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25 - JUNHO 1865 - parte 1

Quase um mês havia se passado desde o ataque de Kai, mas o complexo jamais voltaria a ser o mesmo. Uma atmosfera tensa invadiu o local. Muitos homens perderam a vida nos ataques de Kai e muitos outros foram feridos, entre eles estava Tatsuo. Vários dos soldados rasos o viram mortalmente ferido e todos tinham certeza de que ele não sobreviveria, por essa razão, Tatsuo foi declarado oficialmente morto e passou a andar nas sombras e sempre oculto com máscaras, assim como Isao.

Saito passou a ficar muito tempo fora investigando qualquer tipo de ataque. Ele quase nunca estava no complexo e muitas vezes ficava em hotéis pelos caminhos.

Nesse tempo, Tashiro também piorou muito e mesmo sabendo que sua morte estava próxima, ele não pediu pela transformação. Uma vez, ele simplesmente alegou que queria morrer como um ser humano.

Senti que só pioraria a situação se ficasse vagando pelo terreno, então, fiz o possível para ficar sozinha no meu quarto. Claro que quase todos ali já sabiam que eu era mulher e a maioria dos soldados rasos não estava de acordo em me manter ali, afinal uma mulher não era nada mais que uma mulher, segundo suas próprias palavras.

E em um desses dias, Isao me procurou.

– Ah, graças a Deus você está aqui. Se você tivesse saído, eu não seria capaz de te procurar embaixo desse sol todo.

– Isao – falei um pouco surpresa. Eu já não conseguia me sentir à vontade em sua companhia – Precisa de algo?

– Sim – ele sorriu – Acabei de ter uma revelação e não posso ficar na cama.

Seus olhos brilhavam com algo terrível e embora estivesse sorrindo eu podia sentir o pavor começando a cutucar a base da minha espinha.

– Então? – ele seguiu e eu o fiquei olhando – Você vai ouvir a minha ideia?... Você é um nefilim e sendo um nefilim, você é mais forte, mas rápida e mais resistente do que um ser humano. A superioridade da sua raça foi exibida claramente por aquele outro cara que nos atacou.

– Aonde você quer chegar? – perguntei me sentindo ameaçada.

– Um nefilim possui um imenso poder. Conclui-se que o sangue que flui pelas veias de um nefilim deve ser igualmente poderoso. E talvez, o seu sangue seja ainda mais poderoso, já que o tal Kai Saikhan o quer tanto.

– Eu já te falei sobre isso, Isao – falei tentando me manter firme – Já expliquei a todos como funciona o nosso sangue e as transformações.

– Ah, sim – ele falou com a voz um pouco maníaca e um sorriso psicótico – Eu me lembro.

– E então? Qual é o ponto? – perguntei tentando buscar com os olhos onde estava a minha espada.

– Como eu poderia estar errado? – ele sussurrou – Em qualquer caso, acredito que vale a pena testar... Se eu estiver correto... Oh, seria maravilhoso. Sua própria existência pode nos deixar mais fortes...

– Espera... – falei finalmente entendendo sua intenção.

Os olhos de Isao tinham ficado dolorosamente afiados, e quase pensei ter ouvido a mais impiedosa loucura em sua voz. Calma e decididamente, ele puxou a espada da bainha. Não havia a loucura característica de um agma em seus movimentos, e isso só o tornava ainda mais aterrorizante.

– Agora ... – ele falou calmamente – Não há nada o que temer, eu não vou matar você. Eu só quero uma amostra do seu sangue. Isso é tudo...

– Isao, você está fora de controle – falei dando dois passos para trás.

– Você não quer me dar? – sua voz era faminta.

– Eu não disse isso, mas essas coisas não funcionam da maneira que você está pensando. Se quer um pouco do meu sangue, está bem, só me deixa fazer isso da maneira certa...

– Seu sangue pode nos dar um exército poderoso – ele passou a língua nos lábios e se aproximou.

