Aquele com os revolucionários
RUSSIA 1940
- Elena Murray
Mais cruel que o inverno tenebroso do meu país, com certeza é a mente do nosso líder Stálin. Acredito que os princípios da Revolução iniciada em 1917 por nosso amado Lenin (que só conheci pelas escritas ) foram duramente esquecidos e seguidos de terror, uma nova fase se iniciava na União Soviética, levando nosso querido comandante do exército vermelho junto, e mais do que isso um amigo de minha família, Trotsky. Agora estamos no regime Stalinista, e em meio de uma outra guerra com os vizinhos europeus, a qual parece estar só começando.
Família Murray
Os pais de Elena, ou como a chamavam com carinho,Lena, conviveram pouco com a menina, pois tinham como prioridade à luta da revolução, almejavam um lugar melhor para a filha, e para isso seria necessário lutar.
O pai, era membro do conselho dos sovietes, além de trabalhar horas desgastantes na fábrica, tinha ideias brilhantes de melhores condições de vida aos trabalhadores, e participava da DUMA, criada em 1905 pelo Czar Nicolau II, era um fiel camarada do partido bolchevique.Já a mãe de Lena, uma mulher fora de seu tempo, feminista ainda antes da popularização do termo, era de origem inglesa, chegará ainda adolescente na Rússia, mas foi educada pelos pais ingleses e pelas escolas russas, uma mulher culta e critica, e apesar de pertencer a burguesia, compreendia com maestria que o regime absolutista na Rússia era retrógrado. Infelizmente, ambos morreram pela revolução, deixando para Lena uma pequena fortuna, uma fotografia e o bem mais importante para ela, uma carta de sua mãe, a qual fora escrita durante um mês após o seu nascimento, o ano da revolução. Lena era apenas um bebê quando seus pais partiram, e não sabe exatamente como eles morreram, mas seu avô Jhon diz que foi de maneira rápida, mas ela ainda tem suas dúvidas . A carta deixada por sua mãe só foi lida por ela quando completara 18 anos, mas é lida frequentemente pela menina desde então.
ELENA
Desde o início da guerra em 1939, as regras que antes já eram rígidas aqui em casa, foram ampliadas. Por estarmos isolados de certo modo, no começo não víamos o quanto destruidora a guerra estava sendo, mas quando fomos ao armazém mais próximo (150 milhas) o qual íamos uma vez ao mês para encher o estoque de comida, vimos por jornais e a baixa dos produtos no estabelecimento, o quanto a situação estava tensa. Consoante a isso, também avistamos um grupo de meninas, com aparências desgastadas, sendo expulsas do estabelecimento por pedirem comida. Assim despertando a minha curiosidade e da vovó Louisane. Eram no total 8 meninas órfãs , com faixa etária variando-se dos 5 até aos 16 anos. Desse modo, não tivemos como seguir a regra número 1, a qual dizia para não nos intrometermos nos problemas externos, para evitar atenções, já que éramos fugitivos.
Perante ao imprevisto, e contrariando o que o vovô dizia, eu e vovó agimos rápido, perguntando a mais velha do grupo, Mary, se elas eram irmãs, e a resposta foi um ''não'' o que motivou ainda mais levarmos todas para o nosso esconderijo ao norte. Três das meninas estavam fugindo da Lituânia, e cinco da Finlândia, pois com o tratado de não agressão entre a União Soviética e Alemanha, todas de certa forma acabaram perdendo os pais, e por ventura do destino se encontrando, e posteriormente nos achando nesse armazém humilde.
Após longas discussões com o vovô John, conseguimos estabelecer as meninas na casa, o que não fora difícil, afinal tinha muitos cômodos disponíveis. E com o passar dos dias, aproveitamos o abundante número de livros didáticos , e o conhecimento do vovô, decidimos educar as meninas, com aulas de matemática e russo ministradas pelo vovô, e de história e literatura por mim, que apesar de nunca ter me especializado em nada, tinha um vasto conhecimento pois, a única coisa que tive oportunidade de fazer na vida, para preencher meu vazio interno, era estudar.
Assim criamos um sistema eficiente, e confesso que com a chegada das meninas, meus dias ficaram menos entediantes, até porque antes disso, meu único convívio social era com meus avós.
Logo, com os meses passando, o inverno tenebroso chegou, juntamente com meu aniversário de 23 anos e um visitante inesperado. No dia 12 de janeiro , comemoro mais um ano de vida, e como um ritual desde os meus 18 anos, assim que acordo releio a carta de mamãe, a qual dizia...
