Traidor do bem
Ele cegamente traiu seus ideais, passando de uma pessoa admirável para um animal desprezível, consumido de compunção e recheado de aversões que se perderam em meio à sua própria prisão feita de ódio e desprezo, por ser exatamente quem é. Seus olhos castanhos se aprofundavam na vida gananciosa, sua pele clara queimava no sol do arrependimento que constantemente reluzia a beleza da sua alma completamente impura, e seus cachos macios lhe aprisionavam na espiral infinita de um futuro perturbador que afunilava sua felicidade irreparável.
Se tornando servo de seu próprio medo, submeteu-se ao seu próprio fracasso, ferindo ingenuamente a alma que abrigará para sempre o seu amor; traindo inocentemente o corpo que eternamente o esquentará; matando puramente o espírito que interminavelmente o protegeria. Ele sabia, por mais cego que estivesse, que sua luz era circunstancial àquela alma que beijou mais seu espírito do que seu corpo.
A sua infelicidade tinha um cheiro bem particular, bastante estimulante, e sua consciência sabia que seu próprio cheiro o entregaria. Sua mente apodreceu mas seu coração não queria acompanhar, perdido nas gotas de questionamentos querendo se entregar, porém permanentemente causando o caos. Ele agrediu o amor rendendo-se cegamente à um rosto irreconhecível. Mas não, o mal não estava incorporado nele; o mal é o vácuo, a ausência do bem, e ainda havia bem naquele corpo.
Julia Antenucci
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