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44 - A ÚLTIMA LUTA

SAITO

Saímos o mais rápido que pudemos, fui sendo apoiado por Natsu e Satoru. Quando chegamos do lado de fora, a mansão desabou em sua lateral inteira.

Ambar estava parada de pé na frente de Kai, eu não via nenhum traço da Nyx nela, nenhum dos dois se moviam. Olhei uma claridade no céu e junto com a claridade do dia que já havia caído também havia os dois símbolos de suas casas. Tudo estava em um silêncio sepulcral, o silêncio que antecipa a morte. Mesmo assim, várias pessoas chegavam devagar próximo aos dois, todas as lutas haviam acabado ou parado, eu não sabia dizer.

Em algum determinado momento, todos fizeram o mesmo sinal que Ambar havia feito quando matou Isao. Todos levantaram seus dedos e acima deles surgia um símbolo, de várias cores distintas, aquilo poderia ser lindo se eu não sentisse que era extremamente trágico.

Acima de nossas cabeças, observei inúmeros ceifeiros aparecendo, e aos poucos, percebi várias pequenas luzes formando diversas barreiras protetoras ao redor de todos.

Ambar começou a andar lentamente pela estrada, Kai tentou atacá-la, mas ela simplesmente desviou e continuou andando até que de repente ela sumiu, sumiu junto com Kai. Busquei desesperadamente os dois com os olhos e não os encontrei.

A multidão que havia aparecido começou a andar, como em uma procissão.

- Saito - Selina falou ao meu lado - Não adianta procurá-la, ela não está aqui. Vamos para a praça principal, levarei vocês por uma fenda, infelizmente minhas fendas demoram mais que as de Ambar para se estabilizarem, então te levarei primeiro.

Olhei com desespero para ela, não conseguia controlar a sensação trágica que oprimia meu peito. Satoru e Natsu novamente me puxaram pelo braço para que a seguíssemos.

Chegamos em uma praça lotada, todos olhavam para o céu, mas eu não sabia exatamente o que viam. Achei Yukio ao lado de Lidy.

- Lidy - perguntei controlando a voz - O que está acontecendo? Cadê a Ambar?

Ela me olhou e em seus olhos havia algo que eu não conseguia decifrar o que era.

- Não sei o que aconteceu no castelo, Saito. Mas aparentemente o único meio de Saikhan manter sua honra seria em um duelo aberto. Lorde Kai a desafiou para um duelo, ela aceitou. O duelo termina somente quando um dos dois estiver morto - ela falou levando novamente seus olhos para o céu. A escutei suspirar antes de continuar - Ela aceitou. Pela quantidade de ceifeiros, na luta deles, aparentemente a única regra é que ninguém mais lute até o duelo acabar.

- E onde está sendo esse duelo? - perguntei olhando para os lados sentindo a necessidade de ir para perto dela.

- Você não vai encontrá-la, Saito - ela falou com um pequeno sorriso melancólico - Sabe por que ela aceitou o duelo?

Eu a olhei confuso, Ambar tinha motivos de sobra para odiar Kai, então essa pergunta não deveria estar sendo feita. Ela me olhou e sorriu novamente, Yukio e os outros rapazes não perdiam uma única palavra dela.

