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43 - A ÚLTIMA BATALHA

Na noite seguinte, fomos para o bosque perto do castelo de Saikhan e ficamos ali até que o sinal fosse dado. Já haviam se passado quase uma semana desde que montamos acampamento ali.

– Saito!

Eu tinha acabado de voltar ao acampamento depois de sair para procurar lenha quando eu vi Saito se contorcendo de dor um pouco mais afastado de todos. Suas unhas estavam agarradas ao peito com tanta força que haviam cravado na pele, tirando sangue.

Peguei a faquinha. Ele franziu a testa e desviou a cabeça, mas eu o ignorei e deslizei a lâmina pelo pescoço, assim como eu já tinha feito antes. A visão do sangue superou sua relutância, e ele me alcançou para me puxar para mais perto. Estremeci quando sua língua tocou meu pescoço. Ele continuou até que sua respiração começou a diminuir. Fiz menção de me afastar, aliviada por ele estar se sentindo melhor, mas seu aperto aumentou. Ele sussurrou em meu ouvido.

– Podemos ficar assim, só mais um pouco?

– Claro – me derreti com essas simples palavras.

Eu me aconcheguei mais em seus braços e sorri. No seu mundo, contato físico era algo que ganharíamos aos poucos, no meu mundo apenas aproveitávamos o amor que sentíamos um pelo outro o mais rápido possível, não sei dizer qual dos dois estavam certos, mas seguia com o coração batendo rápido. Sem me segurar, beijei primeiro seu pescoço, logo seu rosto e pouco a pouco fui me aproximando de sua boca. Ficamos nos olhando um tempo e finalmente eu o beijei. Senti seu abraço apertando um pouco mais meu corpo contra o dele enquanto eu envolvia meu braço em seu pescoço. Ele me sustentou em seu abraço e lentamente fomos indo para trás até alcançarmos uma árvore. Senti seus lábios descerem novamente até meu pescoço, mas voltou logo para os meus lábios. Quando paramos, deixamos nossas testas juntas e mantivemos nossos corpos colados. Podia sentir seu coração acelerado e o calor de seu corpo aquecendo o meu.

– Eu te amo – sussurrei.

Ele demorou um pouco para responder, ficou me olhando, seus olhos azuis como o infinito olhavam dentro dos meus olhos enquanto sorria.

– Eu te amo – ele disse por fim e nos beijamos de novo.

Passamos a noite juntos e só quando o dia estava clareando voltamos ao acampamento, mas só no dia seguinte recebemos o aviso de que a batalha havia começado e com isso partimos para o castelo de Saikhan junto com Natsu, Satoru e os poucos guerreiros que vieram com a gente sob comando de Saito. Embora estivéssemos claramente em desvantagem em vários aspectos, eu não estava com medo. Saito também parecia revigorado, como se finalmente tivesse conquistado alguns demônios internos.

Chegamos ao castelo já era noite, mas logo ficou claro que algo estava errado.

– Isso é estranho... – Saito falou tentando olhar melhor ao redor – Não sinto ninguém aqui.

Mesmo que lorde Saikhan tivesse resolvido ir para a batalha, eu duvido que ele deixaria o castelo desprotegido, mas, mesmo assim o castelo e os arredores estavam estranhamente quietos e completamente desprovido de qualquer vida. Natsu e Satoru foram investigar e voltaram o mais rápido que puderam.

– Encontramos alguns caras que parecem agmas. Há apenas alguns deles, mas eles correram em direção ao castelo. Não pudemos ver o que eles estavam fazendo – Natsu começou.

– Nós os seguimos por um tempo, mas eles se apressaram até entrar no castelo – Satoru terminou – Parece que no fim, há mais como nós aqui.

– Quê? – perguntei incrédula. Achei que os últimos tinham sido os da última luta de Kyoto. Fiquei pensando nisso até que Saito nos alertou.

– Escuto homens chegando – sua mão caiu para a sua espada – oito ou nove, talvez.

Natsu e Satoru seguiram o exemplo, e seus rostos repentinamente ficaram sombrios. Havia ficado decidido que eu não lutaria a não ser que fosse necessário e para não atrapalhar, eu recuei vários passos junto com Selina, que estava preparada para o caso de precisar subir qualquer barreira. Na verdade, havia ela e mais 9 nefilins para a barreira.

Em uma explosão de movimento, as formas humanas saltaram dos arbustos para a estrada. Eles se moveram tão rapidamente e pularam tão alto que não deixaram dúvidas que eram agmas.

– Mais daqueles malditos – Satoru parecia furioso dessa vez – Tudo bem, hora de eles caírem na minha espada.

Os agmas levavam espadas, não sabia se eram espadas sagradas ou não, mas estavam claramente em desvantagem contra Satoru. Ele em poucos segundos já havia atravessado o peito do primeiro atacante, mas infelizmente não o matou.

– Droga – ele resmungou – Quase.

Sua mira estava apenas ligeiramente errada, mas para um agma, aquilo era como um simples arranhão e assim que ele puxou sua espada de volta a ferida do agma já havia começado a cicatrizar.

Natsu correu para frente também com sua espada voando em arcos longos.

– Claro que é uma pena tentar acertar esses bastardos no coração no primeiro ataque. Eles se curam tão rápido que não podemos apenas esperar que morram de hemorragia, mas seria bem mais interessante.

Mesmo enquanto ele reclamava, pude ver que um sorriso se espalhou pelo rosto de Natsu enquanto ele lutava. Saito, por outro lado não parecia se divertir exatamente.

