A complexidade de uma realidade alternativa
Porque Taeyong estava ali?
— Muito obrigado pelo convite, estamos realmente agraciados. — O Sr. Lee falou com um sorriso bastante simpático e eu só pude ver Taeyong atrás dos tios de cabeça baixa.
Ele sabia que eu estaria aqui?
"Ele sabe ainda mais do que você imagina." Jaehyun apenas me olhou e sorriu como se eu tivesse acabado de me tornar a melhor piada da noite, a ingênua da vez e que acreditava que tudo poderia ser flores quando na verdade é um verdadeiro jardim de espinhos. “Não fique brava, você e ele são estranhos no fim das contas.” Eu apenas encarei Jaehyun que continuava sorrindo como se estivesse se divertindo comigo.
— Para mim já chega. — Falei me levantando abruptamente da cadeira e tanto Johnny quanto Jinsoul me olharam com uma expressão de surpresa e espanto enquanto que Jaehyun riu minimamente.
— Algo de errado minha querida? — O senhor Jung perguntou me olhando confuso enquanto que a sua esposa apenas se limitou em ficar em silêncio.
— Está tudo errado aqui, começando por você. — Apontei em direção a Jaehyun que apenas respirou fundo e balançou a cabeça afirmativamente como se me permitisse continuar a falar e isso me deixou ainda mais brava. — Quem você pensa que é para me trazer até aqui? Com que diabos você achou que eu fosse aceitar algo assim? — Indaguei e o mesmo apenas cruzou a mão sobre a mesa e me olhou com um semblante neutro.
— Nunca disse ou pensei que aceitaria mas você não está no direito de exigir algo quando todo mundo quer sua cabeça fora do pescoço. — Ele foi frio e era até mesmo assustador o modo com que lidava com tal situação, sem se importar com o que todos que estavam ali presentes iriam achar. — Acorda Park, você precisa de mim mais do que eu de você. Quer ir embora? Têm o livre arbítrio para fazê-lo, só me faça o favor e volte viva para casa. — Ele me lançou um olhar desafiador, aquilo não era sobre eu estar morta ou não, era sobre o quão corajosa eu poderia ser, ele estava me desafiando a ir embora e caso desse errado, então jogaria em minha cara que eu sou uma estúpida.
— Jaehyun! — A mãe do mesmo o repreendeu e ele apenas deu de ombros.
— O que foi? Ela quer ir embora, não é mesmo? Pois vá, pode ir Sooyoung. — Jaehyun falou antes de eu enfim me retirar da mesa e andar até a saída da sala de jantar.
Pude ver que os tios de Taeyong me olharam surpresos e até mesmo Trisha com toda a sua benevolente presença estava cabisbaixa diante toda aquela situação e por fim vinha Taeyong, não pensei duas vezes antes de puxá-lo pelo braço e sair dali o levando comigo, fomos até a porta de entrada da casa e assim que a abri ouvi os pensamentos de Jaehyun.
“Onde pensa que está indo com ele?”
"Indo embora, não é óbvio." Eu sabia que ele havia recebido a mensagem pois podia sentir o mesmo fervendo por dentro, Jaehyun nem mesmo se preocupava em esconder suas reações contrárias, talvez ele começasse a me odiar mais do que já me odiava.
Assim que coloquei os pés fora da casa percebi que tudo ao redor era apenas árvores e mais árvores, não havia outras casas ou algo assim, a única iluminação presente provinha da residência dos Jung, estávamos no meio do nada. Soltei o pulso do Lee e me afastei mais casa sabendo que poderíamos estar sendo observados.
— Soo, o que foi? — Taeyong veio atrás de mim e eu parei de andar e me virei para o mesmo que parecia estar mais que confuso.
— Porque você está aqui?
— A esposa do meu tio vem de uma linhagem de lobos, no entanto, ela não herdou os genes mas ainda participa de algumas coisas relacionadas a alcatéia. — Então era isso? Eu pensei em tantas coisas mas algo assim não havia passado por minha cabeça ainda, fiquei até surpresa com a normalidade ao qual ele falou.
— Desde quando sabe de algo assim? — Eu parecia estar totalmente eufórica e a ponto de ter um surto enquanto que Taeyong estava mais calmo do que nunca.
— Já faz algum tempo, entendo que deve ter estranhado tudo quando chegou aqui e eu também fiquei dessa forma até meu tio me explicar tudo.
— Ele não vai me deixar ir embora mas você pode dizer a minha mãe onde estou? Por favor, ela precisa me tirar daqui. — Praticamente implorei a ele que apenas se limitou a ficar em silêncio e eu não soube identificar se isso era bom ou ruim.
— Sooyoung...— Taeyong murmurou como se estivesse tentando me dizer que aquilo poderia não dar certo mas tinha que dar.
— Por favor, é a única coisa que eu estou pedindo, eu quero voltar para casa e a única pessoa que pode me tirar daqui é a minha mãe.