- Sabe - vi os olhos de Lidy encherem de água, mas ela respirou fundo antes de seguir - Ambar não é uma guerreira, nunca foi. Ela gostava de aventuras e viver perigosamente, mas não era esse tipo de perigo que ela gostava. Quando éramos pequenas - quando ela falou isso uma lágrima finalmente rolou em seu rosto - ela dizia que queria conhecer todos os universos, mas que se fosse para ela escolher como ela queria viver, ela escolheria ser humana. Perguntei para ela o porquê ela queria isso, afinal, sabíamos de toda a miséria que um ser humano podia viver... ela disse que os seres humanos são dedicados e apaixonados e muitos deles, apesar das dificuldades, simplesmente escolhem seguir em frente. Mesmo quando tinham seus corações quebrados em mil pedaços, eles eram capazes de sorrir em meio as lágrimas. Ela queria poder viver isso de perto. Ela não queria ser uma guerreira, ela não queria ser rainha, ela não queria ser um nefilim e algo me diz que não queria ser uma divindade também. Ela só queria ter um propósito para viver, como qualquer humano - ela fungou, mas não limpou as lágrimas que agora vinham em abundância - Quando ela voltou aqui, com vocês, eu notei que ela havia conseguido isso. Ela havia conseguido viver entre humanos que não a trataram como um monstro e sim como uma mulher qualquer. Ela tinha um brilho nos olhos, que mostrava que apesar de toda a dor que ela sofreu com vocês, ela não estava arrependida. Sabe o que ela fez no dia que chegou aqui? Varreu o quarto... Varrer um quarto... ninguém faz isso aqui. Eu ri  dela, falando que ela não precisava fazer essas coisas mais, que isso era coisa de humanos. Ela sorriu e disse que sim, que era coisa de humanos, mas que algum dia, ela queria poder varrer sua casa e fazer o chá da tarde para sua família, mesmo sabendo que isso era apenas uma utopia, afinal, a rainha dos nefilins jamais poderia ter um sonho tão simples.

Quando ela falou isso, me lembrei das inúmeras vezes em que ela preparou o chá para todos no complexo, da dedicação que ela mostrava quando ajudava a senhora Tanizake e da primeira vez que ela riu quando Natsu começou a roubar a comida de todos. Para mim aquilo tudo era normal. Lembrei de quando ela brincava na neve ou quando dançou perto de uma fogueira. Não podia imaginar que aquela era a vida que ela queria. Olhei para Lidy, ela suspirou e continuou.

- Ela resolveu lutar, porque ela não suportaria perder a família que a acolheu. Ela renunciou a sua família adotiva e renunciaria aos nefilins só para poder seguir com vocês. Ela está fazendo isso porque ela ama a família que escolheu.

- Onde ela está, Lidy? - perguntei novamente com o peito apertado.

- Ela está longe, em algum lugar onde seu poder não prejudique ninguém - ela apontou para cima e poucos segundos depois o céu inteiro escureceu - Esse é o poder dela. Ela pode trazer o vazio e a escuridão para qualquer lugar assim como seu pai. Ela não sabia disso, na verdade, ela nunca soube muito de si mesma. Como Erebus não a tinha reconhecido oficialmente antes, tudo o que estava relacionado a ele era ocultado dela.

Parecia que tudo havia sido coberto por um manto negro e no céu, onde deveria ter estrelas, havia diversas explosões coloridas, como se as estrelas estivessem impactando uma com a outra.

Ficamos em silêncio, uma imagem realmente muito nítida apareceu no céu com o rosto dela. Ela parecia tranquila, a única parte de seu rosto que não era dela, eram os olhos, ela tinha os olhos de Nyx.

- Por que eu tenho esse sentimento de morte tão forte? - Tatsuo perguntou apertando o peito.

- Dizem que quando você olha para Nyx você pressente coisas ruins, mas quando um nefilim ou qualquer outro ser trabalha em conjunto com o seu ruah, seu poder se eleva quase cem vezes. Acho que você sente isso porque olhar para Ambar agora, é como olhar para a morte certa, afinal, ela e Nyx finalmente se juntaram.

Olhei novamente para a imagem no céu, Kai estava coberto de suor e o pânico estampado no rosto. Logo a cena foi aberta para que tivéssemos visão dos dois.

Eles ficaram se encarando por pouco tempo e então, Ambar simplesmente se sentou e fechou os olhos. Escutei alguns sons de espadas e me preparei, mas Lidy me parou.

- Quem puxar a espada agora será morto - ela apontou para os ceifeiros acima - você ouviu sons de espadas dos seguidores do lorde Kai, porque Ambar acabou de dizer que não o reconhece como um verdadeiro guerreiro e isso é uma grande desonra para um lorde nefilim.

Olhei novamente para Ambar, ali sentada tranquilamente e notei que lorde Kai contorceu seu rosto de raiva antes de gritar, algo que eu me surpreendi por poder ouvir.

- POR QUÊ?! - ele apertou o punho da sua espada - POR CAUSA DAQUELES VERMES?

