua conta da onde eu conheço seu avô, mas te digo que ele é um homem muito fluente no nosso país. Agora chega de conversa e vamos, tenho ordens de levar os dois intactos de volta.'' Diz ele passando os dedos pela minha bochecha.

E então aí está minha chance. Chuto forte com a ponta da minha bota, as partes íntimas do homem que está próximo a mim, fazendo com que ele caía no chão. Rapidamente pego sua arma, e aponto na direção de sua cabeça. Harry aproveita o momento de distração, e bate sua cabeça com a do soldado que estava o vigiando, e se solta.

No entanto, os outros soldados apontam suas armas na minha direção e da dele. Harry desarmado apenas levanta suas mãos em rendição, e eu com a arma apontada para o comandante deles, falo:

''Abaixem as armas, ou eu atiro nele.'' Ninguém se move. Puta merda, não sei o que fazer, não tem como sairmos disso, se eu atirar no comandante, os outros soldados nos levam para o vovô, e se eu não atirar, também somos levados de volta, a verdade é que não temos escapatória.

''Calma senhorita Randall, vamos conversar.''  O capitão do pelotão diz me olhando. Talvez então ainda haja salvação.

''Não quero conversar, mande seus homens abaixarem as armas agora.'' Grito para ele.

''Minha morte seria irrelevante para cumprir a ordem do senhor Jhon, eles não irão abaixar as armas.'' Diz ele seriamente. Quero entender o porquê de meu avô ter tanto poder, ele não é um fugitivo? Mas deixo para pensar nisso depois.

''Vamos negociar então, sua vida pela a dele.'' Dirijo meu olhar para Harry, que por não compreender o idioma, apenas me encara aflito.

''Como assim?'' Questiona o comandante russo, que agora não aparenta ser tão tenebroso.

''Sua morte então não seria irrelevante assim. Deixe ele ir, e então eu voltarei com vocês. Ele não é importante para meu avô, é apenas meu amante, estávamos fugindo por conta do meu casamento forçado, levar ele não é necessário. Ou você prefere morrer para que meu avô tenha o prazer de dar uns socos no meu namorado por ciúmes besta de sua neta?.'' Minto com o coração a mil, provavelmente meu avô não falaria das suas pendências na Inglaterra com qualquer um, ainda mais para soldados. Então tento a sorte blefando, talvez Harry ainda consiga escapar.

''Bom argumento.'' O comandante me encara por alguns segundos e diz para seus homens abaixarem as armas, e faz um sinal positivo com a cabeça, concordando com meus termos. Já eu continuo com a minha arma apontada em sua direção, e olho para Harry, que está me olhando confuso.

''Harry, querido, corra, você precisa ir agora. Esses homens estão aqui a mando do meu avô.'' Digo a Harry com os olhos cheio de lágrimas.

''Não, e você? Não estou entendendo Lena.'' Diz ele igualmente nervoso.

''Também não entendo, mas você tem que ir logo. Eu terei que voltar com eles, é nossa única chance, por favor, vá Harry.''  As lágrimas dos meus olhos escorrem com força agora.

''Não irei sem você Elena, e isso não está em discussão.'' Fala Harry com certo desespero.

''Se você não for, vai ser levado junto, e meu avô irá te matar. Já eu não, só irei viver uma vida que não escolhi, uma vida infeliz, mas não serei morta. Vá agora Harry, você precisa se salvar.'' Grito para ele. O mesmo com lágrimas no olhar, me encara por mais alguns segundos, e então se prepara para partir, mas antes fala:

''Espere por mim meu amor, eu vou voltar para te buscar. E isso é uma promessa Murray.'' E então saí correndo pelo caminho.

Meu choro agora saí alto, com direito a soluços. Assim que vejo Harry adentrar por meios das árvores, e perder ele de vista, jogo a arma no chão, e me permito sentir a dor da perda.

''Temos que ir andando Elena.'' Diz o comandante com a voz mais suave. Decido em não lutar mais, nem discutir com ele. Afinal ele manteve sua palavra, nenhum de seus homens foram atrás de Harry, e além disso, ele não tem culpa, é apenas um peão nas mãos do verdadeiro culpado, meu avô.

O caminho de volta parece ainda mais demorado, estamos longe de Vilnius ainda, mas não consigo sentir nada, nem o frio consegue me abalar no momento. O capitão decide por uma pausa, parece que estão todos exaustos, então formamos um acampamento.

Me encolho em um canto, próximo da fogueira, e tento pensar no que aconteceu. Quem é meu avô afinal? Convivi 23 anos com ele, e não tenho ideia de quem ele seja. No entanto, já compreendi que ele não é alguém do bem.