– Tão bruto como sempre, não é Natsu? – ele falou enquanto fazia mais um inimigo cair.

Seus golpes eram rápidos e precisos, quase cirúrgicos. Toda vez que ele se moveu, a ponta de sua espada perfurou o coração de um agma. Os gritos de agonia ecoaram pela floresta escura. Mesmo com todas as vantagens que os inimigos haviam adquirido com uma transformação, os agmas simplesmente não eram páreos para a habilidade de Saito, Natsu e Satoru.

– Então é isso, hein? – Natsu falou devolvendo sua espada para a bainha – Que bom que não tinha mais malditos como esses. Se isso fosse como Kofu, estaríamos aqui até de manhã.

Quando ele se abaixou para limpar sua espada, um agma falou.

– Ajuda... minha ... fa... mi... – sua voz saía com dificuldade.

– O quê? – Natsu cruzou os braços – você ainda não está morto? Acho que devo acabar com a sua miséria – ele alcançou novamente sua espada.

– Espere – Saito segurou seu braço – Acho que ele está tentando dizer algo. Talvez ainda haja um homem dentro dele em algum lugar.

Saito caminhou em direção ao agma e olhou para ele por um momento.

– O que você estava dizendo? – Saito perguntou bem próximo a ele.

A boca do homem abriu e fechou fracamente, mas parecia que sua força estava desaparecendo rapidamente de seu corpo.

– Ambar, um pouco do seu sangue poderia curá-lo? – Saito perguntou – preferia não te ver se cortar de novo, mas não consigo pensar em outra coisa. Acha que vai ajudar?

– Talvez, mas acho que não vai resolver muito, ele não é um agma meu – respondi, mas deslizei a faquinha pelo braço.

Segurei o corte sobre o rosto do agma e deixei várias gotas grandes de sangue cair em sua boca. Algumas das feridas dele se fecharam e sua respiração ficou mais forte.

– Agora, diga-nos, o que aconteceu? – Saito voltou a perguntar

– E não tente nada estúpido – Natsu sorria, mas não parecia de felicidade – Você pode ser um agma, mas ainda é três contra um.

O homem acenou com a cabeça trêmulo e lentamente começou a falar.

– Eles estão fazendo experiência com agmas no castelo – o homem parecia a beira das lágrimas – Assim que eles concluem os experimentos, os mais fracos são mortos. Eles vão nos matar. Nós tentamos escapar, mas então o sangue de lorde Saikhan...

– Quem é você? – Saito perguntou – Faz quanto tempo que está aqui?

– Somos apenas agricultores de Ishikawa que eles contrataram. Eles disseram que dariam trabalho e proteção a nossas famílias, então eu assinei um contrato. Se eu soubesse no que eles nos transformariam, nunca teria feito isso. Aquele loiro bastardo nos fez... beber alguma coisa. Não sei o que era.... mas parecia... sangue. Cada vez que éramos enviados para lutar, alguns de nós enlouquecíamos... e quando isso acontecia, eles simplesmente eram atirados para seus cães.

– Você sabe o que eles estão planejando? – Natsu perguntou agora com o semblante sério – Quantos têm dentro do castelo?

– Tem poucos, senhor, apenas lorde Saikhan, o novo lorde Uzuri, Kiyoshi e mais um que eu não sei o nome, além deles só há alguns agmas, o resto foi enviado para a batalha nos domínios da família Krasa. Eles estavam planejando usar os agmas para capturar a princesa. Ele disse que ela viria para cá e prometeu que voltaríamos a ser humanos se a levássemos viva – a cor foi drenada rapidamente de seu rosto quando ele me viu, mas apesar da dor terrível que ele estava sentindo, ele foi capaz de dizer enquanto soluçava entre uma palavra ou outra – Você é ela... me ajuda... eu não quero morrer. Nunca pensei que me transformaria em um monstro. Eu não queria que acabasse... assim.

Ele tentou pegar no meu braço, mas Saito não deixou. Seus olhos se voltaram para Saito e ele estendeu a mão, seus dedos estavam tão brancos quanto ossos, essa cor foi rapidamente se estendendo para o resto do seu corpo e em questão de segundos, seu corpo se desfez em cinzas.

– O que diabos aconteceu? – Satoru seguia olhando para onde o homem havia estado – Eles não fazem isso quando os apunhalamos no coração. O que mais há sobre os agmas que não sabemos?

– Talvez tenha sido minha culpa, por eu ter dado meu sangue a ele – falei virando o rosto para não ver as cinzas abaixo de nós.

– Pode ser – Natsu fez questão de não esconder que pensava o mesmo – Mas isso não significa que seja a sua culpa. Acho que teremos que ir ao castelo e descobrir.

– Se ele estiver certo – Selina falou – Então a princesa está em apuros. Isso é uma emboscada. Não deveríamos ir.

– É, acho que as coisas vão ficar quentes por aqui – Natsu pareceu ainda mais irritado.

– Você está certo – falei forçando os punhos, olhei para Saito, ele deveria dar as ordens de seguir ou recuar – As coisas realmente vão esquentar.

Ele acenou para todos nós e por mais que Selina quisesse recuar, nós seguiríamos em direção ao castelo de Saikhan. Natsu, Satoru e Selina avançaram com os homens, mas Saito ficou para trás.

– Saito? – o chamei – Temos que nos apressar...