Ele ergueu sua espada e pude ver a lâmina de aço brilhando contra a luz. Fechei os olhos e me concentrei... só um pouco, só para que ele caia. Liberei meu ruah em uma quantidade suficiente para fazê-lo cair. Ele agachou um pouco o corpo, mas seus olhos apenas brilharam mais e novamente eu vi sua espada se levantando. E então, ouvimos uma voz vindo de trás dele.

– O que é isso, Isao? – Yukio falou friamente atrás de seu amigo.

– Ah – ele falou sorrindo – bem na hora, por favor, me ajude aqui.

Olhei para Yukio, eu já estava encostada na parede e obviamente não poderia lutar contra Yukio também, mas para a minha sorte, eu sabia que ele estava contra tudo aquilo. Yukio caminhou lentamente em nossa direção e deixou sua mão vagar pelo punho de sua espada. Com um propósito calmo, ele se colocou entre Isao e eu.

– O que você está fazendo? – Isao perguntou deixando o sorriso desaparecer de sua boca – Isso pode ser uma grande descoberta para nós.

– Esta é a última vez, Isao – a voz de Yukio cortava o ar de uma maneira extremamente fria – O que você está fazendo?

– Estou procurando fortalecer nossos homens para o benefício de todos.

– E isso significa que você tem que cortá-la?

– Não vou matá-la. Só preciso de um pouco de sangue dela. Nós perdemos muitos homens. Muitos dos nossos soldados morreram. Se quisermos lutar com eficácia contra os nossos inimigos, devemos criar um exército imortal. Se não fizermos isso, as batalhas futuras serão mais difíceis e mais de nossos homens morrerão. Tudo o que eu faço, faço pelos Koasenshi. Eu sei que você é um homem inteligente, Yukio. Certamente você entende, e ainda assim você não vai permitir que Ambar compartilhe um pouco de seu sangue?

– Isao, você é um capitão. Está realmente pronto para quebrar o código e ferir um de seus companheiros? O código diz que não brigamos um com o outro, por qualquer motivo, você não esqueceu, não é?

– Ah, claro. No entanto, Ambar não é um de nós. Ela é apenas uma mulher que por um acaso está hospedada aqui.

– Talvez ela não seja oficialmente. Mas já está aqui a tempo suficiente para você saber que ela é um membro importante para este grupo.

– Então eu não tenho escolha – a voz de Isao saiu como um sussurro.

E com isso, Isao embainhou a sua espada. Yukio o observou de perto com sua própria mão ainda perto de sua espada.

– Eu vou embora por hora – Isao disse sorrindo – mas por favor, considere o que eu disse.

– Claro, mas não mudará nada. Por que deveríamos cortá-la e tirar seu sangue? Além disso, mesmo se eu mudar de ideia, Tanizake nunca vai deixar que você o faça.

– É uma decisão fácil para você e Tanizake tomarem – Isao falou suspirando – Tatsuo é igual a mim agora também, ele certamente entenderia. Portanto, eu o encorajo a considerar o que é melhor para seus amigos ao tomar sua decisão.

– Posso fazer isso – Yukio disse seriamente – Afinal, ela está entre os meus amigos.

Olhei para Isao que o fitava com um olhar cortante, eu soube que não era isso que ele esperava de seu comandante.

– Posso dizer algo?

A voz de Yukio estava tensa, como se ele a estivesse puxando de algum lugar no fundo de sua alma.

– Claro – Isao falou sem muita vontade.

– Seu raciocínio está correto, como sempre, mas me diga que você não está fazendo isso porque a sua sede pelo sangue dela tomou a sua mente. Diga-me que algum desejo doentio de provar seu sangue não é o que está levando você a fazer isso. Posso confiar em você?

– Claro. Minha única preocupação é com nossos homens. Tchau, então, Ambar. Voltaremos a conversar – ele respondeu sorrindo e saiu.

Só depois de ouvir seus passos desaparecerem no corredor, comecei a respirar novamente.

– Você está bem? – Yukio me perguntou em um suspiro – Desculpe por isso.

Eu o vi relaxar, quase imperceptivelmente, quando ele se virou para olhar para mim. A tensão de um momento atrás havia desaparecido.