"Elena, meu amor, não pense por um segundo que eu e seu pai não amamos você, nem que escolhemos a guerra ao invés de ficarmos juntos como uma família deveria ficar. Mas por justamente amarmos tanto você, que acreditamos que é nossa obrigação nos mobilizarmos para deixar um futuro melhor para ti. Estamos partindo, seu pai foi convocado para o exército vermelho pelo nosso camarada Trotsky, conhecemos ele a um bom tempo em uma reunião clandestina, e desde então trabalhamos juntos, ele é um homem genial, provavelmente futuro sucessor de Lenin, acredite minha filha, tempos melhores estão por vir na Rússia, e eu e seu pai, estamos fazendo parte da mudança. Não posso dar detalhes das nossas funções, pois caso essa carta chegue em mãos erradas estaríamos deixando você e seus avós em perigo. Mas de qualquer forma o objetivo desse bilhete não é esse, é dizer que Lena, não sabemos como será o processo revolucionário, é provável que será de extrema violência, mas é necessário. Por isso minha filha, não posso te manter perto de mim, jamais me perdoaria se algo lhe acontecesse, e você é tão pequenina, o bebê mais lindo de todos, e seu pai assim como eu, está de coração partido por te deixarmos, mas nos certificamos que você estará a salvo. Te deixamos com meus pais, ambos refugiados da Inglaterra por questões políticas, eles possuem uma casa ao norte da Rússia, em que o frio é extremo e não há civilização perto, assim nenhum exército achará vocês, acredite é melhor assim. Deixei com a sua avó livros e mapas, estude, provavelmente seu avô fara questão de te ensinar o russo e o inglês, e meu conselho para você querida, é que seja fluente em ambos. Não deixa de explorar o conhecimento do seu avô, ele é um teimoso mas é um homem culto, seja crítica, pergunte sempre, lembre-se que o aprendizado nunca acaba, tem sempre coisas novas e ele te guiara a nunca se calar perante ao que seu coração acha injusto, tenha coragem e viva, não tenha medo de arriscar, siga sempre a sua intuição. Não quero soar pessimista, mas a grandes chances de não nos vermos mais, por isso irei antecipar alguns assuntos com você. Ser uma mulher com opinião é algo ruim na nossa sociedade, na opinião de quem é burro, mas lembre-se sempre que a maioria é burra. Jamais namore um homem que não saiba admirar e respeitar você, não se prenda aos estereótipos da sociedade, eles estão paralisados na idade média ainda, se não quiser a religião dos seu avós, tudo bem, porque nem eu e seu pai acreditamos tanto em céu e inferno, mas não se prenda a isso, só seja feliz e justa. E meu amor, não fique apavorada na sua primeira noite de amor, saiba que é um processo natural e todos tem o seu tempo,(estou falando sobre isso, porque minha mãe jamais tocaria nesse assunto com você e alguém tem que te dizer que é normal o nervosismo) mas espero que seja com alguém que você ame e seja recíproco, mas se não tiver amor, que o respeito e confiança estejam presentes. Se não quiser se casar, não case, estou deixando bastante dinheiro para você não precisar depender de nenhum homem, use essa renda para quem sabe uma faculdade, nós mulheres estamos cada vez mais independes. Por fim, lembre-se que você foi e sempre será nosso maior amor, vamos tentar ao máximo deixar a Rússia em um lugar mais justo para você viver, mas casos falharmos, será sua vez de ser revolucionária, por isso se prepare, estude para saber falar, aprenda a lutar para caso não te derem ouvidos, assim você poderá forçá-los a escutar o que tem a dizer. Viva, lute e ame, meu eterno raio de sol...
Com amor, Geillis e Mark Murray, fevereiro de 1917''
Nunca me canso de ler e reler a carta da mamãe, meu coração se enche de esperança, mesmo não tendo os conhecido, meus pais são meus maiores exemplos, e espero um dia ser alguém tão valente como eles. Assim, após terminar meu ritual, vou para o café da manha, recebendo apenas um parabéns triste da vovó, porque o meu aniversário simboliza também a última vez que ela viu a minha mãe, então é compreensivo o fato dos meus avós ignorarem meu aniversário, o que para mim não faz diferença, afinal é só mais um dia normal.
No entanto, esse ano eu estava com uma sensação nova -apesar de eu ter feito até agora tudo igual aos outros anos- algo em mim, estava sentindo uma inquietação, até então nunca sentida. Assim ignoro tal sensação, e pego meu casaco mais grosso para buscar lenha, como a mais velha entre as meninas, foi determinado que essa sempre será minha função.
O lugar em que pego lenha, não é muito longe de casa, e também é isolado, mas todo o cuidado é pouco, pois ao me afastar do morro de neve que esconde minha casa, entro em uma floresta de transição entre a vegetação rasteira da Tundra e as coníferas do bioma Taiga, entrando no território de Vilnius, a cidade mais próxima de nós. E tal região, é um local em que muitas tropas do exército alemão passa, por estar perto do corredor polonês.