– No tempo que eu passei com o Koasenshi, matei incontáveis homens. Minha espada está encharcada de sangue. Não sou um idiota hipócrita a ponto de afirmar que é errado tirar uma vida. De certa forma, suponho que o que fiz não é diferente de matar um homem por causa de uma pesquisa. Pode-se realmente argumentar que um tipo de assassinato é superior a outro? Mesmo assim, existe uma espécie de mal que só pode ser julgado por aqueles cujas próprias almas também estão contaminadas. Eu julguei o homem que criou esses agmas como sendo um homem mau. Eu vou matá-lo. No fim, acho que todos deveríamos ter te ouvido logo no início, não é?

Seus olhos brilhavam com determinação e raiva contida. Eu senti como se, naquele momento, apenas seu olhar fosse o suficiente para matar qualquer um que atravessasse seu caminho. Passou um tempo até que esse brilho desaparecesse e ele se virasse para olhar para mim.

– Desculpa deixá-la esperando. Devemos ir.

Eu não disse nada. Corremos para nos juntar a Natsu, Satoru e Selina no caminho para o castelo.

– Bem, ali está o portão – Natsu falou – Não parece haver nenhum guarda.

– Eles estão conduzindo experimentos malucos no meio de uma guerra e não colocam guarda? Esse lugar é realmente estranho... – Satoru falou um pouco surpreso.

– Já foi nos avisado que haveria uma armadilha – Saito falou calmamente – Devemos nos mover devagar e com cuidado.

Todos nós assentimos em silêncio e avançamos, mas então eu parei sentindo um frio na espinha. Selina também havia sentido, porque ela paralisou de repente e quando os rapazes olharam para nós para entender o que havia acontecido, a explosão de um tiro estilhaçou o ar frio da noite. Nós nos agachamos em silêncio, na tentativa de nos esconder.

– Vamos lá – escutei a voz de Kyo – Eu sei que você está aí, princesa. Não brinque assim, hein? Estou muito animado para lutar com os seus agmas. Vamos lá, princesa. Eu posso praticamente sentir seu cheiro.

Ele foi lentamente até o portão e encostou ali. Saito foi o primeiro a sair.

– Você entende o que eles estão fazendo aí?

– Eh, na verdade minha casa sempre foi aliada da casa Saikhan, mas para ser sincero eu não estou interessado em nada disso. O que me interessa é ter a chance de lutar com vocês, caras! Parecia um desperdício jogar fora uma oportunidade como esta – ele deu um sorriso largo e ergueu sua arma – Sabe, eu não estou interessado em escravos, estou interessado em lutas. Seres humanos não dão boas lutas, ou pelo menos, quase nenhum. Estou morrendo de vontade de lutar contra você Satoru. Eu realmente espero que você tenha melhorado um pouco desde a última vez. Seria uma pena se você não durasse muito.

– Eu não podia esperar menos de um verdadeiro nefilim – falei me encostando no muro próximo de onde eu estava, apesar da raiva que eu estava eu sorri – É uma pena que estejamos de lados diferentes, sabe?

– Quem sabe, princesa, se você derrotar lorde Saikhan eu pense em fazer uma aliança com você. Cara, se você lutar tão bem quanto sua mãe – seu sorriso se estendeu ainda mais por seu rosto – Kiyoshi disse que seu ruah é tão assustador que faria o mais corajoso dos homens fugir... cara, isso chega a ser excitante – o vi revirar os olhos enquanto imaginava uma suposta luta entre nós e senti um certo nojo dele – Mas primeiro, quero derrotar ele – ele apontou para Satoru.

– Cuidado com a língua, Kyo – falei séria – Seu pai era mais forte que você e pagou por ter subestimado esses homens.

– Meu pai era um velho ranzinza – ele falou dando de ombros – já estava na hora do velho bater as botas de uma maneira decente. Falando nisso, ainda não te agradeci de verdade por mantê-lo honrado – ele fez uma reverência elevando o corpo a noventa graus.

– Está agradecido, mas não quer nos deixar passar? – Saito alcançou sua espada – Não, suponho que não deveria estar surpreso. Faremos isso da maneira mais difícil, então.

– Saito – Satoru falou sorrindo – Pegue as duas e vá em frente. Nós vamos lidar com esse idiota. Afinal, não acertamos as coisas da última vez.

– Parece bom para mim – Natsu falou também parecendo empolgado com essa luta.

– O quê? – Saito falou surpreso – Não, esse homem é um nefilim nobre. Ele tem uma arma. Vocês dois não podem...

Satoru e Natsu eram guerreiros prodígios, extremamente habilidosos para ser sincera, mas Kyo tinha a velocidade e a força de um nefilim nobre e ainda tinha muita habilidade para completar.

– Uau – Natsu falou se fingido de doído – o que é isso? Você não confia em nós? Vamos lá cara, em quantas batalhas estivemos juntos? Isso é muito frio da sua parte.

– Não é que eu não confie em você – Saito ainda segurava o punho de sua espada – Você apenas...

– Então, decidiram? – Kyo indagou com um sorriso astuto – São vocês dois os meus rivais, certo? Escutem, não me importa se forem os dois, os três ou todos juntos. Apenas escolham. Contudo, saibam que não estou ordenado a enfrentar todos vocês. Apenas os que vão lutar permanecerão aqui. Os demais, podem entrar, mas desapareçam da minha vista.

– Vê? – Satoru respondeu – Nosso nefilim não se importa. Agora saia daqui, Saito. Acabaremos com ele e te alcançamos mais tarde. Você provavelmente nem vai notar que fomos embora.