- Sim - ela respondeu e sorriu, um sorriso encantador, não havia ódio em sua expressão e nem sarcasmo, mas era um sorriso tão carregado de tristeza que eu senti como se meu interior estivesse sendo quebrado - É por causa deles sim, porque eu os amo, mas também porque você desonrou seu inimigo ao impedir que ele morresse de forma honrosa conforme os seus costumes, porque você desonrou a sua família ao matar o seu irmão. Você desonrou seus aliados ao matar seu servo. Você desonrou as divindades quando transformou um dos maiores guerreiros divinos em agma. Você também desonrou o seu exército ao mandá-los para uma batalha enquanto você estava no conforto de sua casa. Você não é digno de ser chamado de lorde ou de guerreiro, na verdade, você não é digno nem mesmo de ser chamado de homem.

Escutei uivos de todos os lados, mas Ambar parecia não ouvir. Ela não se moveu e sua expressão não mudou. Lorde Kai formou uma bola de fogo gigante e lançou contra ela, eu estava esperando que ela se movesse, mas ela não fez isso, quando o fogo a acertou eu prendi a respiração. Uma onda de fumaça ficou no lugar onde ela deveria estar e quando a fumaça foi embora ela seguia ali, já estava de pé, tinha o sorriso ainda mais largo e mantinha os olhos fechados.

- Lorde Kai a atacou - Lidy explicou - quando ela se sentou, ela basicamente expressou que ele não era digno de lutar com ela e, portanto, ela não daria o primeiro ataque, agora que ele o fez, ela já pode lutar.

Aquilo não fazia sentido para mim, mas eu já havia aceitado que ainda tinha muito a aprender sobre aquele mundo. Por muito tempo, tudo o que conseguíamos ver eram duas luzes colidindo e deixando milhares de rastros luminosos para trás. O rastro deixado pelo lorde Kai era sempre um laranja flamejante, enquanto o de Ambar tinha um tom azul arroxeado. Eu me pegava observando aquilo com uma certa fascinação. Quando eles paravam, parecia que estavam envolvidos por essa luz.

Ela recuou vários passos ao segurar uma imensa bola de fogo; para minha surpresa, mantinha os olhos fechados e ainda assim manuseava-a com facilidade. "Finalmente estou testemunhando a verdadeira força da Ambar", pensei, tremendo. Logo após, ela interceptou outra bola de fogo vinda do lado direito e foi arrastada por metros, parecendo mais se defender do que atacar. O local onde estavam estava mergulhado em trevas, e a única luz presente emanava deles.

- Kai - Ambar falou parando uma vez mais, sua voz estava tranquila, ela não parecia nem um pouco cansada - Você não tem condição de ganhar. Essa luta chega ser injusta, você não conseguiu nem me arranhar ainda. Assuma a derrota e aceite meus termos, renuncie seu posto de lorde e faça um pedido de desculpas público.

- Não! - o rosto de Kai estava deformado pela raiva - Assim que eu te matar, farei com que eles sofram da pior maneira possível, principalmente o homem que iniciou tudo isso, Saito sofrerá o pior destino de todos, grave minhas palavras!

Ela suspirou e ficou parada. Ele não perdeu a oportunidade e a atacou fazendo-a voar novamente vários metros até bater em uma pedra com força suficiente para que a pedra rachasse. Ela se levantou rapidamente e por pouco tempo ela olhou para baixo na mesma hora que Tashiro caía por conta de uma dor repentina.

- Tashiro! - Tatsuo o olhou horrorizado - A perna dele está sangrando. O que aconteceu?

- Apenas o deixem em uma posição confortável. Ele mesmo explicou para nós que tudo o que ela sofre, ele sofre junto - Yukio falou ajudando Tatsuo a deixar Tashiro cômodo.

- Mas porque a Selina não sofreu isso também? - Natsu perguntou olhando-a perto de mim.

- O pacto entre Nefilins é diferente, Nefilins que faz o pacto morrem quando a linhagem de seus senhores é extinta, ou seja, nós fazemos pactos com uma família e não uma entidade em si como as almas malditas. Seria algo mais parecido aos agmas, mas sem a necessidade de sangue - Selina explicou, seu rosto estava sereno, mas sua voz denunciou a emoção que sentia.