— Eu posso dizer a ela sim, mas não garanto que ela vá poder fazer algo a respeito. — Ele falou após um longo suspiro e eu só pude agradecê-lo pois não havia mais nada a ser feito e Jaehyun parecia ser do tipo competitivo e ele obviamente não iria deixar ser vencido por mim.
Vi então que alguém saiu da casa e logo percebi se tratar de Jinsoul seguida por Johnny, esta não tinha um semblante muito bom em seu rosto, ela aparentava estar tensa e eu me perguntei o que poderia ter acontecido. Assim que o casal se aproximou de mim e de Taeyong, a garota se pôs a falar.
— Você precisa voltar. — Jinsoul me olhou como se implorasse para que eu voltasse, e embora minha vontade de voltar fosse equivalente a zero, sabia que teria de fazê-lo ou Jaehyun iria derrubar a casa, se é que ele já não está fazendo isso.
— Eu sei.
— Sooyoung, sei que não quer ficar aqui e até mesmo entendo o quanto isso tudo deve ser confuso para você e que Jaehyun talvez seja alguém um pouco difícil de lidar mas você não pode simplesmente julgá-lo apenas por causa de suas primeiras impressões, acho que os dois talvez estejam relutantes em se aceitarem e em aceitar a realidade.
Johnny tinha razão, se eu quisesse realmente entender o Jung teria de conhecê-lo mas minha vontade de fazê-lo não é lá muita e por vezes fugir parece ser a coisa mais sensata a se fazer. Não tinha coragem para voltar a aquele jantar, havia perdido o apetite e de certeza ficarei faminta na minha seguinte mas era melhor que estar em um ambiente repleto de tensão.
— Eu vou voltar, mas não vou jantar, perdi o apetite. — Falei e Jinsoul assentiu sendo compreensiva.
— Tudo bem, nós entendemos. — A garota falou e Johnny apenas assentiu concordando.
Taeyong apenas me olhou e ele parecia querer dizer algo mas acabou por permanecer em silêncio e eu resolvi voltar para a casa dos Jung mesmo que a contragosto. Quando entramos na casa, Johnny foi direto para a mesa de jantar enquanto que Jinsoul me acompanhou até o quarto no mais repleto silêncio. Havia uma tensão pairando no ar e eu sabia que era por minha causa, estava cansada, estressada e irritada pelo fato de que eu não tinha escolhas e nem opções, era como se aquela realidade me engolisse por completo e me forçasse a vivê-la, era como um pesadelo em forma de prêmio.
— Me desculpe Sooyoung por não poder fazer por você agora. — Jinsoul comentou assim que entrei no quarto e eu a olhei confusa.
— Jinsoul, está tudo bem.
— Não, não sou eu quem estou dizendo isso, o Taeyong queria te dizer isso. Eu espero que você fique bem, se precisar de algo pode me chamar. — A mesma explicou rapidamente antes de sair fechando a porta atrás de si sem me dar tempo de contestar ou de pedir algum tipo de explicação.
[…]
— Sooyoung! Sooyoung vamos embora! — Senti alguém me sacudir e acordei assustada, pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a escuridão e então pude ver minha mãe me olhando assustada em ao lado da cama, ela parecia estar desesperada.
— Mãe? — Estava confusa e sem entender como ela havia chegado tão depressa.
— Vamos embora! — Ela parecia estar descontrolada e eu fiquei assustada com modo ao qual ela estava agindo, a mesma apenas desviou o olhar para fitar a janela quando uma claridade se fez presente no quarto e eu então pude ver de onde estava a floresta ao redor da residência dos Jung em chamas. — Eles estão aqui.
“Você pensa demais.” A voz e Jaehyun se fez presente no meu subconsciente e isso pareceu me despertar.
Abri os olhos no mesmo instante e percebi que ainda estava no quarto, minha mãe não estava aqui e não havia incêndio, foi apenas um sonho. Me sentei na cama e olhei ao redor vendo que tudo estava no lugar exceto por uma coisa.
— O que você está fazendo aqui? — Indaguei um pouco brava e até mesmo incomodada com o fato dele estar deitado ao meu lado na cama.
— Estou tentando dormir, não é óbvio? — Ele ignorou totalmente a minha indignação e continuou olhando para o teto como se eu não estivesse ali.
— Aqui?
— Qual o problema? — Ele perguntou me olhando pelo canto de olho antes de os fechar em seguida.
— Todos?
— Não é a primeira vez que durmo ao seu lado. — Ele confessou e eu o olhei incrédula e quando vou dizer algo, ele continua. — Não pense coisas erradas, eu jamais faria algo ou tentaria algo, não sou esse tipo de pessoa. E eu não sou o cachorro.
— Mas é o dono dele? — Indaguei curiosa e ele riu.
— Park, ninguém é dono de uma pessoa.
— Espera...— Então o cachorro não era apenas um cachorro?
— Não surte, logo irá conhecê-la. Você realmente não entende nada de cães. — Ele comentou ficando sério do nada e eu só gostaria de saber como alguém pode mudar da água para o vinho em questão de segundos. — Tenho tomado conta de você desde que colocou os pés em Bar Harbor. — Jaehyun comentou e eu fiquei assustada no mesmo instante.