Saito olhou de um para o outro, sua boca estava desenhada em uma linha dura, mas acabou cedendo.

– Tudo bem. Deixo este para vocês, mas espero que vocês terminem em breve. Entendido?

– Sim, sim – Natsu alargou o sorriso enquanto gesticulava com as mãos – nós sabemos! Vê se você também não morre, hein?

Saito se virou e começou a correr. Eu e Selina nos esforçamos para alcançá-lo. Mas antes que eu pudesse dar os cinco primeiros passos escutei a voz maliciosa de Kyo atrás de mim.

– Pensando bem, vocês não irão precisar de soldados rasos dentro do castelo.

Olhei para trás arregalando os olhos ao ver imensas chamas varrendo todos os soldados que estavam nos acompanhando, deixando apenas Natsu e Satoru ilesos.

Fiquei paralisada vendo a cena aterrorizante que se desenrolava a minha frente até que senti a mão firme de Saito me puxando com força.

– Eles não podem mais ser salvos. Deixaremos o resto com Natsu e Satoru.

– Você realmente acha que eles vão ficar bem? – Selina perguntou com um pouco de medo na voz.

– Não se preocupe, Selina – lhe ofereci um sorriso nervoso enquanto apressávamos os passos.

– Eles não fazem promessa que não podem cumprir – Saito falou agora parecendo mais tranquilo – Eles vão nos alcançar. Vocês não precisam se preocupar.

Havia confiança em sua voz. Ele acreditava em Satoru e Natsu e com isso senti minha confiança retornando para cada célula do meu corpo.

O interior do castelo estava estranhamente quieto. Se o que o agma nos disse antes fosse verdade, então o castelo deveria ter pelo menos alguns outros deles. Em vez disso, não víamos ninguém.

– Por que está tão quieto? – sussurrei mais para mim mesma que para eles.

– Ou eles estão situados mais adiantes, ou... – Saito começou, mas foi interrompido.

As portas de cada lado do corredor se abriram e duas ondas de agmas saíram por elas gritando. A espada de Saito foi arrancada de sua bainha em um rápido lampejo de prata e alguns agmas caíram mortos. O corredor era estreito, o que tornava difícil lutar corretamente, mas Saito passou anos lutando nas ruas, becos e casas de mercadores de Kyoto, ele estava acostumado a lugares assim. A falta de espaço era uma vantagem para Saito, que a aproveitou bem. Sua força e mais a sua habilidade fez com que a balança pendesse para o nosso lado. Ele levou apenas alguns segundos para matar cada um deles.

– Muito bem – senti um aperto no estômago ao escutar a voz de Viter – Eu não pensei que você seria capaz de destruir todos os meus novos agmas tão facilmente. Ah, já faz muito tempo. Nós nos encontramos pela última vez em Kofu, acredito.

O homem que eu um dia chamei de pai saiu das sombras, o mesmo sorriso louco que eu tinha visto da última vez estava torcendo seu rosto deixando-o com uma expressão estranha e horrível.

– Obrigado por você ter se dado o trabalho de trazer minha filha. Você me poupou muito tempo.

– Ela não está aqui para ser entregue a você – Saito respondeu com sua voz controlada de sempre.

– Oh, bem, não importa se você a entrega ou se eu simplesmente a levo. Eu consigo o que quero em ambos os casos. Parece que você desfrutou bastante ao lado dela, não foi rapaz? Me diga, vocês estão juntos?

– Eu não tenho nenhuma razão para responder a sua pergunta.

– Ah, não, claro que não – ele falou em tom sarcástico – Só pergunto por que é minha filha, sabe? E não é certo que um agma qualquer tenha qualquer tipo de relação com sua dona. Você conhece a fonte do seu poder de agma, não? – Saito não disse nada, mas Viter parecia não se importar com isso – Vocês não podem ter um futuro juntos, ela é preciosa demais para ser desperdiçado em um inseto. Lorde Saikhan irá matar todos vocês.

– E o que te faz pensar que nós nos importamos com o que você pensa? – a voz que chegou pelo corredor era muito familiar.

– Tatsuo – falei surpresa – O que você está fazendo aqui?

– Yukio me disse para vir – ele deu de ombros – as coisas por lá estão bem controladas e ele falou que não precisava de mim se meu coração não estivesse lá também. Além do mais, pressentimos o perigo quando não vimos Saikhan ou seus fiéis cachorrinhos por lá – ele me deu uma risada e então se virou para encarar Viter – Ei, acho que sua filha já está bem grandinha para decidir com quem ela quer ficar, sabia? Posso estar enganado, mas parece que para ela você já não é pai dela. Acha que vamos ter medo só porque você diz que lorde Saikhan vai nos matar? Acha que vamos nos mijar só porque alguém nos ameaçou? Sabe quantas vezes por dia sofríamos ameaças em Kyoto? Nunca sabíamos se ficaríamos vivos no dia seguinte, então poupe as suas palavras, vai ser difícil você nos amedrontar só com isso. Não estou certo, Saito?

– Sim, você está certo – Saito sorriu.

Após suas vidas em Kyoto, houve realmente muito pouco que pudesse assustar ou intimidar um homem como Saito e Tatsuo.

– Os dados que você joga na vida são os mesmos dados que você precisa recolher depois. Você apenas precisa jogar esses dados da melhor maneira possível e ganhar. Não consigo imaginar viver de outra maneira – Tatsuo avançou em direção a Viter.