Após recolher o máximo de madeira que consigo e julgo ser o suficiente, preparo-me para voltar ao esconderijo. No entanto, um estrondo rouba minha atenção, despertando minha curiosidade, que no momento é maior que minha obediência perante as regras de John. Desse modo, seguindo minha intuição, adentro a floresta novamente, jogando as lenhas ao chão branco de neve, e correndo em direção ao barulho.
Vovô John
Quando eu e minha mulher fugimos da Inglaterra por questões políticas, nossos aliados nos mandaram para Rússia, pois seria impossível nossos perseguidores nos acharem com facilidade nesse imenso território. Aqui, criamos nossa menina Geillis com todo amparo educacional possível, tanto é que virou uma mulher extraordinária, mas teve seus ideais corrompidos quando conheceu Mark Murray, um proletário doutrinado pelos ideais utópicos de Marx. Eu como um parlamentar liberal, nunca me entendi com meu genro, assim perdendo minha filha para ele, e depois para a revolução.
Por isso eu e minha esposa Louisane, mesmo com uma elevada idade, fundamos nosso esconderijo ao norte da Rússia, só tínhamos um ao outro naquele momento, e estávamos fugindo .No início era simples, somente nós dois, posteriormente tivemos que criar a nossa neta, a qual foi abandonada aqui pelos pais, fato que só permite após muita insistência de Louisane, que como mãe e mulher tem o coração mole, o mesmo que me convenceu a deixar moças órfãs por conta da guerra, a morarem aqui, agora somos uma casa cheia. Aqui, elas não aprendem somente sobre matemática e literatura, mas também etiqueta, Louisane é encarregada disso, pois assim que a guerra acabar, elas devem procurar seus rumos, ou seja, devem arranjar um bom casamento.
Nossa casa antes de 1939, era de extrema segurança, mas agora com a guerra, e o pacto de não agressão do Stálin com a Alemanha, fica mais propício à invasões, ainda mais que estamos a menos de 200 milhas do disputado corredor polonês. Então treinamento de segurança, são essenciais.
Com isso, estamos mais receosos, somente saímos de casa quando necessário. Hoje em especial está sendo um dia inquieto para mim, Elena saiu já faz umas horas para buscar lenha, e está demorando mais que o normal, e a neblina está mais intensa, passando mais meia hora terei que ir atrás dela, pois a região também é a morada de ursos.
Harry (soldado inglês)
"Permissão para aterrissar negada" essas palavras não saem da minha cabeça, estou sobrevoando a região de Vílnius por um bom tempo, só não fui atingido por inimigos do eixo por conta da neblina, o que é ótimo, por outro lado não estou enxergando nada, e a última vez que verifiquei o painel de controle, o combustível estava bem próximo ao negativo, caralho, ou eu morro com a queda iminente do avião, ou pelo inverno russo, ou ainda pior, pelas mãos inimigas, ou seja, estou fodido.
Comprovando minha teoria, acabo perdendo o sentido de direção, e acabo batendo em uma floresta de coníferas, provocando a queda do avião, e a única coisa da qual eu me lembro antes de cair é de gritar pelo rádio para o meu pelotão, a minha última localização "Norte da Rússia, próximo a cidade de Vílnius", então sinto o impacto, principalmente na região do abdômen, o que me faz desmaiar de dor.
Olá, como vocês estão? Espero que bem, e seguindo as recomendações de prevenção à covid-19. Lembre-se que, infelizmente ainda estamos enfrentando uma pandemia, por mais que alguns representantes públicos, tenham esquecido.
Bom, essa história foi criada por mim a um bom tempo já, e fui incentivada por uma amiga a perder a vergonha e postar. (Então, a opinião de vocês é super importante, seja ela positiva ou negativa).
No decorrer da história, temáticas como ansiedade e eventos históricos reais, serão abordados. Estou reescrevendo muita coisa, pesquisando mais sobre os temas para não dar fora, mas não sou nenhuma profissional da área, então qualquer erro perante a isso, por favor me notifiquem no privado, que buscarei me informar mais.
(Erros de português, já peço desculpas antecipado, pois provavelmente haverá alguns, principalmente referente ao uso de pronomes e crase, que ainda tenho muita dificuldade, mas somente se tiver algum assassinato da língua portuguesa, me avisem).
Acho que é isso, irei postar novos capítulos sempre que possível, pois apesar da história já estar pronta, tenho muita coisa para editar. E como essa é minha primeira história postada aqui, espero de verdade o Feedback de vocês.
Beijos e até a próxima.
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