Novamente eu só era capaz de ver flashs de luz e a cada colisão havia uma explosão.

- Kai - ela parou novamente, seus olhos estavam novamente fechados - Aceite meus termos.

- Nunca! - ele gritou e ela sorriu tristemente.

Ele começou a atacar e ela desviava com tanta facilidade que parecia improvável que ele pudesse vencê-la.

- Não seja teimoso, Kai. Não consegue enxergar a diferença dos nossos poderes?

Ele a atacou de novo e de novo, mas ela conseguiu desviar de cada investida dele.

- Por favor, Kai - ela continuou sorrindo com tanta tristeza, que parecia que ela choraria a qualquer momento - Sabe, eu não sou uma guerreira e odeio tirar vidas. Na hora que eu ganhar, tenho certeza de que vou sofrer muito se precisar te matar, quantos nefilins vão morrer junto? Quantas almas vão sofrer quando eu o fizer? Aceite os meus termos e vamos esquecer isso. Não quero ferir ninguém.

Ela se virou para atacá-lo pela primeira vez, mas ele pulou em um grande recuo para trás. Ele estava ofegante e ela não parecia ter feito nenhum esforço. Lembrei da força de Kai e não conseguia entender o tamanho da força dela... então essa era a força capaz de destruir universos? Por isso ela sofreu tanto tempo sem se defender? Selina falou que sabia o quanto era difícil e doloroso ter que ocultar aquela quantidade imensa de poder e eu por fim conseguia entender do que ela estava falando.

- Não brinca comigo, maldita! - ele gritou a atacando de novo e nos deixando uma pequena visão de luzes novamente.

- Está bem, então - ela falou como se estivesse se espreguiçando - Acho que não tenho escolha. Vou acabar com isso de uma vez , te darei dez segundos para mudar de ideia.

Dez segundos se passaram sem que ela se movesse, ele a atacou de todas as maneiras possíveis e em nenhuma das vezes ela se defendeu.

- Kai - ela disse suspirando - Acabou seu tempo. Fim da luta.

Quando ela abriu os olhos, jamais esquecerei a reação dele. Ele tremia, ciente de que sua morte se aproximava. Subitamente, uma explosão colossal dominou os céus, criando um espetáculo de luzes azuis e roxas. O solo estremeceu e uma pressão avassaladora me atingiu, apesar das defesas dos ceifeiros. Enfrentando a pressão que comprimia cada órgão, me esforcei para continuar a observá-la. Com as mãos unidas em prece, ela as abriu lentamente e, no centro, se formou uma vasta espiral, semelhante à que criara durante nossa batalha. Era a manipulação do vazio: uma espiral de luzes roxas e azuis circundando um núcleo negro, um buraco negro que absorvia tudo ao seu redor.

Aquela espiral saiu com rapidez das mãos de Ambar sem que ela fizesse algum movimento e chegou ao seu oponente em poucos segundos.

A imagem que se seguiu após a claridade total, foi a de Kai caído sem uma de suas pernas e sem seus dois braços no mesmo momento em que uma chuva de sangue respingado chegava aos montes até onde estávamos. Kai estava ensanguentado, caído no chão, mas não estava morto, assim como diversos seres próximo a nós que certamente eram servos de Kai.

Ambar se firmou no chão e puxou a sua espada, mas ela tremia, havia chegado a hora que ela não queria que chegasse. Seu sorriso havia desaparecido por completo e notei que uma dor emocional tomava conta de seu corpo.

- Venham - escutei a voz de uma mulher atrás de mim e reconheci a rainha dos ceifeiros que havia chegado junto com o rei - Os levarei até ela, ela já ocultou praticamente todo o seu ruah, já é seguro.

Ela abriu algo como um portal e todos passamos em silêncio. Quando chegamos ao lugar senti uma tristeza profunda. Como ela havia sido capaz de sorrir com essa aura triste e trágica preenchendo todo o ar?

- Sinta seu ruah e leve até a ponta dos dedos - a rainha me falou demonstrando o que fazer - Desse jeito. Isso vai facilitar seu contato com ela agora. Ambar está muito instável ainda e isso vai te dar uma certa proteção. Com tudo o que eu vi você fazendo, isso sem dúvidas não será difícil.