Ele acertou no ombro de Viter. O sangue respingou no chão, mas a ferida de Viter já havia começado a fechar quando a última gota caiu.

– Eu vou cuidar desse cara, Hayato – Tatsuo gritou – Vá em frente com a Ambar, acho que ela não precisa ver o final dessa luta. Assim que eu acabar com ele, vou alcançá-lo – Tatsuo sorriu, um sorriso predatório que eu nunca tinha visto nele antes – Tudo bem... hora de uma pequena caça ao demônio – ele virou a cabeça por cima do ombro e sorriu para nós.

– Esperarei por você lá – Saito acenou com a cabeça e saímos. Eu podia ver, e até mesmo sentir o vínculo de confiança entre eles.

Subimos um lance de escadas e nos encontramos em um corredor enorme. Imaginei o quanto aquilo deveria ser movimentado e barulhento em dias comuns. Chegamos até uma sala, a sala onde o senhor do castelo se sentava normalmente. Era uma sala bem parecida com a minha, mas diferente da minha que vivia vazia, aqui havia dois homens. Eles eram as únicas pessoas lá e ainda assim eu sentia a presença deles preenchendo qualquer espaço do cômodo.

– Por que você a trouxe? – vi a raiva cintilar no rosto de Kiyoshi quando ele me viu.

Kai por outro lado se levantou com um sorriso horrível torcendo sua boca.

– Não é obvio? – ele disse com sua voz aveludada – Ela é um presente. Faz tempo, não? Havia tantos de vocês antes. Eram uma força destemida. Mas parece que não foram muitos de vocês que conseguiram sair disso – Saito escutou, mas não fez nada – Bem, você fez um bom trabalho. Agora, devolva o que é meu rapaz.

– Eu não a trouxe aqui para entregá-la a você.

– Entendo – agora Kai olhava direto para mim – Por que ela está aqui, então?

– Eu pretendo derrotar você e protegê-la – Saito falou com confiança na voz – Ela está aqui porque eu sei que posso fazer as duas coisas, e mesmo que eu não possa, sei que ela jamais perderia para você.

– Oh, você vai me derrotar e protegê-la? – Kai soltou uma gargalhada repentina – Já se esqueceu da nossa última luta? Você não conseguiu nem me tocar. Mesmo depois de você ter virado um agma e me colocado em uma luta decente, você só viveu porque eu lhe mostrei compaixão.

– Ah – foi minha vez de cair em uma risada desprovida de humor. Ele arqueou uma sobrancelha para mim e eu fiz que enxugava uma lágrima no canto do olho – Desculpa, Kai. Sua piada foi realmente muito boa. Eu pensei que você havia sido salvo por Kiyoshi após ter levado uma surra e ser humilhado por Nyx.

– Mudança de planos, Kiyoshi – ele falou com um profundo ódio enquanto me encarava – Acho que você tem uma luta para terminar com o rapaz, mas a garota, é minha.

– Sinto muito, mas não deixarei que isso aconteça – Saito falou se colocando entre mim e Kai – Posso ser apenas um agma, mas fiz a melhor escolha que pude, dada as circunstâncias. Eu não estou arrependido disso. Sempre fiz as escolhas certas para mim. Acredito que vou continuar fazendo-as. E uma delas é que ela lutará apenas se quiser fazê-lo.

A voz de Saito era firme e confiante e era a primeira vez que o via me dando a possibilidade de escolher algo. Eu sabia que ele queria me proteger, como qualquer homem de seu mundo faria por uma mulher, mas para a minha surpresa, ele havia entendido rápido o suficiente que aqui as coisas não funcionavam assim.

– Escolhas? – Kai já não levava seu sorriso, mas sua voz seguia calma – Por favor, né? Tudo o que você já fez ou fará é seguir ordens. Você não é nada mais do que um fantoche. Quem mandou você proteger essa mulher? O Koasenshi? Ou talvez a família Krasa dessa vez?

– Isso pode ter sido verdade, uma vez – os olhos de Saito brilharam com essa nova perspectiva da vida dele – Mas agora, eu não sigo ordens além das minhas. Eu escolho protegê-la. Eu escolho segui-la. E se for preciso, eu escolho derrotar você.

– Muito bem, então – Kiyoshi disse se colocando na frente de Saito – Serei seu primeiro oponente.

– Interessante – Kai falou se colocando para trás – Vamos ver o quão determinado você está, então. Ficarei fora dessa primeira luta, se a princesa concordar em ficar de fora também.

Saito olhou para mim, senti meu coração praticamente parar, mas pude ver um pedido silencioso nos olhos dele. Eu franzi a testa, mas acenei com a cabeça e caminhei até a parede mais próxima junto com Selina.

Uma pequena lasca apareceu no topo da bainha de Saito e com isso ele soltou sua espada. Então, em um flash, ele saltou para frente, sua lâmina rugiu em direção a Kiyoshi. Ele pegou o ataque de Saito em sua própria espada com um estrondo de aço, mas, diferente da última vez, Saito claramente tinha a vantagem em força. Suas espadas tremiam e chacoalhavam enquanto Kiyoshi tentava desesperadamente afastá-lo, mas foi Saito quem empurrou Kiyoshi para trás e imediatamente avançou com um segundo golpe. Kiyoshi correu para interceptar o ataque de Saito, mas foi muito lento. Suas lâminas colidiram e Kiyoshi perdeu a postura em sua defesa ao mesmo tempo que perdia sua espada. Ele ficou ali por um momento, olhando para suas mãos vazias em pura descrença.