–Obrigada por me ajudar – falei realmente agradecida com um pequeno sorriso.

– Não precisa agradecer – ele sorriu também.

– Posso perguntar uma coisa? – falei com um pouco de timidez.

– O que foi? – ele se virou voltando a colocar sua máscara de homem sério.

– Por que vocês continuam me protegendo assim? Mesmo sabendo que é atrás de mim que estão? Tudo o que Kai queria era eu. Você poderia simplesmente ter desistido de mim e ele teria deixado vocês em paz nas primeiras vezes.

– Você não estava ouvindo? – ele respondeu em um suspiro – Você faz parte de nós. Além disso, não é como se Isao estivesse realmente tentando te matar. Na pior das hipóteses, eu te salvei de um arranhão. Além do mais, Kai invadiu nossa cidade e matou nossos cidadãos. Que tipo de guerreiro não luta contra seus inimigos?

– Eu não acho que defender a cidade vai ser suficiente para resolver essa situação mais – falei e olhei para o chão.

– Olha, nós dissemos que te protegeríamos, então o faremos. Um samurai não volta atrás em sua palavra. Um homem que quebra a sua promessa só porque algo mudou, não é um homem. Além do mais, o senhor Tanizake te vê como uma filha, acho que só você não percebeu isso ainda. Ele me mataria se eu deixasse algo acontecer com a garota preciosa dele.

O simples pensamento de que o senhor Tanizake me via como filha em um espaço tão curto foi como um raio de luz, me dando algo de força, força que eu não sentia há muito tempo, mas eu precisava ter cuidado para não me empolgar.

– Tudo bem – ele ficou me olhando – Por que você ficou quieta de repente?

– Oh, não – sorri para ele – não é nada. Mas, como você chegou aqui tão rápido.

– Ia te enviar para um trabalho e senti... – ele parou tentando encontrar a palavra certa – senti algo estranho e me apressei. Aproveitando, pegue um pedaço de papel e tinta.

Me apressei e peguei o que ele havia pedido e os entreguei. Ele os pegou em silêncio, com a cara fechada habitual e rapidamente começou a desenhar um mapa.

– Este é o local onde Saito está. Eu quero que você leve uma carta para ele. Você pode fazer isso? Um dos nossos homens se destacaria muito e a mensagem não pode ser lida por qualquer um.

– Não seria arriscado eu ir com Kai atrás de mim? – perguntei confusa.

– Ainda assim, é menos arriscado do que alguém ler a mensagem. Afinal, é sobre o seu segredo que estamos falando e muitos de meus homens são interceptados para revisão de mensagens. Você é a melhor opção que tenho agora. Mas se algo acontecer, promete que abrirá uma daquelas fendas e fugirá sem lutar. Pode fazer isso?

– Sim, claro – respondi com um sorriso – Algo que queira que eu diga para ele?

– Tudo o que tenho a dizer está na carta.

– Tudo bem – eu disse e me apressei para levar a o que foi pedido.

Enfiei a carta na parte de dentro do quimono e verifiquei o mapa para ter certeza do local. O caminho era longo e para que não chegasse muito tarde, preferi correr enquanto aguentasse. O mapa me facilitou o caminho e cheguei ao local no fim da tarde. Saito havia alugado um quarto em uma rua movimentada próximo a um mercado. Após uma breve espera, a recepcionista me indicou seu quarto.

– Desculpe incomodá-lo – disse chamando na porta.

– Você? – uma de suas sobrancelhas se ergueu ligeiramente em resposta a minha presença.

Embora ele provavelmente estivesse esperando a carta, eu era um pouco menos previsível, tendo recebido a tarefa apenas mais cedo naquele dia.

– Acho que não tinha ninguém melhor disponível – respondi dando de ombros.

– Não – ele falou sorrindo – você entendeu errado, eu só fiquei surpreso. Eu esperava receber novos pedidos em breve, mas não achei que você viria entregá-los, e ainda por cima sozinha.

– Pedidos?