Ceci me observou repetindo seus movimentos e, sem dizer uma palavra, me conduziu até Ambar. Ao me aproximar, percebi que ela estava tremendo e chorando. Ainda com o ruah concentrado em minhas mãos, me aproximei e a abracei por trás, segurando suas mãos que empunhavam a espada. Seu corpo se tensionou com minha chegada inesperada. Conduzi Ambar até o corpo já quase sem vida de Kai e a ajudei, direcionando a ponta de sua espada para o coração do lorde nefilim, que expirou imediatamente. Retirei a espada e soltei suas mãos suavemente; a espada caiu ao chão. Ela se virou, encostou o rosto em meu ombro e chorou. Eu a envolvi com meus braços e permanecemos assim até que ela se acalmasse.

Fiquei ali, abraçada com Saito até parar de tremer, ele pacientemente esperou até que eu me acalmasse, me deixando completamente aninhada em seus braços. Quando finalmente nos soltamos, os outros vieram na nossa direção.

- Você realmente fez isso...? - Natsu parecia estar entre o espanto e o alívio.

- Falei que você ia se arrepender se me fizesse sofrer de novo, pirralha - Tashiro falou, mas levava um sorriso imenso no rosto.

Ao constatar que eu estava melhor, Saito cuidadosamente se aproximou de Kai. O cabelo e olhos do nefilim estavam banhados em sangue, cena na qual eu não conseguia ver sem sentir o estômago embrulhar. Ele se abaixou e verificou seu pulso. Depois de um momento de silêncio, ele se levantou e voltou para perto, confirmando a morte de lorde Kai Saikhan.

- Impressionante - escutei a voz de Ceci um pouco mais longe.

- Minha rai... - quando ia me ajoelhar, ela me cortou com um sorriso encantador.

- Pare com isso - ela sorriu e eu não pude deixar de sorrir de volta - Vocês melhoraram nesse último ano. Você principalmente, Saito.

Saito agradeceu com um aceno de cabeça e a rainha seguiu.

- Há algo que eu gostaria de dizer a vocês.

- E isso é? - Saito foi o único a perguntar.

- Nossa divisão secreta foi desfeita faz um tempo porque os ceifeiros têm prejudicado alguns seres dos outros universos. Agmas em geral possuem grande força e podem viver normalmente entre todos. A única coisa que precisamos é que busquem almas que fugiram de Abaddon, ou do inferno, como vocês preferirem. Em geral são seres perigosos e sempre vão diretamente para a Terra ou para Garig.

- Mas as divindades não deveriam fazer isso? - perguntei confusa.

- O dever das divindades é apenas cuidar das fendas e barreiras mágicas, as lutas que eles travam é apenas com seres vivos. Cuidar de quem já morreu é um dever dos ceifeiros ou de quem designarmos para isso.

Seu sorriso era cativante.

- E o que ganhamos com isso? - Tashiro cruzou os braços.

- Vocês poderão viver novamente em Garig se quiserem, na verdade, terão livre acesso aos universos e terão o sustento garantido independentemente de onde decidirem viver. O único que vocês precisam fazer é jurar lealdade ao rei de Himura assim como Ambar já o fez há muito tempo.

- Servir um ou outro rei na verdade não me faz diferença. Mas, mesmo eu poderia? - Tashiro arqueou uma sobrancelha.

- Claro, não estou pedindo para homens separados, estou pedindo isso para o Koasenshi. Infelizmente Tanizake, Takashi, Isao e Tanaka recusaram a oferta, disseram que finalmente estão descansando e querem seguir assim.

- E por que nós? - Tatsuo perguntou parecendo gostar da ideia.