– Perdi? Um agma me desarmou? Eu? – ele claramente estava confuso com aquilo, mas não havia raiva em sua voz.

– Kiyoshi, sabe o que farei se você perder e sobreviver, não sabe? – Kai falou seriamente para Kiyoshi.

Kiyoshi apertou os punhos, cambaleou pelo chão e alcançou a sua espada. A espada de Saito afundou na mão estendida de Kiyoshi, prendendo-a no chão e notei um sangue escuro se acumulando sob sua mão espetada.

– Eu não quero te matar – Saito falou calmamente – Mas farei se isso for necessário.

– Eu prefiro morrer a perder – Kiyoshi falou enquanto soltava seu ruah.

Olhei para Kai que tinha os dentes cerrados e notei suas veias latejantes e raivosas se destacando em seu pescoço.

Kiyoshi deu um rosnado dolorido e agarrou a espada de Saito com a mão livre para soltá-lo. Apesar do corte que abriu em sua palma, bastaram poucos segundos para que a ferida fosse fechada.

– Seu lixo imundo e sem valor – Kai gritou – Como você ousa derramar sangue de um dos meus nobres servos!

Seu rosto estava contorcido de raiva e gotas de saliva voaram de seus lábios enquanto ele gritava. Ele estava fortemente agarrado na cadeira, provavelmente tentando não se intrometer na luta.

– Eu nunca vou te perdoar se você arrancar mais uma gota de sangue dele. A morte não é suficiente para você! Vou esculpir seu corpo em mil pedaços. Nem mesmo a sua mãe será capaz de reconhecer seu cadáver nojento.

Notei que ele deixava escapar uma boa quantidade de seu ruah. Olhei para Selina, que entendeu minha mensagem e levantou barreiras protetoras ao redor de Saito e Kiyoshi. Kiyoshi aumentou a liberação de seu ruah, estava claro que ele estava lutando sério apesar de não apoiar as ações de lorde Saikhan. Podia sentir uma calma quase assustadora vindo dele.

Saito se lançou a Kiyoshi novamente, sua espada cortando silenciosamente pelo ar, mas sua espada encontrou somente o ar, Kiyoshi havia desaparecido. Ele se movia mais rápido do que o olho humano poderia acompanhar. Ele sem dúvidas era muito rápido, eu supus que ele estava soltando praticamente todo o seu ruah. O que eu conseguia ver ali eram pequenos brilhos prateados, e quando esse brilho parou, sangue jorrou do peito de Saito. Por um momento eu não entendi o que havia acontecido, eu nem tinha visto o ataque de Kiyoshi, mas, mesmo assim havia uma ferida aberta no peito de Saito e o sangue estava escorrendo abundantemente dele. Ele tossiu e mais sangue espirrou no chão. Seu sangue de agma curaria a ferida rapidamente, mas antes mesmo de ter a chance de ser fechada, uma segunda apareceu e logo uma terceira.

– Patético – Kai riu em seu assento claramente mais aliviado – O que aconteceu com toda a sua bravura? Onde está toda essa força que você ganhou do sangue de Erebus? Se você não começar a se esquivar logo, você vai morrer pela perda de sangue, inseto inútil.

Mesmo como agma, Saito não estava sendo páreo para Kiyoshi. Seu sangue pintou o chão de um vermelho escuro. Era tão horrível que eu não suportava olhar.

– Selina – a chamei baixo – Qual a classificação da força de Kiyoshi?

– Grau sete – ela falou triste – Ele e lorde Kai são os únicos nefilins que chegaram a esse grau de força, além de você. Eles são capazes de igualar em força com alguns ceifeiros.

– Entendo – falei sentindo o peito apertar.

Saito já havia perdido tanto sangue que mal conseguia ficar em pé. Sua respiração era cortada por pequenas tosses dolorosas. Ele cravou a espada no chão e a usou para se apoiar, mal havia partes de sua roupa que não estivesse manchada e furada. Eu já o havia visto assim uma vez, mas dessa vez, eu havia concordado em não interferir. Kiyoshi e Saito não falavam, o único que seguia cuspindo suas palavras malditas era Kai.

– O que há de errado, inseto? Não consegue ficar de pé por mais tempo?

Eu queria ajudar, mas eu sabia muito bem que não havia nada que eu pudesse fazer. Se eu tivesse tentado ajudar, eu apenas estaria quebrando uma regra imposta antes da luta e estaria desonrando Saito.

Saito se levantou e eles se encararam, já com as mãos nas espadas. O ataque mais forte de Saito era quando ele acertava com sua técnica iai, enquanto ele sacava a espada de sua bainha, mas seu tempo tinha que ser perfeito. Olhei para Kai que abriu um sorriso torto e aterrorizante, ele conhecia a força de seu servo.

Saito escorregou para o lado, esquivando-se de um ataque de Kiyoshi que se moveu tão rápido que vi apenas uma centelha de prata. Aparentemente, o nefilim esperava que seu golpe fosse evitado, já que ele imediatamente respondeu com outro golpe que jogou Saito novamente para trás.

– Saito?! – agarrei meu corpo tentando não tremer.

A força do ataque o jogou contra a parede da sala e eu o vi suspirar para recuperar o fôlego, mas Kiyoshi não estava disposto a deixá-lo se levantar novamente e o atacou uma vez mais.