O pensamento de voltar para aquela casa me apavora. Depois de dois de liberdade com Harry, sinto que não posso mais viver lá. Esses míseros  dois dias apenas, foram os melhores da minha vida.

O que me consola é que Harry está a salvo, provavelmente já deve estar com a sua equipe. Fico pensando no que ele disse antes de partir, que iria me buscar, mas acho pouco provável. Ele partirá para guerra agora, e além disso até prefiro não arriscar, meu avô não perderia outra chance de se vingar.

''Você aceita um pouco de sopa senhorita Elena?'' Pergunta um dos soldados com um sorriso simpático, me tirando dos meus pensamentos.

''Não, estou sem fome, mas obrigada.''

''Sinto muito pelo seu namorado. Mas acho que não será o fim, ele virá te buscar.'' Diz o soldado se sentando ao meu lado.

''Como você...'' E antes que eu possa completar meu questionamento, o rapaz se adianta:

''Sou fluente em inglês, francês, e alemão. Estava aprendendo um pouco de italiano, mas larguei mão por enquanto.''

''Uau, você deve ser usado como ponte muitas vezes por conta disso não é mesmo?'' Pergunto curiosa, e ele da de ombros, dizendo que somente as vezes.

''Para quando estava marcado seu casamento?'' Pergunta ele mudando de assunto.

''Não faço ideia, quando recebi a notícia de que talvez eu teria um marido, não pensei duas vezes antes de fugir.'' Respondo por fim, o que não é uma mentira completa.

''Mas fique calma, você ainda vai ficar com seu inglês. Do jeito que ele te olhou, deu para ver que o cara está apaixonado, não vai deixar você se casar com outro.'' Diz o soldado com um sorriso gentil no rosto.

''Obrigada.'' Digo, e acabo sorrindo também.

''Você ainda não me disse seu nome soldado poliglota.'' Pergunto a ele.

''Aqui na base me chamam de Molotov, ou 05, mas você pode me chamar de Luca.''

''Prazer Luca, e você pode me chamar de Lena.''

''Certo, Lena. Agora que já nos entendemos, e vimos que não somos inimigos, vou te dar um conselho, coma essa sopa, talvez vá demorar para você ter uma outra refeição com qualidade. -diz ele um pouco receoso- Partiremos em menos de duas horas, iremos pegar um carro ao chegarmos em Vilnius, ou seja, não teremos mais paradas, e nem comida, então coma bastante.'' Pede ele de um modo exagerado, que chega até ser engraçado. Na casa de vovó sempre tem comida, mas não irei contrariar ele, então apenas aceito a sopa.

''Sim senhor 05'' Respondo brincalhona, recebendo uma revirada de olhos dele.

Após terminar de comer minha sopa, fico conversando por mais um tempo com o Luca, descubro que ele tem 36 anos, e não sabe muito bem o porquê de ter entrado no exército, ainda mais com uma guerra iminente se aproximando da Rússia. Ele tem um senso de humor ótimo, mas mesmo assim não consegue me distrair da angústia que estou sentindo ao encontrar meu avô.

Chegamos em Vilnius já era de tardezinha, e dividiu-se o pelotão. No carro que estava a nossa espera, foram apenas Luca, o capitão Serguei, o qual não parecia ser tão ruim como pensava, e mais dois soldados que não tive nenhum contato.

Sabia bem o que me esperava, só não sabia se eu iria agir como uma boa marionete do meu avô como sempre fui, que sempre abaixou a cabeça para ele, ou se iria soltar toda minha fúria perante a ele. Noto que o caminho para casa está diferente, já era para termos chegado, ainda mais que estamos de carro. Certeza que o motorista errou o caminho.

''Luca, -Chamo baixinho o soldado que está ao meu lado- acho que ele errou o caminho, minha casa fica atrás daquela montanha, e já passamos por ela.''

''Acho que não estamos indo para a sua casa senhorita Elena.'' Responde ele de um modo automático, percebo que já está de volta para o seu papel de soldado obediente. Então evito fazer mais perguntas.

Mais um tempo na estrada, sinto o carro parando, e um soldado do lado de fora se aproximando e verificando com o motorista sua permissão de entrada. Está tudo muito estranho, tento olhar mais uma vez para Luca, mas ele está com olhos focados no caminho a sua frente. O carro da partida, e estaciona em frente a uma casa de madeira. Não imagino de quem seja, mas deve ser de alguém importante, tendo em vista a quantidade de soldados espalhados ao redor da casa.