- Ükhel disse que reconhece um guerreiro quando vê um. Nunca o havia visto tão interessado em um grupo de guerreiros da maneira que ele está interessado em vocês. No fim, seria um desperdício deixá-los aqui em Nephelim para viver baixo o comando de uma rainha e um castelo, sendo limitados por fronteiras. A guerra entre Himura e essas almas caídas vai continuar, não importa quantos anos se passe, sempre teremos esse problema em mãos, mesmo assim, queremos que o mínimo de sangue inocente seja derramado. De preferência nenhum. Em cem anos, ou talvez duzentos, alguém mais vai querer buscar vingança por algo semelhante, por razões semelhantes a essa guerra que vocês travaram agora, o que me parece triste, mas sem a guerra não há necessidade de um guerreiro... esse é um dilema difícil, não é? Como ser um guerreiro em um lugar que alcançou a paz? O que vocês fariam para evitar uma guerra futura? O que vocês devem fazer para que seus semelhantes não se odeiem ou desprezem uns aos outros? O maior serviço que um guerreiro pode prestar, é fazer o possível para que suas habilidades não sejam solicitadas, e para isso precisamos de verdadeiros guerreiros.

Ela sorriu uma última vez, inclinou a cabeça em nossa direção em uma pequena reverência e então se virou, mas parecendo que havia se lembrado de algo importante ela se voltou para mim.

- Sabe, Ambar. Passei muitos anos buscando na Terra o que eu achei em Himura, isso não significa que para você seja assim... no fim, tenho entendido que você faz parte dos Koasenshi, certo? Esperarei uma resposta.

Disse isso e saiu.

Depois de um breve descanso no portão do castelo, resolvemos entrar. Todos estavam falando alto e festejando em diversos pontos da cidade. Já estava tarde quando chegamos ali, o sol já estava se pondo. Parei e olhei a paisagem por um tempo e me senti finalmente tranquila. Tranquila e feliz.

- Droga, está claro aqui - Natsu disse se espreguiçando - Bem, agora que acabamos de cuidar dos nefilins, estaremos de volta para a guerra dos homens? Na verdade, não sei bem se podemos chamar assim, já que já morreram.

- Talvez - Tatsuo seguiu - mas o que ela disse realmente me fez pensar... O que podemos fazer para evitar que as guerras aconteçam?

- Seja o que for, eu não acho que aquela coisinha enrugada que você costuma chamar de cérebro vai descobrir isso. Apenas desista.

- Ei, cara - Tatsuo disse alto e irritado - sou um guerreiro também, então é meu dever descobrir como garantir que não haverá mais guerras.

- Sem guerras, hein? - olhei para Yukio, que sorria como nunca havia feito antes.

- Acho que a única maneira de fazer isso é ficar muito forte, certo? - Natsu olhou para mim - Se você for um fodão, todo mundo vai ficar tipo "droga, melhor não começar a merda com ele, seria uma má ideia". Então ninguém vai começar a lutar, e isso significa que não há guerras!

- Isso é tão típico de você - Tashiro disse balançando a cabeça.

- O mundo não é tão simples, Natsu - Tatsuo também balançou a cabeça discordando.

- Simples? - ele empurrou de leve a cabeça de Tatsuo - Vou te mostrar o simples, seu pequeno bastardo.

Ele passou o braço em volta do pescoço de Tatsuo e começou a apertar com o punho a cabeça do amigo mais jovem.

- Essa guerra que nos falaram já começou de qualquer jeito. O melhor que podemos fazer agora é ver como termina. No fim, como poderíamos viver como se não soubéssemos de nada? - Satoru disse já expondo a sua opinião de aceitar a proposta.

- Você tem razão - Saito disse com um pequeno sorriso.

- Muito bem, acho que temos uma decisão para tomar aqui - Yukio disse cruzando os braços.

- Você manda, chefe - Tatsuo disse cruzando os braços enquanto sorria maliciosamente - Eu vou te seguir até o inferno.

- E quem disse que eu te quero lá comigo? - Yukio respondeu soltando o ar.

- Eu realmente não sei quantas lutas a mais eu conseguirei manter, nem sei se algum dia irei enlouquecer como Isao ou se eu vou simplesmente cansar disso..., mas, inferno, eu vim até aqui. É melhor ver isso até o fim - Tatsuo continuou com um sorriso decidido.

- Parece justo para mim - Natsu cruzou o braço e parecia bem decidido também - Basta ter cuidado, certo? Se você morrer como um idiota, teremos uma boa conversa nessa outra vida, sacou? - ele falou sua última frase para Tatsuo.

- Acho que já tenho meu caminho também - Satoru disse colocando uma das mãos no quadril - é melhor me preparar para a próxima batalha.