– Droga – Saito falou baixo – Não há aberturas.

Sempre que ele tentava atacar, Kiyoshi antecipava sua intenção e o atingia primeiro. O estilo de Saito girava em torno de um golpe único e decisivo, não era o estilo demorado que normalmente víamos em partidas de esgrima. Era adequado para assassinato, mas em uma batalha prolongada não era o ideal. Coloquei minha mão na minha própria espada. "Mesmo uma fração de segundos seria o suficiente para dar a Saito a abertura que ele precisa", pensei e tive que me esforçar muito para soltar o cabo da espada novamente. Sentia o corpo tenso com a indecisão e estava pronta para saltar para frente quando fosse a hora. Mas Saito recuperou sua postura e avançou em direção a Kiyoshi.

Kiyoshi parecia surpreso, talvez não esperasse que Saito ainda tivesse força para seguir a luta. E então eu senti, senti que Saito finalmente liberava seu ruah. Kiyoshi mal deu um passo quando Saito continuou seu ataque. A espada de Saito se enterrou nas costas de Kiyoshi. Ele se virou para atacar Saito, mas ele já não estava ali. Não deu tempo de ver de onde veio o ataque e a espada de Saito já havia atingido o peito de Kiyoshi próximo ao seu coração.

Eu senti o corpo relaxar novamente.

– Isso aí Saito, mostre para eles o quanto você é superior – falei baixo, mas aparentemente ele ouviu, porque o vi sorrir e responder "Claro".

Ele colocou a mão no punho da espada e deu um passo em direção a Kiyoshi. Eu senti meu coração apertar, sabia que esse seria o último ataque. Houve um longo momento de silêncio, eu nem mesmo vi o movimento da lâmina, uma linha vermelha simplesmente apareceu através de Kiyoshi, e então a espada de Saito estava de volta em sua bainha. Um golpe perfeito. O tempo desacelerou e eu senti um frio na barriga com o grito doloroso de Kiyoshi.

Kai gritou de fúria, mas alto do que eu já tinha ouvido qualquer um gritar.

Kiyoshi não estava morto, mas estava próximo a isso. Ser um nefilim era realmente de grande ajuda em algumas situações e Saito precisava aproveitar para dar o golpe final antes que ele se recuperasse, mas antes que Saito desse seu último golpe, Kai se levantou.

Peguei minha espada, mas de repente senti uma pressão terrível e gritei de dor e de agonia.

– Ambar! – escutei Saito gritar de dor.

– Selina, protege o Saito – foi tudo o que eu consegui dizer.

Com aquela pressão toda, em poucos segundos Saito estava novamente cheio de furos pelo corpo inteiro e eu não pude ver como aconteceu.

Kai agarrou um punhado do cabelo de Saito encharcado de sangue e torceu sua cabeça para trás.

– O que era tudo aquilo que você estava dizendo um momento atrás? Como você iria protegê-la, e me derrotar? Eu ouvi errado? Porque você parecia tão confiante, e ainda assim tudo o que você conseguiu foi quase morrer na primeira luta, é só isso que você tem a me dar? O que aconteceu com toda a sua determinação de fogo? Estou esperando.

A respiração de Saito era um gorgolejo nauseante, mas a luz em seus olhos não escureceu e ele olhou de volta para Kai.

– Sou um homem generoso. Se você se desculpar comigo, vou poupar a sua vida – Kai falou com um sorriso malicioso – Vamos ver... Curve-se diante de mim. Pressione o rosto no chão e peça desculpas por ser tão rude.

Eu escutei o som de Saito se afogando em seu próprio sangue sem poder fazer nada.

– Ham? – Kai seguiu – O que é isso? Receio não poder te ouvir.

– Eu só... sigo minhas próprias... ordens – Saito falou com sua voz sufocada – Eu não posso...eu não posso fazer algo que meu coração não me diz que está certo.

A veia latejante voltou ao pescoço de Kai e com um rosnado animal ele bateu o rosto de Saito no chão.

– Você não pode fazer nada que seu coração não diga, certo? Como você se atreve a falar assim comigo, seu pedaço nojento de merda! Não, na verdade você está mais baixo que isso – ele rosnou de raiva enquanto pressionava o rosto de Saito contra o chão – O fraco se curva diante do forte! Um humano inútil não pode me dizer não!

– Não! – tentei gritar, mas minha voz não saía – Pare!

Eu não poderia simplesmente ficar lá! Eu tinha que fazer alguma coisa! Minhas mãos tentavam desembainhar a minha espada quando Kiyoshi se jogou na frente de Saito. Eu nem tinha percebido o movimento de Kiyoshi, mas de repente Kai estava cambaleando com seu soco.

– Perseguir uma vingança é uma coisa. Querer mudar o sistema é algo que eu até posso aceitar – Kiyoshi falava ainda na frente de Saito, sua voz estava tão distorcida pela dor que eu mal sabia se ele seria capaz de seguir ali por muito tempo – desonrar um digno oponente, um guerreiro, é outra completamente diferente. Ele ganhou sua luta comigo, não desonre meu oponente. Não é apenas habilidade e força que torna os nefilins superiores para os homens mortais. Você me desapontou. Mesmo com um pacto, não posso deixar que siga com isso – ele se virou e falou de uma maneira que eu acreditava ser um grito com Saito – Você me venceu para ficar caído aí, Saito. Vamos, levante-se! Pegue a sua espada! Suas feridas devem ter cicatrizado o suficiente agora. Selina está usando barreiras para te proteger do ruah dele por ordens daquela que você decidiu seguir, não a desaponte agora!