O capitão Serguei é o primeiro a sair do carro, seguido rapidamente por todos, eu por instinto me preparo para sair, mas então discretamente Luca segura meu braço, chamando minha atenção para ele, o qual faz um gesto negativo com a cabeça, o qual eu logo entendo e permaneço sozinha no carro. Não sei onde estou, nem quem são esses soldados, mas imagino que meu avô esteja envolvido.

Passaram-se alguns minutos, e noto que todos soldados que estavam no carro adentraram na casa, deixando-me aqui fora com alguns homens, que mais parecem robôs de uniformes. E então escuto um disparo, seguido de mais uma sequência de tiros. Por susto acabo dando um grito, sinto meu coração mais um vez no dia, dar uma falhada. O que está acontecendo?

E então um soldado com uma cara nem um pouco amigável sai de dentro da casa, abre a porta do carro que estou bruscamente e me puxa para fora, me empurrando em direção a porta. Nesse momento não tenho dúvidas, eu serei a próxima a morrer. Pânico toma conta de mim, tento forçar meu corpo para fuga, mas o soldado que está me levando obviamente é mais forte.

Mas assim que adentro na casa, o sentimento de pânico é logo substituído pelo o de tristeza e decepção. Tristeza em ver o comandante Sarguei jogado ao chão, no centro sala, em volta do seu próprio sangue. E decepção em ver meu avô, com a espingarda ainda apontada para o homem já morto.

Tenho um vasto conhecimento de palavras por conta de tanta leitura do decorrer da minha vida, mas nenhuma delas conseguem expressar o que estou sentido agora. Nojo, seria um simples eufemismo.

''Olá minha neta, quanto tempo não é mesmo?'' Diz meu avô com um sorrisinho no rosto, enquanto abaixa sua arma, e se aproxima de mim, que por instinto dou dois passos para trás.

''Não tenha medo de mim, sou seu avô. E não faço mal a aqueles que são meus aliados.'' Diz a segunda frase carregado de ironia.

Continuo com o olhar assustado, e tento dar mais passos para trás, mas chego no limite da parede, não há para onde correr.

''Confesso que estou um pouco admirado, surpreso não, mas admirado!'' Não vai me perguntar o porquê minha querida Elena?'' Diz Jhon sentando-se em uma das cadeiras presentes da sala, com olhos raivosos direcionados a mim.

''Por quê?'' Pergunto com a voz trêmula.

''Bom, estou admirado por você ter conseguido contato com o meu prisioneiro, sem o meu conhecimento e nem o de sua avó, confesso que não esperava. Também estou admirado, por você convencer esse patife do Serguei que o inglês não era relevante para mim. Quem diria, a doce Lena, conseguiu enganar um soldado de elite.'' Diz vovô, em um tom coberto de deboche.

Meu Deus, por favor, não, que ele não tenha matado Serguei por conta disso. Sinto que minhas lágrimas que já tinham diminuído voltam com força, o sentimento de culpa, me acompanha no momento, e acho que para o resto da vida. Não tinha como eu prever isso.

Jhon ignorando meu choro, pergunta em um tom mais autoritário:

''Mas sabe com o que eu não fico surpreso Elena?'' Diz ele se levantando, e vindo em minha direção. Eu apenas me encolho mais na parede da sala, e faço um sinal negativo com a cabeça, e então ele prossegue:

''Não fico nem um pouco surpreso de você ter aberto as pernas na primeira oportunidade que teve para aquele patife de sangue Mackenzie. Eu deveria saber, você é igualzinha a sua mãe, não perderia a oportunidade de fugir com um sujeitinho proletário, sua mãe era uma vadia, e vejo que você está se tornando igual a ela.'' Diz ele bem próximo a mim, com um olhar de superioridade.

E então minhas lágrimas param, a dor é rapidamente substituída pela raiva. Olho firme para ele e grito na sua cara:

''Você cala a sua boca, seu velho nojento. Você não irá falar assim dos meus pais mortos na minha frente.'' E então sinto a palma de sua mão arder no meu rosto. E antes que eu possa raciocinar no que fazer, o impulso de cuspir na cara de meu avô é mais rápido.

Assim que eu faço isso, sinto que finalmente despertei a fúria de meu avô. O mesmo, com raiva, esfrega a mão na sua cara, se limpando, e se dirige aos soldados, sem ao menos olhar para eles.

''Levem-na. AGORA.''

Luca é o primeiro a se manifestar, seguindo de outro. Ambos me seguram e me levam em direção a porta. Noto que o frio fora da casa consegue ser menos tenebroso que a energia ruim lá dentro da casa. Estou tão cansada emocionalmente, que nem tenho forças para tentar me livrar dos soldados.