- Acho que tenho alguns homens que vão me seguir para o inferno além de você Tatsuo. E você, Tashiro? - Yukio falou calmamente.

- Lutas, cortar alguns bastardos por aí e ter a oportunidade de atazanar vocês por toda a eternidade? Não perderia isso por nada.

- E você, Saito? Você parecia bem confuso antes dessa última batalha, mas no fim, acho que há alguém que você ainda quer servir, certo? - Natsu falou com um sorriso malicioso.

- Oh, eu não acho que é apenas servir que ele quer - Satoru sorriu para Saito.

- O que você quer dizer com isso? - olhei para Saito e vi que suas bochechas coraram.

- Ei, ei - Natsu falou em um ato exagerado de surpresa - Você está corando? O que diabos é isso? Onde está o verdadeiro Saito?

Saito olhou para ele e colocou a mão no punho da sua espada.

- Ei, calma cara - Natsu falou ainda sorrindo - Não parece uma piada quando você faz isso.

- Acho que faltou a nossa rainha decidir - eu corei ao escutar Tashiro me referindo como rainha - O que você pensa em fazer, Ambar? O trono está lá para você e tem diversos nefilins estranhos ansiando por sua volta.

- Verdade - coloquei a mão no queixo como se estivesse pensando - assim eu poderia dar umas boas surras em servos desobedientes sem medo nenhum a ser ameaçada de morte de novo, não é?

Tashiro gargalhou.

- Então você irá ficar aqui? - Saito perguntou com um pouco de tristeza na voz e eu senti que ele estava apenas esperando a minha decisão para saber o rumo da sua própria vida.

- Não seria uma má ideia ficar. Uma vida de luxo não é algo que se pode jogar fora com facilidade, não? - respondi sentindo o sorriso se alargar na minha boca e olhei para todos ali - Mas acho que prefiro continuar sendo a Ambar, a garota problema que é incapaz de seguir ordens. Talvez de hoje em diante eu poderia ser a única responsável pela comida. Afinal, passar tanto tempo comendo a gororoba de vocês seria um castigo muito cruel. O que você acha, comandante?

Olhei para Yukio, ele riu brevemente e com certo esforço tentou colocar sua máscara fria novamente.

- Vai precisar de muito mais que uma boa comida para me convencer - seu semblante voltou a ficar sério, mas eu soube que ele estava feliz - espero que saiba que com essa habilidade vergonhosa com a espada, terá que treinar muito mais que todos nós juntos, certo? E não aceitarei desculpas só porque você é uma rainha. Seguirá sendo tratada como sempre foi.

Olhei sorridente para Saito, que sorriu e abaixou a cabeça.

- Acho que estamos todos resolvidos então - Satoru sorriu.

- Verdade, mas ainda preciso descobrir como impedir que uma guerra estoure no futuro, mas... Por enquanto, acho melhor terminarmos essa.

- Então, acho que está na hora de uma bebida - Satoru falou já se dirigindo para o bar do castelo.

Ele foi seguido por alguns "estou dentro", "já estava na hora", "hora de me embebedar" e assim por diante.

O Koasenshi nunca mais seria o mesmo, eu sabia disso. Havíamos perdido muitas coisas, eles haviam descoberto milhares de mundos novos. Sentiríamos falta de cada um que havíamos perdido, mas a perspectiva do nosso futuro estava bem menos sombria que quando os conheci. Minhas escolhas haviam sido difíceis também, seria mentira dizer que não sentiria falta de Lucca e da mamãe, mas todos nós tínhamos nossos próprios caminhos a seguir, nossos caminhos haviam se separado e seguiríamos longe uns dos outros, mas eu seguiria amando-os. Olhei para o céu da sacada do castelo, Selina cuidaria de tudo no meu lugar como havia feito até ali, eu confiava nela. As nuvens passavam tranquilas no céu alaranjado, abri um sorriso esperando que algum dia todos os caminhos que se separaram por diversos motivos, pudessem se cruzar mais uma vez.

"Lucca, você estava errado. Eu posso ser o que eu quiser ser" - sorri para mim mesma - "Lucca, Ari, papai, mamãe... eu consegui!"

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