Lentamente Saito cambaleou até ficar de pé. Vi uma sombra surgir atrás de Kiyoshi.

– Maldito seja, Kiyoshi – a voz de Kai saiu raivosa – Eu não vou... perdoar você por isso! – ele acertou rapidamente um golpe com sua espada no corpo de Kiyoshi – você vai morrer com essa escória humana! Desgraçado!

Kiyoshi caiu no chão e não falou novamente.

– Como você pôde?! – apesar da pressão, senti que Nyx queria sair e para ser sincera, eu não sabia dizer se eu queria impedir – Isso é horrível! Ele esteve do seu lado por muitos anos.

Kai nem parecia me ouvir. Havia algo estranho nele. Sua eloquência usual foi substituída por um silêncio frio e mortal. Ele parecia quase um fantasma. Esses cruéis olhos lentamente subiram do corpo de Kiyoshi para serem cravados em Saito.

– Saito! – tentei gritar

– Não venha, Ambar – a voz de Saito estava tensa.

– Não encoste no Saito – falei cravando as unhas nos braços, mas eu já não conseguiria segurar Nyx, a voz que se seguiu já não era a minha – Não ouse encostar no Saito, seu pedaço de merda!

– O que diabos é isso? – escutei de longe a voz de Natsu, ele parecia afogado com a pressão também mas seguia de pé.

– Nós não saímos em patrulha por alguns meses e você já esqueceu como fazemos as coisas, Saito? – a voz de Satoru também estava longe e saía com esforço.

– Eu me lembro que tínhamos uma regra sobre cuidarmos da bunda uns dos outros em uma luta. Algo como... – Tatsuo chegou logo atrás com o mesmo tom de todos – Nunca vá contra alguém mais forte cara-a-cara.

– Vocês estão aqui – Nyx sussurrou.

Olhei para eles, todos eles tão cobertos de sangue, poeira e suor como Saito. Suas lutas deviam ter sido bem difíceis.

– Desculpa pelo atraso. Esse cara é o chefão, hein? Vamos acabar com ele. Eu preciso de uma bebida – Natsu falou com a voz ofegante.

– Se importa se eu for primeiro – Tatsuo disse já pronto – Acho que não!

– Ah, isso me lembra dos bons e velhos tempos, de volta a Kyoto! – Natsu falou.

– Mas é primeira vez que lutamos contra um nefilim assim, não tenho certeza se vai funcionar – Satoru também estava preparado para a luta.

Todos se posicionaram para lutar contra Kai, mas Nyx os interrompeu.

– Não! – ela parecia triste e furiosa ao mesmo tempo, era primeira vez que eu a sentia assim – ele é da Ambar!

"O que? Nyx, eu não" ... – comecei a falar com ela, mas ela me interrompeu e claro que todos a ouviram.

– Não, me esculta você, Ambar! Você é a pior mestra que um ruah poderia ter, maldita gentil e sonhadora. Maldita nefilim sem hostilidade. Mas é a minha mestra. Quem te critica não sabe metade do sufoco que você passa ou passou. Não sabe o quanto pode ser solitário ser a filha de um tremendo filho da puta como Erebus. Você não é inútil do jeito que pensa e o que faz de você útil não sou eu. Você segue sendo a Ambar sem mim e eu não existiria sem você! Você também não é culpada de tudo, você não tem culpa nem da metade das coisas que pensa que tem. Eles lutaram por você – tentei desviar o olhar quando ela me forçou olhar para cada corpo coberto de sangue – Olhe para eles, maldita! Pessoas perderam a vida durante esse trajeto, mas é assim a vida de um guerreiro. Se levanta de uma vez. Você é forte, afinal nós somos uma. Eu faço parte de você! Você é a minha senhora e eu sou seu ruah! Vamos mostrar para esse cretino o que acontece quando ele machuca quem amamos. Me deixa te servir como um verdadeiro ruah e me faça o favor de massacrar esse verme. Afinal, um verdadeiro nefilim jamais recua diante de um inimigo, principalmente se for para defender seus amigos – Kai olhou para nós com um misto de pânico e ansiedade cravados em sua feição que pouco antes estava distorcida pelo ódio – Ah Kai, não me olha com essa cara. Você despertou o monstro impiedoso. Podia ter me deixado dormir. Essa é a última vez que você mexe com os meus amigos. Estava duvidando da minha força? Duvidou que eu me aliaria a Ambar? Então espero que agora esteja preparado para morrer, sua morte poderá ficar na minha conta. Vingarei todas as perdas que você nos fez passar. Espero que aproveite a sua criação e lembre-se, você morreu por seus próprios pecados... – senti o sorriso malicioso brotar nos meus lábios enquanto minha língua passava pela minha boca.

Fiquei sem palavras, Nyx nunca havia me reconhecido como sua senhora, mas agora ela estava ali, me dando forças para que eu pudesse fazer algo por todos. Nyx se levantou sem esperar que eu trocasse com ela e olhou com desprezo para Kai.

– Saiam todos daqui! – Selina falou alarmada – Agora! Eu não consigo segurar a pressão dela.

Nyx se jogou para cima de Kai, que surpreso com a reviravolta da história tentou fugir das garras dela. Atravessamos uma parede quebrando-a em inúmeros pedaços e fazendo com que todo o edifício tivesse a estrutura abalada.

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