Vejo que seguimos um caminho para fora da casa, não sei o que é, a escuridão impede que eu tenha uma boa visão do lugar que estou adentrando. Mas vejo que é um local grande e cercado, parece uma fazenda, tem algumas divisões que parecem dormitórios, mas não sei se realmente é isso, na entrada do portão apenas vejo uma escrita velha de metal ''GULAG'', não faço ideia do que seja, mas não me parece boa coisa. E então escuto gritos vindos de uma dessas alas.

''Léon, vá verificar o que está acontecendo no departamento cinco. Eu levarei Elena, ao seu destino.'' Diz Luca para o outro soldado que estava nos acompanhando. O mesmo encara Luca por um tempo mas logo concorda com a cabeça, e se retira.

''Luca, que lugar é esse? Para onde você está me levando?'' Pergunto a ele assim que o outro soldado se afasta. Luca olha para os dois lados e diz para mim:

''Preste bem atenção Lena, temos pouco tempo. Aqui é como se fosse uma prisão, uma prisão de opositores ao governo, e você já deve ter percebido que seu avô faz parte dos que mandam. Mas saiba que eu vou ajudar você, não sou seu inimigo. Por hora peço para que não se meta em confusão, e tente obedecer os soldados. Em outra oportunidade irei explicar mais as coisas, mas por favor, fique calma, não deixarei que nada te aconteça. E não tente nada, sem antes falar comigo.'' Diz Luca, um pouco confiante de mais.

''Por que?'' Paro e pergunto a ele.

''O que?'' Responde ele com certa confusão no seu olhar.

''Por que está me ajudando? Viu de primeira mão o que aconteceu com Serguei, que indiretamente me ajudou. Quem é você afinal Luca?'' Pergunto em um tom mais investigativo. Sinto que Luca não é apenas um soldado russo, ele é muito inteligente para ser voluntário de um exército.

''Por enquanto eu só posso te dizer que tenho contas a acertar com um certo camarada bolchevique, e talvez te ajudando minha divida esteja paga, Murray. Não posso dizer mais que isso. '' Diz ele em um tom meio nostálgico e misterioso. E eu apenas concordo.

''Temos que ir agora, deixarei você com os prisioneiros mais tranquilos, a maioria aqui não são criminosos, ficara até assustada com a quantidade de professores que há no local. No entanto peço que fique atenta, ficar muito tempo nesse lugar, deixa qualquer um louco, mas vamos logo, antes que seu vô mande alguém atrás de mim.'' Diz ele me dando uma piscadinha com o olho, e em seguida incorporando novamente o soldado obediente.

Assim que adentro ao meu novo cárcere privado, na repartição que Luca me deixou, tem poucas pessoas. Avisto três homens e cinco mulheres, todos encolhidos e abraçados, imagino que para se protegerem do frio. Não possui camas no local, e nem banheiro, apenas cimento mal passado em determinados locais, tudo muito precário, assim como o telhado, que é mal feito, fazendo com que a neve entre aqui.

Me sento em um canto próximo ao encontro de duas paredes, e me permito respirar um pouco. Muita coisa ocorreu em apenas um dia. Entretanto, antes que eu possa digerir tudo que aconteceu, uma mulher que aparenta estar na faixa dos quarenta anos aproxima-se de mim. Noto que ela me encara por alguns segundos, e depois balança a cabeça negativamente como se estivesse lamentando, e então diz:

''Bem vinda ao inferno, filha.''

Oii, como vocês estão?

A história está entrando em uma nova fase, e já adianto: preparem esses corações. O próximo capítulo será narrado pelo Harry, e trará novas surpresas e personagens, além da visão dele dos fatos. E quem será esse camarada bolchevique camarada de Luca??

Enfim, cenas para os próximos capítulos. Por favor, comentem o que vocês estão achando, pois além de me incentivar a continuar escrevendo, me da um norte, se devo mudar ou não alguma coisa.

OBS: como se trata de uma fanfic histórica, apesar dos personagens serem fictícios, os acontecimentos históricos são reais, por exemplo, o campo de concentração que Elena está, realmente existiu. Infelizmente, esses campos fizeram parte de uma realidade que ocorreu em várias partes do mundo (inclusive no Brasil), e antes da segunda guerra mundial, quando ganharam conhecimento mais amplo, por conta da Alemanha nazista.

No caso da URSS, em que se passa a história, esses Campos de trabalho forçado, foram criados após a Revolução Comunista de 1917 para abrigar criminosos e "inimigos" do Estado. Gulag era uma sigla, em russo, para "Administração Central dos Campos", que se espalhavam por todo o país. Os maiores gulags ficavam em regiões geográficas quase inacessíveis e com condições climáticas extremas.

Bom é isso, qualquer dúvida é só chamar, estou sempre a disposição!

Até semana que vem, bjs.

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