
Encontro com a Psicóloga
Pouco a pouco, os olhos de Integra vão se abrindo e, ao ver as paredes brancas do quarto em que está, a confusão toma conta de si, como se ela não se lembrasse de onde está.
Mas então, pouco a pouco, as lembranças vão lhe retornando e se lembra de que, contra a sua vontade, ela está em um quarto de hospital.
Instintivamente, ela leva suas mãos a seu ventre, onde, sabe que a criança que carrega ainda está ali, o filho de Philip, o motivo pelo qual ela está, neste momento, em uma cama de hospital.
Infelizmente, tudo o que consegue sentir por esta criança que carrega em seu ventre é um ódio terrível, pois, não era para ela estar ali, sendo gerada!
Se pudesse voltar ao tempo, ela jamais teria se casado, jamais teria dito aquele maldito "sim" a Philip, e, nada disso estaria acontecendo. Não teria de estar passando por isso, e, certamente, ela estaria muito mais feliz.
Feliz como ela era quando "ele" estava a seu lado, guardando-a como um cão feroz.
Feliz como ela era na época em que ela comandava com mãos de ferro a Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes, dando continuidade ao legado de sua família.
Mas, infelizmente para ela, o tempo não volta mais e, hoje é obrigada a viver uma realidade a qual ela odeia com todas as forças de seu ser. Uma realidade que só faz com que ela sofra cada vez mais, como nunca imaginou que poderia sofrer em toda a sua vida!
Agora, tudo o que pode fazer é conviver sabendo que não tem escolha e que, dentro de algum tempo dará à luz a um filho, um filho de Philip e que, com toda a certeza, esta criança será tão cruel quanto o pai é.
Uma criança que, com toda a certeza, ela não será capaz de amar!
Sua atenção então se volta para a porta do quarto, onde ela vê o movimento da maçaneta, anunciando a chegada de uma pessoa. Imediatamente, sente o seu coração começar a bater de forma mais rápida contra o seu peito, pois, ela tem certeza de que é Philip e, fraca e hospitalizada, do jeito que está, não será capaz de lutar contra ele.
Mas, para seu alívio, quem adentra o quarto não é o maldito a quem ela é obrigada a chamar de marido, mas sim, uma mulher de meia idade vestida em um jaleco branco.
A mulher não demora a se aproximar de Integra e, não perde tempo em dizer:
― Bom dia, Condessa Integra, como está se sentindo hoje?
Ante a pergunta da mulher, Integra nada responde, pois, a verdade, é que não tem vontade nenhuma de responder a ela, afinal de contas, tem a ligeira impressão de que não importa como ela esteja se sentindo, desde que continue a carregar o fardo que é gerar o filho de Philip em seu ventre.
― Não quer me responder, não é mesmo? – a mulher de jaleco volta a dizer, de maneira gentil – Pois deixe que eu me apresente, meu nome e Lysa, e, sou psicóloga, vim aqui para que possamos ter uma conversa, mas, isso só será possível se você me deixar conversar com você.
― E o que você quer comigo? – Integra enfim consegue perguntar.
― Apenas conversar com você, Condessa.
― Não sei se quero conversar.
― Tem certeza? – a voz de Lysa soa completamente gentil – Não estou aqui para te julgar ou recriminar as suas atitudes, Condessa. Muito pelo contrário, estou aqui apenas para lhe ajudar, da melhor maneira possível.
― Infelizmente ninguém pode me ajudar. – é a resposta seca e fria de Integra, sua voz soando sem qualquer emoção.
― Tem certeza? – a psicóloga volta a insistir – Por que não conversa um pouco comigo e, então, saberemos se posso ou não lhe ajudar?
E, após dizer estas palavras, Lysa se aproxima da cama em que Integra está deitada, puxa uma cadeira, e, se senta.
Integra permanece em silêncio, não está a fim de conversar, muito menos com uma psicóloga e, de forma paciente, Lysa permanece ali, sentada de forma serena, paciente, e, sem parecer ter um pingo de pressa para ir embora.
Por cerca de uma hora, as duas mulheres permanecem em silêncio, até que, Integra percebe que a psicóloga não vai embora enquanto ela não falar o que quer que seja, e, por isso mesmo, a líder da Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes resolve enfim dizer:
― Eu não quero essa criança que carrego em meu ventre.
― E será que eu posso saber o porquê? – Lysa pergunta, de forma completamente paciente.
― Porque ele é filho de Philip, e tenho medo de que possa ser igual a ele.
― Então a Condessa não ama o seu marido.
― Não.
― E por que se casou com ele?
― Por pressão.
― E a Condessa acabou por descobrir que este não é um bom motivo para o casamento. Mas, mesmo casando-se por pressão, o amor não nasceu entre vocês? O que faz com que odeie tanto seu marido, a ponto de não querer esta criança que carrega em seu ventre?
― Eu não quero falar sobre isso.
― Tem certeza? Mesmo sabendo que não estou aqui para condenar e sim para ajudar?
― Já disse, não vou falar sobre isso e não há nada no mundo que me faça mudar de ideia.
― Mas sobre o filho que carrega você quer falar, não é mesmo?
― Já disse, não quero essa criança. Não quero um filho que possivelmente será igual a ele.
― Este é o motivo de não querer este filho que carrega em seu ventre?
― Sim.
― E a condessa já parou para pensar que, possivelmente este filho pode não parecer com o conde, mas sim com a condessa?
― Como é?
― Creio que a condessa está tão amargurada em sua dor que não parou para enxergar a gravidez por uma outra perspectiva. Condessa, esta criança que cresce em seu ventre pode ser uma benção em sua vida, ela pode se parecer com você ao invés de se parecer com o conde, e, ela será aquilo que você a ensinar a ser, independente de quem é o pai dela. Pense nisso condessa e, depois, nós voltaremos a conversar.
E, após dizer estas palavras, Lysa se levanta e sai do quarto, deixando Integra sozinha com seus pensamentos e aflições.
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