– Sim, tenho investigado alguns possíveis locais onde Saikhan tenha como esconderijo. Afinal, ele precisa de um lugar para criar aqueles... aquelas coisas.

– Tem razão – respondi. Eu mesma não tinha nem pensado nisso, era bom ter alguém experiente para liderar.

– Entendo o porquê ele te enviou. Os capitães são muito reconhecíveis e por isso seria fácil a mensagem vazar. Novos membros podem não ser notados, mas como podemos saber onde reside sua verdadeira lealdade? Você, por outro lado, pode se mover sem ser notada e sua lealdade está fora de questão. Yukio fez uma excelente escolha.

– Obrigada. Aqui está a carta – fiquei surpresa com a declaração dele. Eu sempre me surpreendia quando ele falava mais e era muito agradável ouvir dele que eu era confiável.

Ele rasgou o lacre da carta, a leu rapidamente e em seguida aproximou o papel do fogo de uma lanterna próxima e ficou observando as chamas consumirem a mensagem até que não fosse nada mais do que cinzas.

Fiquei olhando-o, era difícil dizer o quanto era estranho estar no complexo sem ele e eu não podia saber quando ele voltaria. O fato de não saber quando poderia vê-lo novamente me deixou relutante em simplesmente voltar.

– Será que podemos conversar um pouco? – falei assim que ele se voltou para mim.

– Falar? Comigo?

Tinha sido um pedido tão estranho assim? Seu silêncio pareceu durar uma eternidade e eu comecei a sentir um certo frio na barriga.

– Suponho que sim – ele respondeu por fim – mas não aqui.

Ele se afastou rapidamente sem me dar tempo de falar nada e tive que correr para alcançá-lo.

– Aqui deve ser longe o suficiente – ele se virou.

Já estava completamente escuro e eu podia ver as estrelas. Estávamos em um lugar afastado do mercado, não havia movimentação ali e as luzes da rua não nos alcançavam. Ficar em uma rua tão estreita nos obrigou a ficar um pouco mais próximo um do outro do que o normal.

– Peço desculpas, mas meu rosto é bem conhecido. Se eu for descoberto e as pessoas falarem onde estou, nosso plano será arruinado – ele falou já se desculpando – Aqui não há muitas pessoas. Devemos estar seguros.

– Não precisava se desculpar assim – falei com um sorriso.

– Como estão as coisas em casa? – ele perguntou sem mudar de tom – Alguma coisa fora do comum?

Pensei no que havia acontecido entre mim e Isao, mas no fim, isso seria irrelevante para Saito.

– Todo mundo tem estado muito ocupado ultimamente, depois de tudo o que aconteceu.

– Eu imagino que sim. Tivemos muitas perdas recentes e nossos números foram significativamente reduzidos.

– Sim... – falei sentindo a culpa novamente pesar sobre mim.

Por vários segundos Saito ficou em silêncio, perdido em pensamentos.

– Como está Tatsuo? – ele perguntou por fim.

Eu esperava que ele perguntasse eventualmente, afinal, que homem em sua posição não teria se preocupado com um amigo?

– Bem – respondi suspirando – Posso dizer que ele segue sendo a mesma pessoa de antes. Parece ser muito afetado pelo sol, assim como Isao, mas de resto não tem muito o que dizer. Porém, tenho que dizer, exatamente por ele agir como sempre que me preocupo com ele. Acho que ele está tentando esconder a dor que sente.

– Entendo.

–Posso te perguntar uma coisa?

– O que foi?

– Se você se machucasse, ou se precisasse, para ajudar seus amigos – comecei a pergunta lembrando do pedido de Tatsuo para mim – Você faria a transformação?

– Sim, se o dever exigir isso de mim.

Ele não hesitou na resposta. Na verdade, ele nem parecia pensar sobre a questão e isso me preocupou.

– Mas, você viu o que pode acontecer com eles, aquelas "coisas", como você disse, são humanos transformados em agmas. Como você pode ter tanta certeza de que funcionaria para você?