Então a pessoa que ficava no meio da mata no quintal, era ele?
— Isso é assustador. — Confesso o olhando estranho.
— Não mais que os metamorfos da floresta.
— E quanto ao Yuta? — Decidi perguntar, pois aparentemente eles se conhecem já que Johnny o conhece, é bastante óbvio que Jaehyun também o conheça bem melhor do que eu.
— Ele te assustou? — Eu apenas assenti com a cabeça e o mesmo riu baixo como se aquilo não fosse nada. — Isso é a cara dele, ser inconsequente e inconformado.
— Devo me preocupar?
— Por agora não, ele não é a pior parte disso tudo, apenas não confie em todos que se aproximam de você, principalmente algumas pessoas da própria alcateia.
— Seriam capazes de fazer algo?
— Sooyoung, você precisa entender que tudo pode acontecer em questão de segundos, não é tão difícil um lobo tirar a vida de um humano, estou tentando proteger você mesmo que odeie ter você por perto. E se você morrer, eu morro também por causa da droga da ligação. — Ele pareceu ficar aborrecido por um instante e até mesmo tenho um palpite de que se ele pudesse fazer algo para quebrar tal ligação, ele com toda certeza o faria.
— O seu tio…— Comecei mas não sabia muito bem o que perguntar, ter uma conversa com ele é estranho, até porque a algumas horas atrás era como se fossemos inimigos mortais um do outro e eu sei que essa conversa não irá mudar nada pois Jaehyun parece ser alguém que possuí muitas mudanças de humor.
— Ele têm a alcateia toda aos pés dele e eu venho tentando tirá-lo do poder a muito tempo, as pessoas contrárias a mim não pensariam duas vezes antes de te eliminar, ou melhor, nos eliminar. — Jaehyun falou e eu pude sentir a acidez em sua fala, acabei por voltar a me deitar em silêncio e de barriga para cima assim como ele. — Assustada?
— Um pouco. — Falei sentindo que não iria conseguir dormir tranquilamente naquela noite com o único pensamento de que amanhã eu poderia não estar tão mais vida como hoje.
— Você tem muitos pesadelos. E sonhos pouco condizentes com a realidade.
— Como sabe disso? — Senti o meu coração disparar com as possíveis coisas aos quais ele poderia saber sobre mim apenas por causa dos meus sonhos e isso é tão constrangedor, ter alguém que sabe o que provavelmente ninguém mais no mundo deveria saber.
— Sooyoung, eu sei tudo sobre você.
Até que eu beijei o Taeyong em sonho?
— Sim, eu sei disso, você é uma sem vergonha Park. — Ele murmurou e eu senti vontade de abrir um buraco no chão e me esconder lá pelo resto da minha existência mas para piorar mais a situação, e Jaehyun continuou a falar. — Sonhos são reflexo daquilo que nós mais desejamos e eu sei o quanto você deseja o Taeyong e nem adianta negar pois isso é bastante óbvio até mesmo para um cego, chega até ser engraçado. — Ele riu baixo e eu apenas engoli em seco chegando a conclusão de que não importa o que pensasse ou sonhasse, ele saberia de tudo, minha principal missão deve ser ocultar meus pensamentos, se eu não pensar, ele não pode saber de nada, mas não pensar é muito difícil. — Porque gosta tanto dele?
Ele perguntou do nada e eu tive de olhá-lo só para ter certeza de que ele de fato havia feito tal pergunta. Jaehyun no entanto parecia estar dormindo pois seu semblante era neutro e eu devo ter imaginado coisa.
— Não vai me responder? — A voz dele soou baixa como de alguém que já estava sonolento e eu me remexi desconfortável na cama.
— Eu não sei. — Pois eu realmente nunca havia chegado a pensar em algo assim.
— Como não sabe? Deve ter um motivo. — Ele insistiu e eu apenas senti uma queimação no peito e era um sentimento ruim que estava me deixando nervosa e apreensiva por algum motivo.
— Eu nunca pensei sobre isso.
— Então como sabe que gosta dele de verdade? — Porque ele quer tanto saber?
— Sentindo? — Minha resposta vaga foi o suficiente para ele enfim se calar e não insistir no assunto e era no mínimo estranho estar conversando com a pessoa que era dita como a minha alma gêmea e que eu deveria amar incondicionalmente sobre os meus interesses amorosos com outro alguém.
Isso me lembra que um vez minha madrasta havia me dito que se um dia me apaixonasse e caso me perguntassem o porquê de eu gostar tanto de alguém e não souber o que responder, é porque essa paixão não é assim tão grande e ela tem prazo de validade, sempre haverá um porque, mesmo que seja bobo e parando para pensar, talvez ela tenha razão. Talvez eu mesma não saiba o que estou sentindo e isso é assustador.
(...)
Eu nem sei o que dizer sobre esse capítulo e nem os próximos, só sei que essa fanfic toda é estranha!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro