Alguns dias depois...

No quarto de hospital, Integra está terminando de se arrumar para ir embora. E, uma parte de si não queria que este momento chegasse, pois, terá de voltar para casa, e, voltar a conviver vinte e quatro horas com Philip, algo que, se tivesse como, ela evitaria de todas as formas possíveis e impossíveis.

Mas, para a sua total infelicidade, isso é algo que, simplesmente ela não é capaz de evitar. Terá de voltar para casa, terá de conviver com Philip e, também, terá de levar a sua gravidez adiante.

Durante todos os dias em que esteve hospitalizada, teve a visita da psicóloga do hospital e, a mulher fora a responsável por fazer com que ela mudasse de ideia, com relação a esta criança que está crescendo em seu ventre.

E, se antes esta criança que está em seu ventre era considerada por ela como um peso, como um fardo filho do homem que ela odeia com todas as forças de seu ser, agora, seus pensamentos são outros.

Agora, pensa nesta criança, seu filho, como o futuro da Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes, aquele que irá liderar o legado de sua família depois de si. E ela, educará seu filho para que ele a suceda um dia, da mesma forma que, muitos anos atrás, seu pai fizera.

E, pensar em seu filho como sucessor da Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes faz com que ela comece a desejar essa criança, ignorando por completo quem é o pai dela, pois, haja o que houver, ela não deixará que Philip venha a ser uma má influência para o seu filho.

Isso não irá acontecer de jeito nenhum!

Algumas batidas na porta acabam por chamar a sua atenção.

― Pode entrar. – a voz da líder da Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes se faz ouvir.

Assim que Integra termina de proferir estas palavras, a porta do seu quarto se abre e, surge Seras Victoria. Ao ver a forma como a vampira adentra o quarto, a líder da Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes arqueia uma sobrancelha, para em seguida dizer:

― Você não precisa entrar pela porta, Policial.

― Estamos em um hospital, Sir integra. – responde a vampira, dando de ombros – Não acho que seria ideia eu simplesmente aparecer aqui, afinal estamos em um ambiente público e, eu não quero chamar atenção desnecessária para mim.

― Faça como achar melhor. – continua Integra – Isso realmente não me interessa.

― A senhora já está pronta, Sir Integra?

― Estou sim, Policial. Pode pegar a minha mala.

Integra não precisa falar duas vezes e, Seras Victoria caminha até a cama e, pega a pequena mala que está ali. Em seguida, as duas deixam o quarto e, começam a caminhar pelos corredores do hospital, com Integra na frente e, Seras Victoria a seguindo logo atrás.

Rapidamente elas deixam as dependências do hospital, onde, no estacionamento, um carro está esperando por elas.

Ao ver Integra, o motorista não perde tempo e abre a porta de trás do carro para ela, e, a líder da Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes adentra o veículo, sendo imediatamente seguida por sua serva vampira.

Assim que as duas estão acomodadas no veículo, o motorista adentra o banco da frente, coloca o cinto de segurança e liga o carro, rapidamente deixa o estacionamento do hospital e começa a dirigir pelas ruas da cidade, em direção a mansão Hellsing.

Durante todo o trajeto, nem Integra e nem Seras Victoria proferem uma palavra sequer, cada uma delas perdida em seus próprios pensamentos.

Integra sabe que, uma hora ou outra, ela vai ter que se encontrar com Philip dentro de sua casa, mas, se ela pudesse, adiaria este momento pelo maior tempo possível, mas, infelizmente, isso não está em suas mãos, pois, se estivesse, ela não o veria nunca mais em sua vida. Mas, infelizmente, eles são casados, e, por mais que ela queira, perante a igreja, ela não é capaz de se livrar deste homem. Infelizmente, os dois estão ligados "até que a morte os separe".

Integra está tão perdida, envolta em seus pensamentos conflituosos que, não percebe a passagem do tempo e, só se dá conta que está de volta a mansão Hellsing quando o motorista estaciona o carro, desce do veículo e abre a porta para que ela também possa descer do carro.

Assim que desce do veículo, olha para o céu, onde as nuvens pesadas e escuras são o prelúdio de uma chuva que, não deve demorar a começar a cair.

― Vamos entrar, Sir Integra? – pergunta Seras Victoria, que, se projeta ao lado de sua mestra, tirando a líder da Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes de seus pensamentos.

Assim que Integra escuta a voz da vampira que a serve, volta seus pensamentos para a realidade e, ao lado de Seras, começa a adentrar a mansão Hellsing, em direção ao seu quarto.

As duas caminham em um silêncio sepulcral, com Integra caminhando a frente, e Seras Victoria logo atrás, como um cão de guarda que vigia seu dono.

Não sabe o que verá pela frente, a única coisa que sabe, é que deve ficar de olho em Integra, pois, este seria o desejo de seu mestre, e, quer fazer todo o possível para que, onde quer que ele esteja, ele saiba que ela está cuidando bem da mestra.

Só o que a preocupa é Philip, pois, ele é o marido de Sir Integra e, como tal, tem direitos sobre ela. É claro que, se ela fosse Alucard, não estaria ligando para este pequeno detalhe e, não perderia tempo em rasgar a garganta de Philip, mas, a verdade é que, por mais que ela deseje e queira muito fazer isso, parece que há uma força sobrenatural que a prende, impedindo-a de fazer qualquer coisa contra Philip.

As vezes tem a impressão de que o marido de sua mestra é cercado por algum tipo de magia e, é exatamente por isso que ela não consegue se aproximar e dar a ele a lição que ele claramente merece.

Rapidamente as duas chegam a porta que dá acesso ao quarto de Integra, e, assim que a líder da Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes abre a porta, a fim de adentrar seu quarto, se surpreende ao ver Philip, sentado na cama, e, sorrindo de forma extremamente maldosa para ela.

― Até que enfim você chegou, meu amor. – a voz de Philip é carregada de sarcasmo – Eu já estava achando que você havia esquecido o caminho de casa.