– Olhe – em um movimento suave, ele puxou a espada da bainha. O luar cintilou na lâmina fria e ele falou com uma voz baixa e dura – Esta espada tirou sangue. Grandes rios dele. Mesmo eu não posso me lembrar de todas as fontes que alimentaram essa espada. Eu não sou o tipo de pessoa que merece a sua preocupação. Eu matei. Matei inimigos e aliados. Muitos para contar. Não tenho dúvida de que morrerei em batalha. Esse é o meu destino. O curso da minha vida não mudaria se eu me transformasse. Vivo pela espada e um dia morrerei por ela, com ou sem isso.

Parecia não haver nenhuma emoção ligada ao pensamento de sua própria morte.

– Tem razão em partes – falei ainda olhando o brilho de sua lâmina – Mas esta espada também me protegeu. Eu sei que não tenho o direito de dizer que matar pessoas é algo ruim, eu mesma já matei. Mas você usou essa espada para me proteger, só estou viva porque outra pessoa está morta. Se o seu destino é morrer pela espada, então, compartilho do mesmo destino. Mesmo assim, eu ainda quero viver. Quero que meus amigos vivam. Quero que você viva, mesmo que isso signifique que alguém tenha que morrer. Talvez eu não seja uma boa pessoa, afinal, um nefilim seguirá sempre sendo um demônio, mas mesmo sendo um demônio, não sei se suportaria te ver morrer.

– Você não é uma pessoa má – ele falou sem alterar a voz – Se o que você deseja é a vida, como pode estar errada? Não tenha dúvidas, muitas vezes a dúvida é como um veneno.

Olhei para ele por breves segundos, ele por sua vez não tirava seus olhos dos meus. Senti com o coração aos pulos seus lábios quase chegando aos meus e em um último momento ele hesitou e se afastou.

– Estamos aqui há muito tempo. É hora de você voltar para o complexo e eu devo voltar ao trabalho.

Não consegui responder e sem aviso ele se virou, caminhou até um trecho vazio da rua e parou.

– Tanaka. Você está aí, certo? O sol se pôs, se você ficar nas sombras, vai colocá-la em risco. Apenas acompanhe-a pessoalmente.

– Entendido – Tanaka apareceu das sombras.

– O que você está fazendo aqui? – perguntei surpresa.

– A pedido de Yukio. Por qual outro motivo seria? – Saito falou dando de ombros.

– Sim – Tanaka falou – Há quanto tempo sabe que estou aqui?

– Desde que você chegou. Já fiz seu trabalho várias vezes – Saito disse sem nenhuma arrogância na voz.

– Entendo – Tanaka disse com um leve sorriso.

– Ficamos aqui muito tempo – Saito disse com a voz firme – É melhor vocês se moverem.

– Saito... – o chamei, mas não conseguia dizer nada e por um momento, pensei ter visto um sorriso cruzar seu rosto.

– Até logo, Ambar – Saito se virou e retomou seu caminho.

Andamos novamente em direção ao mercado, mas antes que Saito saísse da minha visão eu me voltei para vê-lo.

– Saito, por favor, não morra – sussurrei para mim mesma.

– Oi, Tatsuo, como você está? – perguntei ao vê-lo no salão principal.

– Natsu e Satoru me deixaram cuidando de tudo de novo – ele falou suspirando – Eles precisam parar de me dar esse trabalho de vadia – sua risada soou pequena e solitária no corredor vazio e de repente ele pareceu sem graça – Eu posso te dizer uma coisa?

– Claro.

– Depois que eu me tornei, hum... bem, depois que eu me transformei, algo aconteceu comigo. É embaraçoso dizer isso, mas às vezes, consigo sentir o cheiro do seu sangue de longe e eu realmente tenho vontade de bebê-lo. Na verdade não é bem vontade, eu diria que eu realmente preciso – ele parecia extremamente sem graça ao me revelar algo assim – Dói, e não é uma dor igual a quando você leva uma surra durante um treino de espadas ou mesmo uma briga. É uma dor que faz com que eu deseje a morte, só porque a morte faria a dor parar.

Eu escutei tudo em silêncio, ele não olhava para mim. Ter se transformado em um agma já era terrível. Se uma dor insuportável fosse adicionada de repente aos fardos desses homens, eu me sentiria ainda pior. Fiquei um tempo pensando antes de falar.

– Tatsuo, Isao nunca me falou sobre isso, mas já o vi perder o controle uma vez. Acho que se ele tivesse falado isso abertamente comigo, eu talvez pudesse ter encontrado uma solução. Você aceitaria tentar algo?

– Tentar o que? – ele falou ainda sem olhar para mim.

– Irei fazer umas capsulas, quando você tiver com dor, tome uma e me fala como você se sente, está bem? E se a dor voltar, por favor, não suporte sozinho, eu sou responsável por isso.

Ele não falou nada, mas acenou com a cabeça. Ele deu algum tipo de desculpa depois disso, então, se levantou e saiu do salão, deixando-me sozinha para pensar naquilo.

No dia seguinte, enviei uma mensagem para meu irmão que me trouxe pequenas capsulas medicinais e comecei meu trabalho. Uma cápsula não seria o suficiente para transformar alguém caso meu sangue caísse em mãos erradas, mas também não sabia se funcionaria para, pelo menos, camuflar a dor de Tatsuo. Usei uma fórmula para poder conservar o sangue e fiz o primeiro corte com a intenção de transformação e deixei pingar em uma pequena vasilha, resolvi encher meio litro, uma quantidade razoável de sangue, poderia até me deixar um pouco fraca, mas nada que muita água não resolvesse.

– Espero que isso ajude – falei segurando a dor de um segundo corte. Não queria que Tatsuo perdesse o controle e talvez isso ajudasse Isao voltar a ser o homem alegre que havia sido na minha chegada.

– Ei, que diabos você está fazendo – escutei Yukio atrás de mim enquanto eu fazia um terceiro corte no braço.

– Conversei com Tatsuo ontem – disse tentando explicar – Ele explicou que a dor era insuportável. Talvez isso o ajude e quem sabe ajude Isao também.

Enquanto via lentamente meu sangue encher o pote, eu expliquei com calma a conversa que havia tido com Tatsuo na noite anterior e o como isso fazia sentido depois de Isao perder o controle.

– Espero que isso os faça sentir melhor – falei dando de ombros.

– Que inferno! – ele falou forçando a mandíbula e segurando meu braço – Não posso deixar você ficar se cortando assim.

– Esses cortes não são nada – dei de ombros – De qualquer maneira, eu não posso simplesmente ficar parada enquanto sei o quanto eles estão sofrendo. Não se preocupe comigo, você sabe que logo não terá nenhum corte aqui.

Yukio continuou forçando a mandíbula, mas pareceu relaxar, soltou meu braço e finalmente falou:

– Você é uma idiota. Uma garota não deve se cortar. Nenhum homem vai querer se casar com uma garota coberta de cicatrizes.

– Eu vou ficar bem – sorri para ele – Sou uma nefilim. Me curo rápido.

– Não importa. Nefilim ou não, você ainda é uma garota.

– Bem – eu ri – não é como se eu estivesse tentando achar um marido. Não penso em me casar, na verdade quando decidi que não queria me casar, o fiz porque queria frustrar meu pai – meu sorriso se tornou triste ao me lembrar dele, mas me recompus e mostrei o braço – Mas olha só, não fica nem a cicatriz. Se você quiser estou disponível ainda.

– Não – ele riu – acho que você escolheria outro antes de mim.

Após eu ter feito as capsulas e Tatsuo provado, ele disse que a dor ia embora quase imediatamente, mas era só por um tempo. Em torno de 7 ou 8 horas no máximo a dor voltava. Ficou combinado que ele tomaria de 6 em 6 horas, imagino que ele soubesse que as capsulas eram meu sangue, mas eu não falei nada e ele preferiu manter assim também. Isao por outro lado, após o experimento, não aceitou minha oferta, disse que não precisava de algo que apenas camuflasse o problema e saiu irritado. Eu não o entendia, há pouco tempo ele havia me atacado por um pouco de sangue e agora o recusava.

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